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História Sempre Ao Seu Lado - Decisão


Escrita por: PJ_Redfield

Notas do Autor


Booom diiiiaa, amoreeeess ^^
Tudo certinho do lado daí, minha gente??
Então, hoje terminamos um arco da fanfic e queria aproveitar a onda de sofrência e já postar!
Espero que gosteeeeem,!
Boa leitura...

Capítulo 53 - Decisão


Fanfic / Fanfiction Sempre Ao Seu Lado - Decisão

Era uma vez...

Um garoto que sonhava voar...

Conseguiu trabalhar na força aérea, mas não deu certo...

E querendo continuar de alguma forma ajudando as pessoas...

Tenta um emprego numa delegacia, numa equipe de táticas especiais...

Tudo ia bem, até que em um dia, chega uma garota...

Uma mulher que roubou meu coração...

No primeiro olhar, eu pertenci a ela...

No primeiro sorriso, eu já tinha a certeza de que a queria para sempre...

E cada dia que passava, meu coração implorava mais por ela perto...

Tive medo e fui tolo, ficando calado e deixando o tempo passar...

Mas um dia, criei coragem o suficiente e me abri...

E para minha surpresa, era reciproco...

Ela me amava também, que presente maravilhoso e inimaginável...

Achei que enfim seria capaz de encontrar a felicidade e formar uma família...

Mas minha sina estava apenas começando e um maníaco acabou com tudo...

Sangue, perdas, mortes, tudo desmoronou...

Mas nós continuamos juntos...

E embora a vida tenha tramado mil armadilhas contra nós, conseguimos atravessar TODAS e chegarmos aonde chegamos JUNTOS. Sempre juntos. Encarando tudo, sem medo, sem pensar duas vezes, abraçando o trabalho e nossa causa sem dar chance para os “e se...” de nossa vida.

Precisávamos de justiça...

Mas jamais abrimos mão de nós...

Porém, decidimos deixar a felicidade para viver depois...

Achando, mesmo com receio, de que a vida seria justa e nos permitiria isso...

Mas e quem disse que a vida dá tantas chances?

Quem disse sequer que a vida é justa?

E sem a chance de despedidas, um último beijo, um último abraço, um último olhar, ela arrancou meu bem mais precioso. Ela me arrancou simplesmente TUDO de mim, o TUDO que me fazia lutar, que me fazia viver, me fazia seguir m frente e que me dava esperanças de que um dia realmente o meu “feliz para sempre” chegaria.

Mas e quem disse que isso é possível?

Quem disse que o “felizes para sempre” pode de fato chegar?

A vida nunca me prometeu isso, então... Nem sequer posso reclamar.

Viro o restante da garrafa em minha boca, acabando com o líquido que ainda tinha nela e volto a encarar a televisão ligada diante de mim. As imagens da floresta onde eu havia perdido a Jill estavam em quase todos os canais e a legenda era sempre a mesma: “Jill Valentine, agente da B.S.A.A., considerada uma dos ‘onze’ fundadores da aliança, é declarada morta em ação”.

Meus olhos já secos de tantas lágrimas, parecem conseguir juntar o restante que ainda havia e outra vez a água escorre de meus olhos. E embora o mundo todo me dissesse que aquela era a verdade e até mesmo uma grande parte de mim que insistia em me jogar a culpa, tentassem me convencer de que ela estava mesmo morta, existia aquela pequena parte que insistia em negar.

Uma parte em meu coração que ainda havia cor...

Ainda havia vida e esperança dela voltar...

Mas quando olho ao redor me vendo largado no chão, garrafas das poucas bebidas que tínhamos na geladeira agora espalhadas no chão e cacos dos copos que quebrei há dias atrás quando cheguei... Consigo me superar. As lágrimas vêm e não parecem nem um pouco secas agora.

Deito a cabeça no sofá e sinto a dormência da minha perna machucada. O corte ainda queimava, mas o que era aquela dor comparada a tudo que estou tendo que encarar agora?

Jill... Cadê você, pequena?

Onde você pode estar agora, meu amor?

No que pode estar pensando nesse mesmo momento?

Queria que pudesse ouvir ao menos mais uma vez o quanto te amo...

