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História Solitude - Dando o braço a torcer.


Escrita por: BlacKHouseGomes e cki

Notas do Autor


Eai galere, tudo bom com vocês?


Espero que tenham tido um carnaval divertido. Solitude voltou após a pausa do feriado, aproveitem!

Nos encontramos nas notas finais, boa leitura. ❤

Capítulo 17 - Dando o braço a torcer.


Duas semanas mais tarde.


Hermione estava a beira de um ataque de nervos. Havia bebido duas doses quentes de firewhisky, mesmo sob os protestos de Ronald, que se mostrou firmemente contra ao hábito da leoa com a forte bebida.

- O meu tio Churk teve que fazer um transplante de fígado no mundo trouxa por conta dessa porcaria, Hermione! - Ronald repreendia enquanto assistia Hermione se servir da terceira dose.

O instinto de superproteção do seu amigo ruivo sempre fora visto como fofo por ela quando crianças, e até hoje era em alguns aspectos. Mesmo sendo ela agora uma mulher autossuficiente e responsável por suas escolhas. Porém, nos últimos dias o ruivo tinha se mostrado quase insuportável. E Hermione teve que se conter para não brigar com ele também. Já que estava evitando conversar com os outros dois homens da casa. Ronald era lerdo, mas obviamente descobriu sem dificuldades o motivo da briga entre Harry e Malfoy. E com isso, concluiu que Hermione estivera sofrendo de algum transtorno nervoso pós cárcere privado, e por conta disso havia se envolvido com Malfoy.

Recordou-se da conversa que tiveram na cozinha, há duas semanas atrás.

 - Por favor, me fale que não veio aqui para berrar comigo. - Hermione suplicou quando seu amigo apareceu,  estava sentada na mesa da cozinha após ter se entregado mais uma vez para Malfoy. E bebia desenfreadamente, com medo do sentimento que descobriu durante o sexo.

Ronald soltou um suspiro resignado, ele tinha vindo até ali justamente para isso, mas ao notar o quanto a amiga parecia atribulada, se permitiu apenas  se sentar ao lado dela e apoiando o queixo em uma mão. Ouviria, no lugar de falar.

- Eu só preciso saber se isso entre vocês - O ruivo fez uma careta estranha de desgosto, pegarreando em seguida - preciso saber, se ele te forçou ...

- Não, Ronald. - Hermione respondeu antes mesmo de ouvir o resto da pergunta. - Draco nunca tocou em sequer um fio de cabelo meu sem consentimento.

O ruivo assentiu, aliviado. Já havia arquitetado mil maneiras de castrar Malfoy, mas pelo visto não poderia dar continuidade em seus planos com requintes de crueldade.

- Você mesma teria arrancado a cabeça dele. - Ele constatou, lembrando-se que se tratava de Hermione Granger. - Enfim, você quer conversar?

Fora difícil para o ruivo oferecer esse tipo de apoio, por VÁRIOS motivos. Sendo os principais como; a última coisa sobre qual ele desejava ouvir era a respeito do bizarro relacionamento de sua melhor amiga com Malfoy. Outro, era que mesmo amigos, ele ainda era um homem e conversar sobre esses tipos de coisas não era uma tarefa fácil. E era absurdamente constrangedor pensar na vida sexual de Hermione, quanto mais falar sobre a mesma. Era odioso pensar, mas ele sabia que a relação dos dois rivais era estritamente sexual. Ronald sempre soube boatos de Malfoy quando na escola, e algumas vezes, durante seu cargo na monitoria, flagrava o loiro em cantos escuros e estratégicos de Hogwats. Sempre acompanhado de uma garota, e uma vez, até mesmo de duas delas. Malfoy não teria nenhum tipo de relacionamento com uma garota sem o cunho sexual. Ronald sentia vontade de imitar Harry, e ir quebrar a cara de Malfoy. Logo a Hermione! Sequer era concebível, o loiro afirmou em alto e bom tom durante sete anos o quanto odiava ela e o seu sangue. Sempre o nomeou como um "traidor do sangue" enquanto o ruivo tinha apenas amizade com a castanha. Era um hipócrita, não fora surpresa a descoberta do caráter de natureza duvidosa em seu inimigo. Malfoy atropelou tudo que sempre acreditou, por sexo! Ronald esperava que no mínimo o loiro estivesse se torturando internamente, se insultando como um traidor de sangue medíocre, como o insultava no passado. Contudo, mesmo sendo contra, mesmo desejando uma morte horrível para o loiro. Ele não poderia imitar Harry, não depois de ficar claro que tudo aconteceu porquê Hermione também quis. Era escolha dela, afinal. Odiava o fato de não ter o poder de protege-lá nesse aspecto. Como iria impedir que ela se relacionasse? Não podia, além de tudo, agir como um louco superprotetor. Mesmo ela não ajudando muito nisso, escolhendo justamente Malfoy para se relacionar.

