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História Sempre Tem Um Lado Bom - Desencontro Fatal


Escrita por: PJ_Redfield

Notas do Autor


Boa tarde, povo!
Mais um capítulo, espero que gostem!
Agradeço de coração por todos que ainda estão acompanhando e pelos que começaram a ler há pouco tempo!
Boa leitura...

Capítulo 54 - Desencontro Fatal


Seguíamos em silêncio no carro até o endereço do prédio que Barry havia nos dado. Eu tentava manter a calma, mas meu coração palpitava e minhas mãos suavam conforme eu sentia que nos aproximávamos.

Finalmente eu o encontrarei... Depois de mais de um mês.

Será que sentiu minha falta como eu senti a dele?

Será que ainda sente o mesmo por mim?

Será que ficou com outra mulher?

Meus dedos se estralam depois que os pressiono em meus pulsos e reviro meus olhos pelo pensamento que me deixa atordoada.

Controle-se Jill... Foco na destruição da Umbrella.

Preciso me conter.

Eu o amo, mas não é hora para pensar em nada além de vingar a morte de nossos amigos.

Quando o motorista para o carro eu olho ao redor assustada, não pelo lugar, mas pela situação. Automaticamente passo a mão no cabelo ao sair do carro e olho meu reflexo na janela enquanto Carlos paga a viagem.

Ao se aproximar eu paro fingindo que estou tranquila e ele indica o prédio me fazendo dar um sorriso na tentativa de fingir minha tensão. O recepcionista não fez perguntas quando passamos por ele e apenas o cumprimentamos, então seguimos para as escadas e ao entrarmos no corredor do andar certo, minhas mãos voltam a suar.

Seguimos cautelosos e minha mente traiçoeira se desvia para imaginar a expressão do Chris ao ver um cara estranho do meu lado...

Será que Barry conseguiu falar com ele?

Será que já sabe que eu ainda estava em Raccoon City minutos antes da cidade explodir?

É a hora de obter muitas respostas...

Ao parar adiante da porta, eu a encaro com o coração na mão e ao olhar para o Carlos, ele parece esperar que eu bata.

            -Está nervosa?

            -Um pouco...

Ele sorri parecendo entender meu jeito e bate na porta olhando para os lados.

Meu coração dispara...

Mas nada dele.

Carlos bate de novo, por mais tempo.

Meu coração vibra e minha respiração torna-se ofegante, mas nada.

Será que está dormindo?

Quando Carlos vai bater de novo, coloco a mão no trinco e o giro me surpreendendo por estar aberta e entro sem delonga.

            -Chris?

Silêncio...

Não tinha ninguém ali.

            -Ele saiu sem trancar a porta?

Isso não faz o menor sentido, ele não seria tão descuidado.

Mas meus olhos vasculham o lugar com vários papeis espalhados e a bagunça comum que ele sempre deixava ao passar.

            -Será que é o quarto certo?

Sem responder, desvio e meus olhos fixam ao chão, perto da cômoda... Uma faca.

Corro até lá e me abaixo vendo que Carlos me acompanha. Ao pegar a faca, mesmo suja de sangue eu a reconheço.

            -É a faca dele...

Levanto com aquilo nas mãos e passo o dedo sobre o sangue que ainda estava úmido, ou seja, não faz muito tempo, pois está fresco.

            -Será que ele teve problemas?

Não... Chris...

Dou as costas ao lugar e vou ao quarto onde encontro a cama bagunçada e mais papeis sobre a cômoda. Vou ao armário e vejo algumas roupas dele penduradas, não todas, mas o suficiente para não ter simplesmente deixado para trás.

Sento na cama e olho para faca em minhas mãos...

            -Ele pode ter ido investigar alguma coisa.

            -Ou pode ter sido descoberto...

            -Não pense o pior.

            -Vou encontrar ele.

Levanto e volto para onde encontrei a faca, mas ouço que Carlos me segue.

            -Alguma ideia de onde foi?

            -Nenhuma...

            -Então vai procurar onde?

            -Em todo lugar.

