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História Soneto Proibido - XLV - De partida.


Escrita por: larihexney

Notas do Autor


Olá, amados! Como vocês estão nessa quarentena? Lavando a mão? Ficando em casa? Eu espero que sim.
Sei que demorei novamente, mas cá estou. Espero que vocês também estejam e venham me dar um "alô" nos comentários, pois isso me motiva muito.
Gente, esse capítulo é o fechamento de um período. A partir do próximo, vocês vão ver que nossos pombinhos estarão em novas terras e isso marca definitivamente o início da reta final de Soneto Proibido. Espero muito que vocês gostem!
Boa leitura!

Capítulo 46 - XLV - De partida.


Na véspera da minha viagem com Lucca para o Rio de Janeiro, eu decidi começar a arrumar a minha mala. Estava me sentindo inseguro, não sabia quais nem quantas roupas levar, tampouco sabia se ficaria bem em todas elas.

Minha mãe, no momento em que soube da viagem, falou logo em comprar tecidos para costurar vestes novas para mim, o que foi um pouco contraditório de sua parte, visto que a ideia da viagem em si não a agradava. De acordo com ela, eu era apenas um menino que trabalhava no estábulo até outro dia e, de repente, estava me tornando indevidamente um servente do barão. Disse-me que era um absurdo a forma como Lucca me explorava e, de uma hora para a outra, notei que ela havia criado um ressentimento com ele que eu não consegui compreender o motivo e me aborreci por isso.

Quando apontei o quão bom Lucca estava sendo para a nossa família, dando-nos casa, trabalho e vintém para pôr comida na mesa, além de tê-la ajudado com suas costuras e nos defendido de Eliseu, minha mãe se calou por instantes e depois me disse que era o excesso de bondade da parte dele que a intrigava. 

— Mas ele é um homem bom, que mal há nisso? – Defendi-o.

— O mal que há é o que os meus olhos não veem. Ele é cismado com você e eu não entendo a razão. – Resmungou, suspirando logo após.

Depois disso, ela não falou mais no barão. E eu também não tive coragem de mencioná-lo em uma conversa qualquer. A convicção nos olhos de minha mãe de que Lucca possuía alguma espécie de fixação em mim me amedrontou, porque eu sentia que se eu e o mais velho deslizássemos, ela descobriria. Qualquer mínima ação ou contato seria suficiente para que ela se desse conta do que estava bem abaixo do seu faro materno. O tolo havia sido eu por subestimar sua perspicácia por tanto tempo e ter permitido que Lucca tivesse se aproximado dela em função dos negócios com a madame Gomes.

Ao mesmo tempo em que fiquei mais cauteloso, forcei-me a ficar tranquilo. Com a volta de Gregório, eu não passava mais do que uma hora na casa da família Vasconcellos. E, honestamente, era um alívio! Somente saber que eu não teria que cruzar com a baronesa ou sua mãe rabugenta mais que uma vez no dia era um prêmio. Em contrapartida, via Lucca bem menos, o que era um ônus. Nossos encontros no fim da tarde, pelo menos, eram eventos certos, e eu não sabia como, mas sentia que me apaixonava ainda mais por ele a cada vez que dávamos um último beijo antes de nos despedirmos toda noite. 

Hoje, eu apenas o tinha avistado uma vez, de longe. Sabia que ele estava bastante ocupado organizando tudo para a viagem e que nos encontrarmos seria tarefa praticamente impossível, já que durante a semana ele tinha se esforçado bastante para estar todos os dias dividindo a cama comigo. No entanto, eu não podia negar a falta que ele fazia, especialmente em um entardecer frio como o deste dia.

A constatação do tempo me fez lembrar que eu precisaria levar agasalhos e, para a minha frustração, eu encontrei um bastante velho em uma das gavetas da minha cômoda. Por mais que eu quisesse usá-lo, não sabia se seria adequado vestir-me mal na capital do país ao lado de um dos mais importantes barões de café da província de Minas Gerais.

Chegava a ser engraçado, pois toda a minha vida eu jamais me importei com roupa, mas agora, eu estava perturbado graças a pedaços de tecido! Era ridículo! O cúmulo, Thomas!

