História Severo Snape e a Lufana - Capítulo 79- Herança

Hogsmead, Casa Severo, Eileen e Lupin, Algum lugar da Escócia.

Severo acordou com um brusco empurrão em seu rosto, ele abriu os olhos assustado e bufou ao notar um pé pequeno e rosado que estava chutando seu rosto.

Ele tentou se mexer mas Salem estava dormindo sobre seu peito e não parecia disposto a acordar e sair dali.

Ele elevou o olhar e viu Lupin dormindo encolhido no sofá.

Eles ficaram conversando até tarde da noite, Eileen os acompanhou na conversa, conhecendo melhor Lupin e interagindo com Severo e Elisa. De alguma forma ela parecia feliz de ter Lupin ali, assim como ele parecia estar gostando da companhia deles e de fazer parte daquela família.

Embora tivessem a mesma idade, Severo observou que Lupin parecia mais novo e indefeso durante o sono.

Elisa voltou a chutar seu rosto se remexendo em seu sono, ele bufou e se perguntou como ela conseguia se mexer tanto enquanto dormia.

Com cuidado ele conseguiu se levantar, Salem miou mau humorado, deitou sobre o rosto de Elisa e voltou a dormir.

Severo usou o banheiro e foi até o quarto de Eileen, ainda estava cedo e o silêncio predominava na casa.

Ele olhou para dentro do quarto que estava com a porta entreaberta, estava escuro e silencioso e ele pensou que ela ainda estivesse dormindo.

-Bom dia.- Ela disse de sua cama, Severo se assustou, pego de surpresa.

-Bom dia, sinto muito não quis te acordar.-Ele sussurrou baixinho.

-Eu já estava acordada, você precisa de alguma coisa ?-Ela perguntou serenamente, se preparando para levantar.

-Não, na verdade perdi o sono. Só passei para ver como você estava.- Ele respondeu entrando no quarto.

-Preocupado ?-Ela perguntou dando espaço para ele se sentar na cama, Severo suspirou pesadamente, em algumas horas eles estariam de volta em hogwarts e ele logo começaria a preparar a poção para Lupin.

-Muito.-Ele respondeu com os ombros curvados, sem se dar conta ele acabou deitando ao lado dela, inconscientemente em busca de conforto materno.

-Vai ficar tudo bem, Remus está muito ansioso e confiante, ele me contou o quanto te admira.-Eileen passou a mão pelos cabelos do filho com ternura, ela não demostrou mas estava emocianada, pela primeira vez em muito tempo ele entrou em seu quarto sem pedir licença e deitou em sua cama sem cerimônias ou desconfortos.

-Vocês conversaram muito ?-Severo perguntou observando o brilho dos olhos dela no escuro.

-Sim, ele é um garoto gentil, mais gentil do que eu poderia imaginar.- Eileen respondeu baixinho.

-Isso é verdade, sei que ele está feliz de estar aqui.- Severo disse fechando os olhos, Eileen continuava acarinhando seus cabelos. 

-Sobre a adoção... Sinto muito não ter falado com você antes, você se revoltaria se visse o tamanho do descaso do ministério com o Remus, a funcionária mal o olhava e seu guardião legal não sabia o nome dele, eles nunca haviam se visto pessoalmente nesse um ano que ele esteve sozinho.-Eileen disse baixinho, Severo pode sentir a fúria das palavras dela.

-Eu não me importo, nunca tinha pensado em ter irmãos, além de Eva é claro, acho que ter um irmão como Lupin não será tão ruim.-Ele disse bocejando, ele estava estranhamente leve e confortável com aquela intimidade entre eles, na verdade ele sentiu aquilo era o que seu corpo físico, espiritual e mental vinha pedindo há muitos anos.

-Eu te admiro por isso, acho que fez a coisa certa, ninguém teria feito por ele o que você está fazendo.- Ele disse a abraçando, Eileen enrijeceu, lágrimas de emoção caíram de seus olhos e ela ficou sem reação.

-Tem algo que eu já deveria ter dito, mas não me sentia confortável de dizer... Eu fui um tolo por muito tempo.-Ele disse baixinho, Eileen retribuiu seu abraço e apoiou o queixo no topo da cabeça dele.

-Então diga.- Ela disse baixinho feliz, tão feliz que tinha vontade de sorrir, não, gargalhar para extravasar aquele estranho sentimento de felicidade que há tempos ela não sentia.

-Eu te amo... Mãe, eu te amo.- Ele disse sentindo os olhos se encherem de lágrimas, um grande peso foi tirado de seu peito e ele sentiu que poderia repetir aquelas palavras mil vezes sem se sentir constrangido ou desconfortável com aquilo, como se a barreira emocional que existia entre eles tivesse se dissipado. 

Eileen começou a chorar, chorar de soluçar, Severo se surpreendeu.

-N-não era pra você chorar, por favor não chore.-Ele passou a mão pelo rosto dela limpando as lágrimas, Eileen o abraçou ainda mais forte.

