História Sob Estrelas (Happy Birthday Samatoki Aohitsugi - Imagine) - Capítulo Único;minhas amadas estrelas

— Ah! — Bocejou em alto e bom som enquanto esticava os braços e se espreguiçava com gosto, colocando um sutil sorriso em seu rosto logo em seguida. 

Após esticar o corpo com vontade, levou ambas mãos até a mureta de proteção que se encontrava nas laterais da alta ponte em se que encontrava, impedindo que qualquer pessoa caísse por acidente a metros de distância. Assim que pousou suas mãos na mureta de metal, aproveitou para apoiar o restante de seu corpo enquanto apreciava a bela vista da cidade grande. A ponte era uma das principais e ficava em uma altura considerável, proporcionando uma bela vista de Yokohama, os gigantescos prédios feitos de vidro e iluminados pela eletricidade interior brilhavam por toda a cidade, os inúmeros postes iluminavam as estradas e os caminhos dos pedestres, incontáveis carros atravessavam as ruas e passavam por de baixo da ponte onde se encontrava, e um mar de pessoas caminhava com passos apressados pelo local.  

Admirou-se ao ver um número tão grande de pessoas atravessando as calçadas com pressa, afinal, já era tarde da noite e imaginava que boa parte da população estaria em suas casas descansando, mas talvez essa não fosse a realidade para todos. A admirável paisagem formada por um conjunto elétrico formado por edifícios iluminados de cima a baixo, postes em todos os cantos imagináveis e os brilhantes faróis dos carros apagavam o delicado e cintilante brilho das estrelas que deveriam estar sob você, mas como de costume em qualquer cidade grande, não encontrava sequer uma única estrela, apenas um manto azul escuro iluminado pelas fortes luzes da cidade que apagavam até mesmo o brilhante luar da grande lua cheia que se encontrava no topo do céu, esquecida pela correria do dia a dia e obsoleta pelas luzes humanas. 

Enquanto observava as inúmeras pessoas que caminhavam de um lado para o outro como formigas da altura de onde estava, os fortes faróis dos carros que passavam pela estrada quase cegarem seus olhos e as fortes luzes da cidade grande lhe impedirem de admirar suas queridas e amadas estrelas, você soltava longos e pesados suspiros de forma desanimada, pegando seu telefone celular logo em seguida e encarando a grande fonte do horário no centro da tela, mostrando o que você já sabia: o tarde horário em que se encontrava. Havia ficado até tarde no seu emprego para terminar algumas coisas que precisavam ser feitas com urgência e quando menos notou, seu horário de partida havia passado a um bom tempo e assim que colocou seus pés para fora do grande edifício em que trabalhava, decidiu sair em passeio pela noturna cidade de Yokohama. 

Já fazia um bom tempo que se encontrava um pouco cansada e frustrada, sua nova rotina de trabalhar e trabalhar estava acabando com seus nervos e sua cabeça, então em vez de ir direto para casa para tomar um relaxante banho, comer alguma coisa gostosa e relaxar até dormir para então, voltar a sua rotina habitual, resolveu mudar um pouco e dar uma volta pelas ruas da cidade. Desde muito tempo você amava estrelas e por algum motivo, estava na expectativa de encontrar algum ponto que pudesse vê-las, mas após um tempo caminhando sem encontrar nenhuma, decidiu parar em seu ponto favorito: a ponte onde se encontrava. O local tinha uma boa altura e uma boa visão do centro da cidade e da chamativa roda gigante que atraía turistas o ano todo, então como não tinha acesso as suas queridas estrelas na cidade, deu-se por vencida a cidade grande, contentando-se com a vista brilhantes dos prédios e das pessoas. 