- Fala sério? - Hermione não pode esconder sua surpresa diante a proposta do amigo.

- Mione, eu odeio ele. Mas amo você. - Ronald deixou em evidência.

Hermione umideceu os lábios, ponderando se era seguro ter "esse tipo de conversa" com Ronald. Ele era leal, e companheiro. Mesmo não sendo exatamente um bom ouvinte ou uma pessoa compreensíva na maioria das vezes. Mas ela notou que o ruivo estava fazendo um esforço enorme para ser apenas ouvidos no momento. Hermione podia notar pelo jeito que ele batia os pés no chão, e coçava a nuca. Ronald sempre fora temperamental e carregava o dobro de impulsividade que ela mesma possuía. Sabia que em seu íntimo o amigo devia estar se segurando para não ir berrar com Malfoy, ou com ela mesma. Mas era Ronald, afinal. Era companheiro, e sempre agiu como um irmão mais velho para ela. Vendo-a nesse estado, nunca iria começar uma briga que a deixaria ainda pior.

- Ron ... Eu to confusa. - Ela disparou por fim, apoiando a testa sobre a omoplata do ruivo.

- E bêbada. - Ele complementou, rindo-se um pouco, porém em seu âmago, detestava vê-la embriagada. Sempre odiou álcool, sua família tinha um histórico terrível com o alcoolismo. Porém, mais uma vez, conteve sua crítica.

- Beijei o Harry. - Ela murmurou, corando por levantar o assunto logo com Ronald. - Nos beijamos duas vezes, e eu o amo ... Amo tanto que as vezes penso não ser capaz de suportar tamanho sentimento. Mas estou confusa, Merlin! Seria tão fácil se nunca tivesse enfiado Draco nisso tudo ... Quer dizer, eu não o amo, mas ... Não sei, merda!

Ronald abriu a boca em perplexidade, e levou alguns segundos até todo o peso da informação se fixar em seu cérebro.

- Você e o Harry? ... Argh - Ele não conseguiu conter sua careta engraçada de repulsa. - Eca, Hermione!

Ela riu, mesmo com o desespero dançando em seu peito, a presença do amigo era estimulante e confortável.

- Não é tão estranho ... Se for considerar o quadro por inteiro.


Ronald pensou por breves instantes, e a "visão do quadro por inteiro" era realmente bizarra, quase hilária.

- Harry e o Malfoy ... Por Godric! Nunca imaginei que sentiria saudades do Krum ... Por falar nisso, podemos mandar uma coruja pra ele. É sempre bom ter uma terceira opção ... Ainda mais quando as duas primeiras estão entre o Harry e o Malfoy!

Hermione gargalhava tanto que seus olhos marejaram e levou a mão para a barriga. Ronald sorria satisfeito ao notar que havia conseguido tira-lá do poço por um tempinho. Ele não poderia ajudar a amiga em questões sentimentais, admitia que era mais ignorante que um trasgo nesse aspecto. Com isso, apenas Hermione poderia se ajudar. E ele fazia sua parte, tirando-a do topor daquela situação, com humor e leveza, fazendo ela recobrar o juízo perdido e conseguir administrar seus sentimentos.

- Acho que preciso de um tempo ... - Ela murmurou, após três horas de conversas e gargalhadas. - Sabe? Me distanciar dos dois.

