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História Somewhere in Brooklyn - Capítulo 95


Escrita por: Ivy_Lavigne

Capítulo 95 - Capítulo 95


Fanfic / Fanfiction Somewhere in Brooklyn - Capítulo 95

(POV Ashley) Eu trabalhava de segunda a sexta e às vezes aos sábados, porém esses eram difíceis de acontecer, e aos domingos eu ia à praia, visitava minha avó ou ficava em casa sendo paparicada por Sarah. Ela fazia de tudo para tornar o princípio de minha gestação tranquilo, certa vez ela foi até a orla da praia comprar água de coco e empada para satisfazer um de meus desejos de grávida.

Na manhã de um sábado, eu estava sentada na varanda do meu apartamento vendo o movimento da rua, as pessoas andavam com tranquilidade a caminho do mar. Os raios de sol ainda brilhavam fracos iluminando parcialmente a sacada com tons de dourado. O céu ganhava um tom rosado que se dissolvia lentamente em tons celestes, meus olhos observavam o vai e vem dos carros, pessoas andando de bicicleta, eram cenas corriqueiras, porém não em Los Angeles e muito menos em Nova York. Entretanto o que mais me chamou atenção foi uma mãe andando com seu filho que dava os primeiros passos, meus olhos se encheram de lágrimas (resultado da alteração dos hormônios), era uma cena encantadora, perdi horas vendos a alegria estampada no rosto de ambos. Levei minha mão ao ventre e acarinhei a região, fiquei imaginando como seria o rosto da criança que eu carregava ali.

 

Ashley – Hey neném. Você é um “sex dragon” como o papai ou uma “little miss perfect”? – Olhei para meu ventre o acariciando lentamente. Minha pele se esquentava com os raios de sol. – A mamãe já te ama tanto. Tenho sonhado com seu rostinho, fico pensando como você será. Tô ansiosa pra te conhecer!

Sarah – Ash? – Chamou da sala. – Cadê você?

Ashley – A tia Sarah está nos procurando. – Me levantei da cadeira e fui ao encontro de minha amiga. – Já vou!

 

Fui ao seu encontro e minutos depois tomamos café da manhã junto com Sarah. Conversamos sobre nosso trabalho e de como estávamos felizes ali, com nossa vida profissional e com o rumo que estávamos dando a todo resto.

Passamos a manhã inteira junto, planejamos ir à praia no dia seguinte e às compras durante a semana. A tarde Sarah foi se exercitar na rua fazendo caminhada, e eu fiquei em casa; aproveitei para arrumar me armário, colei algumas fotos na parede, e fiz algumas guloseimas. Minha tarde estava sendo bem tranquila, aproveitei o dia deforma calma, dancei e cantei enquanto via DVD’s de minhas bandas favoritas, me vi feliz com pouco.

Quando o sol começou a se esconder, decidi ligar para Sandy, queria minha amiga ao meu lado, me confortando no final da tarde como ela sempre fazia. Os anos de amizade que tínhamos, fez com que nos tornássemos irmãs de alma, eu era grata por tudo que ela tinha feito por mim, e era feliz por ter seu ombro amigo nas horas mais difíceis. Liguei para a casa, que um dia também foi minha, e logo minha amiga atendeu.

 

Sandy – Alô.

Ashley – Ruiva! – Falei alegremente.

Sandy – Ash! – Falou surpresa. – Como você está?

Ashley – Tô bem! Perdendo as roupas e comendo como uma draga. – Olhei o pote de biscoitos que eu segurava.

Sandy – Essa gestação está fazendo você comer tudo o que deixou de comer antes dela.

Ashley – Sem mais! – Concordei. – Sinto sua falta, – Suspirei pesadamente. – do Alex também. Sinto falta de nossas bagunças. Vocês estão bem?

Sandy – Sim. Ele quer vir morar de vez aqui. – Falou nervosamente. – Estão dizendo, lá na rádio, que ele vai me pedir em casamento.

Ashley – AAAAH… – Gritei feliz. – Quero ser madrinha!

Sandy – Então também será do novo casal, Ryan e Lola!

