História Seth e Eve - A garota que deixei para trás - Pov Liam

LIAM

Quando me imaginava declarando meu amor á Eve, pensava que seria o dia mais feliz da minha vida, que ela reagiria como nas cenas típicas de um filme romântico. Que ficaria surpresa, mas então se declararia também ou que aceitaria meu amor com um sorriso e lágrimas nos olhos, porque minha declaração seria tão linda que a deixaria emocionada.

Imaginei que pudesse ter sido em uma data comemorativa, talvez quatro de julho, na beira de um lago ou da praia onde poderíamos ver os fogos, e que nosso primeiro beijo fosse durante a queima deles. Eu sorriria para ela e olharia em seus lindos olhos e lhe diria o quanto esperei por aquele momento.

Eu seria o homem mais feliz do mundo neste dia, e faria questão de todo o ano comemorar essa data. Lhe acordaria pela manhã de cada ano com beijos e um café da manhã feito por mim, por mais que eu fosse horrivel na cozinha, ela sorriria e diria que estava delicioso, então eu lhe beijaria novamente só para depois descobrir que o café estava sem açucar e as torradas passadas demais, mas que ela simplesmente comeria tudo sem reclamar.

Porque é assim que Eve é. Ela é gentil, e não costuma reclamar das coisas, e isso é uma das coisas que aprendi a amar nela. A primeira foi quando escutei sua voz pela primeira vez naquela cafeteria.

Eu já havia a visto outras vezes ali, mas nunca tinha falado com ela, ou me aproximado o suficiente para ser notado pela garota que sempre se sentava no mesmo lugar e pedia o mesmo tipo de café, e jamais, jamais olhou em volta para ver se alguém a estava observando. Talvez se ela tivesse feito isso, teria visto que eu sempre ficava a encarando durante todas as duas horas que ficava lá naquele canto em seu lugar favorito.

Aquela cafeteria se tornou uma rotina para mim por um bom tempo, até que um dia eu decidi me sentar na sua mesa antes de você chegar, e foi a melhor ideia que já tive desde a primeira vez que botei meus olhos nela.

Lembro-me de ver sua reação quando me viu em seu lugar favorito. Ela fez uma careta, mas então se aproximou e falou comigo pela primeira vez, e eu quase sorri por finalmente ouvir sua voz. Era suave e doce, assim como seus olhos.

Aquele dia eu quase não me aguentei de tanta felicidade. Cheguei em casa sorrindo e falei para minha mãe que eu havia falado com a garota da cafeteria e ela foi amorosa e me disse que eu deveria me sentar mais vezes com ela e conversar um pouco, mas eu ficava com tanta vergonha de falar com Eve, que tudo o que eu conseguia fazer era ficar lá sentado fingindo ler o livro em minhas mãos e de vez em quando roubava um ou dois olhares dela.

Até que um dia seu comentário sobre um livro me fez ter a coragem sufiente para falar com ela, pois eu simplesmente não conseguia concordar com sua observação. E quando eu discordei, ela abaixou o livro e me olhou e rebateu o que eu disse, e foi divertido. Eu queria que ela continuasse falando comigo, então continuei a falar sobre o livro. Entramos em um diálogo tão confortável que ela se esqueceu de seu café e quando foi finalmente tomá-lo já estava mais do que frio, o que a fez comprar outro, e assim eu tomei coragem e lhe sugeri que talvez devêssemos começar a ler livros iguais para debatermos juntos ali.

Eve aceitou, e assim se seguiu nascendo essa amizade entre nós.

Quando a levei pela primeira vez em minha casa, minha mãe ficou eufórica, e decidiu que queria fazer uma comemoração e fez um bolo de chocolate e sua reação foi tão alegre que não pude deixar de amar aquilo. Minha mãe simplesmente amou Eve, gostou de como ela era e depois disso me fez prometer que namoraria com aquela garota que entrou pela sua porta e conquistou seu carinho.

Lembro-me de dizer que sim. Mas não foi tão fácil como eu achei que pudesse ser.

Então meu pai conseguiu uma vaga na minha universidade com sua bolsa, e eu podia ver sua felicidade escorrendo por todos os cantos. Eve prometeu ao meu pai que seria a melhor, e cumpriu tudo o que prometeu, tanto que hoje está trabalhando na melhor empresa do estado.

