História Sentimentos de um Adolescente (YEONGYU-BEOMJUN) - (15)

   Outubro de 2026

   __ Já faz um tempo que não nos vemos, como você está?

   Yeonjun foi aquele quem perguntou, evitando olhar nos olhos do loiro, mantendo-se concentrado no seu reflexo no chocolate quente, sentados em uma mesa em frente a vitrine de um café quase isolado, Beomgyu e Yeonjun estavam em silêncio, evitando a troca de olhares que poderia ser desconfortável naquele momento, Beomgyu observou o seu chocolate quente por um tempo, e então, respondeu quando sentiu coragem.

   __ Eu estive bem, e você?

   __ Bem também.

   __ Que bom.

   O silêncio retornou, Yeonjun levantou um pouco o seu olhar, podendo ver o loiro colocar cerca de cinco marshmallows em seu chocolate quente, um sorriso cresceu na face do moreno, sorriso que logo virou um riso, que atraiu o olhar confuso do loiro para si.

   __ Por que está rindo?

   __ Porque você não mudou nada. - Beomgyu tombou a cabeça para o lado confuso - Cinco marshmallows para poder fazer uma carinha feliz no seu chocolate quente. E se a xícara for pequena demais, você corta os marshmallow, mas não deixa se fazer uma carinha feliz.

   Beomgyu piscou, olhou para a sua xícara, e então sorriu, sentindo suas bochechas queimarem.

   __ Você ainda se lembra… 

   __ Mas é claro, não tem como eu esquecer alguma coisa sobre alguém que eu amei tanto.

   “Amei”, no passado. Beomgyu não gostou desse verbo. 

   O loiro sorriu constrangido, em seguida pegou a sua xícara e bebeu um gole do café, a fim de aquecer o seu corpo que tremia por causa da chuva que havia enfrentado minutos atrás. Yeonjun levantou um pouco mais o rosto, agora olhando para a face do loiro que estava corada, Yeonjun não sabia dizer se isso era efeito de vergonha ou se era por causa da chuva, mas aquilo não importava tanto no momento, o moreno respirou fundo antes de se inclinar, criando coragem para perguntar alguma coisa para o loiro sobre o seu tempo morando nos Estados Unidos.

   __ E como foi lá? - Beomgyu levantou o rosto, encarando o outro com certa confusão - Como foi nos Estados Unidos? Você… fez muitos amigos? Conheceu alguém… especial? 

   Beomgyu jamais saberia o quanto doía para o moreno dizer aquelas palavras em voz alta, elas eram como uma lâmina que cortava a sua garganta lentamente, Yeonjun preferia enfiar uma faca no próprio peito a ter que dizer aquelas palavras de novo.

    O loiro piscou algumas vezes, pensativo com as palavras do maior, ele desviou o olhar, bebendo um gole generoso daquele chocolate quente, ergueu sua cabeça novamente e olhou nos olhos de Yeonjun.

    Aquele olhar, ele odiava aquele olhar que estava estampado em sua face, aquele olhar machucava, machucava muito.

   13 de dezembro de 2021

   A palavra “aceito” rodeava os pensamentos do menino de cabelos castanhos, já haviam se passado alguns dias desde que mandou sua resenha para a universidade New York e agora a resposta finalmente havia chegado. Sinceramente, o castanho não estava com muitas expectativas de passar, mas agora, ele estava ali, parado em frente ao seu computador, escutando os seus pais e os seus irmãos o parabenizarem, algo que ele não dava muita importância, pois agora, apenas uma coisa ocupava a sua mente. 

   “Vou ter que me mudar para o exterior.”

   Quando escreveu aquela carta meses atrás, essa ideia parecia um sonho inalcançável, mas agora que havia alcançado este sonho, se perguntava como iria contar sobre ele para os seus amigos e o seu namorado.

   A tarde que deveria ser de comemoração, acabou se resumindo em uma tarde preso em seu quarto, ocupado perdido em pensamentos. Quando a noite chegou, o castanho demorou para poder pegar no sono, e quando o sono veio e ele se rendeu, os pensamentos infortunes vieram em sua mente novamente, impossibilitando-o de ter uma noite tranquila. Na manhã seguinte, quando acordou, conversou com seus pais seriamente, e depois mandou uma mensagem para o grupo que compartilhava com os seus amigos.

   “Façam as malas ok? Vamos todos passar a noite em jeju, eu e meu pai estamos indo buscar vocês em trinta minutos.”