Pensou que talvez dar uma volta por Yokohama fosse lhe fazer bem, respirar e sentir sob a pele a deliciosa brisa noturna, admirar estrelas ou no devido momento: edifícios e mais edifícios recheados de pura eletricidade, ver todos os tipos de pessoas irem para os mais diversos tipos de direções e principalmente, espairecer sua mente cansada com o ambiente diferente do habitual, mas para sua decepção, esse sentimento durou pouco. Sentiu uma leve sensação de paz assim que saiu do edifício onde trabalhava, o ar frio e gostoso da noite limpar seus pulmões e alma, mas depois de um tempo, seus problemas voltaram a pesar em sua mente e agora se encontrava nesse mesmo local, encarando a grandiosa roda gigante de Yokohama, enquanto pensava consigo mesmo se deveria comprar alguma bebida e voltar ao seu passeio ou voltar para sua casa e sua cansada rotina, quando de repente, o celular em sua mão começou a vibrar. 

Assim que o aparelhou começou a se mexer levou um susto, mas rapidamente ele passou, chamando sua atenção. Olhou o familiar nome escrito em uma fonte alta na tela pequena de seu celular e deixou um bobo sorriso escapar em seu rosto cansado, lendo o nome de sua querida e velha amiga Nemu Aohitsugi surgindo na iluminada tela do aparelho. A garota era uma velha amiga sua de tempos antigos, haviam se conhecido quando ambas passavam por problemas e acabaram sendo o apoio uma da outra, tornando-se grandes amigas desde então, mas por conta da rotina uma da outra estavam se falando cada vez menos, não conseguindo se conter a felicidade ao receber uma ligação de uma pessoa tão querida, atendendo automaticamente e levando o aparelho até sua orelha. 

— Quanto tempo, Nemu! — Cumprimentou assim que colocou o telefone celular em sua orelha após atender, pronunciando cada palavra com um bobo sorriso no rosto enquanto encarava o céu escuro acima de você, não conseguindo conter a alegria de falar com alguém tão querida após tanto tempo — Como está? 

— É tão bom ouvir sua voz depois de tanto tempo. — A garota respondeu rapidamente em um tom animado assim que você terminou de falar, sentindo uma pontada de alegria e animação na voz alheia, mostrando que ambas estavam bem contentes por estarem se falando após um bom tempo — Eu estou bem e você? 

— Um pouco cansada por conta do serviço, mas tirando isso estou ótima. — Respondeu com seu típico tom com um pouco de animação na voz, deixando-se levar pelo momento enquanto aquele bobo sorriso continuava estampado em seu rosto, olhando o céu noturno com certa nostalgia — Faz um tempo que a gente não se fala, aconteceu alguma coisa. 

— Fico feliz em saber que está cansada, não que isso seja algo bom, quero dizer, no momento sim, mas... — Nemu começou a falar de um jeito nervoso em uma mistura de ansiedade em seu tom, enrolando-se com as palavras e na explicação, não conseguindo se expressar corretamente e arrancando outro sorriso bobo de você, notando que sentirá falta da personalidade da amiga — Não é nada disso, na verdade, o que eu realmente quero dizer, é se você pode passar aqui? 

— Como? — Perguntou confusa ao ouvir a pergunta repentina da garota, levando seus olhos em direção a grande roda gigante que brilhava mais ao fundo no cenário, fazendo você se perguntar o que estava acontecendo com Nemu que havia se perdido e se enrolado nas palavras, falado um monte de palavras sem sentidos para então lhe perguntar algo tão avulso — Você quer dizer agora? Não acha que está meio tarde? 

— Eu sei que está meio tarde e eu sei que você trabalha o dia todo, e foi exatamente por conta disso que te liguei a esse horário, pensei que talvez você só tivesse essas horas disponíveis. — A garota respondeu em seu típico tom delicado, sentindo pela forma que ela estava falando que estava tomando muito cuidado com cada palavra utilizada, tentando se expressar devidamente dessa vez — Se quiser, você pode passar a noite aqui, podemos fazer uma noite das garotas, e colocar a conversa em dia, enquanto comemos um monte de coisas gostosas. 

— Eu ando meio abatida recentemente, acho que pode ser bom passar um tempo me divertindo, além de fazer um bom tempo desde a última vez que saímos. — Comentou seus pensamentos em voz alta, olhando o vazio céu noturno com um olhar pensativa, enquanto levava a mão livre até seus cabelos, pensando se realmente deveria ir e aproveitar um tempo bom ou voltar para casa e se preparar para o dia seguinte — Mesmo assim, eu preciso acordar cedo amanhã e já está ficando tarde. 

