História Só Termina Quando Acaba - Você Quem É Difícil de Lidar

– Não entendo porque tanta implicância com seu sobrinho. – Kakyoin reclamou, enquanto enxugava suavemente os cabelos com a toalha na frente de um espelho. Dio ainda estava tomando banho em uma das cabines. – Quer trancinhas, também? Eu faço. E ainda ponho presilhas de coração, que eu sei que você gosta.

– Não é mera implicância. E pode ficar com essas tranças idiotas pra você. – Brando ergueu a voz, já que o barulho do chuveiro o calava. – Aquele garoto me odeia, e eu não estou brincando.

– Ele gosta de você, Dio. – O ruivo logo o respondeu, observando bem para que lado iria vestir a camisa. – O problema é você, não ele.

Ambos haviam deixado Diego – com a certeza irrefutável de que ele estava dormindo – sozinho no dormitório para poderem tomar um banho no banheiro coletivo do dormitório. Era um por andar, e abrigava cerca de seis pias, oito cabines de banho e dez mictórios e privadas. Por pura sorte, ambos o pegaram vazio naquela tarde. Kakyoin já havia se vestido, com uma calça jeans cinza escura, uma camisa preta e um suéter verde musgo com detalhes em losangos na frente, em virtude do dia frio.

Dio saiu da cabine já com as calças beges vestidas, enxugando o rosto e o cabelo.

– Acho que ele faz essas coisas porque quer sua atenção. – Kakyoin evidenciou, arrumando seus pertences metodicamente. Enquanto isso, Dio passava seu desodorante, olhando para Kakyoin como se ele fosse idiota demais para entender o que havia acabado de falar.

– Ele quer meu ódio. E, honestamente, está conseguindo. – Pôs o cilindro de metal em cima da pia com mais força que o habitual, logo pegando seu suéter azul marinho de frente lisa, se embaralhando na hora de vesti-lo.

– Só você mesmo, para ter ódio de uma criança de cinco anos. Ainda mais seu próprio sobrinho. – Kakyoin riu, ajeitando um pouco mais seus cabelos úmidos e os brincos de cereja. Dio penteava os seus para trás.

– Aliás, Erina está demorando. – Observou o rapaz. – Disse que voltava de cinco horas, e já são quase seis e meia.

– Deve ter encontrado alguma conhecida na rua e parado para conversar, ou ter pegado algum ônibus ou metrô errado. Sabe que sua irmã é meio atrapalhada para essas coisas. – Kakyoin deu de ombros. Três rapazes entraram no banheiro, fedendo a suor e grama. Certamente, alguns jogadores de futebol.

– Com o Caesar do lado? Acho difícil. – Dio desdenhou. – Ele pode ser um cabeça de vento como ninguém, mas sabe andar nessa cidade melhor que nós dois.

– É... Isso é verdade. – Kakyoin revelou, ficando levemente preocupado.

Logo, saíram do banheiro, voltando para o dormitório. Dio já esperava que seu quarto estivesse em chamas, completamente riscado com figuras grotescas, talvez fotos suas estivessem riscadas e com manchas estranhas, ou seu nome escrito de modo sugestivamente maligno nas paredes. Mas a única coisa que os dois encontraram foi Diego exatamente onde deixaram: no quarto do tio, dormindo de bruços, com a bundinha inconscientemente para cima, babando rios no colchão.

– Me diz: como uma criatura dessas pode te odiar? – Kakyoin sussurrou, fechando a porta do quarto do amigo cuidadosamente.

– Ah, claro que não vai te odiar. Não é no seu colchão que ele está babando nem o seu quarto que ele está dominando. – Dio deixou suas coisas na mesinha onde costumava deixar o celular carregando. Kakyoin fez a mesma coisa.

– Você às vezes é bem difícil de lidar. – Kakyoin revirou os olhos.

– Você diz isso agora. Deixe-o aprontar com você, também. – Dio bufou, incomodado.

– Ele não vai fazer isso. O tio dele está bem aqui. – Kakyoin sorriu, convencido. Dio revirou os olhos com desgosto. – Não podemos sair do prédio enquanto Caesar e a Sra. Erina não chegam. Quer jogar Mortal Kombat, para passar o tempo?

Brando deu de ombros, desinteressado.

– Por que não, não é?