Contudo, só Deus sabia como eu estava com medo de envergonhar Lucca. Era verdade que em geral eu era muito confiante quanto a minha capacidade – principalmente a de estar sempre prestes a ser marrado no toco – mas eu nunca imaginei que minha ousadia e um cadim de lábia fossem fazer com que eu estivesse a ponto de viajar pela primeira vez rumo ao Rio de Janeiro na posição de assistente do meu amante. Para quem tinha vindo de Prados e estava acostumado a roubar doces de festas, as quais nunca fui formalmente convidado, essa mudança expressiva no modo de vida assustava e me deixava com os nervos em apuros. 

Eu odiava me sentir daquele modo subalterno.

Ao menos, qualquer coisa que viesse a acontecer, eu lavaria as minhas mãos. Tentei avisar a Lucca que eu não era a pessoa indicada para acompanhá-lo, mas ele ignorou. Portanto, quando eu estivesse fazendo ele ficar acanhado feito mula surrada, eu esperava que ele não viesse me exigir nada.

Apanhei as roupas que minha mãe costurou para mim, dobrei-as com o máximo cuidado possível e, enfim, concluí a organização da mala. Sentia que estava esquecendo algo, então passei os olhos por todo o meu quarto, detendo-me ao ver meu caderno de sonetos e poemas. Sem ele, eu não ousaria viajar. Peguei-o rapidamente, guardei e respirei fundo, soltando todo o ar dos meus pulmões. Agora, restava esperar o dia amanhecer para que toda a minha ansiedade se dissipasse.

Durante a noite, mal dormi. Acordei repentinamente às 03h40min e, depois desse horário, só tirei cochilos rápidos, o tempo todo acordando, receoso de perder a hora. Quando por fim o relógio marcou 6h, eu me levantei, fervi a água para me banhar – já que, com o frio que fazia, não existia nenhuma possibilidade de eu tomar um banho frio – e me vesti com uma camisa de manga longa branca e uma calça preta. Precisei colocar um cinto para ajustar a calça, então, quando me olhei no espelho, eu parecia um homem de negócios e a imagem me fez rir. Bom, apresentável eu estava, pensei. Por hora, não havia nada para me preocupar quanto a minha aparência. 

Assim que saí do quarto, fui preparar o café e encontrei minha mãe terminando de cozinhar uma batata doce. A mesa estava posta para três, como ela arrumava todas as manhãs. A diferença é que, hoje, ela tinha feito tudo mais cedo.

— Que estranho vai ser não te ter por uma semana, meu menino. – Ela disse, depois de checar minha aparência. 

Sorri com suas palavras e me apressei para abraçá-la. Ficamos um tempo assim, até que eu desfiz o aperto com um beijo na sua testa, receoso de começar a chorar.

Não, não era por saudade antecipada. Era por temor do que poderia acontecer naquela casa enquanto eu estivesse ausente. Tinha sido algo que eu nem tinha pensado antes, mas depois que me ocorreu, me fez hesitar. 

Ela disse que eu não devia me preocupar, que ela rezaria muito e tinha fé que nada mal aconteceria. O fato era que Eliseu tinha receio de tocá-la porque se apavorava somente com a ideia de Lucca se inteirar e dispensar seus serviços. Contudo, ainda assim eu tinha medo, porque sabia que ele poderia chantageá-la e quiçá violentá-la de outras formas. 

— Não se preocupe comigo, ouviu? – Ela falou, notando meu olhar conflitante. — Não queria que você viajasse, mas por pensar que o barão lhe explora muito, não por outra razão. Portanto, trate de se cuidar e ficar feliz. – Tocou o meu queixo. — Estou tão orgulhosa porque você indo pra capital do país! A vila inteira está cochichando sobre você. 

Minha têmpora se tensionou.

— Cochichando o quê?

— Que você é chique, ora! A vizinha Lucelena mesmo veio aqui na janela conversar que os meninos estão com inveja de você. – Ela disse, risonha. Acabei rindo também, mas de alívio.