— Vai ser só um tempinho, você mesmo disse que não anda muito bem, vai ser bom para sua saúde tanto física quanto mental se divertir com sua amiga. — Nemu disse com seu típico tom delicado e animado, notando uma pontada de ansiedade e animação em sua voz, sentindo que um certo alguém estava com segundas intenções nesse convite — Eu também tenho o direito de passar um tempo amigável com você, a gente não vai dormir tão tarde e você pode passar a noite aqui. 

— Eu também quero me divertir um pouco, Nemu. — Retrucou em um tom emburrado, fazendo um biquinho com os lábios e falando de forma manhosa de propósito, olhando os carros passarem por baixo da ponte onde estava com nostalgia nos olhos, divertindo-se com a situação — Faz um tempo que ando meio apática e estou com saudades de você, mas eu não estou em casa no momento e ainda tenho que me arrumar para amanhã. 

— Não está em casa? — A garota repetiu por impulso ao ouvir sua resposta, falando em seu típico tom curioso que tanto sentia falta de ouvir, realmente, tinha a impressão que fazia uma vida que não falava com ela — Onde está? 

— Naquela ponte com vista para a roda gigante de Yokohama. — Respondeu em seu típico tom, levando seus olhos imediatamente até a ponte citada, já imaginando a forma como essa conversa terminaria — Sabe, aquela com uma vista bonita que mostrai a você uma vez. 

— Eu sei qual é! — Nemu respondeu em um tom animado e alegre, lembrando-se do lugar descrito por você como se tivesse esquecido vagamente por um tempo, sentindo um toque de nostalgia na voz alheia, assim como seus olhos, podia ser apenas uma ponte, mas carregava boas lembranças — Então você está perto, deveria dar uma passada aqui. 

— Você quer mesmo que eu vá, hein. — Comentou em um tom sarcástico, apoiando o braço livre na mureta de proteção da ponte e erguendo o pescoço para encarar o escuro céu noturno, havia saído em um passeio após o emprego para arejar a mente cansada e esse convite era exatamente o que seu corpo desgastado precisava, mas conhecia a garota do outro lado da linha e sabia que alguma coisa além estava acontecendo, deixando-a relutante — O que você está aprontando? 

— Você precisa vir aqui para ver. — A garota respondeu em um tom travesso, dando uma risada sutil e gostosa do outro lado do telefone, fazendo você soltar um sorriso bobo ao ouvir essa risada que a tanto tempo lhe fazia falta, encarando nostálgica a roda gigante ao longe — Vamos, você não está longe, não vai levar nem mesmo vinte minutos para chegar aqui e não use o emprego como desculpa, você pode dormir aqui, eu empresto um dos meus pijamas. 

— Se eu me atrasar no emprego amanhã a culpa vai ser toda sua. — Retrucou em um tom brincalhão, soltando uma risada sutil enquanto sorria de orelha a orelha, observando as pessoas caminhando pela calçada lá em baixo — Eu preciso mesmo sair um pouco da rotina, acho que não vai me fazer mal ver minha amiga um pouco. 

— Não vai mesmo! — Nemu respondeu em um tom divertido, devolvendo a risada que você havia dado a pouco, fazendo um clima alegre e nostálgico surgir em meio à tarde noite, fazendo-a olhar meio cabisbaixa e saudosa para o nada, enquanto sorria abobalhada — Estarei esperando. 