Ashley – Oi?! – Falei assustada. – Desde quando eles estão juntos?

Sandy – Eles estão ficando desde antes de você e o Bruno terminarem. Mas com o que aconteceu, eles ficaram sem jeito de te contar.

Ashley – Não sei porque! – Me sentei na varanda. – Ela é minha irmã e ele meu amigo.

Sandy – Mas antes disso ele já era amigo do Bruno. Essa semana, eu estive com o Ryan e ele me disse que fica receio de falar com você e você achar que ele só está tentando manter o Bruno informado.

 

Naquele instante vi o quão embaraçosa a situação era para ambas as partes envolvidas. Conversei com minha amiga por horas, ouvir sua voz, sua risada, me fizeram sentir como se estivesse em casa novamente.

Eu estava entrando no quarto mês de gestação, no princípio de dezembro, meu ventre estava dilatado e a gestação começava a ser evidente, meus seios estavam inchados e os quadris mais largos. Dependendo da roupa que eu usasse, a barriga ficava parecendo três vezes maior. Meus enjoos se tornaram mais frequente e meu humor era instável. Me sentia uma bomba-relógio prestes a explodir.

Meus pais e meus irmãos viriam passar as festas de final de ano comigo e minha avó, por esse motivo, decidi descobrir o sexo de meu bebê quando minha mãe estivesse ao meu lado. A vovó havia colocado na cabeça que a criança que eu gerava era uma menina, eu ria da sua convicção e me resguardava a incerteza.

Em uma manhã de sexta-feira, estava me preparando para ir trabalhar e repentinamente a imagem de Bruno me veio à cabeça; Eu sentia sua falta, apesar de tudo que ele me fez, eu ainda guardava sentimentos por ele e sabia que jamais amaria outro homem da mesma forma que eu o amei e ainda amava. Deus, eu o amava tanto que doía em meu peito, mas também havia mágoa pela traição, era tudo intenso e confuso. Tentei afastar esses pensamentos de minha mente, enquanto me arrumava para ir trabalhar.

Quando cheguei no trabalho vi pessoas a todo vapor, e papéis empilhados em minha mesa. Revirando os olhos, fui até lá verificar do que se tratava - contratos, nova grade de programação e shows que seriam patrocinados e/ou exibidos pela MTV Brasil. Havia um grande festival que aconteceria no mês seguinte, o nome era Summer Soul Festival, fiquei curiosa e acabei olhando datas, local e atrações; ao ver o nome “Bruno Mars” na lista, meu coração se acelerou e meus músculos se enrijeceram. Fui até o refeitório, mas antes passei pela mesa de Sarah e minha amiga logo notou que havia algo errado comigo e me seguiu. Me sentei no canto do comodo e fiquei imóvel por alguns instantes, eu não estava triste, eu apenas tinha medo da situação. Ainda não me sentia preparada pra ficar cara a cara com Bruno, talvez eu nunca ficasse pronta para este momento.

 

Sarah – O que houve? – Me entregou um copo de água e eu aceitei de bom grado. – Você tá pálida.

Ashley – O Bruno… – Bebi um pouco da água e percebi que eu estava tremendo de nervosismo. – Ele vai vir pro Brasil. – A olhei desesperada. – Não quero me encontrar com ele.

Sarah – Se acalma e me explica isso.

Ashley – O contrato dos shows que a MTV vai patrocinar estão na minha mesa, no meio desses contratos tem o contrato do show dele.

Sarah – Por isso você está assim? – Afirmei com a cabeça.

Ashley – Quero ir pra casa! – Falei debilmente.

Sarah – Espera até a hora do almoço, agora vai ser difícil você conseguir ir embora.