Ronald concordou, satisfeito por ela ter conseguido achar um rumo, e satisfeito por saber que ela não andaria trocando beijos com Harry ... Isso era quase um pecado incestuoso na visão do ruivo. E também, não passaria mais nenhuma noite no quarto de Malfoy.

O ideal mesmo seria que ela começasse a fazer parte de um grupo de castidade eterna. Mas não era louco de imaginar há esse ponto. Era tão terrível quanto ver Gina com rapazes, mas nada podia fazer, se não quebrar a cara tanto de Harry quanto de Malfoy, caso fizessem mal a ela.

...

- Ron, só preciso me acalmar ... Não é como se eu fosse precisar de um fígado novo por conta de três doses de firewhisky!


- Tudo bem ... Mas poderia tentar diminuir a contidade dessas doses, Hermione. Já basta vomitar todas as manhãs, e isso é estranho, certamente é o álcool te fazendo mau.

Hermione ignorou as palavras do amigo, esforçando-se em seu cérebro para achar uma maneira de apaziguar as coisas na sala ao lado. Onde acontecia a última reunião sobre o resgate de Narcisa que seria na noite seguinte. Se já era uma situação delicada e psicologicamente exaustiva, Malfoy conseguirá tornar pior. Brigando ferozmente sobre a decisão da leoa em não permetir que ele acompanhasse o grupo de resgate. 

- Podemos voltar, Ron.

- Se sente melhor? ... Bom, você não está mais verde ou suando frio.

Ela assentiu, puxando o amigo de volta para a sala de estar da casa, onde acontecia a reunião.


- Ouse repetir isso mais uma vez, seu merdinha!

Hermione se apressou em abrir a porta, quando escutou a voz de um Alastor Moody transtornado. Obviamente sabia quem fora a causa do transtorno, o loiro havia quase levado todos os presentes a loucura nas últimas horas, inclusive ela mesma. Mas ainda assim, não podia deixar que fosse torturado ou morto.

- Vocês não são competentes o suficiente para a empreitada, duvido até mesmo que consigam atravessar os portões da Malfoy Manor! - Draco repetiu, em uma didática sarcástica e extremamente ofensiva para o ego dos aurores alí presentes.

Talvez fosse suicida, Hermione pensou. Era a única explicação. Revirando os olhos, ela abaixou delicadamente a varinha que Moody apontava para o nariz de Malfoy.

- Se sente melhor? - Harry perguntou. Ajustado-se na cadeira ao lado de Lupin, que segurava a mão de Tonks por cima da mesa. A mulher estava há pouco dias de entrar em trabalho de parto, e o marido não desgrudava os olhos dela por sequer um minuto. As aparências enganam de forma absurda, Hermione pensava. Era um lobisomem, e ainda assim um marido atencioso.

Podia notar o olhar torto do loiro para o casal, certamente amaldiçoando a prima em pensamento, por misturar o sangue dos Black com o gene animalesco de um lobisomem.

- Estou bem. - Respondeu a Harry, sem olha-ló nos olhos. Como vinha fazendo nos últimos dias, falava com ele apenas o necessário. Com Malfoy era o mesmo tratamento, embora fosse mais fácil evitar o contato. Já que assim que o loiro percebeu o afastamento dela, se afastou também. Draco era incontestavelmente um homem dotado em  recíprocidade. Oferecia a ela tudo que ela oferecia a ele, sem cobrar por mais ou menos. Ou pelo menos era recíproco em quase tudo ...

Hermione balançou a cabaça, afastando os dois de seus pensamentos. Precisava do seu cérebro, pois precisava desarmar Malfoy.

- Malfoy, você não vai nessa misão. - Ela decretou, o loiro abriu a boca, mas ela o calou com um gesto. - O acordo era que sua mãe seria resgatada, e isso já está em andamento.


- Ah é? E me diga, Granger. - Hermione notou uma conotação de raiva totalmente descabida para o momento quando ele cuspiu o sobrenome dela. - Como vão conseguir se orientar lá dentro sem mim, huh?

