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História Sentimentos Inesperados - Sem mais pesadelos


Escrita por: JonB

Notas do Autor


Demorei um pouco, mas está aí novo capítulo. Escrito pelo celular, pois estou sem PC, então perdão possíveis erros de formatação no texto.

Boa leitura!

Capítulo 16 - Sem mais pesadelos


Sentimentos Inesperados

Capitulo XVI

Ino finalmente cedeu ao cansaço, deixando sua cabeça despencar para trás, na poltrona. Os únicos ruídos que se ouvia no quarto eram dos batimentos cardíacos de Naruto sinalizados a cada onda irregular no monitor de ritmo cardíaco, em “Beeps!” contínuos e alternados.

A escuridão do quarto e o frio residente ali começaram a causar o efeito de sonolência em Ino, que tentava de todo jeito ficar acordada, mas sabia que não conseguiria por muito tempo. Tinha sido um começo de dia extremamente exaustivo, passou a madrugada toda praticamente na cirurgia junto de Tsunade, tentando com a endoscopia conter e neutralizar a hemorragia em Naruto, essa que começou em seu estômago com úlceras que se espalharam para o intestino e esôfago.

Apesar de conterem o sangramento e a úlcera, ainda sim haviam danos nesses órgãos, assim como aconteceu com seu pulmão. Não demorou muito para Tsunade, após alguns rápidos exames, diagnosticar pela manhã que a doença estava se espalhando rápido demais pelos outros órgãos, inclusive uma tomografia revelou alterações nas estruturas da linha media em seu cérebro significando um inchaço cerebral, o que era no mínino alarmante. 

Era nítido que quanto mais tempo passava, mais a doença o infligia e nada podia ser feito mais. Ninjutso medico não funcionava, remédios perderam quase toda a eficiência nele e se Tsunade estivesse certa, seria questão de horas antes da doença lhe atacar novamente do mesmo jeito, e talvez de forma pior, de uma vez só em vários órgãos ao mesmo tempo, o que seria impossível de ser parado e Naruto possivelmente teria o que a Kurama avisou: uma falência múltipla dos órgãos.

Até então Ino tinha sido forte, mas ali ao lado de Naruto, vendo-o deitado sereno numa aparente paz externa que contrastava com seu estado de saúde preocupante, seu peito subindo e descendo calmamente. Ela consentiu finalmente a angustia que sentia no peito extravasar em lagrimas que inundaram seus olhos e se espalharam por suas bochechas descendo até caírem em seu colo. Novamente sentiu a vida lhe pregando outra peça, assim como perdeu seu pai, poderia em breve acabar perdendo o Naruto. Ela pensou semanas atrás ter sido ironia do destino amar ele, sendo que quando mais novos nunca se importou com o mesmo. E, agora finalmente juntos, a ironia de verdade é o fato de que poderá perdê-lo, quando ele acabou se tornando uma pessoa extremamente importante para ela.

Ino se inclinou segurando a mão de Naruto por baixo do lençol.

- Eu faria qualquer coisa para ver você curado, Naruto – confessou no fundo esperando que ele correspondesse de alguma forma, mas ele continuo imóvel. – Como me dói vê-lo aqui, você não tem ideia de como dói, ou talvez você tenha ideia não é? – falou erguendo um fino sorriso escondido atrás das lagrimas. – Você como ninguém sabe o que é a dor em suas diferentes formas, mas você superou ela e todos os obstáculos que apareceram em seu caminho. Tudo o que mais quero é que supere mais esse.

Nenhuma resposta do Naruto. Se levantou enxugando as lagrimas. Respirou fundo tentando se acalmar, olhou o relógio na parede e era exatas 13:00 da tarde. Seu estomago reclamou e ela reprimiu um sorriso ao lembrar que Naruto sempre fazia uma piada quando escutava seu próprio estomago roncar de fome. Precisava comer algo, não comia desde o jantar no Ichiraku.