Não acho que tenha dito vezes o suficiente para você ouvir.

Anos dizendo isso apenas em pensamentos e agora...

Mas você sabe que é dona da minha alma, certo!?

Sim, você sabe, sempre teve certeza disso.

Mas queria poder te dizer isso agora.

-- Chris?

Dou um salto no chão ouvindo a voz próxima a mim e vejo a minha irmã de olhos marejados me olhando de uma forma devastadora. Mas desvio dela tentando levantar, porém minha perna cede e sento no sofá fingindo não sentir dor naquela droga de machucado que só serviu para me atrapalhar enquanto procurava a razão da minha vida e tentava trazê-la de volta.

-- Meu Deus, Chris... Não faça isso consigo mesmo, por favor.

-- Para que você veio, Claire?

-- Você não me atendeu... Nenhum dia.

-- Eu não vi, desculpe.

-- Agora posso ver que não mesmo... Você ao menos comeu alguma coisa?

Não acredito que o sermão me seguiu até aqui.

-- Vá embora, Claire...

-- E deixar você aqui para morrer?

-- Infelizmente estou sobrevivendo, então não se preocupe.

-- Chris... Por favor...

-- Quero ficar sozinho.

-- Mas eu não...

As palavras dela rasgam o que ainda existia de mim e vejo que ela senta no sofá com a cabeça abaixada e lágrimas silenciosas escorrem pelo seu rosto. Ela não diz mais nada, apenas fica ali de cabeça baixa e eu a observo.

Ela e a Jill eram como irmãs, então a dor dela deve ser grande, mas...

Não estou conseguindo viver nem comigo mesmo, então...

Não sei consolar nem a mim, imagina mais alguém...

-- Acha mesmo que ela ainda pode estar viva?

-- No momento em que eu disser que não, eu morro de vez, Claire.

-- Queria ter a mesma esperança, mas...

Seus olhos se fecham e vejo mais lágrimas escorrerem sem me deixar com a mínima ideia do que falar. Eu apenas queria voltar a ficar sozinho para sucumbir de vez a essa dor, embora soubesse que a Jill ia socar a minha cara se me visse agora, neste estado.

Mas ela...

Não pode me ver...

O que eu daria para receber este soco agora.

-- Eu vim para ver como estava e... Contar uma coisa.

Mas o qu...?

-- Alguma notícia dela?

Levanto a cabeça esperançoso, mas pelo jeito que ela permanece de olhos baixos sem nem me dar a chance de sustentar a ilusão por mais um segundo, não é surpresa ver que balança a cabeça em negação.

-- Não, mas eu fiz uma coisa que você não queria...

E qual a surpresa nisso?

-- O que você fez?

-- Eu... Mandei colocar uma lápide.

-- MAS QUE MERDA, CLAIRE, POR QUE FEZ ISSO?

Eu explodo e ela mantém a cabeça baixa.

-- Porque eu queria um lugar onde pudesse ir quando sentisse a falta dela.

-- E COLOCOU UMA LÁPIDE VAZIA? ELA NÃO ESTÁ LÁ, CLAIRE!

-- Eu sei, mas eu e o Barry...

-- NÃO, CLAIRE, NÃO!

-- Chris, eu...

-- NÃO!

Ela volta a ficar calada, mas minha raiva aumenta.

QUE MERDA, CLAIRE, POR QUE FEZ ESSA ESTUPIDEZ?

ELA NÃO ESTÁ MORTA, NÃO ESTÁ, NÃO ESTÁ!

-- Não devia ter feito isso.

-- Me desculpe, mas eu precisava. Todos precisávamos... Você também.

-- Não, não preciso de um túmulo VAZIO.

-- Mas terá um momento que vai querer um lugar para senti-la perto e...

-- NÃO, CLAIRE, NÃO! ELA NÃO ESTÁ MORTA, NÃO!

-- ELA ESTÁ SIM, CHRIS, SÓ VOCÊ INSISTE EM NEGAR ISSO!

-- NÃO! ELA NÃO ESTÁ MORTA, NÃO PODE ESTAR!

-- A JILL ESTÁ MORTA SIM E NÃO VAI MAIS VOLTAR! ACEITE ISSO!

