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História Série Crônicas de Amor de Sherlock Holmes e Molly Hooper - A Tarefa Árdua de ser Namorada de Sherlock Holmes


Escrita por: Aline_Andrade7

Notas do Autor


Sinopse: Molly finalmente está namorando Sherlock Holmes. O problema é que ele é um homem impossível, louco e completamente desajeitado para o amor. Será que esse casal têm algum futuro?

Nota da autora: esse foi com certeza o capítulo mais engraçado até agora! Curti muito faze-lo. Espero que vocês também curtam. Falta só mais um para chegarmos na história do presente.

Capítulo 10 - A Tarefa Árdua de ser Namorada de Sherlock Holmes


Fanfic / Fanfiction Série Crônicas de Amor de Sherlock Holmes e Molly Hooper - A Tarefa Árdua de ser Namorada de Sherlock Holmes

 [CRÔNICAS DE AMOR DE SHERLOCK HOLMES E MOLLY HOOPER]

1- O Dia dos Namorados de Sherlock Holmes;
            2- Universitária apaixonada por Sherlock Holmes;
            3- O Primeiro Amor de Sherlock Holmes;
            4- Patologista apaixonada por Sherlock Holmes;
            5- A primeira vez de Sherlock Holmes;
            6- A pessoa que mais importava para Sherlock Holmes – parte 1
            7- A pessoa que mais importava para Sherlock Holmes – parte 2
            8- Tentando seguir em frente sem Sherlock Holmes;
            9- I.L.O.V.E.Y.O.U
            10- A Tarefa árdua de ser namorada de Sherlock Holmes.

 

Eu deveria estar feliz. Eu deveria estar inebriante de alegria.

Depois de anos eu finalmente consegui. Sherlock era meu namorado.

Finalmente a vida resolveu sorrir para mim. Chega de amor não-correspondido! Viva!

Após Sherlock sair de casa no nosso primeiro dia de namoro, apesar de não termos nos beijado, eu estava tão extasiada que segurei Toby nos meus braços e dancei uma valsa com ele. O pobrezinho ficou tão assustado que me arranhou inteira, mas tudo bem. Nada tiraria minha felicidade naquele momento. Sherlock finalmente me deu uma chance. Eu não iria desperdiçar, seria a mulher mais compreensível do mundo, a mais sensata. Entenderia totalmente que ele não é um homem comum. É uma pessoa diferente. Tem necessidades diferentes. Eu saberia lidar com isso.

....................................

DIAS DEPOIS....

“Sherlock, é a minha décima e última mensagem que te mando. Se você não comparecer aqui  amanhã, no horário combinado, eu vou socar a sua cara!”.

Er....., tem uma explicação para essa mensagem raivosa. Ela é a resposta de uma sequência de mensagens horríveis enviadas pelo meu novo namorado. E não é porque Sherlock simplesmente sumiu por uma semana e sim pela forma como ele me tratou durante todo esse tempo. O cretino não só me ignorou, como me tratou com indiferença muitas vezes. Eis as mensagens que o bonito fez questão de me mandar:

“Molly, o que foi aquilo que vi no Facebook? Não vou pagar o mico de marcar relacionamento sério com ninguém! E não gosto de coisas sérias, são chatas”.

“Não adianta insistir em ficar mandando essas marcações de relacionamentos, Molly. Não vou exibir para o público! Já estou me arrependendo....”

“Não, não contei para o John. Não tem necessidades de alguém saber!”

“Pare de me mandar esses corações! Estão travando absurdamente meu whats app!”

 “Quem se importa com esse gato gordo? Ele come demais. Pare de me mandar fotos do seu gato!”

“Que bobagens são essas? Fotos de bebês? Não são úteis para meus casos”.

“Pare de me mandar memes!”

“Não, não vou te mandar nudes. Tarada!”

“Tenha paciência! Estou em um caso importante! Uma hora eu apareço! Não tem que ser quando você quer”.

Paciência Molly. Paciência. Quando Sherlock chegar, tudo será diferente, paciência.

Eu estava ansiosa porque parece que finalmente, depois de sete dias, Sherlock iria ver a sua namorada. Se é que eu poderia me titular como namorada. Sherlock me ignorou ou me respondeu de forma ríspida durante toda a semana. As mensagens carinhosas e minhas declarações, ele ignorava totalmente. Já as mensagens engraçadas, ele simplesmente ficava bravo quando via e me pedia para parar de mandar. Que sujeito difícil!

Mas ao vivo é outra história. Hoje seria diferente. Ele teria que ceder aos meus encantos. Me arrumei durante horas. Fui no cabeleireiro e na depilação a laser (também fiz as unhas). Estava estupenda. Vesti um vestido curto de cor branca (provocante) e me maquiei um pouco (fui sensata pela primeira vez e não exagerei). Eu me olhei no espelho e me senti linda. Sim, pela primeira vez, me achei maravilhosa. Algo raríssimo.