 

Afirmei com a cabeça e voltei para minha mesa, estava relutante. Até a hora do almoço, eu ficaria ali, eu decidi tentar trabalhar, mesmo estando com meus pensamentos distantes. Eu olhava incrédula para o contrato do show de Bruno, eu havia me mudado para um lugar longe dele à toa: primeiro descobri que carregava uma criança que era fruto do amor que vivemos e agora descubro que ele vai viria fazer um show aqui e esse show seria patrocinado pela empresa onde eu trabalhava. Todo castigo para corno, literalmente, é pouco. A ironia da situação era tanta que me fazia sorri de nervosismo. Eu não estava pronta para encontra-lo, havia feridas que precisavam ser cicatrizadas antes desse encontro acontecer. Eu havia fugido como uma covarde, mas fiz isso por saber que não aguentaria ficar perto do causador do meu sofrimento, eu só não imaginava que fugi carregando um pedaço dele dentro de mim.

Por volta de meio-dia eu já estava em casa com a cabeça a mil. Coloquei uma lasanha no micro-ondas e fui tomar banho para tentar relaxar após a bomba que caiu sobre minha cabeça. Enquanto a cascata de água caía sobre meu corpo, meu corpo relaxou, corpo relaxou, mas minha mente continuava a mil – eu estava ficando furiosa por não conseguir me desligar dos problemas por um segundo sequer. Saí do quarto com o corpo envolto por um roupão e os cabelos molhados. Almocei sentada no chão da sala, o silêncio era ensurdecedor, mas o silêncio não era de todo ruim, eu podia ficar comigo mesmo e me negligenciar menos.

Após almoçar, voltei para meu quarto e peguei uma caixa dentro do armário, a coloquei sobre a cama e respirei fundo antes de abri-la. Eu sabia que o conteúdo dela me deixaria atordoada, mas eu tinha que fazer aquilo. Abri a caixa revelando fotos, cartas e pequenos bilhetes de Bruno. Enquanto eu olhava suas fotos, senti meu coração se apertar, era a primeira vez que eu me sentia mal por saber que iria vê-lo. A foto do meu aniversário estava ali, foto da viagem surpresa à Nova York e fotos de nosso dia a dia, do amor retratado ali, não havia restado nada além de mágoas, desconfianças e frustrações. Em meio aos papéis, achei uma carta que ele havia me mandado durante uma viagem ao Texas. Desdobrei a página e reli os sentimentos retratados ali.


“Texas, 15 de abril de 2011
Little miss perfect, como você está?
É tanta coisa que tenho pra dizer, tanto sentimento que não sei por onde começar. Sinto sua falta todos os dias, quando volto para o hotel e me deito na cama sozinho, eu apenas desejo sentir seu calor e seus toques suaves. É horrível dormir sem sentir seu cheiro. Quando acordo e não vejo seu olhar amoroso, minha alma chora.
A cada apresentação que eu faço, fico pensando o que você acharia se estivesse na plateia, mesmo estando longe você é minha força e minha inspiração. Às vezes eu paro pra pensar e é sua imagem que vem em minha mente, imagino se você também pensa em mim no mesmo instante, se sente o mesmo que sinto. Penso tanto em você que, por vezes, consigo ouvir sua voz em minha cabeça. Acho que estou enlouquecendo longe de você.
A única coisa boa nisso tudo, é que em pouco tempo estaremos juntos. Vamos poder ficar na nossa casa curtindo um ao outro. Se você estivesse do meu lado, agora, eu teria te despido para fazermos amor…
Escrevi essa pequena carta, porque, como você diz, sinto saudade de você e graças a esse sentimento meu amor tem aumentado. Em breve estaremos juntos novamente e poderemos compensar esse tempo longe.
Te amo além da vida.
Beijos, seu, somente seu, Brunz.”

 

Ao terminar de ler, eu estava em lágrimas, tentava entender como um sentimento desse tamanho havia morrido. Eu não conseguia entender o porquê de sua traição, o porquê dele ter feito isso comigo.

Meu orgulho estava ferido demais para lhe contar sobre a “nossa” gestação, Bruno não havia respeitado nosso relacionamento, me deixado em frangalhos, mas eu sabia que meu bebê precisava de um pai e que ele seria o melhor pai que essa criança poderia ter. Ele sempre disse que queria ter filhos comigo, mas o bebê em questão, havia chegado em uma hora inoportuna, uma surpresa do destino. Eu tinha medo de sua reação ao saber que seria pai, depois de nosso término, isso seria algo difícil. Mas eu já amava tanto essa criança que seria capaz de tudo, até de enfrentar Bruno se fosse preciso. Haviam coisas, entre nós dois, que precisavam ser esclarecidas, mas eu não sabia até que ponto isso seria benéfico ou maléfico para mim.