Após Nemu lhe responder isso, a garota desligou sem pensar duas, sem nem mesmo lhe dar alguma chance de responder ou prolongar a conversa, deixando-a com um olhar a deriva enquanto olhava os carros passarem por de baixo da ponte com o celular encostado em sua orelha sem ouvir som algum. Deu um sorriso de canto abobalhado e nostálgico pela conversa que haviam tido, não haviam falado nada demais, mas por algum motivo, a nostalgia dos bons tempos estava no ar, deixando ambas com sorrisos bobos em seus rostos. Respirou fundo e guardou seu telefone celular no local onde estava até então, dando uma última olhada no cenário a sua frente antes de se retirar, a multidão de pessoas havia se dissipado e um número menor caminhavam pela cidade, os carros não pareciam diminuir nunca, enquanto aquelas fortes luzes vindas do prédios quase a cegavam de tão fortes que eram. 

Ficou um certo tempo admirando a paisagem da cidade grande que no início não gostava muito, não via nada demais em uma pilha de prédios feitos de vidros e cobertos por luz, mas conforme o tempo foi passando, acabou se acostumando com esse cenário, afinal, era o único que tinha para admirar já que todas essas luzes brilhavam com tanto afinco que faziam suas amadas estrelas desaparecerem no céu infinito. Achava irônico como uma paisagem essa paisagem urbana que tanto odiava transmitia um sentimento de conforto, olhar aquelas pessoas andando pelas ruas fazia você se lembrar que não era a única cansada pela rotina do trabalho e de alguma forma, sentia que esses edifícios de concreto lhe transmitiam o sentimento de reconforto, uma paisagem que não era ruim e que havia se tornado bela aos seus olhos, mas não chegam nem perto de um magnífico céu estrelado durante a noite. 

Como se estivesse se despedindo da paisagem, deu uma última olhada e um sorriso de canto em forma de despedida antes de se virar e caminhar em direção as escadas, rumo para bem longe desta ponte e a casa de uma certa amiga. Enquanto descia as escadas que ligavam o solo ao topo da ponte e deixava aquele grandioso cenário urbano de lado, começou a se perguntar o que Nemu estaria aprontando, estava se sentindo abatida a um bom tempo por conta do trabalho e esse convite era exatamente o que precisava, uma noite apenas para jogar conversa fora enquanto se divertiam como nos velhos tempos, mas por algum motivo, sentia que a garota estava aprontando alguma coisa. 

Enquanto se juntava ao grupo de pessoas que caminhava pela calçada que estava observando lá de cima, começou a se lembrar de quando conheceu Nemu, exatamente na época em que ambas estavam passando por problemas. A doce garota havia passado por problemas familiares com seus pais e seu irmão, e como ambas estavam desoladas, acabaram reconfortando e aconselhando uma a outra que com o tempo, acabou se transformando em amizade. Ambas não tinham muito com quem contar na época e acabaram sendo o apoio uma da outra, uma amizade consistente, sólida, sem segredos e que sempre apoiava uma a outra seja no que fosse. Os anos se passaram e vocês continuaram amigas, as rotinas diferentes acabaram afastando uma da outra, mas sempre achavam um tempo para conversarem ou saírem, mas de uns tempos para cá, andaram mais afastadas que o normal, na verdade, você meio que andava evitando a garota por um certo motivo. 

De repente, enquanto caminhava pelas calçadas da cidade, chegou aquela rua, exatamente aquela que odiava passar durante a noite, mas não via outras alternativas para chegar até a casa de Nemu, já que essa era a única passagem. A rua era extremamente cumprida, porém estreitas e diferente do centro da cidade, era muito mal iluminada e com poucos postes que mais ficavam apagados ou piscavam freneticamente, além do movimento ser praticamente nulo. Não via nem mesmo uma única alma viva no local, os postes piscavam sem parar, deixando-a mais no escuro do que em qualquer outra coisa, fazendo um arrepio descer pela sua espinha e um mal pressentimento percorrer seu corpo, ao começar a atravessar silenciosa e vazia rua no breu da noite. 

— Você quer ser presa? — Ouviu uma voz masculina, rouca e extremamente familiar ecoar em meio a silenciosa noite de forma lenta e sedutora, assim como uma grossa e larga mão tocar seu ombro, fazendo você dar um pulo. 

