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História Shingeki no Kyojin - A Grande Guerra Titã. - Os segredos de um homem.


Escrita por: Sevenhj

Capítulo 52 - Os segredos de um homem.


O fim de um ciclo é o início de outro, e a tendência é que isso seja eterno.

Ellie estava suando frio, a garganta seca e o corpo machucado. Acima de si havia a carcaça de um titã estranhamente familiar, protegendo-na dos inúmeros detritos que agora eram suportados nas costas do monstrengo.

O oxigênio estava limitado, por isso se arrastou até o único ponto onde a luz saia, entre pedregulhos e pilastras derrubados. Suas mãos estavam tão... pequenas, seu corpo tão frágil e um sentimento de vazio cobria-lhe todo peito, mas tinha que continuar avançando.

Rastejou em direção à luz, até que viu o que havia lá fora: destruição, sangue, gritos e chamas na medida que os soldados marchavam. Os olhos foram esfregados na tentativa de se adaptar a luz do sol, mas fraquejou.

— Venha! — Uma voz feminina gritou. — Venha, venha!

Olhou para aquela pessoa, e mais uma surpresa; a moça que a chamava... era a própria Ellie.

E eis a pergunta, "então quem sou eu?"

Ellie acordou daquele transe maldito suando frio, ofegante e com a mão no peito. Seu pai, Roy, tomou um susto, mas a acolheu nos seus braços com um sorriso gentil. Ainda a tratava como o bebê que carregou no colo, mesmo reconhecendo que certamente levaria uma surra caso a desafiasse.

— Está tudo bem? — indagou Roy, com um sorriso de canto — É... acho que não.

— Não se preocupe, foi só um sonho. — Ellie não tirou a mão do peito, que batia acelerado. Aos poucos a dor que sentira foi sumindo, dispersando.

— Entendi. — O semblante de Roy mudou subitamente, virando o rosto pro lado e causando o erguer de uma sobrancelha da Solastra, interrompida antes mesmo de começar a falar — A família Erigon atendeu ao nosso chamado. Se vista adequadamente, por favor.

Ellie não respondeu, mas não gostou daquilo. Aquele jeito lembrava e muito o seu pai de um ano e meio atrás: um homem que não tinha peito para olhar para própria filha, mas que aprendeu com seus erros e se redimiu. Mas, por que agora? Tão de repente?

Dylan Becker fumava calmamente durante sua passada na cidade de Valle, como se estivesse de viagem. Ao fundo, o som de um dos superiores gritando com um soldado porque ele pegou uma porção maior de ração do que deveria, mesclado aos gritos de fúria do próprio Azulon com sua incapacidade de recolher uma caça frutífera – impedida pelos soldados Gestova que circulavam pela floresta.

Sim, um cenário caótico, imprevisível e com um futuro duvidoso, mas Dylan realmente não estava naquele mundo. Parecia despreocupado, distante, e isso despertava a atenção de Thomas, que se senta ao seu lado oferecendo um pedaço de pão. Dylan recusa.

— Seu olhar de peixe morto não me incomoda, mas o fato de nosso único titã útil não parecer ter perspectiva de vida é preocupante pra qualquer um. — Thomas disse, despertando um sútil olhar de canto do barbado. Tirou um maço de cigarro do bolso e pediu um isqueiro para o loiro, que entregou-lhe imediatamente. — Você não parece que quer lutar, e eu sei porquê. Todos sabemos.

— Esta guerra não é minha, é de meu pai. Tudo que estou fazendo é emprestar minha força para ele, afinal, ainda é minha família - e de certa forma, meu superior. — Dylan voltou a olhar o nada.

— Não é sua, mas vai ser a do seu filho, não é? — Finalmente arrancou um olhar de curiosidade do Bestial — Meu pai foi Ivar. Já ouviu falar dele? Lutou bravamente junto aos guerreiros de Marley, provavelmente já chutou alguns de seus antepassados. Ele foi um grande líder, eu queria ser como ele. Mas não fui. — Thomas deixou um sorriso bobo escapar do canto de sua boca, tragando a fumaça do cigarro — Helos surgiu repentinamente, mais um refugiado de sabe-se lá onde. Aos poucos virou um guerreiro e líder com muito mais potencial do que eu, e sinto que meu pai foi inteligente em entregar-lhe o bastão. Eu não tenho preparo para lidar com esse fardo, e esta decisão me permitiu poder fazer minhas próprias escolhas. No final, acabei aqui de qualquer forma, liderando um bando de desabrigados ao lado dos homens que mataram meu pai e estupraram meu povo.

Thomas parecia nostálgico, mas não conseguia disfarçar os genuínos sentimentos de ódio contra os Eldianos, algo que se replicava, inclusive, entre os próprios soldados. Preconceito, tá aí mais alguma coisa nutrida de geração por geração, entregue do pai para o filho. Isso é um ciclo, o ciclo de ódio e intolerância.

— Seu pai foi morto na Revolta de Strogobor, em 737. Pisoteado por Reyo Manifield, a Titã Fêmea da época. Foi um homem razoável. A informação de que você é filho de Ivar realmente é uma surpresa para mim, já que ele era loiro.

— Meu filho pensa que estou cuidando dos negócios da família. Acha que somos sapateiros. — Thomas deixou mais algumas risadas escaparem, nostálgico. Seu filho o espera em casa. — Eu nunca vou permitir que ele saiba que estou tampando o buraco que Helos deixou. Não vou deixar que saiba que luto numa guerra que sei que não posso vencer, porque aí sim estarei nutrindo mais ódio, gerando um novo ciclo. — Thomas curvou a coluna, olhando fixamente para Dylan — Acabar com esta guerra é meu único objetivo. Eu o odeio, Dylan. Odeio cada um dos eldianos. Odeio seu pai, que me olha torto sempre. Odeio Aldrich e aquela pose de príncipe mimado, e até mesmo Emma tá parecendo com uma eldiana nos últimos dias. Mas eu não tenho opção, eu sigo aqui porque sei que o único jeito de derrotar o diabo é usando seus próprios demônios, coisa que Helos não conseguiu entender.

Dylan fitou o homem de volta, e logo suspirou fundo. Jogou o maço de cigarro acesso contra o chão e o esmagou, até que fosse apagado. Se levantou, ergueu a cabeça e disse:

— Sim, agora você se parece com seu pai.

E simplesmente foi embora. Thomas e Dylan lutam pelo mesmo objetivo: um mundo melhor para seus filhos, sem ciclos, sem guerras, sem mortes. Mas mesmo tão parecidos, ainda parecem opostos, distantes.

Qual a real intenção de Dylan Becker, afinal?



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