Passo o dedo sobre o tapete sujo com sangue e ouço Carlos suspirar.

            -Certo... Vamos começar por aqui, procurar uma pista de onde ele pode ter ido, tudo bem?

            -Tudo bem...

Ele olhou ao redor e foi para o quarto me deixando ouvir que estava vasculhando o lugar e notei que minhas mãos estavam tremendo.

Ele está bem...

            -Vou te encontrar, Chris...

Começo a vasculhar o lugar sentindo meus olhos ficarem marejados. Limpo a lágrima que escorre sentindo o pavor que corroía minha alma por encontrar algo que provasse que foi encontrado, mas não achei nada.

Não parecia ter havido uma briga aqui e nada está revirado, só bagunçado.

Eu vou encontrá-lo...

Procurarei até debaixo das pedras se for necessário, mas vou encontrá-lo e juntos daremos um fim na Umbrella.

E coitado deles se colocarem um dedo em sequer um fio de cabelo dele... Juro que mato até o último deles com minhas próprias mãos.

Mas sei que os derrotaremos juntos...

Ele está bem... Tem que estar.

Meus pensamentos corriam e eu via que procurando por algo eu estava nervosa e impaciente, mas ao ouvir o Carlos se aproximar, viro para ele.

            -Jill, eu... Achei isso.

Ele levantou um caderno que se assemelhava a um diário e corri para pegá-lo de suas mãos. Ao abrir, na primeira página estava escrito com a caligrafia do Chris...

 

“Para J.V.”

 

Sou eu...

            -“J.V.”, achei que pudesse ser você... Provavelmente não colocou o nome para não te entregar se o encontrassem.

            -Sim, deve ser...

Eu passo uma página e ali está mais de sua caligrafia, por várias e várias páginas descrevendo data por data desde que chegou. Então volto a primeira e leio em voz alta...

 

“24 de agosto

Hoje deixei Raccoon City... Hoje deixei você.

E ao contrário da cidade que acredito que não verei tão cedo, sei que você voltará para mim dentre alguns dias e juntos conseguiremos levar tudo adiante.

Quando cheguei, foi estranho o silêncio que encontrei. Tudo está diferente, tudo está mudado. Nada mais me chama a atenção, nenhum detalhe importa mais. Entrei, observei calado o lugar e puxei uma cadeira começando o que devia ser feito.

Depois de passar a tarde mergulhado em papeis, decidi escrever para eu poder ter a sensação de que está comigo.

Desfiz as malas mais tarde, mas me senti ainda mais vazio quando coloquei o Júnior na cômoda e nossa foto ao lado.

Minha alma gemeu de dor pela sua ausência...

Onde você está, pequena?”

 

Sinto uma lágrima escorrer e viro a página para o dia seguinte sentindo minhas mãos tremerem.

 

“25 de agosto

É difícil entender como existem pessoas tão dedicadas em matar inocentes...

Minhas mãos tremem ao pensar que ainda estão impunes, agindo como se nada houvesse e com a oportunidade de voltarem para casa enquanto causaram tantas mortes, tantas perdas e tanta dor aos familiares das vítimas.

Minha raiva cresce a cada minuto e meu desejo de vingança me corrói por dentro e quando sinto que vou explodir, me lembro de você...

Nenhum calmante melhor do que a lembrança do seu sorriso doce, do seu olhar sincero e da sua extrema força e determinação. Admiro você. Admiro seu auto controle e capacidade constante de pensar em tudo antes de agir da maneira mais coerente.

Você é a mulher mais linda e mais admirável que conheci...

Me apaixonar por você foi de longe a melhor coisa e ao mesmo tempo, foi algo tão fácil e impossível de não acontecer. Uma mulher linda, com seus olhos, seu sorriso, seu jeito e seu profissionalismo completam a imagem da mulher mais que perfeita que sonhava e achava impossível encontrar.

Mas você chegou...

A saudade em meu peito é o que mais dói, pois com você me dando a força que preciso, tudo se torna mais fácil. Você pode ser auto sustentável, mas eu não...