Veio aqui só para me jogar isso na cara?

Realmente veio só para tentar acabar ainda mais com a minha esperança?

Quando ela parece notar o que disse, arregala os olhos.

-- Me desculpe, Chris... Me desculpe, eu...

Ela tenta se aproximar, mas eu me afasto e ela para.

-- Me desculpe, eu não queria... Eu não...

Mesmo tentando encontrar as palavras, ela consegue me fazer sentir ainda pior do que eu estava. E sem pensar mais, pego as chaves do carro no chão e saio vendo que tenta me acompanhar.

-- Chris, espera! Por favor, me desculpe!

Bato a porta e saio de lá sem olhar para trás.

Vou até o carro e piso forte no acelerador com as palavras dela rondando minha cabeça e contribuindo para o lado tão grande que insistia em me culpar a cada segundo que passava. E, como se já tivesse certeza, paro diante do cemitério principal da cidade e saio do carro procurando com os olhos por lápides recém colocadas.

E por pior que fosse, não é difícil de encontrar.

Nem ao menos poderiam ter posto num cemitério menor?

Vou até lá e vendo uma pá encostada numa das árvores, a apanho e sigo naquela direção disposto a acabar com aquilo. Mas quando levanto a ferramenta disposto a quebrar tudo, dou a volta sobre o pedaço de cimento e vejo o nome dela gravado ali junto com a data de quando minha pequena nasceu ao lado da noite em que a perdi para semp... Não.

A pá desliza da minha mão parecendo que a imagem diante de mim faz ela ser atravessada em meu peito e caio outra vez. Quero gritar, quero bater, quero quebrar tudo, mas... Não tenho forças para nada. Para nada.

O nome dela preso a uma lápide...

Faz eu me perder por completo...

Nada mais... Nada m...

Nada importava...

É o fim.

Coloco as mãos sobre a terra fresca ao redor da pedra e pressiono os dedos contra ela, quase como se eu pudesse sentir a presença dela ali. Como se eu pudesse sentir o perfume do shampoo no cabelo recém lavado, do hidratante que usava no pescoço e do toque delicado e macio que vinham de seus dedos.

E quando abro os olhos, os esfrego na tentativa de sumir com a vista embaçada, mas sinto ainda mais lágrimas caírem de meus olhos. A força que me puxava era grande demais, mas não o suficiente... Eu implorava que me levasse junto, mas ela apenas me torturava com a possibilidade.

-- Jill...

Uma voz chorosa sai de minha boca e espremo os pulsos, sentindo a terra fugir de meus dedos. E quando volto a olhar para o nome dela ali cravado no cimento, levanto um punhado de terra e coloco em meu peito.

-- Eu prometo não desistir...

As lágrimas deslizam por meu rosto.

-- Eu prometo continuar a lutar...

A dor faz um nó em meu peito, mas continuo.

-- Por você, pequena... Por você.

Deixo a brisa gélida tocar meu rosto imaginando numa dolorosa ilusão que pudesse ser um carinho dela. Fecho meus olhos me permitindo chorar por mais um minuto e então levanto, deixando a terra cair no chão outra vez.

-- Eu prometo, Jill... Vou continuar por você.

Por você, Jill, por você, meu amor...

-- Eu nunca vou deixar de te amar, pequena... Nunca.

Limpo as lágrimas e respiro fundo, desviando para o horizonte mais afastado e sabendo pela primeira vez em três meses, o que eu devia fazer. Olho pela última vez a lápide diante de mim e começo a me afastar, voltando ao carro e seguindo em velocidade normal até a B.S.A.A..

Eu sabia que minha aparência podia estar ainda pior do que quando saí daqui, mas nem por isso me incomodei com os olhares que recebi enquanto caminhava em direção ao vestiário. Vejo alguns outros agentes por ali e noto que param de falar quando chego, mas tiro a roupa e vou ao chuveiro sem me importar com eles ou com qualquer outro, tomando o banho que meu corpo implorou por semanas.

Vejo o vermelho do sangue cair e o marrom da terra do cemitério e até mesmo da floresta escorrer para fora do meu corpo. Tento tirar tudo aquilo de mim, embora eu soubesse que a dor, o sentimento e a culpa, seriam minhas eternas companheiras daqui por diante.

