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História Sonho ruim . . . pesadelo bom. - Lágrimas de um sentimento verdadeiro


Escrita por: Amaya-

Capítulo 14 - Lágrimas de um sentimento verdadeiro


Não entendo porque estou chorando e ocupando os meus olhos com lágrimas de tristeza. E ainda por cima, as deixando derramar. Dói.. e muito.. Deve estar se perguntando por que, mas nem mesmo eu sei. Só sei.. que eu saia correndo daquele jardim, da onde vira uma horrível cena.

Eu saía correndo daquele lugar tentando lembrar de onde eu vim e sumir dali de uma vez. Mas parecia que o labirinto se alongava a cada passo que eu dava. Eu sentia o meu rosto molhado e inchado. Tentei ignorá-lo e fugir dali, como se nada tivesse acontecido. O difícil era fingir que nada aconteceu. Ouvi passos rápidos atrás de mim tentando me alcançar. Apressei-me mais ainda, pois nem precisava adivinhar quem era. Eu queria tirar o sapato e tacá-lo nele. Ou melhor, pegar uma luz presa daquele jardim e mirá-lo bem na cabeça. Mas para isso, precisaria parar e era a última coisa naquela hora que eu queria fazer.

”Cadê a saída? Cadê a praga da saída?”

Até que na correria, eu tropecei e caí de cara no verde do chão. Arquejei de dor ao bater com a barriga nele o que foi como se me dessem um chute. Iria ficar ali se não ouvisse os passos dele se aproximando. Levantei-me rapidamente e corri de encontro à porta de madeira por onde entrei que estava entreaberta. Abri-a num movimento brusco e quase caí de cara no piso duro de novo. Mas consegui pegar equilíbrio e tentei disfarçar o porquê de minha pressa para não estragar a festa. Apertei os meus passos para a saída e senti olhos me percorrendo. Adiantei-me mais e andei em direção à porta de vidro que me esperava. Estava disposta a ir embora daquele lugar. Estava soluçando e com o rosto ainda encharcado. Abaixei a cabeça ao passar pelas pessoas do salão e alcancei à porta que dava para a rua. Não demoraria muito para chegar em casa se fosse correndo, mas me sentia cansada e sem fôlego. Andaria com calma, se ouvisse ou sentisse algum sinal de perigo correria.

...


Assim que dei de cara com a rua, um vento frio e leve percorreu-me à espinha e fiquei arrepiada. Lá dentro tinha ar condicionado, mas não para quem acabara de pegar uma corrida desesperada. Respirei fundo e comecei o meu caminho pronta para ir para casa. Mas, assim que eu atravessei à calçada e cheguei ao outro lado de frente para o salão, ouvi algumas trocas de palavras atrás de mim e me virei. Nossos olhos se encontraram. Recuei uns passos para trás pronta para correr. Não queria conversa e nem desculpas. Nunca mais. Assim que dei um passo para trás, ele se adiantou e deu um também. Era como se eu o movimentasse com os meus próprios movimentos. Novamente, recuei um passo para trás e ele adiantou mais um. Até que em vez de troca de passos, rapidamente, recuei um para trás e antes que ele pudesse me imitar saí correndo em direção à minha casa. As lágrimas cismavam em cair.

- Para, para, por favor..! Acalmem-se..! – eu sussurrava para elas. Eu dava o máximo de mim para correr. E mesmo, as sandálias me machucavam.

- Ale! Por favor! Para um pouco e me escute! – o Lee gritava correndo ainda atrás de mim.

- Deixe-me em paz! – tentei gritar, mas não sabia se ele havia escutado

”Ele não desiste?”

Então éramos iguais. Ainda correndo e quase caindo tentei arrancar as sandálias do meu pé. Desprendi o fecho rapidamente do par inteiro e peguei as sandálias na mão ainda correndo, só que agora.. descalça. Virei-me correndo de costas e vi que o Lee estava para me alcançar. Joguei um pé da sandália na sua direção só que sem mira e depois o outro. Vire-me de volta e continuei correndo para casa, sem olhar para trás..

...


Assim que a alcancei entrei rapidamente e abri a porta que estava encostada fechada. Fui correndo para o meu quarto só ouvindo o meu pai perguntar:

- A festa já acabou?

E fechei a porta de meu quarto. Só ouvindo cochichos preocupados e sussurros baixos atrás da porta. Abaixei-me com as minhas costas arrastando nela e caí sentada no chão. Os soluços estavam sufocados e continuariam assim. A cena do beijo se repetia várias e várias vezes em minha mente. E cada vez que isso acontecia meus olhos lacrimejavam querendo chorar. Mas eu segurei e aquilo teria que acabar. Eu sentia que meus pés estavam sujos e doloridos. Eu estava com uma dor de cabeça terrível e meu corpo doía de tanto correr.

- Alessandra Correia Lonson! Abra essa porta agora! – meu pai gritava do outro lado da porta e batia forte na porta, que fazia com que o meu corpo pulsasse para lá e para cá e minha cabeça latejasse mais ainda.

- Pare Fabrício! – ouvi a minha avó ordenar ao meu pai.