Ao ouvir familiar voz e sentir estranho toque, não pensou duas vezes em virar para trás e ver quem era tal pessoa, mesmo que seu coração estivesse batendo rápido e um calafrio tivesse descido pelo seu corpo em resposta ao medo. Assim que se virou, deparou-se com um homem alto de curtos cabelos castanhos arrumados perfeitamente com estreitos olhos e belos olhos verdes, trajava um belo terno negro com uma camisa escura e uma gravata preta, além de um par de luvas vermelhas e um óculos que combinava perfeitamente com seu perfil. Atrás do rapaz estava um homem ainda mais alto que ele, dono de curtos cabelos ruivos com finos e belos olhos azuis, trajava um uniforme militar junto de um par de luvas negras sem dedos e um colar de identificação típico de soldados. 

— Você está assustando ela. — O mais alto da dupla disse com seriedade em um tom grosso e profundo, enquanto levava uma mão ao ombro do colega, afastando-o de você. 

— Estou apenas cumprimentando. — O outro respondeu em um tom descontraído, retirando a mão de seu ombro e se afastando de você. 

— Jyuto, Rio! — Bradou de forma animada e aliviada ao reconhecer ambos, levando uma das mãos até o peito, sentindo-se mais calma ao notar que não era ninguém realmente perigoso, mas sim dois conhecidos e colegas seus — Já faz um bom tempo que não nos vemos, como estão? 

O policial trajando um chique terno era Jyuto Iruma e o sério rapaz em uniforme de soldado era Rio Mason Busujima, amigos e colegas do irmão de sua amiga Nemu, havia os conhecido através do irmão da garota, sendo eles os únicos colegas verdadeiros do rapaz e os únicos que a garota realmente confiava ao ver ao lado de seu irmão. Quase não falava com o irmão mais velho de Nemu e muito menos com Jyuto e Rio, mas de vez em quando se esbaravam pelas ruas de Yokohama e apesar de tudo, gostava dos rapazes e sempre os cumprimentava. 

— Estamos bem. — Jyuto respondeu em seu típico tom, olhando fixamente para você enquanto arrumava as luvas em suas mãos — Só que uma garota como você não deveria estar andando a essas horas sozinha, ainda bem que aparecemos. 

— Está indo até a casa de Nemu? — Rio perguntou em um tom sério e objetivo, ignorando os comentários do colega e sua pergunta, olhando fixo para você com sua perfeita postura de soldado. 

— Estou.  — Respondeu com seu típico tom, olhando curiosa e pensativa para os homens a sua frente, querendo saber como eles sabiam disso e o que estava acontecendo — Como sabem? 

— Sabia que ela estava preparando algo. — O policial disse de forma superior, olhar o colega com um sorriso sarcástico — Ainda bem que passamos para comprar algo. 

— O que? — Perguntou curiosa e levemente desesperada, notando que ambos seguravam sacolas em suas mãos, fazendo você dar alguns passos para trás — O que está acontecendo? 

— Ela também não lhe disse nada? — Jyuto perguntou em seu típico tom, arrumando os óculos em seu rosto e olhando você daquela típica forma enquanto falava — Nemu também nos convidou até a sua casa, mas tenho certeza que ela está planejando uma festa surpresa para o aniversário do irmão, por isso chamou os mais próximos deles para a comemoração, você indo até lá é uma grande prova disso. 

— É aniversário do Samatoki? — Perguntou completamente surpresa, arregalando os olhos enquanto olhava os rapazes — Não acredito, hoje? 

— Não sabia? — O policial perguntou em um tom irônico, enquanto sorria sarcástico para você. 

— Talvez tenha alguma loja aberta, nós compramos os nossos presentes a pouco tempo. — Rio disse repentinamente de forma séria, lançando aquele típico olhar focado dele. 

— O que vou comprar a essas horas da noite? — Perguntou em um tom desesperado e preocupado, pensando o que poderia comprar ou fazer já que estava indo para uma festa de aniversário sem nem mesmo saber — Vou ficar devendo um presente para outro dia, mas justo hoje...  

— Tem algo hoje? — Rio perguntou com seu típico tom, olhando fixamente para você com um semblante pensativo. 