   __ O que vamos fazer em jeju? - Yeonjun perguntou, abraçando a cintura do garoto de cabelos castanhos em seu colo, este que se esforçava ao máximo para esconder a sua vergonha, contudo ela estava explícita em sua face.

   Nesse exato momento, todos os meninos estavam dentro do carro de Donghyun, amontoados e espremidos dentro do veículo, Soobin estava no banco da frente, havia pedido isso porque não queria que ninguém fosse em seu colo e nem queria ir no colo de ninguém por causa de sua altura, e o mais velho acatou o pedido do de covinhas, então, no banco de trás, Taehyun estava em cima do colo de Heeseung, ambos sentados atrás do banco do passageiro, Hueningkai estava no meio, Beomgyu estava no colo de Yeonjun, atrás do banco do motorista, sentindo as mãos do moreno apertarem sua cintura com leveza.

    __ Não vai me dizer? - Yeonjun perguntou mais uma vez, tentando olhar nos olhos do castanho que sempre desviava o olhar - Beom.

    __ É uma surpresa. - Respondeu, virando-se levemente apenas para ver o olhar do outro.

   Yeonjun suspirou, demonstrando frustração, Beomgyu sorriu, inclinando-se um pouco mais e deitando suas costas no peito do outro que abraçou a sua cintura com mais força, gostando de ter o menino ali consigo, daquele jeito. 

   __ Oh casal, não esqueçam que eu tô aqui, posso muito bem parar o carro no meio da estrada e abandonar vocês. - Donghyun comentou de repente, atraindo os olhares de todos que não conseguiram evitar rir com o comentário.

   __ Você não teria coragem de fazer isso com o seu caçula.

   __ Dúvida?

   __ Duvido, se o senhor fizesse isso, ia apanhar da mamãe. 

   __ Aff, a sua mãe sempre estraga a minha diversão sabia.

   Os meninos riram mais uma vez.

   __ Então abandonar adolescentes é divertido para o senhor? - Taehyun perguntou, rindo ao ver a expressão de indignação na faceta do outro.

   __ Eu nunca disse isso.

   __ Disse sim. - Soobin afirmou.

   __ Olha eu posso muito bem te empurrar viu? Cuidado.

   E novamente eles riram, prolongando a divertida conversa pelo restante do caminho até serem deixados na casa que os avós de Beomgyu haviam dado de presente para os seus pais no dia do casamento deles.

   __ Amanhã vou estar aqui ao meio dia para buscar vocês, tenho juízo.

   __ Tá bom pai, até amanhã!

   Os garotos acenaram para o outro, que não demorou para dar partida no seu carro, dirigindo de volta para Seul, os meninos se encararam, sorriram travessos, em seguida entraram na moradia de dois andares, os olhos de todos, com exceção de Beomgyu, se arregalaram ao ver a residência que era uma das que mais se destacava dentre todas as outras, as janelas de vidros eram grandes a ponto de ocuparem uma grande parte da parede, era possível ver tudo do outro lado, o grande sofá, um pouco da cozinha, a televisão, as portas também eram de vidros, em ambos os andares, os tons que tingiam o teto eram preto, as lajotas em torno das portas também tinham tons escuros. 

   Beomgyu sorriu ao ver a reação de seus amigos, segurando uma das alças de sua mochila e caminhando em direção a porta, deixando-os para trás, a chave foi colocada na maçaneta, girada, e no segundo em que a porta fora aberta, todos os garotos correram para dentro, gritando entusiasmados com aquele dia que estava por vir. 

   Aa mochilas foram jogadas sobre o sofá, Heeseung e Soobin subiam as escadas com pressa, quase empurrando uns aos outros, Taehyun foi em direção a cozinha enquanto Hueningkai se esfregava no tapete macio que estava no chão, Yeonjun de manteve ao lado de Beomgyu, imaginando como aquele dia poderia ser um dos melhores de sua vida, ele abaixou o olhar, sorriu para o castanho, em seguida deixou um breve selar no topo da cabeça a do moreno.

   __ Vamos nos divertir, certo?

   Beomgyu virou o seu rosto com delicadeza, murmurando um “sim” enquanto olhava nos olhos do moreno.

   Outubro de 2026

   __ Nossa, essa chuva me lembra o dia em que nós fomos para aquela casa em Jeju. - Beomgyu comentou, olhando para a janela ao seu lado, admirando as gotas que caiam com lentidão.