Deixou o quarto com relutância, mesmo sabendo que qualquer coisa as enfermeiras seriam alertadas e Ino seria informada imediatamente. Ajeitou o jaleco melhor no corpo, sentindo-o pesado e os músculos ainda rígidos de tanto cansaço. Passou pelo corredor principal e entrou na área de descanso e alimentação do Hospital. Mesas e cadeiras, todas brancas, se enfileiravam num espaço retangular flanqueado pelo corredor principal e a área de atendimento. Uma cantina de balcão em vidro revelava doces como Dorayaki, Wagashi, Dango; sanduiches como Katsu Sando, Soseji Pan e etc, além de chás. 

Ino pediu um sanduiche e chá antes de se sentar numa mesa vazia. O seu estado de espirito estava tão fragilizado que o sanduiche parecia não ter gosto e muito menos o chá, mas não deixou de comer, dando mordidas vagarosas. Sua mente começou a leva-la aos momentos que teve com Naruto naqueles últimos dias, tinham sido dias tão bons, na verdade dias maravilhosos não só para si, como sabia que também para ele, pois ela sabia que conseguia arrancar os melhores e mais sinceros sorrisos de Naruto, algo que a deixava ainda com borboletas na barriga.

Se lembrou do dia que tinham se confessado um para o outro, a angustia e a tristeza que sentiu naquele dia foi dissipada no momento que ele começou a confessar seu amor por ela, e Ino jamais esqueceria daquele primeiro beijo apaixonado e atrapalhado que tinham compartilhado. Ela não imaginava que ele se confessaria para ela naquele dia, sendo sincera Ino pensava que nunca ele tomaria uma atitude, mas para sua surpresa ele tomou e ela agradece imensamente ao Shikamaru por ter dado um "empurrãozinho", como chamava, no Naruto.

Ele tinha prometido leva-la num lugar surpresa quando voltassem da missão de resgate, mas após sua primeira internação ele não mais tocou no assunto, e Ino agradeceria a Kami-sama se permitisse Naruto sair vivo daquela doença para que continuassem suas vidas juntos como planejavam. Ino sorriu triste se lembrando dele falando que a queria ao lado dele no dia que fosse finalmente consagrado a Hokage  de Konoha.

Seus pensamentos foram interrompidos quando pelo canto do olho Ino viu uma movimentação estranha no corredor, uma enfermeira passou as pressas desviando de algumas pessoas. Mesmo sabendo que não tinha haver com Naruto, Ino continuava sendo medica do hospital e de certa forma aquela pressa a chamou atenção, por isso se ergueu e foi para o corredor seguindo na direção da enfermeira.O coração dela parou por alguns segundos quando no final do corredor Ino viu o relance de uma cabeleira rosa passando entre alguns enfermeiros e médicos.

"Sakura voltou!"

Assim que virou na esquina do corredor a mesma enfermeira que viu correr quase se trombou com Ino.

- Perdão - se desculpou a enfermeira de cabeleira tão loura quanto a de Ino, talvez até mais dourada. - A Godaime está lhe chamando, Ino - avisou recebendo um maneio de cabeça de Ino em resposta.

Ela andou em passos largos até a sala de Tsunade, e quando chegou e bateu na porta recebendo permissão para entrar, se deparou com Sasuke e Sakura na sala em pés de frente para a Godaime que permanecia sentada em sua mesa. Nunca imaginou ficar tão feliz em ver aquele Uchiha de rosto fechado na vida. 

A rosada quando a viu entrando partiu para lhe abraçar.

- Eu já soube - sussurrou próximo ao seu ouvido. - Como ele está?

- Está estável agora, mas foi uma madrugada terrível - respondeu desfazendo o abraço. - Conseguiram? - perguntou esperançosa e o sorriso de Sakura respondia a pergunta a fazendo sorrir de volta sentindo os olhos ficarem úmidos.

Porém a feição de Tsunade não parecia alegre. Ela segurava um envelope de plastico transparente lacrado, dentro dele havia um objeto estranho marrom e também meio esverdeado, que a principio Ino pensou ser algum tipo de pedra, mas reparando melhor se assemelhava a lasca de um caule.