Depois de saber que Bruno viria para o Brasil, fiquei doente o restante do dia. Desejei que não tivesse ficado sabendo desse fato, e mais, desejava não ter o conhecido.

No dia seguinte, eu acordei menos motivada que a maioria dos dias. Arrastei-me por entre os lençós, preguiçosamente, me levantei e caminhei até o banheiro saindo de lá, minutos depois, de banho tomado. Me arrumei para ir trabalhar, no quarto, vesti uma maxi saia e uma regata ajustada ao corpo que revelava minha pequena barriga de gestação, calcei sandálias rasteiras e trancei o cabelo. Era pouco mais de 07h30 quando eu saí de casa para ir trabalhar. O caminho até o trabalho foi tranquilo, Sarah e eu pegamos um táxi e fomos ao nosso destino através do caminho que passava pela orla da praia onde o clima era ameno e alegre.

Ao chegar no trabalho, notei olhares diferentes em minha direção e então percebi que os olhares eram direcionados ao meu ventre. Como eu tinha o hábito de usar roupas mais largas, minha gestação não tinha ficado evidente até então. Eu estava achando graça das reações diversas e dos olhares curiosos.

A manhã passou incrivelmente rápido, ela foi bastante produtiva, porém calma. Por volta de meio-dias, saí para almoçar na companhia de Sarah e Leonardo, um dos diretores do setor gráfico, fomos a um restaurante que ficava poucas quadras do prédio onde trabalhávamos. O local era calmo com vista para o mar, escolhemos uma das mesas da área externa para aproveitar o clima ameno. Eu havia pedido salmão grelhado com ervas e suco de uva, comi aquilo saboreando cada porção que eu colocava na boca. Enquanto comíamos, conversávamos sobre minha gestação, eu e meu bebê éramos o centro das atenções.

 

Leonardo – Tá com quanto tempo de gestação? – Olho para minha barriga.

Ashley – Tô entrando no quarto mês.

Sarah – Logo vamos descobrir o sexo do neném. – Falou com empolgação.

Leonardo – E o pai?

Ashley – Ainda não consegui avisa-lo. – Tentei disfarçar, dando fim ao assunto.

 

Estávamos voltando para o prédio da MTV, quando Sarah me puxou para um canto onde poderia falar comigo sem sermos ouvidas.

 

Sarah – O Léo é o carinha que ficou te olhando no primeiro dia. – Sorriu satisfeita.

Ashley – Fala sério! – Disse fazendo pouco caso.

Sarah – Se não acredita que ele está afim de você, espere e verá!

 

Sarah saiu andando rapidamente e me deixou confusa com sua declaração. Se era verdade que Leonardo era afim de mim, como eu não havia percebido?

Quando voltamos ao trabalho, percebi que as pessoas estavam sendo mais solícitas comigo por conta da gravidez. Eu estava achando graça da situação, não imaginava que minha gestação poderia tornar as pessoas mais prestativas comigo, e foi exatamente isso que aconteceu quando todos souberam. Leonardo que sempre foi gentil, havia se tornado ainda mais, depois de Sarah me dizer que ele estava afim de mim, eu passei a reparar mais nele. De um modo geral, eu estava adorando todos os mimos e paparicos.

Na sexta-feira em que minha família chegou ao Brasil, faltavam apenas duas semanas para as festividades de final de ano. Nesse dia eu fiz questão de não ir trabalhar para poder buscar minha família no aeroporto. O dia estava quente, o verão havia colorido tudo em tons avermelhados e alaranjados. Após tomar banho, voltei ao quarto e me deparei com minha avó arrumando a cama, sorri para ela e me dirigi ao armário procurando o que vestir.

 

Ashley – Vovó, como estrou aqui? Ia passar na sua casa para irmos juntos ao aeroporto. – Beijei sua face.