Fiz um jantar divino! Comprei umas velas bem caras. Também comprei incenso e acendi para aromatizar o ambiente. Coloquei uma música baixa. Arrumei a casa toda. O clima romântico estava todo ali. Hoje nada poderia dar errado. Marquei com Sherlock ás 20h e já eram 20h18, mas tudo bem, ele era um sujeito que se atrasava sempre, uma hora ele ia chegar.

20h45

Certo, onde ele está? Será que aconteceu alguma coisa? Não é possível!

21h30

Aquele cretino maldito me paga! Ele me fez esperar todo esse tempo! Vou socar a cara dele! Vou esperar meia-hora e vou mandar uma mensagem se ele não aparecer!

22h00

“Sherlock, cadê você?! Estou aqui te esperando! Vem logo”

22h40

“Eu vou te matar! Onde você está? Tô ficando preocupada....”

23h20

“Oi John, é a Molly. Sherlock está com você? Eu tinha marcado de me encontrar com ele”.

23h50

“Oi Molly, Sherlock está comigo sim. Está no computador. Estamos naquele caso do governo britânico. Ele disse que não tinha marcado nada com você, que estranho...”

Eu estava bufando de ódio! Sherlock me deu um bolo monumental! O que esse cretino estava pensando? E ainda por cima, parece que não contou nada de nós para o John. Que espécie de relacionamento é esse que não consigo me encontrar com meu namorado na primeira semana de namoro? Sherlock só pode estar de brincadeira com a minha cara! Me arrumei toda linda e maravilhosa. Gastei horrores de dinheiro com essa noite e ele faz isso comigo? Meu Deus! Que lástima! Minha tristeza está começando a me invadir de novo....

Arranquei minhas roupas com fúria e comi meu jantar sozinha. Depois coloquei meu pijama e abri meu notebook. Sherlock me pagaria. Ele teria que obedecer algumas regras. Não adianta nada tentar ter um relacionamento desse jeito. Por mais que ele fosse um cretino, eu não merecia passar por isso a esse ponto! Sherlock veria o que eu estaria preparando para ele.....

...........................

De manhã eu me sentia plena.

Sabia que Sherlock me responderia rápido. Para minha surpresa, antes de eu ir para o trabalho, recebi seu e-mail:

Send: 8h00 AM.

To: Molly Hooper <[email protected]

From: Sherlock Holmes <[email protected]

Subject: RE: Contrato para namorar Molly Hooper.

Molly, eu realmente gostaria que você me explicasse o que foi isso que recebi ontem de madrugada (você não dorme, criatura?). Eu não vou cumprir essas baboseiras que você me enviou. Engraçado que você sabe como eu sou e disse plenamente que iria aceitar o meu suposto “jeito”, mas parece que a senhorita já está cansando desse sociopata aqui, não? Saiba que não pode fazer exigências. Estou em um caso sério do governo britânico e enquanto você pensa na próxima roupa que comprará para seu gato, eu, John e Mycroft estamos cuidando de um caso de segurança nacional! De qualquer forma, fiz questão de responder seu e-mail e se insistir novamente, desisto dessa coisa de namoro!

Contrato de Relacionamento Sério com Molly Hooper.

Para namorar Molly Hooper, Sherlock Holmes deverá seguir os passos a seguir, caso haja o descumprir dos mesmos, o autor do documento deverá ser ressarcido:

Sherlock deverá beijar Molly Hooper várias vezes que se encontrarem. Beijos de língua serão necessários.

Resposta Sherlock Holmes: Já falei que isso vai acontecer. Tenha paciência! Já beijei mulheres nos meus casos, não será difícil.

Sherlock e Molly Hooper deverão fazer amor constantemente.

Resposta Sherlock Holmes: sem comentários.

Sherlock deverá encontrar Molly Hooper todas as sextas-feiras a noite e ficará com ela até domingo a noite.

Resposta Sherlock Holmes: O fim de semana inteiro? Nem pensar! E minha hora para descanso? Fico a sexta a noite apenas.

Sherlock deverá sair com Molly para jantares, eventos, cinemas e confraternizações familiares.

Resposta Sherlock Holmes: É uma piada? Não ficarei de casalzinho em público! E não vou contar isso para minha família! Principalmente eles.

Sherlock deverá contar para sua família, seus amigos e anunciar no Facebook que está em um relacionamento sério.

Resposta Sherlock Holmes: Não.

Ambos deverão comprar presentes em datas especiais.

Resposta Sherlock Holmes: é insignificante dar presentes em datas “especiais”.

Toby se tornará parte da família. Sherlock cuidará e dará mais amor para ele.