- Me expliquem direito como esse pedaço de madeira pode ser a cura para a doença de Naruto - falou Tsunade depositando o envelope na sua mesa. O comentário fez Ino franzir o cenho confusa. 

- Nós encontramos um registro em pergaminho feito pelo Tatâro, contendo seu relato de como tratou a mesma doença do Naruto, porém no Rikudou Sennin - relatou Sakura sentando na cadeira em frente a mesa. - Ele contou todo o processo, mas é melhor apenas resumir. Tatâro soube que o chackra das Bijuus vem da árvore divina, que anteriormente foi a Juubi. Então coletou amostras do caule da árvore e fez uma espécie de chá - naquele momento Tsunade franziu quase que o rosto todo. - Foi o que curou o Rikudou.

- Está me falando que um chá, um simples chá, irá curar aquela doença maligna e poderosa no Naruto? É isso que está dizendo? - perguntou a Godaime, sua voz transbordando de incredulidade.

- Sim! Foi o que Tatâro escreveu - respondeu Sakura. Tsunade ainda não parecia convencida, e até Ino ficou também incrédula. - Tsunade-sama, não nos resta opção, parece loucura ou improvável, mas se funcionou com o Rikudou as chances de funcionar com Naruto são enormes, sabe disso - completou a Haruno.

A Godaime suspirou.

- Certo, faça. Não tem como a situação do Naruto piorar mais tomando o chá disso, espero. - Sasuke que até então estava calado, simplesmente sumiu num Shunshin, mas não sem antes acenar com a cabeça para Sakura numa despedida muda. - Isso... - ergueu o envelope, Tsunade - É parte da árvore divina? Como conseguiram? - perguntou sua feição voltando a expressão de confusão.

- Sim, encontramos onde houve a batalha final contra Madara. Feita por Obito e contia Kaguya, e a parte que não foi absorvida pelo Madara continuou lá esquecida - respondeu Sakura se levantando e voltando-se para Ino com um sorriso. - Não podemos perder tempo, vamos curar meu amigo baka e seu namorado, porca?

Ino sorriu concordando com a cabeça.

*****

Mesmo com o seu humor nada legal, Kakashi cumprimentou a todos na rua por onde passava. O frio e os flocos de neve que caiam sem cessar não lhe ajudavam em esfriar o aborrecimento que teve na reunião mais cedo com os anciões, que lhe deixaram de cabeça quente. Parecia que quanto mais se mostrava o bom comportamento de Toneri, mais carrancudos em relação ao Otsutsuki eles ficavam. Sempre pensou que diplomacia fosse algo forte em si, mas com o acumulo de deveres e responsabilidades sua paciência ultimamente estava esgotando fácil e agradeceu mentalmente varias vezes por Shikamaru estar com ele tentando apaziguar os ânimos durante a reunião.

O mesmo estava ao seu lado agora, e partiam para o hospital.

- Eles cederão quando Naruto conversar com eles. O baka tem um poder de convencimento absurdo, sabe disso - comentou Shikamaru.

- Naruto está em coma ainda, Shikamaru - disse folgando a mascara para expelir um pouco do ar gélido acumulado, fazendo uma fina nuvem branca sair e se dissipar ao mesmo tempo no ar.

- Não para sempre… - retrucou o moreno. - espero.

Kakashi continuou.

 - Não escutariam o Sasuke, para os anciões ele ainda devia estar na prisão. Só nos resta Sakura mesmo. Sai por ter sido da Anbu raiz também não teria seus argumentos com peso suficiente.

- Ainda temos tempo, não podem sentenciar Toneri ainda.

- Sim. Mas não conseguirei adiar mais um julgamento com a partição do Clã Hyuuga. O rapaz errou, mas se não fosse por ele demoraria muito mais tempo para descobrir sobre a cura do Naruto, um tempo na prisão é o suficiente para ele, porém os Hyuugas irão sentencia-lo a morte.