Eu estava feliz e satisfeito com sua amizade. Éramos somente nós dois por um bom tempo até que ele apareceu na sua vida e roubá-la de mim. Então as horas que tínhamos durante os intervá-los, já não tínhamos mais, e eu a via as vezes e ela sempre estava com Devon.

Foi só aí que eu percebi o que estava acontecendo comigo, eu não estava apenas encantado pela garota que conheci, eu estava apaixonado por Eve e ela nem percebia isso, mas Devon sempre notou, e era por isso que me mantinha o mais longe possível da minha amiga, e implicava comigo.

Por um bom tempo ficamos nos vendo apenas algumas vezes na semana, até o dia em que ela apareceu na minha casa chorando dizendo o quanto seu namorado idiota foi indiferente em dizer que eles não estavam mais dando certo. Eve chorou nos meus braços e disse que não queria mais seguir em um relacinamento onde o cara que ela amava ignorava seus sentimentos e não mostrava remorsos.

Eu nesse dia fui o melhor amigo que ela precisava. Escutei tudo calado enquanto colocava tudo para fora, e quando finalmente dormiu nos meus braços, foi que notei que nunca havíamos ficado tão próximos como estávamos naquele momento.

Fiquei olhando para seu rosto por quase uma hora até finalmente cair no sono também.

Não lembro o momento em que comecei á amá-la, mas quando percebi botei na cabeça que conquistaria seu amor, e então veio a separação dela e de Devon. Fiquei feliz e triste, porque ela estava sofrendo.

Fiz de tudo para não deixá-la pensar nele, mas o infeliz sempre aparecia para tormentá-la e eu vi aos poucos minha amiga deixar de amá-lo a passar a ter receio e medo. Aonde ela ia, Devon dava um jeito de aparecer e estragar nossos dias, e foi uma tortura constante.

Eu a amei em silêncio em todos esse momentos, fui tudo o que ela precisava, ou até mais. Fui paciente e compreensivo. Fui seu porto seguro até que ela o notou, Seth e mais uma vez me vi perdendo sua atenção.

Tentei fazê-la notar meus olhares, tentei ser mais ousado apesar de saber que não foi o suficiente.

Então eu descubro de maneira brusca e inesperada que ela esteve mais cedo trocando beijos acalorado com ele no meio do campus sobre os olhares de toda a universidade. Quase não fui capaz de ter minhas aulas em paz.

Eu estava tão mortificado que ela nem se quer teve coragem de me contar que estava em algo com ele. Que me permitiu chegar perto de beijá-la mais de uma vez.

Quando saí da universidade, tudo o que eu pensava era em como estava doendo saber seu segredo por outras pessoas, mas não é só isso. Eu estava sofrendo, sangrando por dentro, antes mesmo chegar até ela e ouvir suas palavras, e vê-la escorrer por minhas mãos mais uma vez.

Ouvir sua declaração rasgou o inferno dentro de mim. Eu queria chorar bem ali na sua frente, e queria segurar seus ombros e gritar com ela por ser tão cega, então quando aquelas palavras saíram da minha boca e vi sua reação. Eu simplesmente não poderia mais continuar com aquilo, que não podia mais encará-la nos olhos e ver pena neles, e o quanto ela estava se sentindo mal por me fazer sofrer.

Então eu fui embora, porque é a única coisa que posso fazer e que está ao meu alcance, e agora estou entrando em um avião com destino para Londres, pois decidi aceitar o pedido de meu pai em trabalhar por um ano fora do país em sua mais nova empresa que abriu recentemente.

Minha mãe não ficou contente, mas também não me impediu, e eu não tive coragem de dizer á ela que eu e Eve não estávamos nos falando mais. Mamãe ama muito Eve para que eu estrague suas relações por causa de um amor não correspondido.

Neste momento quem está indo embora, não é o amigo chateado, mas sim um homem de coração partido que não teve nem a chance de se mostrar bom o suficiente para sua amiga. Eu deixo os EUA sem data de volta e sem deixar esperanças de que um dia voltarei ser o amigo que a Eve teve. Deixo o meu país para sofrer longe, e poder esquecer o amor não correspondido.

Olho uma última vez para a cidade onde fui criado e cresci, e então entro no avião com um adeus silencioso á mulher que um dia amei em segredo.