Helena – Eu vim cuidar de você e da minha bisneta! – Sorriu.

Ashley – Mas eu ainda não fiz o exame para descobrir o sexo do bebê! – Falei entre risos.

Helena – Não preciso de exame nenhum pra saber que essa criança é uma menina. Isso se chama intuição! – Sussurrou como se falasse um segredo. – Agora vá se vestir!

 

Vovó saiu do quarto cantando e dançando, sacudi a cabeça abafando um sorriso enquanto encostava a porta. Peguei uma regata listrada e um short jeans simples, a roupa evidenciava meu ventre dilatado. Eu estava gostando de estar grávida e procurava evidenciar isso com roupas mais justas, apesar dos enjoos e do mal-estar, eu estava gostando da minha gravidez. Fiz um rabo de cavalo nos cabelos e calcei sapatilhas coloridas. Fiz uma maquiagem simples, e peguei minha bolsa. Terminei de me arrumar e fui para a cozinha, onde minha avó havia preparado um verdadeiro banquete para o café da manhã; porém eu e meu bebê havíamos acordado com o estômago enjoado. Apenas tomei um gole de café e comi uma fatia de bolo.

Chegamos ao aeroporto, pontualmente, as 10h00, vovó estava radiante, esse ano, meu tio Moisés,iria passar o natal conosco, ele morava no sul do país e raramente passava a data conosco. O sorriso de minha avó se alargou quando ela viu minha mãe atravessar o portão de desembarque, meus irmãos e meu pai vieram logo atrás dela. Meu coração deu um salto de alívio e felicidade ao ver minha família, apenas dois meses longe deles parecia uma eternidade. Ver aqueles rostos familiares, no momento que eu precisava, me trouxe paz e a sensação de que eu não estava sozinha no mundo.

Ao chegarmos em casa, minha avó foi para a cozinha preparar o almoço para nós e eu fui acomodar meus pais em meu quarto e Lola no quarto de Sarah onde nós três dormiríamos, Taylor iria para a casa da vovó, porém ele decidiu ficar na minha casa no dia em que chegou. Eu estava radiante em ter por perto as pessoas que eu amava e me amavam acima de qualquer coisa. Arrumei tudo para que minha família pudesse ficar confortável, e após arrumar as coisas de meus pais e minha irmã, ficamos na sala conversando. Eu chorei ao abraçar minha mãe e conhecer o abrigo que eu conhecia tão bem e que tanto desejava desde que havia descoberto minha gestação.

 

Paola – Não chore, filha! – Falou enquanto enxugava minhas lágrimas.

Ashley – Mãe, eu tô com medo! – Confessei em meio aos soluços.

 

Minha mãe me guiou até o quarto para que pudéssemos conversar privadamente, ela trancou a porta assim que entramos no cômodo e se sentou na cama ao meu lado. Ela esperou que eu me acalmasse para podermos conversar. Eu tentava falar, mas a cada vez que eu pensava em dizer alguma palavra, ondas de lágrimas invadiam meus olhos.

 

Paola – Me diz oque realmente aconteceu para você decidi vir pro Brasil. – Segurou minhas mãos. – Eu sei que você não quis nos contar tudo.

Ashley – Eu encontrei o Bruno com outra, na cama! – Olhei para o alto tentando conter as lágrimas que queriam voltar a rolar. – Só Deus sabe o quanto doeu. Ele estava na nossa casa e na nossa cama. – Suspirei. – Por isso aceitei a proposta de vir para o Brasil, mas quando cheguei aqui, descobri que estou grávida. Eu não sei o que fazer. – Solucei forte.

Paola – Vocês já se falaram depois disso?

Ashley – Não! Ainda tô magoada pra pensar em falar com ele. – Me deitei em seu colo. – Não tô pronta pra me encontrar com ele!

Paola – Mas fugir não é a solução. – Afagou meus cabelos. – Vocês estão ligados por essa criança.

Ashley – Eu sei! – Suspirei cansada. – Só quero esperar até estar pronta pra isso.