Fagner e Guimarães tinham mesmo dito que eu estava mudado, me tornando reguenguele e que, certamente, breve iria embora e os deixaria em Tiradentes. Como eram tontos! Eu estava preso ali tanto quanto eles, embora por outro motivo.

Sentei-me à mesa com minha mãe e tomamos café juntos. Ela me perguntou pela sétima vez quanto tempo levava de Tiradentes até o Rio, se eu estava seguro de que saberia me portar diante da elite carioca, se eu não tinha receio de passar tantas horas no trem, se eu estava ansioso... Respondi tudo novamente, fingindo estar sereno, ainda que por dentro minha ansiedade só estivesse aumentando com sua lembrança de cada questão que eu teria que enfrentar.

Quando terminamos a refeição matinal, fui até o quarto buscar minha mala e, quando regressei, Eliseu estava na sala. Um calafrio percorreu minha pele, mas fiz gosto de manter a postura e fingir que ele não estava ali. Fui até minha mãe e mais uma vez a abracei, despedindo-me. Ela me benzeu, tomou meu rosto em suas mãos e beijou minha testa, sussurrando o tempo que eu me cuidasse.

Eu já estava me direcionando para a porta de casa ao seu lado, com a boina que recentemente havia comprado na mão, quando a voz de Eliseu ecoou.

Num vai pedir bênção ao seu pai antes de sair, mininu

Engoli em seco. Aquela era a primeira vez que ele se dirigia a mim desde o dia vexatório em que brigamos. Até aquele exato instante, nós não tínhamos trocado sequer um olhar e eu preferia que evitássemos isso ao máximo. Todavia, ao fitar minha mãe, percebi seu semblante complacente praticamente me implorando para ser razoável. 

Por ela, eu cedi.

— Bênção... – Murmurei, não conseguindo pronunciar a palavra que eu sabia que ele aguardava que saísse da minha boca.

Umedeci meus lábios e tentei fingir pressa, mas ele foi mais rápido. Andou a passos largos em minha direção e estendeu a mão, sua feição sarcástica não escondendo o prazer em meu desconforto.

— Eu num ouvi ocê me chamar de pai. 

Sem conseguir me conter, soltei um riso anasalado carregado de ironia. Tive vontade de xingá-lo, mas pedi perdão imediatamente a Deus pelo pecado.

Minha mãe voltou a me olhar e tocou meu braço, silenciosamente pedindo que eu terminasse com aquilo logo e não criasse uma confusão que nenhum de nós dois desejávamos, ao contrário daquele crápula.

— Bênção... – Eu disse em um ato brusco, pegando sua mão e deixando um beijo que mal toquei os lábios tamanha foi a rapidez. — senhor Eliseu

— Sou seu pai! – Retrucou no mesmo momento, fazendo meu sangue esquentar com seu tom de voz elevado. — Num pense que é porque ocê tendo regalias com o barão que ocê vai mandar nessa casa. Até quando ocê tiver debaixo desse teto, me deve obediência. – Disse, chegando mais perto de mim até estarmos cara a cara. — Trate de picar a mula daqui se num me tratar como eu mereço ser tratado. – Empurrou meu ombro, fazendo com que eu cambaleasse para trás.

Minha mãe rapidamente me amparou, evitando que minhas costas se esbarrassem na porta. 

— Vai-te embora logo. – Ela pediu, me dando mais um beijo na testa e tentando me conduzir para fora.

Meus olhos ainda estavam fincados naquela figura que eu verdadeiramente tinha nojo. Ele se afastou rindo e, antes que eu finalmente me movesse para sair de casa, ouvi sua voz irônica dizendo:

— Bênção, meu filho. 

Tomei todo o ar disponível no ambiente a fim de não perder a postura, mas minha mente só pensava como seria a sensação de agarrar o seu pescoço e torcê-lo. Eu tinha conhecimento de que talvez não valesse a pena, mas ao menos me vingaria, porque eu já não suportava mais sua habilidade de estragar tudo o que era bom para mim. Desde pequeno, ele sempre me deixava de castigo por motivos tolos, sempre me batia quando não chegava em casa no horário, sempre me proibia de ir às festas que todos os demais adolescentes iam. Sempre havia sido um ogro, mas Deus estava de prova que eu me portava muito bem em todas essas ocasiões até que sua bebedeira ficou mais recorrente e ele passou a ser violento com a minha mãe.