Resposta Sherlock Holmes: sonhe sentada que farei isso pelo gato gordo.

Ambos deverão pensar no futuro. Morar juntos e ter uma família.

Resposta Sherlock Holmes: Molly, você fazia isso com seus outros namorados? Parece uma louca paranoica. Qualquer homem em sã consciência jamais aceitaria isso. De minha parte dispenso casamentos e filhos.

 

Ok. Talvez eu tenha exagerado. Mas confesso que a frieza de Sherlock me impressionou. Ele não queria se casar e nem ter filhos. Bom, eu estava com 36 anos. Certamente não sabia se teria chances de ser mãe sem riscos, mas ouvir ele dizer com todas as letras que não via futuro comigo era de certa forma, um pouco triste. Já imaginava que ele não queria, mas ler ele dizer isso com todas as letras me doeu.

 Assim que li o e-mail, enviei uma resposta curta dizendo “O que sugere então?” e recebi uma resposta mais curta ainda: “sextas a noite, conversas e só”. Bom, era isso. Eu teria que aceitar. Sherlock seria o homem que estaria comigo apenas nessa ocasião e fazendo apenas isso: conversar.

 

............................

E não se engane. Foi exatamente o que aconteceu.

Nas oito semanas seguintes, nas sextas à noite, Sherlock chegava de supetão. Tirava o casaco, se esparramava no sofá e então comia o que eu preparava e conversava sobre ele mesmo. E também sobre os casos da semana, sobre o John, sobre Rosie ou Mycroft. Comentava sobre os artigos que ele estava escrevendo. Raramente me perguntava sobre meu dia. Era tudo ele, ele e ele.

No início, eu me preparava. Fazia a melhor comida e saia mais cedo do trabalho para passar no mercado. Me arrumava e colocava uma roupa maravilhosa mas aos poucos, fui ficando desanimada. Não que eu não gostasse de ficar conversando com o homem que eu amava, mas era tedioso. Estava tedioso. Nas última semanas, eu já não cozinhava. Ficava de pijama e pedia uma pizza.

- Molly?

- Hum?

- Pediu pizza de novo?

- Sim.

- Hum, entendi. Nunca mais fez aquele ensopado que eu gosto....

- É, tô sem tempo. Muito trabalho.

- Certo. E essa roupa?

- O que tem minha roupa?

- Hum...nada. Parece meio velha.

- Estou na minha casa oras, não posso?

- Claro que pode.

- O que você dizia? Que achou os artefatos?

- Ah sim, achei. Vou te contar em detalhes.

Os casos de Sherlock eram extraordinários, mas eu queria que ele realmente me perguntasse sobre meu dia de vez em quando. Eu queria beija-lo. Ficar juntinho dele. Tentei não ser evasiva e avançar sobre ele. Não sabia se realmente ele já tinha feito sexo na vida. Decidi não tocar nesse ponto e nem falar sobre proximidade. Apenas o ouvia. E ouvia. E eu bocejava de sono. Ficamos 3 meses nessa posição de amigos que dialogavam.

Então, teve uma sexta-feira que aconteceu algo diferente.

- Molly? Molly?

- Hã? O que?

- Você pegou no sono!

- Ah me desculpa, o que dizia mesmo?

- Eu estava falando como John enfrentou o policial de forma ridícula.

- Ah sim....

- Você não estava prestando atenção!

- Me desculpe, Sherlock. Está tarde e estou cansada. Não é hora de ir?

- Hora de ir? Bem...ainda são 22h00 e...

- Tarde! Está bem tarde! Acho melhor você ir logo.

- Hum? Tem certeza? Está certo então... vou indo e...

- Tranque a porta, vou pra cama.

- Ok, tchau e...

Virei as costas e fui pro meu quarto. Ouvi ele sair e deitei na cama.

Eu estava realmente cansada e com sono. Aquele dia tinha sido cheio e Sherlock estava abusadamente se achando no caso atual que relatava. Eu comecei a ter um pouco de nojo disso, por isso, praticamente o expulsei.

Eu amava esse homem. Sabia disso.

Mas esse não era o tipo de romance que eu sonhava que teria com ele. Para Sherlock, eu era apenas a amiguinha que ele contava seus feitos. Seu ego.

Quando eu estava quase pegando no sono, me surpreendi com a mensagem que recebi. Era de Sherlock.

“Namorar não é tão ruim assim”.

Dei risada. Pobre Sherlock. Mal sabe o que é realmente namorar. Ele não fazia ideia.

Achei tudo tão ridículo que pela primeira vez, não respondi. Coloquei o celular no criado mudo e adormeci.

........................