-Eu pensei que nunca mais em minha vida eu seria capaz de me sentir feliz, verdadeiramente feliz, e você acabou de mostrar que eu estava errada.-Ela disse emocionada, Severo deixou que ela chorasse e permaneceu quieto, deitado nos braços dela até adormecer novamente.

Ao abrir os olhos, Severo procurou por Eileen que já não estava mais ali, ele sentiu cheiro de ovos, bacon e café e pensou que Elisa estaria fazendo o café da manhã. 

Ele usou o banheiro e desceu as escadas e arqueou uma sobrancelha ao ver Elisa dormindo de bunda pra cima e roncando, Salem dormia em cima da cabeça dela á fazendo de travesseiro, se não era Elisa, só poderia ser Lupin.

Ele pensou ao observar que Lupin não estava mais no sofá, mas ficou surpreso ao entrar na cozinha e encontrar Eileen sorridente, com um vestido florido e os longos cabelos negros soltos.

-Bom dia, novamente.- Ela disse com um sorriso tão bonito que ele ficou sem ar.

-O-o ... quem é você e o que fez com a minha mãe ?- Ele perguntou desconfiado e quase petrificado de choque e surpresa, Eileen riu, ela estava com um ótimo humor.

-Gostou ? Não é o visual que eu usaria para sair, mas me pareceu adequado para o primeiro café da manhã com meus dois filhos e nora.-Ela disse ruborizando.

-Acho que ficou perfeito.-Ele respondeu ainda visualmente confuso, Eileen geralmente só usava os cabelos presos e vestes mais escuras e formais, vê-la assim causava um pouco de confusão em sua mente.

-Obrigada, tirei o do de folga para ficar clm vocês mais um pouco.-Ela respondeu feliz, tirando bolinhos do forno.

-Bom dia.-Lupin apareceu na porta da cozinha com uma rosa nas mãos.

-Pra você ...-Ele ficou vermelho ao entregar a flor colhida do canteiro do vizinho para Eileen.

-Bom dia, obrigada, tenho certeza que a velha Mafalda não sentirá falta de apenas uma rosa.- Eileen disse com um sorriso, mostrando que sabia de onde tinha vindo aquela rosa.

-Ela me deixou pegar uma, em troca de ajudá-la a regar seu jardim.-Lupin disse gentilmente.

-Que graça, você não precisava se preocupar ..-Eileen disse emocionada. 

-Venham, sente-se, os bolinhos estão quentinhos.-Ela chamou os meninos que já eram bem mais altos do que ela e mesmo assim ela ainda os enxergava como crianças.

Severo e Lupin se sentaram e conversam sobre a estranheza da nova condição de irmãos, Eileen foi até a sala e voltou quase que arrastando Elisa que estava com um topete, a franja dela estava pra cima por causa do suor de ter Salem dormindo em seu rosto.

-Bom dia...-Ela disse bocejando e sentando entre Lupin e Severo.

-Bom dia.- Ambos responderam juntos.

-Eill você está linda, o que está acontecendo aqui ?- Elisa perguntou chocada ao ver Eileen e mesa do café da manhã bem posta. 

Lupin deu risadinhas para o cabelo de Elisa que estava engraçado. 

-Apenas um café da manhã em família.-Eileen respondeu ajeitando a franja de Elisa.

Eles tomaram café da manhã e ficaram até quase a hora do almoço sentados há mesa conversando e rindo.

-Eu vou tomar banho primeiro, tudo bem por vocês ?-Elisa perguntou para Severo e Lupin, logo eles teriam de ir para Hogwarts.

-Pode ir Lizy.- Severo respondeu apertando a bochecha dela.

Elisa ruborizava violentamente sempre que olhava para ele, ela não conseguia deixar de lembrar o que tinha acontecido no dia anterior, Severo percebeu, Eileen e Lupin também  perceberam a vermelhidão do rosto dela, mas não desconfiaram de nada.

-Aproveitando que os dois estão aqui, quero falar com vocês.-Eileen disse seria.

Severo e Lupin a olharam sérios também.

-Isso é o testamento da minha família, tudo que eles tinham ficou para você Severo, por ser meu único filho.-Ela disse entregando o documento para ele.

-Acontece que agora Remus também é legalmente meu filho, e o nome dele automaticamente foi incluído no testamento,  descobri que todos os meus filhos seriam herdeiros, mesmo se eu tivesse três ou quatro, não importa quanto tempo se passasse, eles seriam incluídos no testamento.-Eileen disse cautelosamente, olhando para Severo.

-Sev eu não quero nada seu...-Lupin disse com os olhos azuis arregalados com medo que Severo pensasse que ele queria uma parte de sua herança.

-Eu já disse que não quero nada deles !-Severo jogou o testamento com desprezo sobre a mesa, Eileen suspirou e pegou o pergaminho e entregou para Lupin ler.

-Não é uma questão de querer ou não Severo, é de vocês, vocês usando ou não todo o ouro da minha família permanece existindo, não faz sentindo não usá-lo.-Eileen respondeu seria, encarando de volta o olhar mau humorado do filho.