- Você irá nos passar toda e qualquer informação necessária, é óbvio, Malfoy. - Talvez fosse infantilidade entrar no joguinho dele e trata-ló da mesma maneira, mas ela não pensou muito a respeito. O loiro estava sendo insuportável inflexível e irritante nas últimas horas. Alheio ao esgotamento que causava nela com isso, toda hora tinha de o defender de uma ameaça, mais cedo Moody ameaçou arrancar a língua dele, Kingsley teve de ser retirado da sala, após quase lançar uma maldição de morte no mesmo. E Hermione sabia que Harry só não havia pulado no loiro porque estava tentando se redimir do último estrago que fez, quando agiu como um troglodita. Pelo menos na percepção do moreno, essa fora a razão do distanciamento dela.

- Exelente, espero que seja você quem irá lançar a maldição império em mim para conseguir isso!

Hermione suspirou, por pouco não atendendo ao pedido irônico do loiro.

- Eu irei na frente com Moody ...

- Como é? - Draco cortou-a, o tom de sua voz atraiu por completo a atenção de todos, que agora fitavam o rapaz, surpresos e confusos.

- Você me passará um mapa mental, e eu entrarei com ...

Hermione foi interrompida por uma risada engasgada do loiro.

- Perdão ... Mas você deu a entender que irá participar da missão. - Ele disse, em meio a risada. Essa mesma risada que foi cessando aos poucos, quando ele notou que a  expressão da castanha não mudou. Ela quis dizer exatamente isso. - Você é louca, caralho?! - Soou como uma pergunta e ao mesmo tempo  como uma constatação.

O silêncio que se seguiu fora intimidador. A ponto de todos os presentes se sentiram sufocados enquanto assistiam a guerra de olhares travada entre os dois. Harry se ajeitou mais uma vez em sua cadeira, trocando um olhar cheio de significados com Ronald. Chegaram ao ponto X de toda questão. Os dois amigos eram absolutamente contra a participação da amiga, não que ela não fosse capacitada ou competente para isso. Mas a situação dela era delicicada. O risco que ela corria era enorme, caso o impensável acontecesse e ela fosse capturada, nem em seus piores pesadelos podiam imaginar o que fariam a ela. Lucios a culpava por ter corrompido o filho, Voldermort a culpava pela perda de sua mais leal serva, Bellatrix Lestrange. Hermione teria um destino pior que a morte. Mas é claro, nem Ronald ou Harry tiveram coragem de enfretar a leoa e dizer isso. Temiam ser o alvo da furia dela, caso pensasse que eles a consideravam incapaz ou indefesa. Mas para a sorte do amigos, Draco Malfoy não tinha receio nenhum em lidar com a fúria de Hermione Granger. Para esse, era quase como um hobbie, brigar com ela.

- Não, Malfoy. Posso garantir o perfeito estado de todas minhas faculdades mentais. - A calmaria presente nas palavras dela eram como um alerta, estava no limite.

- Eu duvido muito, Granger. - Ele sibilou. - Podemos conversar a sós, sim?

Todos pareceram aliviados quando a leoa assentiu, e guiou o loiro para o outro lado da casa. Os dois eram como pólvora e fogo, e ninguém queria presenciar tamanha explosão. 

...

- Você não vai nem por uma porra! - Ele disparou, quando Hermione terminou de lançar o feitiço para silenciar o quarto.

Hermione riu-se sem humor nenhum.

- Quem você pensa que é? Aconselho que escolha bem suas palavras e principalmente o seu tom de voz, Draco Malfoy!

- Quem penso que sou?  - Ele repetiu, em um rosnado. - Destruí toda minha vida para tirar você de lá! E agora você espera que eu fique de quatro, assistindo você correr de volta?!

Hermione guardou sua varinha no cós da saia, lutando contra a vontade de estuporar o loiro. Cruzou os braços logo em seguida, lutando também contra a vontade de acertar um tapa no mesmo.

- E eu sou grata a isso, Malfoy. Mas não posso simplesmente permanecer sem fazer nada por conta do medo!

Ele passou a mão aberta nos fios loiros, exasperado, sem conseguir encontrar lógica na fala dela.

- Não parece ter um pingo de gratidão, devo dizer! E muito menos amor a própria pele!

- Possuo ambos! Contudo, não sou uma covarde, pode ser difícil para você identificar tal atributo, mas talvez tenha notado!