— Não, não é nada. — Respondeu sem pensar muito, levando uma das mãos até a cabeça e respirando fundo, sentindo seu coração bater mais rápido e um nervosismo descer pelo seu corpo — Eu vou comprar algo amanhã, vou ficar devendo por hoje. 

— O que acha de irmos indo? — Jyuto disse em um tom sedutor, passando um braço pelo seu ombro e se aproximando de você, lançando aquele olhar estreito junto daquele sorriso malicioso — Nossa amiga está nos esperando. 

Confirmou com a cabeça em resposta e sem dizer nada, continuou a andar pela quase vazia rua em silêncio, sendo acompanhada pelos dois homens. Sentia-se mais segura com um ex-soldado e um policial lhe acompanhando nessa macabra rua, mas não era isso que estava incomodando seu interior, era o fato de que estava prestes a ir a um local onde ele estaria, o irmão mais velho de Nemu: Samatoki Aoshtsuji.  

Havia conhecido o rapaz na mesma época em que conheceu a garota, ele era uma parte dos problemas dela, além dele também estar passando por uns problemas por conta de seus pais, fazendo com que acabasse se juntando a vocês e ambos se ajudaram naquela época, porém diferente de Nemu, não ficou tão próxima assim de Samatoki, na verdade, o rapaz era bem mais complicado do que aparentava e não conseguiu se aproximar tanto quanto da garota. Mesmo com esse afastamento por parte dele, sempre o encontrava na casa de Nemu já que eram irmãos e de vez em quando, esbarravam-se nas ruas de Yokohama e sempre que o via, o cumprimentava e conversa como nos velhos tempos, mas de uns tempos para cá, as coisas mudaram.  

Fazia alguns meses que havia notado que algo estava mudando dentro de você em relação ao rapaz, mesmo o vendo bem menos que sua amiga e quase não falando com ele, sabia que ele tinha seus defeitos, mas também suas qualidades. Em outras palavras, havia começado a se apaixonar por Samatoki e não conseguia evitar isso, sabia que o rapaz se metia com coisas ruins, mas também que era uma boa pessoa, extremamente super protetor com sua irmão e você que também via como uma espécie de irmãzinha que o ajudou e ajudou Nemu quando mais precisaram. Tudo isso era frustrante, tanto o fato dele não lhe ver como mulher, mas também por estar gostando do irmão de sua melhor amiga, deixando-a em conflito interno no que acabou por afastar você da dupla de irmãos um pouco. 

— Nervosa por estar indo ver ele? — Jyuto perguntou de repente em um tom provocativo, sorrindo sádico para você enquanto olhava diretamente em seus olhos. 

— Estou. — Respondeu com seriedade, não fazia sentido mentir, o policial já havia notado seus sentimentos a um bom tempo, fingir só estaria fazendo ambos de bobos — Não sabia que ele estaria lá. 

— Talvez seja sua chance de se declarar. — O policial disse em seu típico tom, gesticulando enquanto falava — Você pode dizer que se esqueceu do presente e dar um beijo no lugar, que tal? 

— Sério? — Perguntou séria, olhando o rapaz com certo desdém. 

— Chegamos. — Rio disse de repente em seu típico tom sério, parando de andar e segurando vocês dois com as grossas mãos. 

Em frente a você havia surgido uma grande porta que pertencia a casa de Nemu, haviam chegado à casa sem nem mesmo notar, estava tão entretida em seus pensamentos que nem mesmo notou quando chegaram e mal teve tempo de se preparar mentalmente e sentimentalmente antes de bater, pois Rio já havia feito isso, batido na porta com toda aquela sua força que chegou a ecoar pelo silencioso lugar.  Assim que a porta foi batida, não demorou muito para a alta mulher de curtos cabelos esbranquiçados de grandes e brilhantes olhos rosados atender, encontrando rapidamente com seus olhos um certo homem alto de curtos cabelos brandos com ferozes olhos avermelhados mais ao fundo, trajando uma largada camiseta branca com uma simples calça jeans. 