- Então talvez devêssemos levar Sakura aos Hyuugas e não aos anciões, para lhes contar como se comportou Toneri e sua colaboração na situação de Naruto, tenho certeza que Hinata sabendo disso conseguiria convencer o pai de não ajudar os anciões a condenar Toneri à morte.

O Rokudaime parou de andar, seu olhar fixo na neve.

- Verdade. É um ótimo conselho, Nara - elogiou Kakashi se voltando para Shikamaru. - Tenho estado tão sobrecarregado ultimamente que não pensei nisso.

- Fiz o meu trabalho, Rokudaime.  

Entraram no Hospital com os funcionários e pacientes fazendo reverências conforme avançava, seguido por Shikamaru. Conhecia muito bem aquele hospital, quantas vezes foi internado ali e quantas vezes viu companheiros ninjas morrendo dentro daqueles quartos.

- Já se passaram três dias e ele continua em coma - falou Sakura fechando a porta de sua sala após Kakashi e Shikamaru entrarem. O Rokudaime franziu as sombrancelhas ao ver que Sasuke estava na sala, encostado na janela, atrás da mesa de Sakura.

- Ainda na vila, Sasuke? Vai me fazer perder a aposta.

- Que aposta? - perguntou Sakura cruzando os braços em frente ao peito, e cerrando o olhar para o seu ex-sensei.

- Não é nada, Sakura. Tem certeza que ele está curado? - desconversou sorrindo com os olhos para a rosada.

- Sim. Fizemos exames e seu corpo está apresentando melhoras a cada dia que passa.

- Então por que ele ainda não acordou?

- Acreditamos que seja por causa de seu sistema nervoso e de chakra que ainda não se recuperaram totalmente. Foram os canais que a doença usou, por isso. - respondeu Sakura sentando-se na beirada da mesa. - Na verdade o Sasuke fez um teste bastante eficiente, porém irresponsável que teria feito Tsunade-sama expulsa-lo do hospital na base da força bruta.

- Que teste? 

- Eu cortei o braço dele com uma kunai, segundos depois o corte se tornou uma cicatriz e sarou quase que instantâneamente - revelou Sasuke.

- Significa que o chackra da Kyuubi está o tendo efeito nele novamente. - falou Sakura.

- Isso é muito bom. - falou Kakashi ouvindo Shikamaru avisar que iria pegar água. - Que susto ele nos deu, não foi?

- Um enorme susto. Foi como se tivéssemos adoecido junto com ele, nunca me senti tão aflita e mal em minha vida, talvez só quando estava na guerra - confessou Sakura, seus olhos fixos no chão. Kakashi sabia que Sakura se fazia de forte a todo momento, era seu mecanismo de defesa natural, mas por baixo disso havia uma fragilidade sentimental escondida por ela ao longo dos anos. 

- Isso é por que Naruto se tornou alguém importante demais para todos nós, não há como negar isso - Sakura concordou com a cabeça voltando sua atenção para Kakashi. - Na verdade ele se tornou importante até demais para a Yamanaka. Onde ela está?

- Ino faz o possível para estar naquele quarto com Naruto, seja nos momentos de folga ou de pausa nos serviços do hospital. Até pediu várias vezes para ficar nos plantões de madrugada, alegando que não quer estar longe quando ele acordar. - A rosada sorria ajeitando alguns fios, agora um pouco mais longos, de cabelo atrás da orelha. - É muito lindo o carinho que ela tem por ele, sinto o mesmo… - Sakura se embaralhou com as palavras ficando vermelha, não completando a frase e desviando o olhar. Kakashi percebeu Sasuke no fundo se remexer. - Por que veio aqui Kakashi-sens… - ela novamente se embaralhou, se corrigindo. - Rokudaime-sama.

- Não precisa me chamar de Rokudaime, sabe que para vocês que foram meus alunos eu não ligo para essas formalidades - falou Kakashi, nesse momento Shikamaru voltou ficando ao seu lado. - Não consigo adiar mais o julgamento em segunda instância de Toneri. - o assunto chamou a atenção de Sasuke que se aproximou. - Vim aqui para pedir que venha comigo testemunhar para os Hyuugas a conduta e a ajuda de Toneri na missão. Eles não confiariam no depoimento de Sasuke ou de Sai por conta de seus históricos, mas vindo de você terá peso suficiente para talvez não faze-los concordarem em matar Toneri.