Draco se adiantou dois passos na direção dela, as íris cinzas faiscando em raiva, desencadeada por uma preocupação que ele nem fazia idéia de existir antes.

- Está insinuando o que, Granger?

- Não foi uma insinuação! - O tom dela não convenceu nem a sí mesma.

- Eu não sou um covarde! - Se defendeu mesmo com a dissimulação dela.

- Eu não poderia discordar mais! - Ela admitiu seu ponto de vista por fim, perdendo o eixo.

Draco tensionou o maxilar, nunca havia experimentado tantas emoções ao mesmo tempo.

- E por que acha isso, Hermione?

Ela foi pega de surpresa, tanto pelo tom quase amistoso do homem, tanto pela pergunta em sí.

- Você precisa entender que somos movidos por energias diferentes. Você é motivado por recuperar sua mãe, e então sua luta acaba ai, Draco. - Ela se surpreendeu ainda mais com o próprio tom. - A minha continua, e vai continuar enquanto eu não puder sair na rua sem ser morta por ser quem sou! Vai continuar enquanto ainda existirem nascidos trouxas sendo expurgados, humilhados, e menosprezados! Acha que eu não tenho medo? Pois eu tenho, Malfoy! Mas ainda preciso ter coragem. Então não espere que eu compreenda ou atenda ao seu ponto! Como já disse, nossas motivações são bem diferentes!

Hermione perdeu duas batidas do coração, quando seu rosto foi envolvido pelas duas palmas grandes dele. Ela nunca saberia decifrar o olhar que ele lhe dirigia, e muito menos conseguia controlar as milhares de sensações que invadiram-a.

- Me ... - Draco tentou falar, mas parecia ter arame farpado preso na língua. Afinal, nunca havia pronunciado essas duas palavras. Não para ela. - Me desculpa.

Hermione duvidou de sua audição, e nada conseguia fazer se não encarar a alma do sonserino nas duas íris cinzas. Gostava mesmo dos olhos dele.

- Não quis duvidar da sua força, nem poderia. E não tenho o menor direito de me meter em sua luta ... Justo eu ... - Ele pegarreou, desconcertado pelas palavras. Mas não podia contê-las, precisava ser dito. - Mas Hermione, não posso deixar que faça isso.

Ela abriu a boca para rebater, mas ele a calou, falando por cima.

- Entrego tudo que precisam saber sobre o planta da mansão, postos e quartos dos comensais, horários, pontos cegos, fracos e fortes... Tudo. E também paro de insistir em ir, com a condição de que você não vá.

Hermione não esperava por aquilo, nem nunca poderia esperar. Ele havia dado o braço a torcer, havia aberto mão de averiguar de perto o resgate de sua mãe, e também havia se desculpado.

- Por que? - Saiu em um sussuro.

Hermione sentiu ondas de pequenos choques por baixo da pele, como sempre acontecia quando flagrava os olhos dele perdidos em seus lábios. Droga, ele iria leva-lá a destruição. Novamente, experimentou o sabor assustador que era a descoberta de seu confuso e conturbado sentimento pelo sonserino. sentimento, quando exatamente ela passou a chamar de sentimento? Não sabia. Mas sabia que aquilo era perigoso e precisava ser morto e enterrado, antes que tivesse chances de respirar e muito menos crescer.

Em seu âmago, Draco estava tão acuado quanto ela. Talvez fosse mesmo um covarde, tanto que sentiu medo em beija-lá nesse momento. Sentiu medo do que significaria, sentiu medo por não estar imaginando-a nua no momento, sentiu medo do peculiar e até então desconhecido tipo de desejo que sentia no momento. E notou também a briga interna que a menina travava, que serviu como um incentivo, para que ele afastasse as duas mãos do rosto dela. Levando-as para o bolso da calça, longe da tentação que era a pele quente de Hermione. Hermione pareceu acordar de um transe, e teve de pegarrear três vezes, enquanto ainda esperava o mar de sensações terminar de atravessar seu corpo. Havia acontecido algo muito estranho entre eles nesse instante, algo temeroso.

- Eu ... Vou avaliar sua proposta com Harry e o Ronald, Malfoy. - Ela agradeceu a Merlin por ter conseguido achar sua voz, e essa ter soado firme.