Foi a época em que mais apanhei, quando saía em defesa da mulher que havia me dado a vida. E, ainda assim, eu o tolerava. Obedecia-o. Tentava ser amigável. Tentava até mesmo entendê-lo. Só que, de cadim em cadim, o ódio ia se infiltrando e, repentinamente, transbordava a ponto de eu cogitar matá-lo como naquele segundo antes de minha mãe puxar meu braço e praticamente me colocar para fora com o objetivo de evitar uma tragédia.

Dei um abraço forte nela antes de me dirigir até a propriedade da família Vasconcellos, pedindo a Virgem Maria que a livrasse de todo mal. Quando cheguei em frente à casa, encontrei Lucca na escada ao lado da baronesa, do seu tio, de Antônio e da velha rabugenta. Gregório estava ao lado do automóvel e, pelo que entendi, ele nos levaria até a estação de trem juntamente com Antônio.

Fui meramente educado ao dar bom dia a todos, poupando um olhar para Lucca para que ele não me mostrasse que tinha notado meu semblante fechado. E foi bom mesmo não o encarar, pois assim eu não tive que testemunhar seu constrangimento ao ter que dar um beijo na baronesa, que eu pude notar por suas bochechas rosadas após o ato.

Aproveitando que Lucca e Gregório engataram um assunto sobre casamentos com Antônio, eu me mantive em silêncio durante todo o caminho até a estação de trem. Lucca vez ou outra me olhava do assento da frente, mas eu desviava o olhar a cada vez, assim como me limitava a concordar ou rir levemente quando os três tentavam me introduzir na conversa.

Quando enfim chegamos, meia hora depois, Gregório e Antônio ainda esperaram Lucca comprar os bilhetes das 8h, que nos daria acesso ao trem dali a 15 minutos. Fingindo estar apertado para ir ao toalete, saí às pressas, encontrando um em frente a bilheteria. Eu já estava lavando as mãos quando Lucca surgiu ao meu lado, bastante sério.

— É impressão minha ou você está me evitando? – Perguntou, olhando firmemente para o espelho diante de nós.

— Apenas impressão. – Respondi.

— Tem certeza? – Checou, virando-se para olhar diretamente nos meus olhos. — Pensei que estivesse feliz por nossa primeira viagem juntos. – Lamentou, pesaroso.

Primeira viagem... Repeti as palavras mentalmente uma e outra vez, decidindo que eu gostava do som delas. Era um atestado do momento que estávamos vivendo, ao mesmo tempo em que configurava a possibilidade de outras viagens.

Juntos. 

Foi impossível não sorrir, ainda que de maneira contida.

— Eu estou. – Falei, sustentando seu olhar. — Só que também estou ansioso, preocupado, temeroso em te desapontar...

— Me desapontar? – Questionou espantado, como se eu tivesse dito um absurdo. — Escute, Thomas... Eu quero que essa viagem seja tão boa para mim quanto para você. Então, esteja certo de que você só me desapontaria caso não quisesse viver isso comigo, e pelo visto, isso não vai acontecer... Estou certo?

Era impressão minha ou ele estava com receio de que eu desistisse? 

Observando cuidadosamente seu rosto bonito, não me passou despercebido que ele tinha uma expressão tensa, indicando que minha suposição estava correta. Ele realmente estava pensando que eu desistiria.

Ao mesmo tempo em que era adorável, eu sentia vontade de sacudi-lo.

— Óbvio que você está certo. Tenho palavra e o mais importante: toda a vontade do mundo de estar ao seu lado. Em qualquer lugar e em todos os momentos, Lucca. – Sussurrei e ele assentiu, entendendo o recado. Tendo percebido que seus olhos tinham baixado para a minha boca no meio da minha fala, assim que concluí, tratei de enxugar minhas mãos e voltar para onde Gregório e Antônio estavam.