- Claro! Toneri é uma boa pessoa, ele foi manipulado esse tempo todo, é nítido para qualquer um que passe um tempo com ele, como fez eu, Sasuke e Sai. Ele até criou laços de amizade com Sasuke - revelou Sakura olhando para o Uchiha.

- Sim. Toneri está disposto a pagar pelo seus crimes na cadeia e a se tornar um aliado de Konoha - afirmou Sasuke com convicção.

- Ótimo. Creio que terá que apelar para a amizade que tem com Hinata, Sakura.

- Entendo, e Naruto faria a mesma coisa. Na verdade acho que nem precisaria, aquele baka tem um poder de convencimento absurdo.

- Eu disse o mesmo á ele - retrucou Shikamaru apontando para Kakashi.

Um silêncio invadiu a sala. Kakashi começou a encarar o Uchiha para ver se ele falaria primeiro. Não demorou e Sasuke suspirou.

- Eu vou ficar na vila. - confessou o Uchiha fazendo o Rokudaime sorrir levemente sob a máscara. Shikamaru grunhiu um "Tsc".

- Eu já sabia… - falou Kakashi estendendo a mão para Shikamaru que depositou algumas cédulas de dinheiro. - Eu tinha um pressentimento.

- Espera, era essa a aposta? Se Sasuke-kun ia ficar ou não na vila? - indagou Sakura confusa, recebendo a confirmação num maneio de cabeça do Rokudaime. - Eu não acredito nisso. - ela concluiu cruzando os braços numa feição irritada.

- Sakura, foi só uma aposta leve - argumentou Shikamaru. - Por que está chateada?

- Porque vocês não me avisaram. Eu já sabia que ele ia ficar e por isso eu teria ganhado a aposta também - respondeu a rosada sorrindo e arrancando risadas dos homens na sala, inclusive uma leve risada de Sasuke.

- O que o fez mudar de ideia? - perguntou para Sasuke que voltou a encara-lo, seu olhar ficou sério ao mesmo tempo que Kakashi conseguiu enxergar algo que talvez nunca tenha visto em Sasuke, havia uma paz velada no interior de seu olhar.

- Meu verdadeiro propósito - respondeu trocando um rápido olhar com Sakura que retribuiu com um sorriso de lado.

*****

Ino terminava de conversar com uma enfermeira, tinha alguns minutos de pausa e por isso se direcionou para o quarto do Naruto. Mesmo que ainda não tivesse despertado, Ino não conseguia esconder a alegria no seu coração misturada com o alívio de saber que ele estava curado. Ela mesma junto de Sakura tinha feito a decocção com o pedaço do caule da Árvore Divina, o método acabou sendo diferente do normal, pois o caule era muito mais resistente que o de outras árvores, mas Ino por conta da floricultura tinha experiência suficiente para conseguir formar o líquido realmente parecido com um chá e feito, através de uma sonda, Naruto inserir.

No dia seguinte exames foram feitos e os danos aos órgãos estavam sumindo e sua coloração pálida começava a desaparecer, dando lugar ao seu bronzeado natural na pele. Kami-sama tinha ouvido sua preces.

Chegou em frente à porta do quarto e a abriu. Estava um breu e Ino se lembrava de ter deixado as luzes acesas, o que a fez estranhar. Até que conseguiu enxergar uma silhueta magra, nas sombras ao lado da cama. Por um momento seu coração acelerou pensando ser Naruto, mas conhecia-o físicamente o suficiente para logo franzir o cenho desconfiada, e a confirmação veio com uma voz grossa e abafada que sabia não pertencer ao Naruto.

- Você não deveria estar aqui - murmurou amargamente.