Meu desânimo permaneceu. Nos dias seguintes, eu raramente mandava algo para Sherlock. Na verdade, naquela semana, eu não mandei nada. O que foi surpreendente é que pela primeira vez, ele me mandava algumas coisas sem nexo. Fotos de corpos humanos, os casos que ele participava. Me chamava para ajuda-lo no laboratório várias vezes, até em situações banais. Comecei a desconfiar que em algumas vezes, eu realmente não era necessária ali.

Teve um dia que fiquei realmente chocada. Ele me mandou uma foto da Rosie. Ela estava absurdamente linda de vestido vermelho. Ele não costumava me enviar fotos assim, dizia que imagens de crianças eram inúteis para ele. Essa eu tive que responder, eu mandei um “ela é linda” e ele me respondeu com “não posso negar”.

O mais estranho de tudo isso é que a resposta veio muito rápida. O que nunca acontecia antes.

Olhando para a resposta dele na tela do celular, eu comecei a rir. Será que é verídico o fato dos homens começarem a notar as mulheres que os desprezam? De certa forma, eu odiava esses jogos e não iria fazer isso com Sherlock.

É que ultimamente eu não estava muito animada ou feliz para ser sincera.

Eu nunca era totalmente feliz em outubro. Não com o fato de que foi nesse mês que meu pai tinha falecido. Sempre que chegava nessa data, eu ficava cabisbaixa e não queria ver ou falar com ninguém. Meu pai foi uma das pessoas que mais amei nessa vida e sua doença e morte me abalou profundamente. Ás vezes eu penso que nunca mais vou me recuperar dessa dor. Olhei para o calendário e vi que seu aniversário de morte seria nessa sexta-feira e certamente eu deveria cancelar minha noite com Sherlock. Eu não queria fazer nada nesse dia. Eu estaria péssima demais para isso.

“Oi, tudo bem? Olha, sexta-feira eu tenho um compromisso, não poderemos nos ver.”

Mandei essa mensagem para Sherlock e não deu dois minutos, meu celular começou a tocar.

- Que compromisso?

- Er, oi, Sherlock! Como está?

- Que compromisso?

- Bom, coisa minha.

- Coisa sua?

- Sim, coisa minha. Particular.

- O que é?

- Bom, se é particular, é algo que não gostaria de falar.

- Fala logo o que é Molly! Você nunca mente pra mim.

- Não estou mentindo, estou omitindo rs. Sherlock é sério. Sexta não dá, tenho compromisso, coisa minha.

- Está certo então!

- Mas olha, eu....

Desligou.

O desgraçado desligou na minha cara.

Afinal, o que estava acontecendo com esse homem? Ele sabe sobre tudo de todos. Será que ele não sabe que é aniversário de morte do meu pai? Não é possível isso. É uma falta de respeito tremenda desligar o telefone na cara dos outros. Vai entender.....

............

Sexta chegou.

Me lembrei dele. Meu pai era um homem incrível. Sempre preocupado se eu arrumaria amigos, inteligente, brincalhão. Como eu sentia sua falta.

Aquele dia, particularmente, eu tirava uma folga. Ficava em casa, chorava e pensava nele. Como eu queria que ele estivesse aqui. Com certeza ele não deixaria eu namorar o Sherlock! Ele era muito protetor e jamais permitira que sua filha seria maltratada assim por um homem.

Sentei no sofá, coloquei um filme, mas não consegui me concentrar. Desliguei a TV e comecei a chorar, tentei me segurar mas foi difícil. Como doía viver sem alguém para cuidar de você, amar você incondicionalmente e te tratar como a coisa mais preciosa do mundo. Era doloroso demais. Eu estava em prantos, quando de repente, a fechadura começa a fazer barulho. Eu fico estarrecida. Será que alguém fez cópia da minha chave? Meu Deus! Peguei meu celular para chamar a polícia e então ele entrou. Com seu eventual casaco preto, cachecol azul e calça social.

- O que...mas o que você está fazendo aqui?

- É sexta-feira à noite.

- Sherlock, eu fui bem clara em minha mensagem. Hoje não!

- É, eu sei, mas não dei ouvidos.

- Por que?

- Ora Molly. Não entendo você. Sei que dia é hoje. Aniversário de morte do seu pai. Por que quer ficar sozinha?

- Não é da sua conta! É um dia muito particular! Quero ficar sozinha. Saia daqui!

- Não saio. Combinamos sextas à noite. E olha pra você, está com os olhos todos inchados.

- Sherlock, eu quero chorar em paz!

- Você sempre faz isso, todos os anos. Se ausenta do trabalho e chora em casa. Eu sei disso.

- Bom e pelo visto, nunca se importou.

- Eu realmente não queria me intrometer. Mas li na internet que namorados fazem isso, então estou aqui, me intrometendo.

- Você realmente lê o que namorados fazem?