Preciso da sua força, preciso do seu carinho e confiança para conseguir seguir sem enlouquecer ou explodirei.

E é apenas o primeiro dia em que não verei você nem por um momento, pois na madrugada de ontem eu ainda tinha você em meus braços.

Por enquanto sua lembrança me fortalece...

E assim continuarei... Por enquanto.”

 

Sinto uma fraqueza tão cruel em meu corpo ao saber como ele estava mal sozinho, mas tento conter as lágrimas agora passando mais páginas ou eu não ia aguentar, já me rendendo as lágrimas de vez.

            -Olha no último dia...

A voz de Carlos ressoou séria e concordei com a cabeça, depois de perder a voz para citar meus pensamentos... Apenas os dele.

 

“01 de outubro

Os trinta dias já se passaram e você ainda não veio.

Barry não deu notícias e começo a achar que a saída rápida dele sem nem me esperar retornar, tem a ver com sua demora.

Eu não sei direito o que é, mas estou com medo por você...

Sei que é a mais forte de nós e a mais inquebrável. Mas sei que mesmo depois de tudo, você continua com o dom de dar uma chance as pessoas... Tenho medo que ofereça isso a pessoa errada.

Soube do que aconteceu a Raccoon City e minha raiva multiplicou ao saber que nosso lar foi arrancado do mapa pelas coisas que a Umbrella fez.

Eles vão pagar!

E se um deles fez algo contra você, juro que matarei cada um deles.

Sinto que precisa de mim e meu coração entra em pânico sem saber para onde devo ir para te encontrar.

Mas meu maior medo, ainda é que apareça aqui do jeito que as coisas estão...

Eles descobriram, pequena... Já sabem que tem pessoas os investigando e sabem que somos nós, que só poderia ser nós depois de tudo.

Terei de sair hoje e espero voltar em breve... Mesmo com minhas mãos formigando em ter você ao alcance de meu toque novamente, tenho medo que já tenham descoberto este lugar ou descubram, então sairei.

Se você chegar, não poderão te alcançar.

Sei que Barry te dará este endereço e mesmo não tendo certeza plena disto, acredito que ainda a Umbrella não descobriu meu esconderijo.

Por isso sairei... Sairei para investigá-los e deixar o lugar para você, se vier.

Não durma. Não é seguro.

Não deixe a porta destrancada. Não é seguro.

Não perca a concentração. Não é seguro.

Fique atenta a cada som e siga seus instintos, porque eles aparecem nos lugares mais improváveis e não pensarão duas vezes em tentar te matar.

Se não se sentir segura, vá para outro lugar...

Ainda não sei como, mas voltaremos a nos encontrar.

Prometi que não nos separaríamos mais e peço perdão pelo rompimento da promessa... Mas já estava escrito, pequena... Vamos voltar a nos encontrar, acabaremos com toda essa palhaçada e seguiremos adiante como devia ter sido quando te levei até as montanhas.

Não existe nem ao menos um segundo que eu não sinta sua falta...

Por isso, se puder, me espere...

Vou encontrar você.”

 

Uma lágrima escorre de meu olho e meu corpo volta com a fraqueza me fazendo sentar na cadeira e sentir os olhos do Carlos em mim.

As montanhas... Nosso primeiro beijo, nossas declarações... Tudo parece tão distante agora, até parece que foi em uma vida passada.

E se pensar bem, posso dizer que foi... Na vida em que não existiam monstros e aberrações, na vida pacata de policial de cidade pequena que mesmo com alguns casos, jamais fui forçada a ver um amigo ser destroçado na minha frente.

            -Ele foi embora...

            -Para deixar o esconderijo seguro para mim.

            -Foi a melhor atitude, porque se eles estavam o seguindo, facilmente chegariam até aqui e esperariam por você.

            -E o sangue, Carlos? Como saberei que não o encontraram antes dele conseguir fugir?

            -Vamos descobrir...

            -Tenho que procurar por ele.

            -Já está tarde, ele não vai estar na rua a essa hora... Podemos esperar até amanhecer?

            -Não vou suportar esperar, Carlos... Preciso encontrar ele e ver que está bem.