   Yeonjun virou seu rosto por breves segundos, admirando aquela beleza também, não demorando para virar o seu rosto novamente, focando seus olhos apenas em Beomgyu.

   __ Eu lembro… foi nesse dia, que nós bebemos pela primeira vez.

   O loiro virou o rosto, seus olhares se encontraram, e através deles eles compartilharam aquela lembrança gravada em sua mente.

   13 de dezembro de 2021

   __ Vamos beber! - o castanho gritou, atraindo os olhares dos outros cinco garotos que estavam deitados no tapete felpudo daquela residência.

   __ Beber? - Taehyun foi aquele quem questionou primeiro, estranhando aquilo tudo.

    Beomgyu se aproximou dos garotos, ameaçando chutar suas cabeças com seu pé, os meninos se levantaram e se afastaram, deixando um espaço vago no meio do tapete, onde o garoto deixou quatro garrafas de soju. 

   __ Eu mandei mensagem no privado de todos os seus pais, eles deixaram, então hoje, VAMOS BEBER! 

   __ OBAAA! - Hueningkai gritou entusiasmado, não demorando para correr em direção a cozinha e retornar com copos em suas mãos. 

   Os mais velhos sorriram, olhando para os mais novos que enchiam os copos com pressa.

   __ Vocês estão bem animados com isso. - Heeseung comentou.

   __ Parem de olhar e vamos beber de uma vez. - Taehyun respondeu.

   Todos pegaram os seus copos, se aproximaram um pouco mais e ergueram os pequenos pedaços de vidro em suas mãos, esbravejando um “A nossa amizade” antes de virarem o líquido que o objeto residia. 

   E aquela foi apenas a primeira virada, depois veio outra, em seguida mais outra, e no fim todos ficaram deitados no tapete da sala, com as quatro garrafas vazias, as bochechas rosadas e os copos jogados. 

   Aquela foi uma noite onde eles riram, e se divertiram como jamais fizeram antes. Foi uma de suas noites especiais. 

   Outubro de 2026

   __ Me lembro que era para dormimos apenas uma noite naquela casa, mas acabamos dormindo lá por quase uma semana. - Beomgyu comentou, sorrindo bobamente sem afastar suas mãos da xícara quente de chocolate. 

   Yeonjun sorriu também, lembrando-se detalhadamente de todos os dias passados naquela casa, as guerras de água, a cozinha cheirando a queimado, as festas de pijamas e as histórias de terror contadas até tarde da noite. Além de tudo isso, ele se lembrou de outra coisa, algo que ocorreu dois dias após a volta da viagem. 

   __ Eu me lembro também da nossa primeira vez.

   Os olhos do loiro se arregalaram levemente, mordendo o lábio inferior e encolhendo os ombros, recostando-se no banco, mantendo a cabeça baixa, evitando os olhos do outro.

   __ Eu… também me lembro.

   18 de dezembro de 2021

   Beomgyu estava com a cabeça deitada no ombro de Yeonjun, olhando para a televisão sem ao menos se esforçava para prestar atenção no filme que passava, tudo o que ele fazia era se aproximar mais e mais do outro, em busca do seu calor, afundando-se ainda mais no lençol que cobria seu corpo. Yeonjun notou a inquietação do menor, não conseguindo evitar de sorrir.

   __ Está com tanto frio assim? - Perguntou, olhando para o castanho que apenas levantou a cabeça e concordou freneticamente, movimentando-a de cima a baixo. 

   Yeonjun riu, levantou um pouco seu corpo para se ajeitar no sofá em seguida puxou o castanho para o seu colo, abraçando a cintura do mesmo com força, olhando para os olhos escuros do outro com carinho. 

   __ Estou mais exposto ao fio agora. 

   __ Eu sei, eu apenas queria te ter assim de novo. 

   Beomgyu não pode evitar rir, sendo incapaz de conter a vermelhidão que desceu de suas orelhas até as suas bochechas. Yeonjun sorriu mais ainda, puxando o outro para mais perto e roubando-lhe um breve selar que não demorou muito tempo para se tornar um beijo, inocente e puro, calmo como água morna, com gosto de suco de morango, um dos favoritos do castanho.

    Quando se afastaram pela falta de ar e trocaram mais um olhar, Beomgyu cedeu aos seus impulsos, e o beijou o moreno novamente, dessa vez de forma um pouco mais ousada e atrevida. 

