História SLAVE TO LOVE - Cotidiano

Cotidiano 

MARIANNE 

Essa licença que tirei do escritório, para ficar com Chris depois do que nos aconteceu, foi providencial.

Pude cuidar dele, apesar de sua recusa e sua insistência em parecer autossuficiente o tempo todo. Aprendi detalhes de sua rotina e como ajudá-lo com mais eficiência. 

Nós nos aproximamos mais como casal, inibições ficaram pelo caminho. E foi maravilhoso descobrir, que meu amor reage a um simples toque meu. Assim, como eu à ele.

Mas fomos além, organizamos nossa rotina também. Afinal, a vida, infelizmente, não se resume a amor e uma cabana.

Chris entrou em contato com os representantes da joalharia e depois de uma reunião longa e tensa, conseguiu uma proposta para continuar trabalhando em casa, porém, não como designer sênior. 

Me senti culpada, mas ele me tranquilizou quanto à essa escolha e fez questão de sair para jantar em comemoração. 

Quanto à mim, passei a pegar mais projetos particulares e contar com a ajuda dele para desenvolve -Los. Nossa sincronia era perfeita e logo tivemos que usá -la, para ajudar um amigo.

Quando Colin e Maya terminaram, ele procurou Chris em busca de uma dica de apartamento e no fim acabamos nos envolvendo no processo todo, da compra até a decoração. 

Chris tentou fazer com que ele se abrisse, mas Colin preferiu se manter discreto em relação à situação e nós o respeitamos. Principalmente, depois que descobrimos, que Maya e Julian estavam juntos. 

Apesar de desejar a felicidade do irmão, Chris não me pareceu contente com a situação no início. E eu só queria a felicidade de Maya e de Julian também. 

Aliás, hoje nós os receberemos para jantar e fiquei incumbida da lista de compras. 

Christopher tinha preparado um cardápio simples e delicioso, que incluía um prato de massa para agradar ao irmão, carne vermelha para si mesmo e doce para mim e Maya. Contudo, ele ainda não parecia, completamente confortável em relação a esse namoro, o que me deixava intrigada.

Depois das compras feitas e da briga com o trânsito frenético, sim estou dirigindo, cheguei exausta em casa. 

Louca por um beijo do meu anjo e por um banho, deixei as coisas no balcão e fui direto atrás dele no estúdio, onde passava boa parte do seu tempo. 

- Amor ... cheguei.

Ele estava tão concentrado desenhando, que não me ouviu. Parei próxima ao batente, observando o que parecia ser um medalhão com um brasão antigo, com certeza não era o tipo de jóia que ele costuma desenhar. 

Quando terminou, fechou os olhos e massageou a nuca, aliviando a tensão. 

- Oi. Dia difícil ? – questionei me aproximando lentamente para não assusta -lo.

- Ah ... oi, amor. – disse surpreso – Não, foi bem produtivo até ... mas de repente, me veio uma vontade incontrolável de desenhar, junto com uma dor de cabeça e, enquanto não terminei esse desenho não passou. 

Fiquei olhando para ele, sem saber o que dizer. Talvez, Maya tivesse alguma explicação para isso.

- Realmente, estranho. E essa é uma peça antiga, com características de antes de 1780.- falei.

- Exatamente. – me abraçou – E o mais estranho, parecia que minha mão estava sendo conduzida, como se alguém estivesse desenhando no meu lugar. 

- Vamos perguntar à Maya ...

- Não !!! Deixa para lá !!! – me interrompeu firme. 

- Qual o problema, Christopher ?!

-  Não é nada, mas hoje não é o momento adequado para falar disso. – respondeu desviando o olhar.

- Ok. Vou tomar banho e já  desço para te ajudar com o jantar. – me soltei de seus braços bruscamente. 

- Mari, por favor, não fique zangada ...

- Eu não estou.

E virei as costas, indo para o quarto.

Porém, eu estou sim.

Estou por ele não me contar de fato, o que está acontecendo. 

Por estar sendo contrário ao namoro de Maya e o tão precioso irmãozinho dele. Qual o problema?  Ela não é boa o suficiente para ele ? Ambos são adultos, vacinados e responsáveis por suas escolhas. 

E se for por Colin, também me sinto triste por ele, mas é muito pior viver em um relacionamento onde não se é amado.

Quando cheguei à cozinha, ele já tinha adiantado boa parte do trabalho. Temperos já estavam cortados, a água da massa já estava fervendo e a sobremesa também estava na geladeira. 

- Uau !!! Eu demorei tanto assim no banho ?! – questionei admirada com tanta agilidade. 

- Não, meu anjo. – sorriu – Mas eu já tinha deixado a sobremesa pronta à tarde. Mousse de chocolate, é meio complicado e não quis correr riscos. 

