Caesar abriu os olhos com uma vagareza dolorosa. A vontade de sair da cama era quase nula, e parecia assustadoramente maior quando percebeu que o dia iria esfriar.
Ainda estava exausto de ontem e sentia que não havia dormido o suficiente. No dia anterior, a srta. Erina havia apenas o chamado para sair – afinal, ela realmente era péssima com as direções – e ir fazer compras com ela. Segundo a própria, seriam apenas alguns doces para os três rapazes, um bolo, já que não havia trazido nenhum tipo – e ela odiava aparecer de mãos vazias –, e alguns ingredientes que ela justificou estarem faltando na casa da pessoa que ela está em estadia.
Em algum momento da conversa – cujo Caesar não se lembrava de exato qual –, ele mesmo mencionou que estava ansioso para os dias dos namorados e acabou entregando os planos dos garotos e seus para Erina. O que acarretou em sua visita nada planejada à papelaria, em busca de cartolina colorida, canetinhas brilhantes e outras coisas mais que ele nem sabia para que existiam.
Aliás, lhe foi informado que a loja estava aquela bagunça porque as pessoas tiveram ideias semelhantes às de Erina; e ainda era véspera da véspera do Dia dos Namorados. Esfregando o rosto, o italiano bufou a contragosto. Nem queria imaginar o inferno que aquele lugar estaria hoje.
Apenas conseguiu sentar-se na cama, tentando recobrar a consciência de que precisava se levantar, quando ouviu o celular tocando. Pegou o aparelho berrante com certa agressividade, não fazendo questão de olhar para o visor.
– Alô? – Ele saudou, entre um bocejo.
– Oh, vejo que acordei a Bela Adormecida. – Uma voz feminina riu, do outro lado da linha.
– Agradeça que foi a Bela Adormecida e não A Malévola, sua palhaça. – Caesar imediatamente a reconheceu. – Por que está me ligando a essa hora, Suzie? O combinado é de nove horas da manhã, não é?
– É, eu sei disso, Caesar. – O timbre dela ganhara sutis toques mais sérios. – Então me diga: por que já são quinze para as dez e você ainda não está aqui?
Aquilo foi o suficiente para que o loiro simplesmente arregalasse os olhos, espantando quaisquer resquícios de sono. Rapidamente, pegou uma muda de roupas limpas, enfiou-as numa mochila, assim como produtos de higiene pessoal, ao passo que procurava alguma camiseta e casaco para usar. Foi um malabarismo digno de aplausos, aquele – uma mochila nas costas, um telefone na orelha, enquanto vestia-se de uma calça jeans e um casaco ao mesmo tempo.
– Me dê trinta minutos! – Ele bradou ao telefone, deixando uma Suzie desistente e conformada. Caesar saiu de seu quarto parecendo um jato, correndo para o banheiro do dormitório. De lá, iria direto para o estúdio.
Dio estava lendo um romance renascentista na "sala de estar" quando o viu correndo, adoidado e descontrolado, para fora do dormitório. Hirtou uma de suas loiras sobrancelhas. Kakyoin, que estava conversando com Jotaro pelo celular, sorriu complacente. Bloqueou o dispositivo com cuidado e calmamente se serviu de uma xícara de café.
– O que foi isso? – Dio indagou, franzindo o cenho. Era algo extremamente raro ver Zeppeli acordar afobado, ainda mais atrasado. Tão raro que era digno de surpresa.
– Acho que tem a ver com o ensaio da Suzie. – Ele sorvou um pouco mais do café. – Ele realmente estava cansado. Sua irmã não brincou em serviço quando disse que iria usar ele.
– Ah, meu filho, a festa só está começando! – Brando riu com escárnio. Fechou o livro lentamente, lembrando-se do número da página, e assim levantou-se para guardar o exemplar. – Você vai ver ela abusar de nós dois hoje.
– Hm... Eu fiquei animado com a ideia dos envelopes. – Kakyoin sorriu, ansioso. – Quero fazer o meu com a cartolina verde, com a cola de glitter lilás. Se ela tiver, claro.
– Você e seu gosto excêntrico. – Dio revirou os olhos, aproximando-se do ruivo, que o recebeu com um sorriso traquino.
– Eu sou todo excêntrico, Brando. – Noriaki revirou os olhos, animado. E, antes que ele ou Dio dissessem mais alguma coisa, o celular de Kakyoin começou a tocar. Uma sinfonia sutil e álacre, tão amena quanto aquele fim de manhã. – Oh, é a sua irmã. – Kakyoin deslizou o polegar para a direita. – Alô, Srta. Erina?
– Ah, bom dia, Kakyoin. Eu acordei você? – A voz doce da mulher ecoou do outro lado.
– Não, de maneira alguma. Eu e seu protegido já estamos acordados faz tempo. – Kakyoin riu, olhando para Dio, que começava a preparar um café para si. O loiro gesticulou para que ele colocasse no viva-voz. Kakyoin assim o fez.
– E o Caesar? Eu quero fazer a confecção dos envelopes ainda cedo.
– Acho que o Caesar terá o dia ocupado hoje. – Não que realmente precisasse, mas o ruivo sentiu a necessidade de explicar. – Como ele trabalha como modelo no estúdio da prima, e hoje terá uma sessão para a coleção da Primavera, então... – Kakyoin levou os olhos ao calendário. – Isso, ele vai passar o dia todo fora.
– Ah, isso é ruim. Como é que vai ficar o envelope dele?
– Caesar não é exigente. – Dio quem se manifestou. – Podemos fazer o dele, sem problemas.
– Esse é o meu maninho! – Erina suspirou do outro lado da linha. Dio revirou os olhos, mas sorriu. – Estarei aí com vocês daqui a meia hora. Não me atrasarei!
Kakyoin rapidamente desligou o celular, olhando expectante para Dio, que entendeu o que ele estava pensando. Desdenhando a anuência, Brando deu de ombros, fazendo alguns barulhos murmurados.
– É, eu entendi. Ele vai ter que vir junto, né? – Dio resmungou, bebendo o seu café com cuidado, mas ainda assim, com um sorriso meramente bobo.
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