- Leio sim.

- Na Internet?

- Exatamente.

- Então pulou os tópicos que namorados saem juntos, dão as mãos, se beijam, fazem amor e vão para eventos sociais?

- Pulei, propositalmente.

- Você é ridículo, Sherlock.

- Eu sei. Sou mesmo.

- Saia daqui.

- Não.

- SAIA!

- Não saio. Não vou deixar você passar por isso sozinha de novo.

- Então eu saio.

- Espera, Molly!

- Solta meu braço!

- Não.

- Quer que eu chame a polícia?

- Eu sei como manobrar a polícia, não vai funcionar.

- Solta, desgraçado, eu te odeio, odeio, odeio, odeio!

E comecei a bater. Bati nele. E muito. Soquei totalmente seu peito.

Mas talvez não era raiva de Sherlock.

Era raiva da vida.

Porque ela me tirou meu pai.

Comecei a me cansar, mas as lágrimas vieram. Brotaram como cachoeira.

Chorava que nem criança e para minha surpresa, o homem que estava na minha frente me abraçou. Me segurou calmamente pelos braços. Encostou seu queixo na minha cabeça e alisou meu cabelo. Sherlock tentava me consolar. Fiquei completamente surpresa com isso. Mas era bom. Era bom saber com quem contar. Era um dia difícil e ele estava ali.

..................

Quando me acalmei, tudo voltou como era antes. Sherlock sentou do meu lado e comeu um pedaço de pizza e iniciou o modo “tagarela” de sempre. Falou do seu caso do dia com muita empolgação. Confesso que prestei mais atenção nele agora, estava feliz porque ele tinha me consolado horas antes. Quando chegou a hora dele ir embora, o levei até a porta e lhe desejei boa noite. 30 segundos se passaram e a campanhia tocou. Achei estranho, afinal quem seria naquela hora? Me aproximei da porta e vi que era ele. Esquisito. Sherlock tinha a chave e acabou de sair. O que ele queria? Olhei envolta para ver se ele esqueceu alguma coisa e não achei nada familiar que fosse dele. Abri a porta e me assustei. Ele estava com olhos esbugalhados, quando comecei a falar, ele levantou o dedo me impedindo.

- Molly, farei isso rápido e sairei correndo. Não quero que comente sobre isso depois, entendeu?

- Mas do que você tá falan...

Não deu tempo de terminar a frase.

Eu nem consegui fechar os olhos também.

Só sei que senti os lábios dele colados nos meus muito depressa.

O pior é que durou apenas dois segundos, pois, quando dei por mim, ele já não estava mais lá. Saiu correndo, como ele mesmo disse que ia fazer.

Fechei a porta e estava completamente paralisada. Toquei a mão em meus lábios tentando me lembrar em detalhes e em câmera lenta o que tinha acontecido. Nosso primeiro beijo. Nosso primeiro beijo aconteceu. Só me lembro dos seus olhos assustados mas confiantes em fazer algo que fosse rápido para não dar tempo de mostrar seu rosto envergonhado pra mim. Então, com firmeza os lábios grossos e macios dele colaram nos meus. Senti que ele segurou em meus ombros para se apoiar e aproximou a cabeça rapidamente. Senti o seu estalar em minha boca. Sim, eu senti.

Caramba.

Essa noite eu definitivamente não conseguiria dormir.

.......................

Eu não comentei sobre o beijo, mas não resisti e mandei alguns corações para ele. Não teria como eu ficar normal após o que aconteceu. Foi nosso primeiro beijo. Ele nunca tinha me beijado antes. Foi nosso primeiro beijo! Os lábios dele eram como eu sonhava, ou melhor, eram mais do que eu sonhava. Eram macios e firmes. Será que ele gostou? Eu estava muito ansiosa para me encontrar com ele na próxima sexta! Eu queria continuar nossos beijos. Queria aprofunda-los mais.

- Molly? Você está bem? Está com dor nos lábios? Por que está com a mão neles?

- Oi? Ah estou bem sim, é que eu....machuquei.

- Entendi. Parecia que estava sonhando acordada, beijou o príncipe encantado ou o sapo? Hahahaha.

- Os dois.

- Hum, que estranho. Ou é um ou outro.

- Cala a boca, Janete!

Na verdade eram os dois mesmo. E Janete jamais iria entender isso. Eu também não poderia explicar porque minha relação com Sherlock não era pública. Após eu enviar minhas mensagens com corações, o que eu temia, aconteceu novamente:

“Molly, já falei para você parar de me enviar esses corações! Travam meu celular”.

Sherlock, grosso como sempre, continuava ignorando o que eu mandava ou então, reclamava diariamente das minhas tentativas de ser fofa. Comecei a pensar que o beijo foi horrível pra ele, porque não era possível que nada mudaria desde aquele dia. Ele não fez questão nenhuma de mandar algo legal essa semana. Era estranho porque eu tinha achado que estava começando a ceder um pouco.