            -Mas onde quer procurar?

            -Não sei! Não sei! Mas tenho que encontrar ele! Tenho que saber que está bem!

Sentia as lágrimas escorrerem de meus olhos, mas realmente não sabia por onde começar a procurar.

Mas eu... Eu preciso encontrá-lo!

Nem que seja a última coisa que eu faça...

            -Jill, me ouça... Vamos andar por aí sem rumo?

            -Não precisa vir, vou sozinha.

            -De maneira nenhuma... Agora que sei que está na mira deles, não te deixo colocar o pé para fora daqui sozinha!

            -Eu sei me cuidar...

            -Mas juntos, nos cuidamos melhor.

Ele tem razão... Toda ajuda sincera é bem vinda.

            -Vamos esperar até amanhã, tudo bem?

Não sei se consigo... Mas para onde vou?

Carlos está certo, o Chris não estará na rua a essa hora e vou chamar a atenção se bater de porta em porta nos hotéis.

            -Quem sabe ele aparece... Vamos esperar?

Exausta de não saber onde ele estaria, ou se estaria bem, apenas concordo com a cabeça indo ao quarto e pegando uma camisa dele.

Ainda tem seu cheiro...

Quando o Carlos entra, vou até a cama com a camisa nos braços e olho para o diário, o abrindo e folhando de novo.

            -Ele está bem...

            -Como sabe?

           -Olhe em seu coração... Sinta. Quando as pessoas se amam, dizem que são interligas... Ele sentiu que você não estava bem, agora sinta como ele está.

Meu coração palpita enlouquecidamente, mas é de saudade... Não sinto nada de ruim além disso, mas como saberei que está mesmo bem?

            -Tente descansar... Fico na sala acordado.

            -Não vou conseguir dormir.

            -Então venha me fazer companhia...

Ele foi para lá e continuei ali olhando para o diário.

Então levantei e fui até o sofá sentando ao seu lado enquanto mexia nos canais da televisão e eu lia o diário.

Ele marcava algumas notas sobre as suas descobertas e outras sobre mim, nunca pronunciando meu nome, apenas usando “pequena”. Eu sorria ao ler que sentia minha falta e tremia de raiva ao ler o que dizia da Umbrella.

 

“08 de setembro

Essa empresa da Umbrella é bem protegida.

Consegui marcar o horário de troca dos guardas, mas hoje vi que mudaram.

Nunca os guardas são os mesmos.

Quantos desses desgraçados tem por aí?

Não consigo decorar o rosto deles, porque os que vejo em um dia, não aparecem mais por ali. Talvez fiquem por dentro. Ou talvez sejam descartáveis também.

Isso só me faz pensar que tenho que ser ainda mais cauteloso.

Um passo em falso me descobrem e não posso deixar que isso aconteça.

Tenho que destruir a Umbrella...

Tenho que cuidar de você...

E a Claire, sinto falta dela. Não a avisei que saí de Raccoon City, então ela deve estar louca para saber de mim, mas não posso arriscar.

Vocês duas são as pessoas mais importantes para mim.

Tenho que continuar vivo...

Tenho que cuidar de vocês.”

 

Claire realmente deve estar doida de atrás dele...

Continuo lendo e vejo que continua a dizer sobre horários dos guardas e alguns indícios da empresa pela cidade.

Alguns rostos que ele desconfiou e algo me chama a atenção.

 

“21 de setembro

Reparei que existe uma porta para um galpão nos fundos da empresa que jamais é deixada sem vigia. Quando o horário de troca chega, jamais deixam o posto diante dela até que outro chegue...

Preciso saber o que há naquela porta.

Notei que na cidade existem muitos lugares onde os guardas frequentam e segui alguns, vendo que tinham casa e família.

Me pergunto se eles sabem realmente o que acontece lá dentro.

Talvez nem todos sejam culpados...

Mas hoje consegui deitar na cama e no escuro da noite, fechei os olhos e me lembrei da noite em que tive você...

A lembrança de seu corpo me invadiu a memória e um sorriso se fez em meus lábios em me lembrar da maciez e do perfume que sua pele traziam.