Mas se isso servir para me lembrar de minha promessa... “Tudo bem”.

Desligo a ducha e me seco, procurando roupas limpas em meu armário e vestindo o uniforme mesmo. Dou uma olhada no inchaço da perna e por mais que eu odeie admitir, sei que preciso arrumar isso antes de convencer o Declan a me deixar fazer o que eu quero.

Certo, agora, enfermaria.

Visto os calçados ignorando os cortes dos meus pés e volto ao corredor.

-- Chris? O que está fazendo aqui?

Dylan, ótimo.

-- Pode me fazer um favor?

-- Claro, só dizer... Como se sente?

-- Sabe se tem algum caso em aberto que nenhum agente pegou ainda ou que alguém não conseguiu resolver?

-- Acho que tem alguns sim, mas...

-- Pode pegar os fichários para mim?

-- Ah claro, mas...

-- Obrigado!

Dou uma batidinha leve em suas costas e saio antes de precisar dar explicações ou de precisar ouvir mais sermões.

Chego na enfermaria e procuro pela enfermeira que havia me atendido naquele dia, sem querer outra para me enrolar com outras explicações. E quando vejo a moça conversando com um dos médicos, faço um sinal quando olha para mim e ela se aproxima curiosa.

-- Sr. Redfield, como vai a perna?

-- Na verdade pensei se talvez pudesse me ajudar...

-- Claro, venha, me deixe dar uma olhada.

-- Não está muito ocupada?

-- Não, estava livre mesmo.

-- Tudo bem, obrigado.

Ela sorri gentilmente e me guia até uma sala para poder olhar a minha perna. Espero notícias ruins, mas ela não diz nada, apenas começa a limpar o machucado e enfaixá-lo pela milésima vez desde que... Tudo aconteceu.

E para minha sorte, ela não pergunta nada e não comenta nada.

Principalmente não me olha com uma expressão de pena.

-- Vou sobreviver?

-- Por incrível que pareça, sim...

-- E pela sua experiência... Tudo bem eu embarcar para uma missão?

Não que a negativa dela me faria mudar de ideia, mas...

-- Achei que ia querer dar um tempo dep... – Ela para.

-- Não, pelo contrário, acho que o trabalho é minha única fuga.

-- Se acha que se sentirá melhor assim, tudo bem... Só não force muito.

-- Tudo bem, agradeço.

-- Esses são seus remédios, mas... Já sabe, não é?

-- Dessa vez não sei se terei tempo para tomar, mas prometo tentar.

-- Acredito em você, Sr. Redfield.

-- Obrigado... Qual o seu nome mesmo?

-- Ágata, obrigada por perguntar.

-- Me desculpe pelo mal jeito semanas atrás, Ágata.

-- Não precisa se incomodar, de verdade, eu entendo... Boa sorte na missão.

-- Obrigado.

-- Não por isso, se cuide.

Balanço a cabeça em concordância e tomo um dos remédios que me deu seguindo agora para sala do Declan, mas no caminho, escuto uma voz tão familiarmente repugnante que peço para conseguir passar pela sala onde estava sem entender uma palavra do que dizia, só que ao ouvir o nome da Jill, eu paro.

-- Fala sério, Cooper!

-- Mas estou falando, cara... Ela sempre arrastou uma asa para mim e agora confesso que estou com remorso de nunca ter dado uma chance para coitada. Talvez se convidasse para sair ou dissesse que não tinha chance comigo, eu me sentiria menos pior agora.

EU NÃO ESTOU OUVINDO ISSO.

-- Para de mentira, a B.S.A.A. inteira sabe que ela só te dava fora porque o lance dela para valer era o Chris... Ninguém sabe direito o que esses dois tinham, mas é só ver o jeito dele agora, é óbvio que eram bem mais que parceiros.

-- E você acha que aquele lixo teria chance com ela? Ele é uma piada!

-- Ele é o melhor agente daqui, nem você pode discordar...

-- Pois eu discordo, já que precisou matar a parceira para sobreviver!