Ino segurou a respiração apertando o interruptor e fazendo a lâmpada do quarto se acender. Só então ela pôde ver de quem pertencia a voz. Era um homem muito magro, alto e de roupas ninjas, pretas e com detalhes num alaranjado desgastado, velhas e até rasgadas em alguns pontos. Ele estava de costa para Ino, e segurava uma Kunai na mão, próxima a garganta de Naruto que permanecia imóvel e ainda em coma na cama, alheio ao que acontecia.

Ainda de costas, a olhando por sobre o ombro, o homem apontou para a porta.

- Feche, ou eu mato ele agora.

Ino não conseguia ver o rosto dele, ele trajava uma máscara preta que cobria toda a sua cabeça e rosto, nem mesmo os olhos estavam de fora. Ela lentamente fechou a porta, enquanto encarava o homem, colocando-se numa postura atenta. Naquele momento era Ino Yamanaka, kunoichi de Konoha e não médica. E por isso sentiu falta de seus equipamentos ninjas, nem mesmo uma kunai possuía já que nunca lhe passou na cabeça ter de precisar de uma no hospital de Konoha. O que a fez se perguntar como ele entrou na Vila sem ser detectado, já que tinham reforçado as defesas, houve testes e ninguém de fora da Vila conseguiria entrar em Konoha sem ter todo os jounins alertas.

"Talvez ele seja de Konoha", pensou. E por isso não tinha sido detectado, mas não conseguia saber, pois ele não trazia bandana ou qualquer coisa que o deixasse familiarizado como de Konoha.

- Quem é você? - Ino perguntou atenta aos movimentos dele, e sem tirar sua atenção da kunai que segurava próxima demais do Naruto, bastava um simples toque e ele cortaria a sua garganta.

O homem não respondeu, invés disso ele puxou outra kunai com a mão direita e a lançou em direção a Ino. Ela apenas desviou a cabeça para o lado, sentindo a lâmina cortar o ar a centímetros de sua bochecha e se fixar na porta.

- Uma simples médica não desviaria com tamanha calma e frieza no olhar, como você fez agora - comentou o homem se virando, porém com a outra kunai ainda em Naruto. - Me avisaram que havia uma loira no hospital que era parceira do Naruto, e que também era uma ninja. - ele passou alguns segundos calado antes de falar. - Mas não me contaram que ela tinha um corpo tão perfeito e um rosto tão lindo.

Antes que Ino pudesse reagir ele tinha sumido e reaparecido a centímetros de distância dela, e um fedor agonizante de podridão e vômito exalavam dele.

- Realmente muito perfeita. - continuou ele. - Eu não recomendaria que você fizesse movimentos bruscos, já que tenho certeza que não possuí armas ninjas nesse momento e não vai querer fazer jutsos aqui no quarto com ele e outros pacientes tão próximos - avisou o homem, sua voz abafada pela máscara. Ele segurou e prendeu os pulsos de Ino contra a porta, acima de sua cabeça, com uma das mãos num movimento rápido e forte. - Se você gritar ou fazer qualquer gracinha, eu mato ele antes que você consiga piscar - ameaçou.

Ele abaixou a cabeça na direção do pescoço de Ino, e a mesma sentia a respiração pesada dele subindo pelo seu ombro até o vão do pescoço.

- Ino, você é perfeita! - exclamou o homem. Ele agarrou com a mão livre o seio esquerdo de Ino, e colou seu corpo ao dela de forma brusca o que a fez grunhir de susto sentindo nojo do homem. Até então nada falou e nada fez, apenas precisava pensar num jeito de sair daquela situação com Naruto a salvo. Ela queria ter informações sobre ele, quem o havia mandado para matar Naruto e quem era ele, mas tudo que sabia era que ele era um ninja homem e justamente por esse detalhe bastante nítido, Ino resolveu que entraria no jogo dele, deixando que ele aproveitasse o momento até que abaixasse a guarda, para então conseguir escapar.

- Se você me alegrar um pouco, eu posso talvez matar o Naruto ali, sem que você veja - murmurou ele no seu ouvido. Ino relaxou o corpo dando a entender que estava gostando dos toques dele, o que o fez também relaxar o aperto nos punho de Ino após alguns segundos. 