 

Passamos a tarde matando a saudade que tínhamos e tentamos recuperar o tempo que ficamos longe. Lola e minha mãe se mostravam empolgadas com minha gestação, meu pai demonstrava a sua ansiedade de forma mais contida, porém estava feliz em saber que se tornaria vovô. Estar com minha família me fez reencontrar a parte de mim que eu havia perdido em meio ao meu turbilhão de sensações e emoções. Eu estava me sentindo amada, como eu não me senti desde o momento que cheguei no Brasil, a distância de minha família foi prejudicial a mim, só não foi pior, porque tive a presença da minha avó e de Sarah que esteve comigo em todos os momentos.

A noite, quando Sarah chegou em casa, logo se juntou à minha família e a mim em uma conversa super animada. Ela nem trocou de roupa e se jogou no chão da sala para conversar com minha família. Minha amiga contou, para minha mãe, como eu estava me sentindo e me comportando no princípio de gestação. E minha mãe ficou feliz em saber que eu tinha alguém cuidando de mim no momento que eu precisava. Em meio a nossa conversa, pedimos nosso jantar em um restaurante que ficava no final da rua e jantamos reunidos na sala, como uma grande família. Estávamos comendo, sentados no chão, Sarah me falava do dia de trabalho e disse que me ajudaria a fazer o trabalho que eu não havia feito por não ter faltado. Eu queria poder repetir aquela cena milhares de vezes, estar rodeada de pessoas queridas estava me deixando mais tranquila comigo mesmo.

Após o jantar, meus pais foram deitar, apenas meus irmãos e eu ficamos na sala, Sarah havia ido tomar banho para depois se juntar a nós, outra vez. Estávamos vendo televisão, quando tive um dos meus desejos de grávida, estava com uma vontade – sobrenatural – de comer x-tudo e tomar refrigerante de guaraná, Taylor se prontificou em satisfazer meu desejo indo à lanchonete que ficava no início da quadra e comprando meu tão desejado lanche.

Assim que meu irmão saiu, Lola aproveitou o momento para me entregar um bilhete escrito por Bruno. A princípio, relutei em aceita-lo, mas ela me convenceu a pegar o bilhete de sua mão. Minha irmã me contou que Bruno havia ficado muito mal depois que eu sumi, ele foi atrás de mim em todos os lugares possíveis e imagináveis, e quando percebeu que eu já estava longe, escreveu um bilhete e escreveu para Lola me entregar quando estivesse comigo. Peguei o bilhete e guardei em meu bolso, eu iria ler aquilo quando estivesse sozinha, eu estava nervosa com o que podia estar escrito na carta, embora eu já desconfiasse. Quando Taylor voltou com o meu lanche, dei a desculpa de que iria lanchar no quarto enquanto trabalhava.

Coloquei meu lanche sobre a mesa de cabeceira, me sentei na cama e desdobrei a folha. Assim que olhei o papel meu coração se acelerou ao ver aquela letra.


“Ash, sei que agora você deve estar em um lugar distante de tudo que te fez mal, e tenho plena convicção de que sua escolha foi certa.
Sei que nada vai fazer você voltar pra mim, e que o que eu fiz não tem perdão, mas desejo que você se lembre de todos os momentos bons que vivemos e os leve dentro do seu coração. Mesmo não fazendo mais parte de sua vida, desejo que você seja feliz e que encontre alguém que seja melhor do que eu! Um alguém que saiba valorizar a mulher incrível que você é, que seja um alguém por quem você possa se apaixonar e se entregar sem ter medo de ser feliz. Chega de canalhas na sua vida, você merece mais do que isso.
Espero que apesar de tudo o que aconteceu, você não feche seu coração novamente e nem se prive de amar. Você merece tanto ser feliz.
Desculpe por todo mal que te causei, por toda a dor e decepção. Queria poder ser alguém melhor, alguém que te merecesse, alguém por que valesse a pena você lutar, mas infelizmente eu não seu esse alguém. Mas apesar de tudo, eu ainda sou todo seu.
Te amo pra sempre.
Peter”

Fiquei olhando a carta sem saber o que pensar. Meu coração acreditava cegamente em tudo que estava escrito, mas minha mente negava cada virgulado que li. Eu estava confusa. Bruno assinou a mensagem com seu nome de batismo, e ele só fazia isso quando se tratava de algo importante, talvez, pra ele aquilo fosse importante.