Precisava sair de perto dele, aquilo não era normal!

Draco assentiu, indo até a porta e saindo do cômodo, fora direto para o quarto que oculpava. Não tinha mais o que fazer naquela ridícula reunião. Havia aberto mão de suas exigências para impedir os impulsos suicidas de Granger, afinal.

Sentiu vontade de chutar algumas coisas, para poder arruma-lás em seguida. Precisava ocupar sua mente, tentar entender a situação que aconteceu há pouco era a última coisa que queria fazer. E assim o fez, bagunçou todo o quarto, esse que antes estava categoricamente organizado, agora ficará um completo caos, enquanto a figura loira ia de canto a canto, arrumando a própria bagunça. 

...

Hermione sentiu enjoo, esses que iam a viam, seus conflitos emocionais passaram a afetar seu corpo. Correu para o banheiro mais próximo e repetiu o indesejável ritual com qual havia se adaptado desde o início da semana. Quis chorar, e ao mesmo tempo estapear alguma coisa. Talvez devesse ter batido nele, assim o deixaria irritado, e ele nunca diria aquelas coisas. Nunca pensou que sentiria falta de algo tão ruim quanto o ódio que sentia por ele. Mais uma vez se via presa na inconstante incógnita que era o sonserino, ele mudava frequentemente, sempre em metamorfose. E isso estava deixando-a louca. Ele devia permanecer o mesmo que era há quatro meses atrás. Chamado-a de sangue-ruim por aí a troco de nada. Mas não, o Draco Malfoy de hoje se desculpou por tentar exercer poder sobre as decisões dela e seus olhos brilharam enquanto a encarava. Desejou mais que nunca bater no rapaz, até mesmo considerou a ideia de ir atrás dele, procurar uma confusão sem nexo. Mas seria um tiro no próprio pé. Ele provalmente estaria no quarto, e Hermione tinha a força da experiência para saber que quando em um mesmo quarto com ele, as coisas não acabavam extamente do jeito planejado por ela. Céus, ela sentia falta disso, de tê-lo rendido e sedento. Nunca mais permitiria que acontecesse, mas isso não quer dizer que pudesse esquecer. Quando o episódio de enjoo passou, Hermione abandonou o banheiro e voltou para a reunião. Moody e Kingsley haviam partido, após informar para Harry onde seria o ponto de encontro na tarde seguinte. Harry ofereceu um quarto para Tonks e Lupin, a metamorfa não estava se sentindo bem por conta do stress causado pela reunião - por Malfoy se for exata e usar todas as palavras - Hermione se sentiu aliviada em saber que a mulher não aparatou, era muito arriscado já que há poucos dias entraria em trabalho de parto. Tonks não estava demonstrando uma atitude exatamente simpática para com a leoa, e Hermione pouco compreendia a razão. E o pouco que conseguia imaginar como justificativa não a deixava confortável. Na verdade era constrangedor. Optou por ignorar isso e permanecer no controle de suas emoções, essas mesmas estavam quase levando-a a loucura. Não precisava de mais nenhum dedo apontando para sí, não precisava se justificar de nada. Lutou muito pelo direito de ter sua voz, e não seria os julgamentos de quem quer que fosse que a deixariam acuada. Precisava focar em sua luta, precisava focar na guerra e além de tudo, precisava continuar a pesquisa que começará há dois dias atrás. Estremeceu ao se lembrar do tema, a verdade as vezes doía, mas o que podia fazer se não ir atrás de fundamentos em suas suspeitas? O medo estava influenciando e muito, tanto que ultimamente adquiriu o horrível hábito de procurar maneiras furtivas de se esquivar da verdade. Toda vez que encontrava alguma evidência sobre Harry ser uma possível horcrux, escondia fatos de sí mesma, inventava desculpas para sí mesma. Implorava para todas divindades supostamente existentes para que não fosse verdade. Se fosse, o que faria Ronald e ela? Teriam de matar Harry?! Não planejava de forma nenhuma compartilhar suas suspeitas com Harry. Sabia que ele não hesitaria em sacrificar a própria vida, se isso significasse dar um fim a Voldermort e a essa maldita guerra. Não quis pensar mais nisso, não suportava a ideia.