Ele parou.

- Ela está confusa.. não é assim que se resolve as coisas.. – disse a minha avó tranqüilizando-o, com a sua voz calma e carinhosa.

Ela falava como se soubesse o porquê de eu estar atrás daquela porta chorando. Tentei me levantar, mas meu corpo exigia descanso. Com muito esforço consegui apoiar uma perna no chão e empurrar o meu corpo para cima. Olhei para mim de cima a baixo e meu vestido estava surrado e sujo. O meu cabelo esvoaçado e despenteado. Eu queria cair na cama e apagar. Mesmo daquele jeito. Minha vontade era de..de.. sei lá! Eu não conseguia pensar em nada..

Saí de trás da porta e fui mancando até o chão perto da cama. Sentei-me no gelado e apoiei a minha cabeça na beira da cama. Ela latejava e doía. Ouvi trincos na porta e não tive vontade de levantar para impedir. Meu pai tinha uma chave vaga de meu quarto.

A porta se abriu e os dois entraram.

- Ô meu amor.. – minha avó disse entrando no quarto e me envolvendo em seus braços carinhosos. – Você está suja e cansada..

Meu pai veio logo atrás e abraçou-nos. Já que eu estava no colo de minha avó. Eu parecia até uma criança carente. Mas o que eu mais queria naquele momento era ser pequenina. Em vez de segurar as lágrimas e me aninhar àquele abraço, eu caí no choro. Soluçando alto e não me importando com quem quisesse ouvir. Sentia-me desesperada. O que você faria se visse o seu melhor amigo beijando a garota dos seus pesadelos e que não te suporta? Mas.. será só amizade que eu sentia por ele? Eu não sabia e naquele momento nem queria saber. Pois, eu me sentia em um escuro assustador e só. Mas eu tinha pessoas que me amavam e pegavam a minha mão para me aninhar. Eu ia naqueles colos. Só que, ainda continuava no escuro. A minha luz seria ele? Não sabia.. não sabia mesmo.

...


- Está tudo bem criança.. chore.. chore até o quanto você puder.. – disse a minha avó em sussurros no meu ouvido.

Eu estava tão cansada e doída que não agüentava me mexer. Só ouvia os sussurros de minha avó com o meu pai:

- Vou dar um banho nela e trocar essa roupa.. já fiz isso tantas vezes.. – sussurrava a minha avó.

- Acho que irei buscar a Maria Clara. – dizia o meu pai se afastando da gente. Mas nesse momento ouvimos o barulho do portão de casa se abrindo rapidamente e passos se aproximando.

- Oh Deus.. – era a Mar. Sua voz mostrava preocupação e tristeza.

Senti seus passos leves se aproximando de mim e de minha avó.

- Amiga.. como ela está? – perguntava ela preocupada.

- Não está bem.. nem um pouco. – dizia a minha avó chateada por mim.

- Ale.. sinto muito.. eu.. nem imaginava que is.. – ela não terminou. Se virou ficando de frente para mim e me abraçou vendo que eu estava chorando e triste.

- Mar.. me ajude à tirar a roupa dela? – perguntava a minha avó.
- Claro.. – a Mar concordou.

Eu estava tão fraca e chateada que nem senti elas tirando o meu vestido. Só senti eu andando bem devagar até o banheiro acompanhada de minha avó e da Mar enrolada em uma toalha. E depois, uma água geladíssima me atingindo da cabeça aos pés.

- Vó.. pode deixar daqui.. eu me viro.. – disse eu para ela enquanto a água percorria o meu corpo inteiro.

- Tem certeza? – perguntou ela preocupada.

Afirmei com a cabeça. Ela no começo ficou um pouco receosa, mas depois se retirou do banheiro..

...


As lágrimas que escorriam de meus olhos se misturavam junto com a água que caía do chuveiro de água gelada. Eu tentava segurar, mas era inevitável. Meus soluços pararam, mas, as lágrimas pioraram mais ainda. Eu queria dar um fim naquele choro. Mas, quanto mais eu tentava parar, mais ainda piorava.

- Eu poderia fechar os olhos por um momento e sumir. É.. é isso que eu quero.. – eu sussurrava em meio à água gelada, conversando comigo mesma.

“Seremos amigos, sempre! Nossa amizade nunca mudará em meio aos conflitos da adolescência!”

Lee.. desde pequeno.. sempre inteligente e com palavras certas..

Eu queria ficar debaixo do chuveiro para sempre. Mas uma hora tinha que sair dali. E enfrentar o destino da existência. Nem sei se esse é o certo. Meus olhos doíam de tanto chorar e meu corpo também. Minha cabeça piorava cada vez mais e eu só queria cair na cama para ser levada por um sono profundo e pesado. Bem pesado..


...


Fechei o chuveiro e saí de dentro do box. Sequei-me e peguei a camisola que estava pendurada no junto com as outras roupas atrás da porta. Vesti-a e saí do banheiro. Andei em passos lentos até o meu quarto, mas antes de entrar escutei sussurros e uma conversa do meu pai, da minha avó e da Mar. E era ela que falava. Parei perto da porta e fiquei à escuta:

- Eu não sei bem o que aconteceu.. só vi ela saindo bem rápido do jardim da festa e da própria. – explicava a Mar.