Suspirei derrotada e peguei meu notebook para trabalhar. A televisão ligada e o som contínuo do ventilador de teto, quebravam o silêncio do cômodo. A tranquilidade do quarto me permitiu executar meu trabalho com rapidez, na medida do possível. Me distraí conferindo as pautas, reportagens e coisas rotineiras na vida de um jornalista. Eu amava minha profissão, era algo que me completava.  Pelo menos no aspecto profissional eu não tinha do que reclamar. Estava verificando os trabalho que eu teria que fazer antes do natal, quando Sarah entrou no quarto acompanhada por Lola, que logo dormiu devido ao cansaço da viagem.

Sarah me chamou para ir com ela até a cozinha, pois queria conversar comigo a sós e não queria que Lola acordasse. Fomos até o local, abri a geladeira e me servi de um copo de suco, me sentei na cadeira que ficava ao lado da porta e logo Sarah se sentou na outra cadeira ficando de frente para mim. Esperei ela começar a falar o que tinha pra dizer, apreensiva.

 

Sarah – Hoje recebemos a pautas por mês que vem. Você vai entrevistar o Capital Inicial. – Sorriu.

Ashley – Sério? – Ela afirmou com a cabeça. – Cara, que responsabilidade. – Falei empolgada.

Sarah – Sabia que você ficaria feliz quando soubesse. – Me abraçou.

Ashley – Preciso formular as entrevistas. – Mostrei minha ansiedade. – Você me ajuda?

Sarah – Claro. – Me olhou nervosa. – Também tenho outra coisa pra contar, mas não sei se é algo tão bom assim. – Me olhou receosa.

Ashley – Fala logo que sua cara tá me assustando!

Sarah – Você está na equipo que vai fazer a cobertura do Summer Soul Festival. O mesmo festival que o Bruno vai se apresentar. – Mordeu o lábio inferior.

Ashley – O quê?! - Me levantei. – Isso só pode ser piada.

Sarah – Se isso serve de consolo, eu vou estar junto com você!

 

Andei até a área de serviço e me apoiei na sacada tentado clarear minhas ideias. Eu havia ido para o Brasil tentando me afastar de Bruno, e agora eu me via de frente com o problema, logo estaria cara a cara com ele. Eu estava desesperada, isso era tudo o que eu menos desejava. Em apenas um dia eu havia ido a dois extremos, ao topo do mundo de tanta felicidade ao rever minha família, e ao fosso mais profundo após saber que encontraria Bruno. Suspirei pesadamente e olhei para o céu buscando respostas.

Sarah surgiu atrás de mim com um copo de água na mão, ela me entregou e eu o aceite, tomando tudo em poucos minutos. Me encostei na parede e olhei par a minha amiga que segurou minhas mãos.

 

Ashley – Sabe o que é pior?- Sorri embargada enquanto ela me olhava nos olhos. – Eu viajei 6312 milhas de distância do Bruno e agora ele está vindo pra cá. E pra completar, eu estou esperando um bebê dele! – Coloquei a mão sobre o ventre.

Sarah – Se acalme. Você precisa se resolver com ele. – Falou com tranquilidade. – Essa criança não merece pagar pelos erros dos pais!

Ashley- Eu sei disso. – Passei as mãos sobre o rosto. – Mas não estou pronta para ficar cara a cara com o Bruno.

Sarah – Você não pode tomar decisões precipitadas. – Me olhou nos olhos. – Foi por causa de uma decisão precipitada que você veio parar aqui sem saber que estava grávida. – Concordei com pesar. – Agora vamos descansar, porque você está precisando e amanhã é um novo dia.

 

Fomos para o quarto dela, me deitei na cama, ao lado de Lola e Sarah se deitou em um colchonete no chão. Naquela noite custei a dormir, não conseguia desconectar meus pensamentos de Bruno, e isso refletiu em meu bem estar. Após muito lutar, adormeci devido ao cansaço mental.
 



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