Sem me segurar mais, entro na sala e o Anderson, outro agente que conversava com a porcaria do Cooper me encara de olhos arregalados. E o demente, vira para me olhar e revira os olhos.

-- Olha quem resolveu aparecer... O “viúvo”.

Ele quer mesmo me provocar HOJE?

Me aproximo dele e apesar do passo que dá para trás, ele continua.

-- Quer descontar sua raiva em mim?

-- E então a Jill caía de amores por você, não é...

-- Não a culpo, olhe para mim!

-- Sei...

Me aproximo a passos lentos, mas ele se afasta esbarrando na cadeira de atrás dele e fingindo para o amigo que tinha alguma coragem. Só que o Anderson, parecendo sentir que sobraria até mesmo para ele, se afasta mais, mas o meu foco mesmo era o imbecil diante de mim.

-- Repete o que você disse, Cooper.

-- Me sinto mal por nunca ter dado uma chance para ela antes de você fazer ela se jogar pela janela para salvar a sua vida enquanto não foi capaz disso!

Ótimo.

Quando voo na direção dele, ele tenta me acertar, mas desvio e o jogo no chão o acertando sem a menor piedade. Ele pediu claramente e eu queria MUITO recuperar minha força para isso, o “agradecendo” interiormente por me ceder a cara dele para isso.

-- Sr. Redfield! Sr. Redfield!

Escuto o Anderson chamar por mim, mas sem coragem de tentar me tirar de cima daquele desperdício de oxigênio. E embora minhas mãos doessem, eu queria bater mais e mais e mais, começando a ver imagens dela diante de mim... Seu sorriso, seus olhos, seus lábios, minha salvação e perdição.

-- CHRIS! CHRIS, PARA!

Quando ouço uma voz mais amigável surgir, saio de cima do Cooper antes de outro tentar fazer isso. Mas mesmo com a expressão de desaprovação do Declan, ele conhecia o Cooper, sabia das coisas que ele era capaz de falar e sabia que eu não partiria para cima dele desse jeito se esse lixo humano não tivesse me provocado usando a Jill.

-- Senhor?

Falo naturalmente e ele me encara friamente antes de respirar fundo.

-- Leva o Cooper para enfermaria, Anderson...

-- Sim, senhor.

O agente pega o que sobrou do imbecil desmaiado no chão e o arrasta para fora me deixando com o olhar e silêncio de discórdia do Declan, mas ele não parecia querer me repreender de verdade.

-- Chris, não posso admitir esse tipo de comportamento.

-- Nem o comportamento do Cooper, então ele errou, eu errei, fim.

-- Sei que ele é um idiota, vou falar com ele... Mas tenta se segurar, por favor.

-- Não vou precisar... Precisamos conversar, Declan.

Ele me olha curioso e indica o corredor, me fazendo caminhar em silêncio até a sua sala. Quando entramos, paro diante da sua mesa notando que me observava com atenção... Agora é minha deixa.

-- Quero uma missão.

-- Não, nem pensar, é muito cedo...

-- Não posso ficar parado, Declan, não posso.

-- Chris, tudo o que aconteceu te atingiu demais, não posso te enviar numa missão agora porque não tenho ideia de como pode reagir diante de alguma situação de risco ou...

-- Eu entendo, mas garanto que estou bem o suficiente para isso.

-- Não tenho nada em aberto e nenhum agente para te acompanhar!

-- Não quero parceiro nenhum, eu vou sozinho.

-- Mais uma razão para eu não deixar.

Não vai adiantar tentar negar, Declan...

Assim como está disposto a negar, estou mil vezes mais disposto a insistir.

-- Eu sou o agente com maior experiência aqui, você sabe que não preciso de um parceiro, posso me cuidar sozinho... E tenha certeza de que não quero uma missão para morrer nela, não faria você perder seu tempo em algo assim. Eu só quero... – Eu paro – Só preciso...

Paro de novo e desvio, mas sei que precisava continuar para convencer.

-- Preciso disso, Declan... É só para o trabalho que posso correr agora.

-- Você não está pronto para isso, Chris, espere mais um pouco...