Nunca houve uma noite melhor do que aquela em minha vida...

Eu devia ter dito isso a você.

Mas tudo o que eu fazia era olhar no relógio quando você não estava me olhando e assim eu sentia meu coração se apertar no peito.

Devia ter dito a você tudo que me fez sentir...

Mesmo ocupando minha cabeça com a Umbrella nos últimos dias em Raccoon City, você não saiu de meus pensamentos... Me perdoe por ter te evitado. Me perdoe por ter feito parecer que eu não te queria mais. Me perdoe pelas palavras duras que disse a você.

E quando finalmente estávamos no mesmo lugar e vi no seu olhar a mesma tristeza que havia dentro de mim quando pegou a passagem, eu sabia o que tinha de fazer... Fiquei enlouquecendo com os pensamentos, mas tinha tanto a resolver.

Depois que os demais vieram e tudo foi decidido... Ficamos sozinhos outra vez.

E eu não podia deixar a oportunidade passar...

Eu não sabia se teria outra chance, então fui de atrás de você.

E quando me beijou da mesma forma que antes, ainda apaixonada, ainda ardente e desesperadora, eu soube que aquela devia ser nossa noite.

E foi... Você foi minha. Pela primeira vez.

Não consigo explicar direito o que me fez sentir... Não foi só prazer e algo de extremo delírio para meu corpo.

Foi a noite em que senti que eu encontrei a mulher certa para mim...

Foi a noite em que soube que você foi feita para mim...

Foi a noite em que tive a certeza que J.V. tinha entrado na minha vida para criar raízes que eu jamais ia querer que se rompessem...

Foi a noite em que vi muito mais que seu corpo, senti muito mais que sua maciez e que me levou a algo além do prazer delirante...

Era você.

Simplesmente era você.

Com seus olhos apaixonados fixos em mim, seu sorriso doce, seu carinho interminável e palavras de amor... Eu tive a certeza extrema de tudo.

E o que quer que eu tenha feito de tão bom em minha vida para merecer uma mulher como você, agradeço desde já...

Você é e sempre será a mulher da minha vida.”

 

Com lágrimas escorrendo por meus olhos, fecho o diário e limpo meu rosto encarando a televisão ao sentir que a pessoa do meu lado me observava.

            -Você está se sentindo bem?

            -Estou...

Apesar de tudo, eu ainda não queria chorar.

Não gosto de me sentir fraca e demonstrar tal fragilidade para as pessoas, por isso prefiro sofrer sozinha.

            -Quem sabe hoje mesmo ele volte.

            -Seria bom...

            -Aí vou embora.

Vi que ele desviou o olhar e o encarei vendo que seus olhos tentavam esconder a tristeza pelas palavras, então sorri e o empurrei levemente com o ombro.

            -Não precisa ir... Podia nos ajudar.

            -Posso ajudar, mas não ficarei.

            -Você decide... Mas podia nos ajudar, afinal, quase morreu por causa da Umbrella também e trabalhou para eles.

            -Se você quer minha ajuda, fico a disposição... Mas não acredito muito que seu namorado me queira por perto.

            -Ele é turrão no começo, mas depois vai ver que é uma pessoa incrível...

            -Com toda certeza.

Senti um certo tom irônico na voz dele, mas apenas o encarei tentando ler seus pensamentos. Quando olha para mim, vejo que desvia para minha boca e consigo saber o que está pensando...

Se eu considerar que realmente ele está a fim de mim...

Então está com ciúmes.

            -E se ele não voltar?

            -Eu vou procurar por ele até encontrar, já disse...

            -Certo... Entendi.

Não me alegrava o jeito que o Carlos demonstrava a tristeza e eu não ficava feliz em saber que o fazia ficar assim.

Mas o Chris é minha vida...

É insubstituível para mim e jamais homem algum poderá substituir seu lugar.

Não quero mais ser tocada por outra mão que não seja a dele...

Não quero outros lábios em minha boca ou em meu corpo que não sejam os dele...