-Lupin pode ficar com tudo se quiser.-Severo deu de ombros.

-Eu não quero nada, na verdade não sei do que estão falando...-Lupin disse se esquivando daquela responsabilidade.

Eileen suspirou impaciente e arqueou uma sobrancelha.

-Acontece que ter meu nome não é o suficiente, aquele maldito que se dizia meu pai enfeitiçou o testamento, só um verdadeiro Prince pode tocar naquele dinheiro...-Ela explicou enquanto prendia o cabelo em um coque baixo.

-Já disse que eu não quero.-Severo bufou.

-Eu ainda não terminei !-Eileen o repreendeu.

-Como eu disse, Remus também é meu filho, e precisa poder acessar sua parte.-Ela disse com tom autoritário e convicto.

-Mas se ele não tem seu sangue ...-Severo começou a dizer com a testa franzida em confusão, mas logo deduziu aonde ela queria chegar, Lupin ainda parecia assustado, confuso e prestes a sair correndo ao ler seu novo nome naquele pergaminho. 

-Exatamente isso Severo.-Eileen disse percebendo que o filho havia entendido o que ela estava dizendo.

-Isso é perigoso ...!-Severo disse perplexo.

-Não se soubermos como fazer, e eu sei !-Eileen respondeu.

-Desculpe, mas não estou entendo do que vocês estão falando.-Lupin disse sem graça, constrangido e desconfortável com aquela situação, mal entrara para a família e já estava envolvido em uma discussão sobre herança. 

-Ela quer fazer um laço de sangue.-Severo respondeu sem tirar os olhos da mãe.

-O que é isso ?-Lupin perguntou confuso, nunca havia ouvido falar em nada parecido. 

-Explicando de forma preguiçosa, ela irá fazer um feitiço de ligação de sangue entre vocês, o sangue que corre nas veias dela passará a correr nas suas veias também.-Severo explicou sem expressão, Lupin pigarreou, ele ainda não tinha entendido muito bem, nunca havia ouvido falar em nada do tipo.

-Isso é possível ?!-Ele perguntou intrigado e perplexo.

-Sim, que se tem conhecimento apenas duas vezes esse feitiço foi usado, a primeira vez por seu criador e a segunda por uma bruxa que adotou um bebê trouxa e usou esse feitiço para proteger a criança do ministério.- Eileen disse seria, com os braços cruzados.

-Então eu vou deixar de ter o sangue dos meus verdadeiros pais, é isso ?-Ele perguntou intrigado.

-Não, digamos que ficaria meio a meio.-Eileen respondeu.

-Olha, eu realmente não quero nada do ouro do Sev...-Lupin disse muito desconfortável.

-Estou pensando no seu futuro Remus, seus pais não deixaram nada para você, a poção do Acônito não cura a licantropia, você sabe. Temo que não consiga bons empregos após se formar, o mundo bruxo está prestes a entrar em guerra... Eu não vou viver para sempre, preciso deixar os dois encaminhados.-Eileen respondeu seria, deixando claro pelo tom que não aceitaria uma resposta negativa. 

Severo ponderou as palavras da mãe e se perguntou se era esse o significado de ser pai ou mãe, ela mal se tornara mãe de Lupin e já estava preocupada com o conturbado futuro que ele teria sendo um lobisomem.

-Eu aceito.- Severo disse forçando indiferença, ele sabia que Lupin não aceitaria se ele não aceitasse.

-Sev eu não quero ser um problema ...-Lupin disse o olhando nos olhos.

-Você é meu irmão, não é ? Seu futuro também é problema meu.- Severo disse convicto.

Eileen pousou a mão no ombro de Lupin o acalmando.

-Não se preocupe, vai ficar tudo bem.- Ela disse com um sorriso.

Elisa estava sentada do lado de fora da cozinha, dando privacidade para aquela conversa de família. 

Ela ficou aflita, conhecia esse feitiço e sabia que só havia sido feito duas vezes porque todos os outros bruxos que tentaram morreram tendo todo o sangue do corpo drenado.

Ela sabia que Lupin não corria risco, Eileen é quem estaria em perigo se isso desse errado. 

Quando Lupin e Severo foram se arrumar e pegar suas coisas Elisa conversou com Eileen que se surpreendeu dela conhecer aquela magia.

-Não se preocupe Elisa, Dumbledore irá me auxiliar.-Eileen disse a acalmando, com um olhar sombrio que não passou despercebido por Elisa.

Quando tudo estava pronto, eles se despediram e foram caminhando até onde os alunos pegavam as carruagens que os levariam até a escola. 

-Lizy !-Alice gritou animada acenando para Eles, Frank sorriu e acenou também.

Lupin, Severo e Elisa estavam muito preocupados, mais um ano se iniciava, com boas mudanças, mas com muita tensão no ar.

Além de tudo isso, Lupin se perguntou como explicaria tudo isso para os marotos e se eles aceitariam ser amigos de Remus John Prince Snape Lupin.