- E ele cedeu tudo assim, do nada? - Harry quis saber, a desconfiança marcando cada palavra.

Hermione rolou os olhos, se ajeitando no sofá entre ele e Ronald.

- Conversamos - Ela frisou bem a palavra. - e ele ofereceu, não sei se aceito. O problema é que precisamos manter Draco fora de perigo, e simultaneamente precisamos da colaboração dele.

- Mas por qual motivo ele ia abrir mão de todas as exigências, assim do nada? Hermione, o miserável passou quatro horas discutindo com todo mundo por conta das mesmas! - Harry perdeu o eixo, o ciúme crescente em seu âmago. Estava tentando a todo custo se manter tranquilo e impassível, queria que ela se reaproximasse. Mas quando o assunto era Malfoy, o moreno facilmente se deixava perder o controle.

- Ele não quer que eu volte para a mansão. - Hermione disparou a fim de afastar da cabeça de dele qualquer ideia errada que pudesse estar se formando. - Draco acha que sou uma ingrata e nas palavras dele; "uma suicida". Já que ele sacrificou toda segurança que tinha para me tirar de lá.

Harry quis discutir. Quis ir brigar com o loiro, era assombrosa a idéia de que aparentemente o sonserino se preocupava com Hermione. Talvez fosse apenas teatro, ou ele fosse um louco. Contudo, estava satisfeito com a ideia de manter Hermione longe da Malfoy Manor. Tanto que apenas assentiu resignado.

- Eu acho uma ideia boa. - Ronald se pronunciou, tão aliviado quanto Harry.

Harry resmungou um "eu também" baixinho, relutante.

- Certo ... Acho que só falta a minha decisão. - Hermione murmurou, coçando a nuca. Tinha algumas horas para se decidir e usaria elas, não tomaria nenhuma decisão precipitada.


Passaram um longo tempo sentados no sofá. Hermione conversou com Harry, como não fazia há dias. O moreno pareceu realmente satisfeito com o seu feito, tanto que sorrateiramente passou um dos braços pelos ombros dela. O corpo de Hermione retesou, e pareceu que ia afastar o contato, mas ela não o fez. Na verdade descansou a cabeça no ombro dele. Ronald não gostava daquilo, porém, mais uma vez nada podia fazer. Algum tempo depois, Hermione se despediu dos amigos e foi para o seu quarto. Optou por  tomar sua decisão enquanto na cama, seu corpo estava fadigado, um pouco de descanso seria bom. Quando abriu a porta, foi pega de surpresa. Tonks estava sentada a beira de sua cama, esperando-a alí.

- Podemos conversar? - A Metamorfa quis saber.

Hermione assentiu, ainda perdida na situação, mas se sentou ao lado da mulher.

A conversa seria longa e Tonks não fazia ideia de como abordaria o assunto. Contudo, precisava livrar a menina do perigo. Estava desapontada com ela, mas ainda tinha grande afeição pela sagaz e astuta grifana. Molly Weasley também nunca a perdoaria, caso ficasse de birra invés de conversar com a garota.

...

Continua. 


Notas Finais


Fire on fire - Sam Smith

(Quando lutamos, lutamos como leões)

(Mas então amamos e sentimos a verdade)

(Perdemos a cabeça em uma cidade de rosas)

(Não respeitaremos nenhuma regra)

(Eu não digo uma palavra)

(Mas ainda assim, você respira fundo e rouba as coisas que eu sei) 

_Lá vai você, me salvando do frio)

(Fogo em chamas normalmente nos mataria)

(Com tanto desejo, juntos, somos vencedores)

(Dizem que estamos fora de controle e alguns dizem que somos pecadores)

(Mas não os deixe arruinar nossos belos ritmos) 

(Quando você me desdobra e me diz que me ama)

(E olha nos meus olhos)

...

O próximo capítulo será a continuação desse exato ponto em que parou. Mais uma vez não consegui revisar tudo que escrevi, chato isso.

...

Eai gostaram? Não deixe de comentar.

Vejo vocês o mais breve possível. 🎆💜
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