   Em breve ele viajaria para longe, não sabia se voltaria, e se voltasse, não iria saber como o moreno estaria, se estaria o mesmo de agora, se ainda o amaria, em meio a distância muitas coisas podiam mudar, por isso, ele queria realizar todas as suas primeiras vezes agora, naquele momento, quando ainda tinha o seu primeiro amor em seus braços.

    Não demorou muito para que o corpo do castanho estivesse sobre os lençóis macios da cama do moreno, suas roupas estavam espalhadas no chão enquanto seus beijos continuavam, sem cessar uma única vez sequer, nem mesmo a falta de ar podia mantê-los distantes por muito tempo. 

    Aquela tarde, Beomgyu aproveitou cada segundo antes de pôr um ponto final em toda aquela história. 

   Agora, dois dias após a sua última primeira vez com a pessoa que amava, Beomgyu estava sentado sozinho em um dos bancos do aeroporto, esperando seu voo ser anunciado, seus pais e seus irmãos não o acompanharam para dentro pois o castanho sabia que se os visse hesitaria, então se despediu de todos no momento em que estacionaram no estacionamento do aeroporto, com o celular em suas mãos, o castanho rolava as fotos que havia tirado com seus amigos, sentindo seu coração doer a cada imagem que passava, não estava pronto para isso, não estava pronto para fechar um livro e ir para outro. 

   Os olhos do castanho rolaram pela tela, parando nos números no topo das imagens, o castanho suspirou, guardou o aparelho no bolso de seu casaco, limpou as mãos suadas na calça antes de pegar sua mala, e no momento em que iria dar o seu primeiro passo, seu nome fora chamado. No mesmo instante o corpo do menino ficou estático, como se seus pés estivessem colados ao chão, seus lábios tremerem e o garoto estava evitando ao máximo se virar, ele não queria ver a face de quem havia chamado o seu nome, afinal, ele já sabia quem era apenas por ter escutado a voz do mesmo, contudo, ele se virou, sentindo seus coração se despedaçar ao ver o moreno se aproximando em passos rápidos, os cabelos bagunçados e o rosto levemente vermelho e suado.

   __ O que está fazendo aqui? - o castanho perguntou no momento em que o moreno parou em sua frente.

   __  “O que estou fazendo aqui?” - Yeonjun repetiu com incredulidade, erguendo o papel que o castanho havia deixado na escrivaninha de seu quarto - Eu vim aqui por causa disso, como pode terminar comigo através de uma carta? Isso é dez mil vezes pior do que terminar por mensagem, o que? Por acaso pensava que eu não iria te apoiar no teu sonho? Pensava que eu iria tentar te impedir? É por isso que está terminando comigo?

   __ Não… não é por causa disso, eu sei que você me apoiaria no meu sonho, eu sei que você iria atrás de soluções e que iria continuar tentando… eu sei de tudo isso.

   __ ENTÃO POR QUE ESTÁ TERMINANDO COMIGO?

   Beomgyu sentiu seus olhos arderem à medida que as lágrimas iam se aglomerando ali.

   __ Porque eu não quero prender você… eu não quero ver o nosso amor chegando ao fim lentamente, dia após dia, ruindo como uma dinastia, eu não quero ver isso Yeonjun, eu não quero te prender, eu não quero que você me espere incansavelmente… eu quero que você aproveite a vida e se divirta… por isso estou terminando com você.

   __ É por isso? Tudo bem então, sinto-lhe informar que seu plano não vai funcionar, porque eu vou te esperar, eu vou me agarrar a esperança de que um dia você vai voltar e que nossa história vai ter um novo começo, eu vou acreditar nisso, vou sonhar com isso… eu vou esperar por você.

   Os lábios de Beomgyu tremeram e as palavras que saíram de sua garganta pareciam cortar e ferir toda a região até serem cuspidas para fora. 

   __ Vai ser em vão…

   E então, o castanho se virou, deixando o moreno para trás, quebrando dois corações, tanto o dele quanto o seu próprio. Ele não viu quando o moreno chorou, colocando a mão sobre o peito como se aquilo pudesse aliviar sua dor, assim como o moreno não viu como o castanho arranhou o próprio pulso, buscando alguma outra dor para distraí-lo daquela que cortava o seu coração.

   E lá, naquele momento, foi colocado um ponto final em uma história que mal havia começado.