Eu sabia que devia correr de Lucca como o diabo corria da cruz quando ele começava a inspeção pelo meu corpo que, curiosamente, sempre tinha minha boca como ponto de partida.

Logo que regressei para o ponto de espera, providenciei uma cadeira para aguardar o trem enquanto via Gregório e Antônio entretidos em uma conversa. Lucca chegou um minuto depois e fez com que os rapazes viessem para perto de mim. Envergonhei-me automaticamente da minha tentativa frustrada de não socializar. Reconhecia que, dessa forma, estava me portando como um menino mimado.

— Ele sempre é tão quieto assim? – Antônio indagou a Lucca.

— Não, ele apenas está...

— Ansioso, veja só como ele não para de balançar as pernas tal como uma criança. – Gregório interrompeu Lucca, tentando me provocar. 

Decidi não o deixar sem uma resposta.

— Sim, você tem razão. Considerando minha inquietude infantil e a sua idade, arriscaria dizer que eu poderia ser até mesmo seu filho. 

Lucca e Antônio riram, enquanto Gregório fingiu uma carranca que não durou muito tempo. De imediato, começamos a conversar distraidamente e os minutos que faltavam para que o trem chegasse passou velozmente. Despedi-me dos dois homens com apertos de mão e abraços com tapinhas nas costas. Gregório, durante o gesto amigável, sussurrou no meu ouvido discretamente:

— Trate de se divertir, ouviu, criança? Confio no seu potencial, você merece o cargo que está ocupando. No mais, cuide do barão e disfrutem.

Surpreso, eu apenas sorri em resposta e assenti, genuinamente feliz com as palavras do outro. Meu rosto deve ter se iluminado bastante, porque ele riu de mim enquanto eu subia no trem e seguia Lucca, inegavelmente  impressionado. Quando acomodei minhas coisas na parte inferior do assento e me sentei, Lucca tinha seus olhos afetuosos em mim. Ele estava ao meu lado, mas minimamente mais próximo do que era necessário.

— O que foi? – Eu perguntei quando seus olhos insistiram em me fitar. 

— Eu estou feliz. – Ele disse baixinho enquanto a voz do locutor soava alta, informando que faltavam apenas cinco minutos para que o trem estivesse em movimento. — E vejo que agora você também está. O que me deixa curioso por saber o estava impedindo esse sorriso belo de aparecer.

— Meu pai. – Fui direto ao ponto e Lucca soltou um “ah”, como se o que eu tivesse dito bastasse. 

— Quer conversar sobre isso? – Ele perguntou um minuto depois. 

— Não. – Fui sincero. — Mas quero conversar sobre a surpresa que você disse que tinha para mim.

— Bom, é uma surpresa, eu não vou dizer. – Ele disse, sorrindo. E, Deus meu, que sorriso! 

— Me dê uma dica, por favor. – Pedi, fazendo beicinho. Em resposta, ele riu, mordendo os lábios e balançando a cabeça em negação.

— Quando chegarmos ao Rio, você verá. – Garantiu.

Derrotado, eu suspirei, e tão logo o trem deu a partida.

Eu não sabia explicar a emoção que me invadiu com o barulho da máquina sobre os trilhos, mas meu coração acelerou e eu sorri, não só porque estava prestes a viajar para um lugar completamente desconhecido ao lado do homem que eu amava e era perdidamente apaixonado, mas também porque esse mesmo homem, com toda a elegância e desfaçatez do mundo, tinha acabado de entrelaçar seus dedos nos meus por debaixo de um agasalho que ele usou para cobrir nosso colo  com a desculpa de estar fazendo muito frio.

Comovido com a iniciativa e amando seu toque quente na minha mão, eu virei o rosto para a janela e comecei a fazer carinho no dorso da sua própria, encantado com a nossa cumplicidade e verdadeiramente desejando que o Rio nos reservasse as melhores lembranças possíveis.

Porque, no fim, aquele amor era tudo de puro e bom que eu tinha.


Notas Finais


Estou aberta a todo tipo de crítica! Beijo enorme e se cuidem! Fiquem em casa!
Até a próxima!


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