— Você chegou! — Nemu lhe cumprimentou com um acolhedor abraço que foi retribuído meio sem jeito por você que não esperava ser recebida sem se preparar e de tal forma — Estava com saudades! — A garota disse de forma alegre, afastando-se de você com um largo sorriso, virando o rosto para os demais rapazes — Vejo que vocês também chegaram, entrem também. 

— Encontramos ela no meio do caminho. — Jyuto respondeu em um tom mais simpático, tomando cuidado com a forma que utilizava para falar com a irmãzinha de Samatoki, adentrando o local junto com você — Então viemos juntos. 

— Só um momento. — A garota disse de repente, assim que fechou a porta após todos adentrarem o local — Eu já volto. 

Após dizer isso, Nemu sumiu por entre uma das portas do local, deixando-a sozinha com os rapazes. Jyuto já havia se aproximado de Samatoki e conversava animadamente com o rapaz, enquanto Rio estava parado em um canto em silêncio com sua perfeita postura apenas observando a expressão carrancuda de Samatoki enquanto o outro falava, fazendo você soltar um pesado suspiro. Não imaginou que as coisas seriam assim, queria apenas conversar com Nemu, mas acabou ganhando mais uma dor de cabeça e de coração, sabia que o rapaz não tinha interesse em você e se sentia mal por gostar do irmão de sua amiga, mas se sentia estranha e seu peito doía sempre que chegava perto dele. 

— Aqui! — Ouviu a voz de Nemu surgir assim como ela, segurando uma caixa média azul escura em mãos, aproximando-se de você com um sorriso alegre no rosto — Para você. 

Após dizer isso, a garota entregou a caixa para você que pegou o objeto com certa relutância, abrindo-a sem hesitar e encontrando um colar dourado com um pingente de estrela. Era maravilhoso e muito lindo, mas provavelmente bem caro, fazendo você olhar surpresa para a garota, assim como os rapazes. 

— Feliz aniversário! — Nemu disse em um tom animado, dando mais um abraço em você, dessa vez bem apertado. 

— Espera. — Jyuto disse de repente, assim que a garota saiu de cima de você, olhando surpreso para ambas — Você faz aniversário no mesmo dia que o Samatoki? Sério? 

— Sim. — Respondeu de forma tímida, evitando contato visual com os rapazes e focando seus olhos no presente — Nemu, eu amei, mas... 

— Você é minha amiga e já me ajudou tanto, se não aceitar vou ficar magoada. — A garota disse sorrindo gentil para você — Sei que ama estrelas, então não pensei duas vezes em comprar para seu aniversário. 

— Nemu, obrigada. — Disse sorrido emocionada, abraçando a garota em resposta. 

Após isso, Nemu foi até a cozinha e trouxe um bolo de aniversário com duas velinhas que foram apagadas por você e Samatoki, enquanto Jyuto lhe enchia de perguntas sobre o fato de não ter tido nada sobre a data de seu aniversário, enquanto Rio apenas observava tudo. Ficaram um bom tempo comendo bolo e conversando sobre assuntos aleatórios e tentou aproveitar o quanto podia essa simples festinha organizada por sua amiga, sempre olhando momento ou outro para o rapaz de cabelos brancos notando um semblante sério em seu rosto, mesmo que estivesse conversando animadamente com sua irmã. 

Depois de longas horas, todos estavam conversando animados, até mesmo Rio tinha arriscados uma história ou outra, e mesmo que estivessem em um grupo pequeno, começou a se sentir sufocada, principalmente o sentimento relacionado a ter Samatoki tão perto, mas tão longe. Usando uma desculpa qualquer, levantou-se e foi em direção a varanda da casa, apoiando-se sobre a grade de proteção e encarando o céu noturno vazio e a estrela que havia ganhado de sua amiga com um sorriso triste no rosto. 

— Oi. — Ouviu uma voz masculina surgir atrás de você, não precisava se virar para ver quem era, já sabia muito bem quem era — Muita gente? 