Sexta-feira tinha chegado.

Sherlock abriu a porta de casa e parecia normal como sempre. Nada ansioso ou envergonhado.

Ele não tentou me beijar e simplesmente ficou como sempre, esparramado no sofá, comendo nossa pizza e falando sobre seus casos. De vez em quando eu me aproximava bastante dele e sentia que aos poucos ele se esquivava. Não entendi. Ele me beijou! Por que estava assim tão reticente agora? Será que ele realmente não gostou do beijo? Depois de um mês assim, eu decidi falar sobre o assunto, isso não poderia ficar assim.

- Sherlock?

- Sim?

- Por que não falamos sobre o que aconteceu?

- O que aconteceu?

- Você me beijou dias atrás.

- Existem coisas mais importantes.

- Coisas mais importantes? Sherlock, aquele momento foi talvez, o mais importante da minha vida.

- Que vida sem graça essa sua, Molly.

- Não tente me ofender.

- Não estou ofendendo, só estou dizendo que você dá valor a coisas muito insignificantes.

- Insignificante? Sherlock, um beijo não é algo insignificante. É algo precioso, principalmente quando é dado por alguém que você ama. Eu te amo, sabe disso.

- Bobagens.

- Quer saber? Saia daqui, Sherlock!

- O que? Vai me expulsar agora?

- Vou! Você me cansou por hoje!

- Você é inacreditável, Molly.

- Saia daqui! Agora!

- Certo, vou sair, sua maluca!

- Eu cansei, não quero mais esse namoro!

- Desistiu fácil assim? Olha que ainda não viu 50% do meu lado negro.

- E nem quero ver, você estava certo, não vai me fazer feliz. Tem que ter paciência de Jó com você e eu cheguei no meu limite.

- Então terminamos?

- Terminamos.

- Certo então, vou indo.

- Passar bem.

- Lembre-se de não me mandar mensagens pedindo desculpas.

- Vou lembrar Sherlock, não vou mandar e..........ai.

- O que foi?

- Nada......ai....

- O que foi, Molly?

- Nada, é que.........tô sentido dor.

- Dor? Onde?

- Aqui, aqui do lado....AI....

- Dor no estômago?

- Não sei...AI, AIIIIIII.

- Molly!

Parecia que eu ia ter um filho ou algo do tipo. Senti como se algo me rasgasse por dentro. Era uma dor alucinante como nunca tinha sentido na vida. Fiquei ali gritando de dor e a única coisa que lembro é de Sherlock me segurando no colo e ligando para o hospital e para o John. Ele parecia estar desesperado!

- John, pelo amor de Deus! Vem agora! Ela está se contorcendo e gritando toda hora, não sei o que fazer! Calma Molly, eu estou aqui calma, meu Deus....

Sherlock me segurava e a dor só piorava. Era como se algo dentro de mim estivesse querendo sair. De repente, tudo ficou escuro e perdi os sentidos. Quando acordei, estava em uma cama no hospital e aparentemente cheia de pontos na parte de baixo. Meus olhos estavam se abrindo aos poucos, mas consegui ver que Sherlock estava com a cabeça apoiada na cama segurando minhas mãos. Ele parecia adormecido. Me remexi na cama e chamei pelo seu nome.

- Sherlock?

- Hum...Molly? Como está?

- O que aconteceu?

- Apendicite. Você teve que ser operada ás pressas.

- Meu Deus. Por que será que isso aconteceu?

- Não tem motivo. Todo ser humano pode passar por isso.

- Nossa, nunca senti tanta dor na minha vida, Sherlock, parecia que eu ia morrer.

- Fiquei desesperado porque por um momento pensei que ia morrer mesmo.

- Ficou desesperado? Por que? Você nem é mais meu namorado...

- Não sou? Não lembro dessa parte.

- Ora, terminamos, não?

- Não. Você deve estar delirando.

- Hum, seu cretino, está me fazendo de boba?

- Não, não estou.

- Namorados se beijam e você não quer me beijar.

- Eu já te beijei.

- Rapidamente.

- Foi suficiente.

- Mas eu quero te beijar sempre, Sherlock. Pessoas que se gostam sentem essa vontade, você não?

- Hum sei lá. Acho que é insignificante.

- Certo então rs. É melhor terminarmos mesmo.

- Eu preciso te beijar de novo? Para você desistir dessa ideia?

- Você não precisa fazer nada. Só precisa me beijar se quiser.

- Vou fazer isso agora então.

- Está doido? Acabei de acordar. Estou doente e com bafo rs.

- Não ligo pra isso.