   Outubro de 2026

   __ A chuva já está passando… - Yeonjun comentou de repente, atraindo os olhos perdidos de Beomgyu para si.

   O loiro permaneceu do jeito que estava, assim como Yeonjun que parecia ignorar o olhar do loiro, seus cabelos escuros ainda úmidos estavam bagunçados como na última vez que eles se viram, seu rosto parecia mais magro, seus olhos pareciam sem brilho também, Beomgyu sentiu seu coração apertar naquele momento, um suspiro pesado escapou de seus lábios, ele abaixou a cabeça, olhando para o seu copo agora vazio, Yeonjun virou o rosto, respirando fundo e engolindo em seco antes de perguntar.

   __ Como foi a sua vida lá nos Estados Unidos? - Beomgyu levantou a cabeça - Fez muitos amigos?

   __ Foi legal… eu fiz alguns sim, na verdade, não são exatamente os meus “amigos” estão mais para colegas. Eu fui a lanchonetes, parques, fui até a uma balada.

   __ Jura?

   __ Sim.

   Yeonjun sorriu incrédulo.

   __ Nem mesmo nos meus sonhos eu poderia imaginar você indo para uma balada. - Beomgyu riu, concordando com um leve movimento de cabeça, Yeonjun riu junto a si.

   __ E você? Soube que sua academia de dança é uma das mais caras e que alguns dos seus alunos chegaram a se tornar idols. 

   Yeonjun abaixou a cabeça ao escutar tais palavras, tentando conter o sorriso que insistia em desenhar sua face.

   __ Bom… meio que sim, acabei me dando bem com isso, meus alunos são talentosos, se tornaram excelentes pessoas. Também já dancei em alguns concursos e ganhei alguns prêmios, eu recebo bem. 

   __ Nós dois acabamos tendo futuros promissores, não é? 

   __ Sim…

   O silêncio retornou, chegando a ser um pouco mais desconfortável que o anterior, ambos olharam para baixo, levantaram sua cabeça, olharam nos olhos um dos outro, e então olharam para baixo novamente, após alguns minutos repetindo essa ação, Yeonjun levantou a cabeça e perguntou, sua voz soando receosa.

   __ E você… conheceu alguém especial? - Beomgyu o encarou confuso - Sabe… se apaixonou? Gostou de alguém?

   O loiro sorriu, negando com a cabeça.

   __ Não, eu não conheci ninguém, eu também não me esforcei para isso.

   Beomgyu abaixou sua cabeça, ele não pode ver, mas Yeonjun sorriu ao escutar as palavras do menor.

   __ E você? 

   __ Eu? Pretendia pedir uma pessoa em casamento… mas ela me dispensou antes que eu pudesse fazer isso.

   __ Ah… - Beomgyu sorriu constrangido - que pena… 

   __ É… é uma pena… - o moreno virou sua cabeça, em seguida se levantou apressado, atraindo um olhar confuso do loiro -  A chuva já passou, irei pagar a conta para nós dois sairmos, ok?

   __ Ok…

   Beomgyu observou o moreno se afastar, e a cada passo que o mais velho dava para longe de si, um novo pensamento lhe vinha à mente, era estranho como o seu coração palpitava da mesma forma que palpitava na sua adolescência, pelo visto ele não havia mudado tanto quanto imaginava, no passado, sua maior preocupação era se cansar do moreno, afinal, querendo ou não todas as pessoas enfrentam uma fase dessas, uma fase em que se cansam da companhia um do outro, o que Beomgyu temia, era se cansar da distância, da dificuldade em amá-lo.

   “Amá-lo” agora que Beomgyu pensava com um pouco mais de clareza, ele finalmente se deu conta de que nunca havia dito tais palavras em voz alta para o moreno. Ele nunca expressou o seu amor corretamente, e ele precisaria o fazer se quisesse seguir em frente, afinal, Yeonjun já estava fazendo isso.

   Em meio aos seus pensamentos impertinentes, Yeonjun o chamou, e em movimentos nervosos e acanhados o loiro se levantou, andando lentamente ao lado do moreno. Juntos, eles atravessaram as portas daquela cafeteira, sendo recebidos pelo vento frio da noite após a chuva, ao pisar na calçada, Beomgyu acabou escorregando, por sorte não chegou a cair no chão pois Yeonjun fora mais rápido e o segurou pela cintura, ajudando-o a se equilibrar, novamente, eles trocaram olhares, não disseram nenhuma palavra durante longos minutos, e durante aquele meio tempo Beomgyu jurou poder ter visto todos os momentos ao lado do moreno passando diante de si. Yeonjun se afastou, deu um passo para frente, e passou a andar sem ao menos olhar para trás, e naquele momento, Beomgyu decidiu fazer o que se passava em sua mente de forma impetuosa, quando Yeonjun já estava longe de si, o loiro reuniu o ar em seus pulmões, e gritou.