— Nem imagina. — Respondeu em um tom sarcástico, soltando um pesado suspiro enquanto olhava o pingente na caixa. 

— Ainda não colocou isso? — Samatoki perguntou em seu típico tom ríspido, aproximando-se de você — Deixa que eu coloco. 

Sem esperar nem mais um segundo, o rapaz pegou a caixa de sua mão e retirou o pingente com cuidado, devolvendo a caixa para você e admirando o pingente de forma estranha. 

— Uma estrela? O que isso deveria significar? — Ele perguntou sem entender nada, abrindo o feicho com dificuldade. 

— Deveria significar o que não existe mais. — Respondeu em um tom amargo, arrumando seus cabelos para o rapaz colocar o colar enquanto olhava o céu vazio — Mesmo que as estrelas existam, eu nunca mais vi uma. 

— Isso é importante? — O rapaz perguntou enquanto passava o colar pelo seu pescoço e o arrumava — Eu quase não olho para o céu, não sinto falta. 

— Você não entende. — Respondeu em um tom triste, sentindo como se pudesse chorar — Quando eu estava com problemas, eu olhava as estrelas, mas hoje não vejo mais elas. 

— Se olhava para elas quando estava triste, não é bom que elas não estejam aí? Assim não vai se sentir triste. — Samatoki respondeu daquele seu típico jeito áspero, sem entender você — Pronto. 

— Obrigada. — Respondeu assim que ele saiu d eperto de você, arrumando seu cabelo de volta enquanto olhava o pingente — É muito bonito. 

— É mesmo. — O rapaz respondeu enquanto olhava o pingente e em seguida olhava o céu  — É como aquela. 

Assim que ouviu isso, levou seu rosto imediatamente em direção ao local onde Samatoki estava olhando, notando para sua grande surpresa, uma grande e brilhante estrela, a única brilhado pelo até então vazio céu noturno, fazendo você soltar uma expressão surpresa e arregalar seus olhos. 

— É uma estrela! — Bradou animada, sem tirar os olhos da estrela, enquanto um largo sorriso surgia em seu rosto — Você encontrou, minha querida e amada estrela que tanto senti falta. 

— Eu senti falta mesmo é dessa sua carinha animada. — Samatoki disse de repente, chamando sua atenção que virou o rosto bruscamente para o rapaz que olhava a estrela com um sorriso encantador —Você estava bem desanimada recentemente. 

— Como sabe? — Perguntou surpresa, fazia tempo que não falava com ele, como poderia saber. 

— Eu meio que andei de olho em você de longe. — O rapaz disse meio sem graça virando o rosto em sua direção de forma séria  — Era por conta disso que estava chateada? Estrelas? 

—Não. — Respondeu sem jeito, virando o rosto em direção a estrela e ignorando os comentários — Só chateada com o serviço. 

— Que bom, achei que fosse por minha causa. — O homem disse de repente em um tom de alivio, chamando sua atenção. 

Não havia entendido o que o rapaz estava falando e por curiosidade, acabou virando o rosto na pior ou melhor hora possível, sentindo um par de lábios selarem os seus em um selinho rápido, porém muito gostoso, fazendo suas bochechas queimarem de vergonha, notando que Samatoki se encontrava levemente corado. 

— Samatoki? —Bradou surpresa, afastando-se do rapaz. 

—Por que se virou? Eu ia beijar sua bochecha. — O rapaz bradou irritado, olhando bravo para você. 

— Por que? — Perguntou surpresa com a afirmação do rapaz que não era de fazer isso. 

— Você sabe porque! — Ouviu Jyuto gritar de dentro da casa. 

Virou seu rosto automaticamente em direção ao rapaz, notando que todos na casa olhavam para vocês, Rio estava como sempre, Jyuto sorria malicioso e Nemu ria como se estivesse se divertindo, lançando um sorriso gentil para você como se não se importasse. Sem pensar duas vezes, Samatoki adentrou a casa com seu típico jeito, deixando você com um sorriso abobalhado por se sentir tão tensa por um romance que estava sendo apoiada das sombras sem nem perceber.