- Deveria ligar, é nojento.

- Você é muito detalhista, Molly.

- Eu não quero que você não faça algo que não queira. Eu quero que você faça algo porque sente vontade.

- Bom, agora eu quero.

- Mas agora nem pensar e....

E ele fez de novo.

Me beijou.

Mesmo com bafo de doente.

E foi aquela mesma sensação. Aquele mesmo beijo de antes. Firme e macio.

Quando ele acabou, eu olhei para os seus olhos, extasiada.

- Você gostou, Sherlock?

- Não tenho do que reclamar. Não é difícil.

- Será que isso não poderia ser constante?

- Como assim?

- Poderíamos nos beijar quando você chega na minha casa e quando vai embora. O que acha?

- Hum, pode ser. Só lembre de escovar os dentes antes. Teve um gosto estranho agora.

- Desgraçado! Te avisei.

- Mas não foi ruim, Molly.

- Quieto Sherlock! Ou eu te mato.

- Ok, ok.

E por incrível que pareça, Sherlock cumpriu o combinado. Quando ele chegava em minha casa, aproximava o rosto e eu o beijava. Quando saia, também. Aos poucos a situação começou a ser normal e já não ficávamos desconfortáveis com a situação. Mas eram apenas selinhos. Com Sherlock, eu sabia que teria que seguir com um passo de cada vez. Teve um dia que eu pedi um beijo a mais e ele cedeu. Outro dia eu pedi que ficasse sentada em seu peito e ele deixou. Foi estranho, ele ficava muito quieto, mas aos poucos, foi voltando a falar novamente. De vez em quando, eu segurava em suas mãos e fazia carinho e teve uma vez que ele não percebeu mas fez carinho no meu braço, era tudo com calma e paciência. Não éramos como namorados comuns, parecíamos aqueles casais puritanos dos anos 60, mas tudo começou a se tornar hábito. Ele já não só aproximava a cabeça. Ás vezes segurava em minha cabeça com as mãos, pois, parecia que queria ter mais precisão nos beijos. Teve um dia que quando ele saiu, eu pedi que demorasse um pouco mais na hora do selinho. Ele exitou mas demorou. Foi maravilhoso.

Mas eu estava disposta a aprofundar essa relação. Algo deveria ser feito.

Estávamos falando sobre o caso de um homicídio que aconteceu em Londres, quando eu pedi um beijo para ele. Já era tão normal pra gente, que ele largou a pizza na mesa e se aproximou.

- Vamos fazer diferente dessa vez.

- Como assim?

- Podemos abrir um pouco a boca um do outro e encostar a língua.

- Isso não me parece muito......bom... Molly.

- Confia em mim, é muito bom. É só me seguir.

- Certo.

E eu abri mais minha boca, ele me seguiu. Eu encostei a língua e ele também. Parecia o néctar dos deuses. O paraíso na Terra! Eu decidir aumentar a velocidade aos poucos e fazer ele seguir junto comigo.Então eu entrelacei meus braços no seu tronco e notei que ele fez a mesma coisa. Aumentei mais a velocidade. De repente, eu estava tão envolvida que me esqueci da sua inocência. O apertei mais fortemente e larguei seus lábios seguindo para beijar o seu pescoço.

- Pare, Molly!

- Só um pouquinho.

- Pare agora!

- Certo, me desculpa Sherlock. É que você tem um perfume tão bom, é delicioso.

- Não sou comida, Molly.

- Eu sei, mas é que....eu quero você. Eu quero te sentir por inteiro. Eu preciso.

- Espero que não esteja falando o que eu estou pensando.

- Qual o seu problema com sexo?

- Nenhum.

- Não quer fazer comigo?

- Intimidade demais.

- Não confia em mim?

- Não a esse ponto.

- Entendo.

- Não quero que fique triste ou ofendida, Molly.

- Sherlock, você ainda faz muito esforço para me beijar? Não gosta por você mesmo?

-.............

- Não gosta?

-.........

- Não vai responder?

- Talvez....tenho gostado....um pouco.

- Sexo é a mesma coisa. É com o tempo. Com o hábito.

- É demais pra mim, Molly. É uma conexão que não quero ter com ninguém. Se não me quiser assim, terminamos então.

- Não, tudo bem. Vamos esquecer isso então. Podemos continuar o beijo?

- Eu não sei. Eu senti que esse tipo de beijo é perigoso...

- Ficou excitado?

- Sem comentários.

- Certo, vamos comer a pizza então?

- Melhor.

É, pelo visto com Sherlock eu teria que ter muita paciência e muita calma pela frente....esse homem impossível e louco ainda daria muito, mas muito trabalho.....

....................

ANOS DEPOIS, UMA CERTA PATOLOGISTA ACORDA EM UM LUGAR INUSITADO......