Ele tirou a mão do seio de Ino e começou a desce-la lentamente em direção a sua virilha. Nesse momento Ino sentiu ele relaxar o aperto o suficiente e puxou as mãos com força para baixo, para logo em seguida, com agilidade e rapidez, pegar a kunai presa na porta ao lado de seu rosto e a enfiar na barriga do ninja, que gemeu de dor. Ele se curvou levemente olhando para a Kunai, enquanto Ino passava por ele em direção ao Naruto.

Mas antes que ela pudesse chegar perto, sentiu seu cabelo sendo puxado com força, o que a fez soltar um fino grito, para depois sentir uma dor imensamente forte na lateral das costelas. O golpe vindo de um chute do ninja a lançou contra a parede adjacente num choque que fez rachaduras na parede. 

Ino grunhiu de dor. 

Um novo golpe a atingiu antes que conseguisse se levantar por completo, dessa vez foi no rosto, que ficou quente e vermelho de imediato. Ele segurou o rosto de Ino com uma das mãos, erguendo-a contra a parede até que ficasse de pé.

- Eu vou matar ele! - gritou o ninja cuspindo pequenas gotículas pretas através da máscara no rosto dela. - E você não conseguirá fazer nada! - ele apertava as bochechas de Ino entre os dedos de forma tão forte que sentia até os dentes sendo esmagados. 

Ela queria revidar, mas não tinha forças, era como se seu corpo estivesse desfalecido. E ele era extremamente forte, mesmo sendo tão magro ao ponto de parecer que sob aquela roupa toda havia apenas um esqueleto.

- Ino, você é perfeita - ele disse novamente calmo e Ino por alguns instantes se lembrou de Naruto a chamando assim. Aquilo a fez sentir tanto ódio do ninja a sua frente, uma repulsa misturada com nojo que a fez novamente ter forças para num ímpeto de raiva agarrar a cabeça dele. Mas o mesmo a empurrou com tudo contra a parede, a fazendo bater a cabeça e Ino ficou tonta, tudo ao redor ficou turvo para ela.

- Você esqueceu de mim, Ino? - perguntou ele, sua voz parecendo distante. - Ficou tão feliz e acabou esquecendo de mim?! - Ela não não conseguia entender o que ele queria dizer, ela nem sabia quem ele era.

Foi então que com a mão livre o ninja retirou a máscara, e o rosto dele aos poucos foi se organizando na visão de Ino por causa da vertigem que ficou após o último golpe. Ino arregalou os olhos espantada e assustada, era o Naruto.

- Surpresa, não é? - o rosto dele estava bastante diferente. Onde havia pele, ela estava decrépita e pálida. O queixo estava exposto sem pele, assim como o nariz que virou um ponto negro de onde saíam larvas que passeavam por todo o seu rosto entrando nos dois outros buracos onde deveria haver as orelhas. Seus olhos eram duas orbes leitosas que não tinham pupilas, e os tufos de cabelo estavam cinzas espalhados em volta de vãos onde o crânio era visível. Ele parecia em estado de decomposição e uma vontade de vomitar subiu pela garganta de Ino. - Eu estive dentro dele desde que a guerra acabou, por isso vocês de Konoha não me detectaram. Eu estive esse tempo todo o matando por dentro aos poucos, e agora vou terminar o que comecei.

Ele fez um selo com a mão e um clone apareceu. O clone correu de forma macabra e se jogou sobre o Naruto na cama.

- E você vai assistir. - ele completou. Ino queria gritar, queria fazer algo, mas todo a força que enviava para os braços e pernas não tinham efeito. Seu corpo não correspondia, a única coisa que conseguiu fazer foi chorar vendo o clone abrir a própria boca e a boca do Naruto. O que a segurava começou a lhe lamber o rosto enquanto gritava para ela assistir.

O Clone começou a vomitar um líquido negro e tão fedorento que o mau cheiro impregnou toda a sala. Conforme o líquido entrava na boca de Naruto, ele ia secando e secando, até estar no mesmo estado e aparência que o clone e do que segurava Ino. Ela chorou e se esperneiou por dentro vendo a cena, até que tudo foi escurecendo.