   __ YEONJUN! - o moreno parou de andar, lentamente se virando e olhando para o loiro inexpressivamente - Eu… - ele não pode controlar, o nó em sua garganta se formou, todos os seus sentimentos guardados agora finalmente iriam vir à tona, e lágrimas de aglomeravam em seus olhos com a ideia de que eles não seria correspondidos - Eu… eu quero te dizer uma coisa, eu nunca tive coragem de dizer isso, me arrependo de não ter dito isso no passado, mas não quero os dias passem e que eu me arrependa de não ter dito isso para você, eu não quero sentir remorso de mim mesmo, não quero me iludir ao ler as palavras “e se”, não quero me condenar, por isso, eu vou dizer isso agora mesmo que a sua resposta possa me machucar amargamente… Yeonjun, eu te amava, eu amava intensamente toda vez que nos olhávamos no passado, e eu ainda te amo intensamente, agora olhando em seus olhos, eu te amo tanto que em todas as minhas artes havia pelo menos um traço seu, eu te amo tanto que mesmo se eu conhecer outra pessoa ainda haverá traços seus nas minhas artes, você é a arte que eu mais amo, e Yeon-

   O rosto do loiro fora segurado, ele não viu quando o moreno se aproximou de si, mais agora ali estava ele, com uma das mãos em sua cintura, puxando-o para perto, e selando os seus lábios sem hesitar, envolvendo o garoto mais novo com toda a saudade e o amor que guardou para si mesmo durante anos, Beomgyu fechou os olhos, compartilhando do mesmo sentimento, levando suas mãos dos ombros para a nuca do moreno, se colando mais ainda ao mesmo, como se pudessem se fundir naquele mesmo instante. 

   Eles se afastaram segundos depois, olharam nos olhos um do outro, e, em meio ao amor que eles mesmos criaram, a voz de Yeonjun soou, fraca, rouca, mas pura, sincera e verdadeira.

   __ Beomgyu, eu posso ser o amor da sua vida? 

   Beomgyu sorriu ao escutar tais palavras, o garoto se pôs na ponta dos pés, roubando do maior um breve selar. 

   __ Apenas se eu for o seu. 

   Eles sorriram novamente, e não demorou para que seus lábios voltassem a se unir, mais intensamente que antes.

   Junho de 2027

   Olhares de admiração caiam sobre o casal que estava no altar, pétalas de dálias e cravos estavam espalhadas pelo chão, dando ao cenário um certo ar inocente e delicado, semelhante à um conto de fadas, o garoto de cabelos loiros sorria, olhando nos olhos do moreno que pronunciava os seus votos com convicção e clareza, com a paixão transcendendo em seu olhar.

   __ Não vou prometer te amar para sempre, pois sei que algum dia irei partir desse mundo, ao contrário, irei prometer amar você até o dia em que eu dê o meu último suspiro, e quando eu abrir os meus olhos em outro plano, continuarei te amando, prometo estar ao seu lado, apoiando você, e te ajudando com suas artes, e acima de tudo, prometo que irei proporcionar muitos momentos felizes para nós dois. Eu te amo, Beomgyu.

   O loiro sorriu, respirando fundo para conter as lágrimas que caíssem de seus olhos.

    __ Serei breve com o que direi porque não tem como eu expressar o que eu sinto apenas com palavras, aqui e agora, ao invés disso, irei mostrar a você o quanto eu te amo durante cada segundo que se passa, em cada arte que eu faço, em cada música que eu compuser. De todas as artes que o mundo já viu, você é a mais bela de todas, e é aquela que eu amo, você é a arte que conquistou o meu coração.

   Os convidados aplaudiram, mas o barulho pareceu não alcançar os ouvidos dos meninos que estavam ali, eles trocaram suas alianças, sorriram um para o outro, em seguida se beijaram, mostrando a todos o amor que sentiam. 
  
   Quando desceram do altar, foram recepcionados por mais uma porção de pétalas de flores jogadas pelos seus amigos e familiares que acompanharam toda aquela história desde o início, e que, sabiam muito bem que nunca teria um fim, pois conheciam e podiam sentir o amor deles.

   Eles seriam uma arte eterna, um livro sem fim, um amor interminável.  Que ia além do universo.