Não quero outro olhar apaixonado e de desejo que não seja os dele...

Simplesmente não posso.

Simplesmente não consigo.

Simplesmente não quero.

Desvio dele e sinto o cansaço de meu corpo cair sobre minhas costas e a cama do quarto me chamando.

Mas meus pesadelos...

Depois de tudo, aprendi como minha mente funciona e como gosta de me torturar enquanto durmo. Ela traz de volta meus maiores medos e sei que se eu fechar os olhos para dormir agora, sonharei coisas ruins com o Chris. E tudo irá piorar.

            -Tem certeza de que não quer dormir?

            -Tenho sim...

            -Certo.

Ele levanta e o sigo com o olhar, vendo que também parece exausto. Com o copo de água em suas mãos, eu levanto e caminho mais perto dele.

            -Se quiser pode ir descansar...

            -Seu namorado ia adorar saber que outro cara dormiu na cama dele.

            -Ele não vai ligar...

            -E seu eu dormisse com você na cama dele?

Mesmo com seu sorriso agora, eu ainda via a tristeza dele.

Desvio sem rir da piada e me apoio no sofá encarando a televisão e o vendo se aproximar.

            -Desculpe... Peguei pesado?

            -Como sempre...

Eu sorri e ele pareceu sem jeito, mas então levantei e me aproximei vendo os olhos dele me analisando.

            -Sabe que te devo muito... Por isso queria que ficasse. – Eu sorri.

        -Mas não sei se dá certo ficar aqui e te ver nos braços de outro cara, Jill... Pode parecer piada as coisas que digo, mas é verdade.

Certo, talvez eu não devesse ter insistido no assunto...

Eu desvio dele sem saber como agir e com medo de que ele tentasse fazer uma imprudência.

Escuto ele suspirar e ao voltar ao sofá, a porta é escancarada completamente e jogam algo para dentro que em segundos encheu o lugar de gás. Eu tampei o rosto e senti o Carlos me puxar para o quarto, mas já era tarde...

Tudo ficou escuro.

 

* * * Chris * * *

 

Meu pé pesava no acelerador depois que havia os despistado.

Não dá mais para ficar aqui, tenho que limpar o apartamento e ir para outro esconderijo. Me encontraram.

E pelo jeito estavam me observando.

Quando paro o carro diante do prédio, me apresso atento com as laterais.

Mas minha cabeça só tinha um pensamento... Jill.

Me perdoe, pequena... Tenho que ir embora.

Não poderei esperar mais.

Mas vamos nos reencontrar, eu prometo.

Entro no prédio e sigo ao meu andar atento se houvessem armadilhas, mas quando chego ao corredor vejo minha porta entreaberta.

Saco a arma e encosto na parede.

Sem fazer barulho, sigo para dentro pronto para atirar se fosse necessário, mas estava vazio. Olhei ao redor e nada bagunçado, então fui ao quarto... Nada.

Quando volto para a minúscula sala, vejo um pé com o restante do corpo escondido pelo sofá e sigo apontando a arma.

Era um homem... Jovem, olhos e cabelos castanhos.

Não usava uniforme da Umbrella.

            -Quem é você, afinal?

Olho novamente ao redor e me abaixo pronto para reagir se fosse uma armadilha, mas o rapaz estava apagado.

Era um ladrão?

Quem é ele?

Levanto e dou toques leves com o pé na lateral do seu corpo e vejo que começa a retomar a consciência, meio zonzo. Fecho a porta e deixo a arma apontada para ele já com o dedo no gatilho se tentasse algo.

Quando abre os olhos e dá de cara comigo, parece pensativo.

            -O que aconteceu?

            -Eu esperava que você me dissesse...

            -Você é o Chris?

Ele sabe quem sou...

Engatilho a arma e ele parece se assustar sentando no chão e levantando as mãos agora com um sorriso.

            -Calma aí, vim ajudar...

            -O que você quer?

            -É o Chris, não é?

            -Talvez...

Ele sorri novamente parecendo encarar aquilo como piada, mas se assusta ao olhar ao redor procurando por alguma coisa. Quando levanta subitamente dou um passo para trás e penso em atirar, mas ele me interrompe com sua voz em pânico.