- Hum, entendi. Bem, no que ainda posso te ajudar ?

- Que tal, antes de tudo me dando um beijo e ficando de bem de mim ?

- Ah, Christopher !!! De bem, sério ?! – disse rindo e me aproximando.

- É. Você fica me olhando, desse jeito, toda brava ... – foi me puxando pela cintura e me fazendo sentar em suas pernas – Fica aí, toda cheirosa e nem me dá um beijo, isso é pura maldade. 

- Ah, meu amor ... 

Eu não conseguia resistir aqueles olhos, aquela voz rouca e ao toque preciso. Quando dei por mim, estávamos nos beijando calorosamente, em meio às panelas. 

- Chris ... pára ... eles vão chegar e ...

Ele apoiou a cabeça na curva do meu pescoço, sua respiração ofegante continuava me excitando, porém, eu precisava ser racional ou não teríamos jantar.

Me levantei, arrumei a chemise que vestia e depois os cabelos revoltos dele.

- Vamos lá chef, faça sua mágica !!! – disse apontando para o fogão. 

Ele riu e me deu um tapa no bumbum, antes de voltar a se concentrar  nas panelas. 

Fui dar uma olhada na sala, ver se tudo estava em ordem e nisso o interfone tocou, com o porteiro anunciando a chegada de Julian e Maya. 

- Chris, eles estão subindo !!! – avisei, dando uma última olhada no espelho. 

- Ok. Estou terminando de selar os medalhões. E já vou para a sala.

Fui recepciona-Los e a felicidade que emanavam era contagiante. 

- Oi minha cunhada preferida !!! – Julian me cumprimentou com um beijo sorrindo e me entregou o buquê de flores do Campo que tinha trazido. 

- Nossa !!! Muito obrigada !!! – falei encantada.

- Oi Mari, eu trouxe uma sobremesa. Espero que não se importe. – Maya disse para mim, mas o recado era diretamente para Christopher que normalmente cozinhava. 

- Claro que não me importo, May !!! Para mim, quanto mais comida melhor. – respondi rindo, os acomodando na sala – E se for doce, então ...

Lambi os lábios,  fazendo os dois gargalharem com o meu ar maroto.

- E onde está  o chef de cuisine ?- Julian questionou irônico. 

- Aqui !!! Fui trocar  de camiseta. – Chris  cumprimentou Maya primeiro e depois Julian – Ninguém merece, saber o cardápio do dia  pela roupa do cozinheiro. 

- Não mesmo. – disse Julian rindo. 

Fui servindo às bebidas e logo passamos a conversar sobre trivialidades, porém, Maya parecia inquieta. 

E logo dei um jeito, de chama -la para ficarmos sozinhas.

Sentadas no meu quarto, fui direta :

- O que está te afligindo May ?

Ela retorceu as mãos, prendeu os cabelos em um coque frouxo e por fim, me encarou :

- Encontrei com Colin por acaso ...

- Encontrou ?! Onde ?! – interrompi afobada.

- Mari foi por acaso, em uma praça...

- Que foi por acaso, eu já entendi. – falei impaciente – Quero saber o que aconteceu ?!

- Então me deixe falar, Marianne !!! -  suspirou irritada e eu me calei, a incentivando com o olhar -  Nós esbarramos um no outro, nos desculpamos e quando ele percebeu que era eu, agiu como se estivesse diante da pior pessoa do mundo. Foi tão frio, Mari ...

A voz dela estava impregnada de dor e decepção. 

- Maya, mas o que você esperava dele ?!

- Eu ... Não sei !!! Mas tivemos uma história, oras !!! -disse irritada e confusa – Acho que mereço, mais do que frieza e desprezo. 

- Tudo é muito recente. – tentei acalma-la.

- Eu sei que ele ficou próximo de vocês, ele já está com outra ? Quer dizer, não me interessa ou melhor ...

- Senhoritas, o jantar está servido !!! – fomos interrompidas pelos rapazes.

E por sorte consegui disfarçar minha expressão embasbacada com a atitude dela.

O que estava acontecendo  ?!

Ela ama ou não ama, Julian ?!

Ao final do jantar, em que Maya parecia em outro planeta constantemente e deu até alguns foras durante a conversa, outra surpresa.  Mas esta muito agradável. 

Novamente o interfone toca e dessa vez, Chris atende e autoriza a subida de alguém, enquanto pego a bandeja com o café. 

- Que cheirinho maravilhoso, cunhada !!!

- Café fresquinho, feito à brasileira !!! Como você me ensinou, May ...

Se não fosse a agilidade de Julian, não teríamos café algum. 

Ao olhar para porta, meu coração quase parou e depois voltou a bater enlouquecidamente. 

- Mãe !!! Mamãe que saudade !!!