-- Se eu esperar, vou enlouquecer... Não posso ficar em casa com meus pensamentos e não posso ficar aqui com todos me olhando com pena ou falando merda como o Cooper. Me deixe ser útil e fazer o que faço de melhor, por favor.

Seus olhos suavizam...

Estou no caminho, vou conseguir.

Não posso sair daqui de maneira diferente, PRECISO de trabalho.

-- Não tenho nada em aberto agora...

-- Chris? Com licença, senhor...

Dylan entra com alguns fichários e agradeço sem sorrir.

-- Obrigado, Dylan.

-- O que é isso?

-- Casos em aberto.

Ele encara feio o Dylan o fazendo sair da sala e me aproximo da mesa.

-- Esses casos são praticamente perdidos, não conseguimos rastrear os alvos e quando conseguimos, eles nos escapam como fumaça, não acho que...

-- Então são perfeitos. – O interrompo – Me coloca.

Sua mão pega os casos de minhas mãos e ele observa.

-- Tudo bem... Mas se sentir que não vai dar conta voc...

-- Te dou a minha palavra de que isso não vai acontecer, Declan.

-- Certo... Em qual deles quer entrar?

-- Em todos eles.

-- O quê? Isso pode levar meses!

-- Não pretendo voltar tão cedo mesmo.

-- Chris, você tem certeza de que...

-- Posso me arrumar para ir?

Parecendo desistir de tentar me impedir, ele respira fundo pela última vez e balança a cabeça em concordância. Eu poderia sorrir com a “vitória”, mas não sabia mais se eu era capaz disso.

-- Pode, vou mandar preparar uma aeronave.

-- Obrigado, Declan.

Ele apenas balança a cabeça e eu saio voltando ao vestiário me arrumando o mais rápido possível. Mas ao chegar ao arsenal, meus pés param e é como se eu pudesse ver eu e a Jill ali... Aqui era o lugar onde nos encontrávamos antes das missões e que podíamos por ao menos um minuto, aproveitar a companhia um do outro antes de ligar o botão do profissionalismo.

Mas é a última vez que entrarei aqui.

Pelo menos por um longo tempo...

Abaixo os olhos pegando as primeiras coisas que vejo e vou em direção a área das aeronaves, vendo o Declan conversar com um dos pilotos. Me aproximo deles, pronto para o que viesse, mas o chefe ainda me olha incerto da decisão que tomou.

-- Chris, você tem certeza que...

-- Estou pronto para o que vier, senhor.

-- Falou com a sua irmã quanto a voltar tão rápido e sozinho?

-- Está é uma decisão que só eu posso tomar.

-- Mas se você pensar bem voc...

-- Já pensei. Está decidido.

Ele desvia ainda incerto, mas sem querer me alongar mais, estendo a mão.

-- Obrigado, Declan... Não vou decepcionar.

-- Não faça eu me arrepender, Chris.

-- Não farei, eu garanto.

-- Tudo bem... Boa viagem e comunicador ligado.

-- Pode deixar, estarei atento as instruções, eu prometo.

-- O piloto vai te levar para uma área isolada na Austrália, ouvimos rumores recentes de que o primeiro nome dessa lista andou soltando uns “brinquedinhos” por lá. Mas, Chris, por favor, se sentir que não dará conta sozinho, me avise que mandarei um parceiro para você.

-- Não será necessário, mas se eu precisar, aviso sim.

-- Tudo bem... Boa sorte.

-- Obrigado.

Soltamos as mãos e me apresso para dentro na nave antes que ele mudasse de ideia. Sinto que levantamos voo e mesmo com o Declan longe, ouço a voz dele falando sobre a Claire.

Não queria ter que partir, mas...

Não queria ter brigado com ela, mas...

E de jeito nenhum quero ir em missão com esse clima entre nós.

Pego o celular e vou direto para caixa de mensagens dela porque sei que se eu desse a chance, ela lançaria um míssel na minha direção para tentar me impedir. Então assim, já no ar e sem dar a chance dela responder imediatamente, deixo uma mensagem.

-- Ei, Claire... Sinto muito pelas coisas que eu disse no apartamento da J...

Eu paro, ainda sentindo a dor intensa em meu peito.

Mas “feliz” por agora ter algo que ao menos pudesse me distrair.