            -Onde ela está?

            -Quem?

            -A Jill!

Jill?

Vou até ele, pego em seu pescoço e o imprenso na parede encostando a arma em seu peito sentindo a raiva me dominar.

            -Como a conhece?

            -Eu vim com ela, viemos te procurar...

O quê?

            -O quê?

            -Fugimos de Raccoon City com a ajuda do Barry... Então viemos para cá para te encontrar.

            -Por que veio com ela?

            -Barry sabia que você podia estar em perigo e não quis que ela se arriscasse sozinha, então eu vim... Dá para me soltar?

Eu soltei ele, mas minha arma continuou apontada em sua direção.

Jill... Não pode ser.

            -Prove...

            -Eu diria para ligar para o seu amigo, mas pelo jeito não há tempo... Eles a levaram.

            -O que quer dizer com isso?

            -Estávamos aqui, conversando quando jogaram uma bomba de gás e apaguei... Então você me acordou.

            -Quem foi?

            -Me diz você...

Foram eles... Me encontraram.

E a viram entrar, reconheceram ela e a levaram no meu lugar.

Desvio a arma dele e coloco as mãos na cabeça atordoado e sem saber o que fazer agora.

Jill, meu amor... Minha pequena...

            -Precisamos encontrar ela... Tem alguma ideia de onde possam ter a levado?

Olho para ele e tento ler sua expressão... Parece preocupado.

Será que devo confiar?

            -Sim, para instalação deles.

            -Então vamos para lá...

            -Não preciso da sua ajuda.

            -Não quero saber se precisa, Jill é minha amiga e vou com você querendo ou não.

Não gostei da insistência, mas não há tempo para discussão.

Saí dali, joguei tudo dentro da última bolsa que eu tinha, peguei mais munição embaixo do balcão da cozinha e apontei para ele.

            -Se tentar alguma coisa, eu atiro e não vou errar.

            -Digo o mesmo...

Ele puxa a arma da cintura, mas volta a guardá-la, então saio com ele batendo a porta de atrás de mim e sigo ao carro.

Vou te buscar, minha pequena...

E todos eles vão pagar.

 

* * * Jill * * *

 

Quando abro meus olhos, sinto algo sobre meu rosto que me impede de ver. Não consigo falar e não escuto nenhum ruído.

Mas ao tentar me mexer, sinto que estou presa em uma cadeira e com barulho de passos, alguém tira o saco da minha cabeça e vejo um grande galpão, mal iluminado e com alguns homens ali... Pelo que contei rapidamente, havia oito deles.

            -É, gracinha... Dessa vez você se deu mal.

Eu olhei ao redor e vi que eu não tinha escapatória, tento mover as mãos e noto como estão bem amarradas e eu por completo firme na cadeira.

Com sua risada debochada, volto a encará-lo.

           -Ninguém poderá te salvar agora... E finalmente mais uma S.T.A.R.S. vai em direção a morte, já estava dando saudade de ver mais um de seus corpos jogados por aí como se não valessem nada.

Eu o encaro, mas escuto as risadas dos demais ecoarem...

Mas quando o vejo pegar um galão de gasolina e começar a abri-lo, meus olhos se arregalam e sinto meu coração disparar.

Ele derrama sobre meus pés e ao redor da minha cadeira, fazendo um rastro até mais longe. Quando penso que acabou, ele vira e joga o restante em cima de mim me deixando completamente encharcada.

Quando se afasta, vejo que puxa um isqueiro do bolso e me olha com um sorriso satisfeito e sinto meu coração disparar querendo sair pela boca.

            -Vamos ver quantas vidas a mais essa gatinha tem...

Ele acende o isqueiro e o deixa cair sobre o risco de gasolina.

Chris...

Onde quer que você esteja, seja rápido.


Notas Finais


E agora, quem poderá salvar nossa Jill???
Corre, Chris! Carlos!
Espero que tenham gostado!
Até a próxima *--*
Bjooon :-)


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