Minha cabeça doía.

Meu pescoço formigava.

Quando meus olhos se abriram, a primeira coisa que se passou em minha mente era onde eu estava.

Olhei ao redor e parecia ser um quarto. Um quarto imenso com uma cama enorme. Era algum tipo de motel? Mycroft iria abusar de mim? Quando pensei nisso, comecei a rir. Mycroft era mais virgem que Sherlock de anos atrás.

Levantei calmamente e dei uma olhada no quarto. Mal virei a cabeça quando vi aquela figura sentada em uma das poltronas do cômodo.

Era ele.

Magro e esbelto como sempre.

Cabelos cacheados.

Vestido com aquela roupa social de sempre.

Fazia simplesmente dois anos que eu não o via. Ele não tinha mudado muito. Seu rosto parecia mais cansado e talvez.....mais triste? Não sei. Sua expressão não era a mesma. Olhei para aqueles olhos azuis e meu coração pulou. Meu coração. Que sempre me traía quando o assunto era Sherlock Holmes.

Eu não conseguia falar. De repente, era como se eu tivesse voltando anos atrás quando só conseguia balbuciar algumas palavras para ele.

- S-sherlock, o-oque está acontecendo? V-você...

- Estamos presos. Aparentemente.

- M-mas quem foi que...

Não precisei  perguntar. Na hora em que Sherlock proferiu essas palavras, Mycroft apareceu na tela da televisão do quarto e começou a falar, da forma elegante de sempre.

- Olá meu querido futuro casal, como estão?

Eu ia dizer algo, mas Sherlock se levantou da poltrona e se adiantou.

- Mycroft! Nos tire agora mesmo daqui! Seus capangas nos sequestrarem foi golpe baixo!

- Calma irmãozinho, é por uma boa causa. Quero ver você feliz. Me preocupo com você.

- Se preocupa é com você! Quer se ver livre dos sermões da mamãe, claro.

- Isso também. Ela vive me cobrando para que eu faça alguma coisa com meu irmão que parece mais um zumbi do que um ser humano ultimamente.

- CALA ESSA BOCA, MYCROFT!

- Ora e estou mentindo? Você voltou a comer e resolve seus casos, mas não há mais vida nesses seus olhos. Fora as drogas que já está envolvido de novo.

Não acreditei no que ouvi. Me virei para Sherlock, indignada:

- Você se deixou envolver com as drogas de novo?

- Me recuso a responder.

- Sherlock!

- Minha vida não tem nada haver com você, Molly! Eu uso para aliviar o tédio, apenas isso.

- Não usou nenhuma vez quando estava comigo.

- Quem disse?

- Mentiroso!

- Acalmem-se vocês dois. Terão todo o tempo do mundo para conversarem. Vou explicar porque reuni os dois neste quarto. Nada melhor para resolverem os problemas do que estarem trancado em algum lugar. Minha ideia é que não solto vocês enquanto não se resolverem e decidirem ficarem juntos de vez.

- Mycroft você está louco? Eu sou casada!

- Um casamento de fachada.

- Como ousa?

- Você ouviu Mycroft. Ela é casada. Deixe-nos ir.

- Não. A comida chegará três vezes por dia. As bebidas estão no frigobar. Estarei observando. Se quiserem ter algo íntimo é só apertar o botão que está do lado da cama e me desconecto de vocês. Não tentem arrombar a porta. Tenho seguranças do lado de fora. Podem comer, dormir na cama e fazerem as necessidades no banheiro anexo. Mas tentem terminar logo com isso, tenho mais o que fazer da vida.

- Mycroft. Eu sou Sherlock Holmes. Esqueceu? Eu consigo sair daqui.

- E eu sou Mycroft Holmes, Sherlock. E dediquei boa parte do meu cérebro para esse plano. Isso quer dizer que você não tem chances quando estou com 90% de uso.

- Desgraçado!

- Deixe a raiva para depois e tentem se resolver logo de uma vez.

A televisão desligou e a única coisa que ouvi foi Sherlock bufando de raiva. Olhei para aquele lugar com mais calma. Só tinha uma cama. Eu teria que dormir do lado dele. Do lado de Sherlock. Sentei na poltrona que Sherlock sentara antes. Olhei para ele e ele olhou para mim.

Eu estava trancada em um quarto com o homem que era o amor da minha vida.

E agora? O que eu deveria fazer?


Notas Finais


Continua o mesmo desafio: 4 comentários e na próxima semana, já tem capítulo novo!!!!!

Sinopse do próximo capítulo: Sherlock é o pior tipo de namorado do mundo. Molly sabe disso. O problema é que ela é perseverante e após anos de amor não correspondido, Molly está decidida a tirar a inocência do seu amado. Será que ela vai conseguir?


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