Ino despertou atordoada, se erguendo de pé num salto da poltrona, com a respiração descompassada. Seus olhos estavam úmidos, assim como sua pele suada e seu coração acelerado. Ela pós uma mão no coração e a outra sobre os olhos.

"Foi só um pesadelo", pensou se acalmando. Ela abriu os olhos e por entre os dedos viu que estava no quarto do Naruto no hospital. E não havia ninguém além dela. Nesse momento ela olhou para a cama e notou sobressaltada que Naruto não estava lá. Seu coração voltou a acelerar se perguntando se foi realmente um pesadelo, até que sentiu braços lhe apertando em volta da cintura por trás.

De imediato ela reconheceu ser o toque dele. Sentiu quando o tronco dele lhe tocou nas costas e ele sussurrou em seu ouvido a abraçando mais contra si.

- Boa noite, Lady Yamanaka - Ino sorriu ao escuta-lo chama-la de lady. Ela se virou ficando totalmente hipnotizada com aqueles dois lagos azuis que eram seus olhos. Riu mentalmente agradecendo pelo rosto dele estar como sempre foi. 

- Você acordou! - disse com uma das mãos sobre a boca feliz em vê-lo. Ele sorriu concordando com a cabeça. - Gostou da sua soneca? - ela provocou vendo-o dá um daqueles enormes e largos sorrisos.

- Sonecas de três dias são renovadoras! - respondeu Naruto alongando os braços. Estava apenas com a camisa e calça branca do hospital ainda. - Kurama me falou que vocês conseguiram me curar! 

- Depois lhe explicou isso. Mas sim, você está curado! - Ino falou e Naruto a abraçou erguendo e girando no ar por alguns segundos. O que fez Ino rir baixinho. - Calma, Naruto. É madrugada ainda, há pessoas dormindo nos quartos ao lado. - avisou. 

- Desculpa - disse Naruto ainda sorrindo até que sua feição de alegria foi substituída por uma de seriedade. - Eu me sinto muito bem, é quase como se sentisse que a doença realmente foi embora - revelou olhando para as mãos. - Mas você não está bem, Ino. Essas olheiras, é nítido o seu cansaço…

Ino não deixou que ele terminasse, colocando o dedo em seus lábios.

- Quem estava quase morto era você, Baka! Mas sim, estou bastante cansada. Não conseguia dormir preocupada e ansiosa, tive pesadelos que só me faziam ver você morto e por isso estava evitando dormir também - confessou Ino com sua voz fraca sentindo os braços dele novamente a sua volta. Ele a abraçou beijando sua testa.

- Shiuu! Não se preocupe, está tudo bem agora. Você precisa descansar. - Naruto a conduziu até a cama do quarto e pediu que ela deitasse. Ino ia se opor por questões de ética, porém realmente não queria, o fato dele estar ali com ela, a relaxou para ser conduzida por ele para onde ele quisesse. Então apenas se deixou deitar sobre a cama enquanto Naruto deitava ao seu lado e a puxava sobre seu peito.

Só havia eles ali para ela e simplesmente nada mais importava.

- Ainda é madrugada, ninguém sabe que acordei. Durma e descanse, amanhã de manhã nós conversamos mais.

- Eu estou tão feliz que você está curado e bem novamente. - falou sorrindo para ele que retribuiu lhe massageando a bochecha com o polegar.

- Agora comigo aqui você não terá pesadelos. Nunca mais.


Notas Finais


Bom... estou tendo muitas responsabilidades que interferem no meu tempo de escrever e até na minha criatividade. Mas mesmo assim prometi finalizar essa história e eu irei. Mesmo com ela se encaminhando para um final bem clichê, na verdade gosto e sempre pensei essa história com um final bem clichê porque é como gosto que termine a maioria das fics românticas que leio.

Obg a quem continua lendo essa minha história. Daqui pra frente será apenas capítulos mais curtos focados em finalizar o enredo.


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