-- Sinto muito por tudo... Eu fui ver a lápide que mandou fazer e acho que tinha razão, será bom para quando voc... Quando todos nó... – Droga, se concentre, Chris – Enfim, me desculpe. Não quero arranjar motivos, mas eu não quero acreditar no mesmo que vocês. Mas eu entendo e peço que me perdoe.

Respiro fundo... Agora vem o pior.

-- Depois que fui lá, eu soube o que devia fazer, depois de semanas sem ter a mínima noção disso... Eu preciso continuar, Claire. Preciso lutar, preciso me esforçar mais para que não aconteça com outros o que aconteceu comigo. Não quero que mais inocentes compartilhem da minha dor, então falei com o Declan e estou viajando para solucionar alguns casos.

Ela vai pirar, eu sei.

Ela, o Barry, todos... Coitado do Declan.

Se minha irmã chegar a ele, talvez eu perca meu chefe.

-- Prometo que vai ficar tudo bem e que posso fazer isso... Na verdade, sinto que o trabalho é a única coisa para que sirvo agora. Você me conhece, não posso ficar parado ainda mais depois disso. Mas eu prometo a você, irmã, que não estou indo para morrer, pelo contrário. Estou indo porque essa é minha única chance de continuar vivo, então, me perdoe por ir dessa forma.

Sinto meus olhos marejarem outra vez, mas engulo.

-- Não sei quando eu volto... Mas quero pedir para dar uma olhada no meu apartamento e do dela quando tiver um tempo. Falarei com o síndico para manter os dois, eu vou arcar com isso, e, por favor, não discuta. Esta é minha decisão.

Meu coração pesa por ela e fecho meus olhos.

-- Me perdoe, Claire, mas será melhor assim... Eu sei que se eu esperasse mais, você de vez perderia seu irmão. E não quero te deixar sozinha, então estou viajando para encontrar alguma utilidade para minha vida. Sei que pode se cuidar sozinha e neste meio tempo, sei que o Barry te ajudará em tudo que precisar, então... Me perdoe. E tente me compreender. Eu te amo, Claire.

Desligo o celular e o encaro enviando a mensagem.

Sei que ela vai enlouquecer, mas... O Barry vai ajudá-la a entender.

Depois que também enlouquecer quando souber.

Mas sem querer pensar mais ou ficar sozinho ali podendo outra vez ver a minha imagem e a da Jill, vou até a cabine do piloto e sento no lugar do co-piloto me arrumando para auxiliar o Kirk no que precisasse.

-- Não precisa se incomodar, Chris.

-- Quero ajudar, está tudo bem.

-- Tudo bem... Vamos lá.

Para minha “alegria”, ele também se manteve calado.

E, principalmente, sem “sinto muito” ou “como você está?”.

Então seguimos o voo tranquilamente, mesmo quando sinto o celular começar a vibrar e vejo o nome da Claire piscar na tela. Penso em atender, mas sei o que ela vai dizer... Clico em desligar.

Me perdoe, Claire, mas preciso disso.

É a única opção agora.

Se permanecer em casa, além de ser um completo inútil, vou sucumbir até a morte, não terei forças para NADA. E brigar com você por isso, com certeza não me fará melhorar, então... Preciso focar na única coisa para que realmente sirvo: meu trabalho. Assim lutarei por ela, por você e por todos que perdemos. Não sei até quando resistirei nessa luta sozinho, mas dou minha palavra de que continuarei cumprindo meu papel.

Vou lutar...

Vou suar...

Vou sangrar...

Farei tudo o que for preciso... Mas não vou desistir.

E jamais, jamais.... Jamais desistirei de você, Jill.

Sempre estará em meu coração...

E sempre terei esperança.

Por você, vou continuar.

Por você, vou lutar.

Por você... Irei até o fim.

Minha Jill, minha pequena, minha tigresa...

Até quando eu puder, eu prometo... Eu prometo.


Notas Finais


E lá se vai o Chris...
Metendo a cara no trabalho #Dor
No próximo capítulo, um tempinho terá se passado, então, aguardem ^^
Espero que tenham gostado, pessoal!
Até a próximaaaa *--*
Bjooon <3


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