- Mas.. queremos saber o que aconteceu com ela Maria Clara.. Precisamos.. – implorava o meu pai.

Ouve um curto silêncio e depois a minha avó rompeu-o:

- Não acho bom nos metermos nos assuntos íntimos da Alessandra. Ela está crescendo.. descobrindo as coisas.. e temos que respeitar esse seu lado.

- Mas mãe.. eu fico preocupado. – dizia o meu pai, triste. Para variar por mim.

- Alessandra.. não precisa se esconder..

Era a minha avó. Era tão difícil de esconder alguma coisa dela. Principalmente eu inteira. Forcei os meus olhos e entrei no quarto, com olhos me fitando. Aproximei-me deles e apenas disse:

- Estou com sono.. quero dormir. – disse, com a voz trêmula e cansada.

Eles compreenderam. Fui para perto de minha cama e sentei-me nela. Eu não queria expulsá-los. Só queria mudar de assunto. Eles me deram “Boa noite” e saíram do quarto. Menos a Mar que estava agachada perto de sua mala pegando a sua camisola. Antes de sair, ela sorriu para mim e se retirou do quarto levando a roupa junto. Apaguei a luz de meu quarto, deixando o abajur perto de minha cama aceso. A cama da Mar já estava feita na cama debaixo, então, nada com o que se preocupar. Deitei-me puxando o lençol comigo e torcendo para a dor de cabeça passar. Eu não poderia dormir agora, mesmo querendo. Queria conversar com ela, antes. Não demorou muito e ela já estava de volta. Voltou para a sua mochila e guardou a roupa que estava em sua mão.

- Pode apagar? – perguntou ela apontando para o abajur.

- Pode deixar.. – murmurei com a voz cansada.

Ela foi em direção para a sua cama que ficava do lado embaixo da minha, deitou e se ajeitou:

- Desculpa.. – sussurrei para ela.

Ela se mexeu um pouco e se virou para mim, me olhando com as sobrancelhas estreitadas:

- Por quê?

- Por estragar o seu encontro.

Ela entendeu o que eu quis dizer e fez cara de pena:

- Tudo bem amiga.. ele não é bem o meu tipo.. – murmurou ela à luz do abajur.

- Mesmo assim, eu não.. quis..

Antes que eu pudesse completar ela me interrompeu se levantando e se sentando na beira da cama:

- Olha, você é a minha amiga. Tenho todos os motivos para me preocupar com você e além do mais.. eu já disse.. ele não é o meu tipo.

E sorriu. Levantei-me ficando de frente para ela de pernas cruzadas, o que ela fez o mesmo. Abaixei a minha cabeça, num ato de vergonha e tristeza. Ela começou a tentar me animar:

- Ale.. nem eu mesma concordei com ele. Poxa, o que ele fez foi.. inaceitável! Eu não sei o quê e nem como aquilo começou. Até o Sandro ficou indignado com o Lee. Puxa, dessa vez ele foi longe demais! Mas, nem mesmo por isso queremos que você fique triste por ele. Eu sei que acabou de descobrir o que você sente de verdade. E também sei que amanhã irá querer faltar a aula. Mas faltar.. você irá estar se rebaixando para os dois idiotas! Não faz isso.. seja forte como você sempre foi amiga.

Sua voz e tranqüilidade me acalmavam por completo. Eu me sentia confortável ao lado dela. Pois suas palavras me tranqüilizavam:

- Nossa! Você me conhece mesmo..

- Pelo o que aconteceu hoje, com toda certeza.. você irá querer faltar aula amanhã.

- O que você quis dizer sobre.. “descobrir o que eu sinto de verdade”? – perguntei, confusa.

Ela suspirou e sorriu:

- Pois é, você ainda não compreendeu mesmo. Deixa essa inocência de lado amiga. Boa noite, temos que dormir. E sei que você está cansada.

Ela se levantou e foi deitar. Logo, já dava para ouvir a forte respiração dela. Sinal: Já estava dormindo.

Mas eu nem me ligava mais nisso. Me virei para o lado e tentei cair no sono, mas a sua fala não saía de minha cabeça:

”..nem mesmo por isso queremos que você fique triste por ele. Eu sei que acabou de descobrir o que você sente de verdade..”

Percebi que as lágrimas cessaram e se cansaram de cair de meus olhos azuis escuros. Respirei fundo ao compreender o que sentia. O que sempre senti..

O que eu sempre guardei e com a minha inocência, eu nunca entendia. Mas agora eu entendo e não foi a inocência que atrapalhava e sim eu mesma.. eu mesma que nunca deixava isso transparecer.. nunca demonstrei ou sequer deixei algo dar uma pista.

Mas de uns tempos para cá isso está me superando e me tomando por completa. E aqui estou.. descobri e sempre escondi o meu primeiro amor..

Pois eu sou apaixonada pelo meu melhor amigo...


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