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História Sonho ruim . . . pesadelo bom. - Própria inocência


Escrita por: Amaya-

Capítulo 15 - Própria inocência


- Não estou com vontade alguma de ir ao colégio hoje. – dizia eu enquanto almoçava com a Mar.

Ela largou o garfo no prato, cruzou os braços na mesa e me fitou, indignada, por um momento me assustei com o seu olhar:

- Olha o que a gente conversou ontem Ale. E outra, não deixarei você faltar de jeito algum.

Bufei de raiva. Mas não sabia se era por mim ou por ela:

- Já está exagerando.. esqueça.. não quero ir.. – eu disse, brincando com o garfo na comida.

Ela se levantou bruscamente da mesa, o que me deu um susto. Veio até a minha direção e puxou o meu braço:

- Mas.. o que está fazendo? – perguntei, confusa enquanto ela me puxava para fora da mesa onde estávamos almoçando.

- Estamos atrasadas. Temos que ir. Anda.. apresse-se. – disse ela, imediatamente.

Olhei para o relógio perto dali e já era 12h40h. Pois é, estávamos mesmo atrasadas. Mas, eu não queria ir.

- Maar..!! – resmunguei.

Mesmo não querendo.. Ela me puxou para o banheiro e escovamos os dentes. Nos arrumamos e saímos de casa já era: 12:55h. Para mim, eu queria era mesmo chegar atrasada para nem chegar. Ela me puxava de um canto para o outro para eu não fugir. Até que quando acabamos de fazer tudo, menos de almoçar completamente, fomos saindo, nos despedindo do meu pai e de minha avó:

- Tchau Seu Fernando. Tchau Dona Helena. – despediu-se a Mar.

- Vão com Deus. – disse os dois e saímos porta à fora.

Rumo ao pesadelo..

...


- Chegamos! Agora é só..

- ..entrar no inferno e se queimar no fogo. É eu sei.. – disse eu, interrompendo-a, enquanto entrávamos pelo portão do colégio.

Fui puxada pela Mar até a sala. Meu coração se acelerava à cada passo que eu dava. Parecia ter sido à milênios atrás que aquilo aconteceu. Mesmo se eu faltasse hoje, eu iria ter que enfrentar aquilo de um jeito ou de outro.

- Ignore-o. – ela apenas disse, sem me olhar, enquanto subíamos as escadas.

Não perguntem à quem ela se referia, pois nem precisava. Se eu o visse? Não pude pensar na resposta, tarde demais. Eu já estava na porta da sala. Meu coração disparou mais ainda quando o vi e tentei controlá-lo, pois alguém poderia ouvir. Ele ainda não tinha me visto, mas eu sim. Antes de entrar completamente olhei para a Mar e ela fez o mesmo:

- Posso fugir? – perguntei com a voz trêmula.

Ela contorceu a boca num ato de pena e me puxou para dentro da sala. E tinha me tocado que ele não estava sentado no seu lugar de sempre. Estava perto da Tatiana. Minha vontade era de chorar ou sair correndo dali, mas como se lesse os meus pensamentos a Mar tocou no meu braço e apertou-o, fazendo com que eu a olhasse com careta de dor:

- Não dê esse gostinho a eles. – sua expressão e voz estavam sérias.

Afirmei com a cabeça e fomos para o nosso lugar. Senti olhos me percorrendo. E eu só ficava no: não precisa adivinhar quem é. Droga! Minha vontade era de entrar em um buraco preto e sumir para sempre! Por que eu só deixei de esconder esse amor logo agora? E não antes? Ou melhor.. antes seria pior.. Minha vida é tão confusa!

Sentamos em nossos lugares e suspiramos de alívio por chegarmos antes do Professor Sávilo. E só em pensar nele, o chato entra. Ele estava com uma cara de felicidade, isso era um perigo. AVISO: Ele vai nos ferrar de algum jeito!. Assim que ele entrou e se ajeitou em sua mesa, começou a falar com o sorriso cínico no rosto:

- Boa tarde! Bom, como todos vocês sabem.. semana que vem será a nossa prova e.. – deu um risinho que deixou alguns assustados. – Hoje faremos uma pequena revisão de MP5. Mas, não se preocupem, para quem sabe.. com toda certeza será facílimo.

E deu outro risinho olhando para mim e para o Lee. Aquele cara era do mau. Nossa! Semana passada.. parece que foi à séculos atrás. Ignorando sua conversa mole, de rabo-de-olho dei uma olhada para o lado em direção para o Lee. Ele usava os seus óculos de margem preta. Mas, a tristeza que eu sentia pelo o que ele tinha feito no dia anterior, com toda certeza, eu achava que aqueles óculos deixavam-no ainda mais falso. Minha vontade era de levantar e matá-lo, mas eu sabia que a culpa não era só dele. Eu também tinha sido idiota, mas não sabia no quê. Na inocência? Mas antes que eu pudesse buscar a resposta, senti um tapa forte em minha mesa. O que me fez dar um pulo da carteira e procurar de onde e o porquê daquilo atingir a minha mesa. Olhei para cima e me assustei. Por um momento tinha visto coisas, mas depois percebi que era o professor. Rapidamente, levantei a cabeça que estava em cima dos braços da mesa e o fitei, desafiando-o. Pois eu já estava com problemas demais para ter que aturar mais um como professor:

- A senhorita não tem cama em casa não?

Ouvi murmúrios de riso pela sala. De repente fiquei corada:

- Hã.. tenho sim, mas.. eu dormi? – perguntei confusa.

Foi uma pergunta idiota. Mas.. nem eu mesma sabia. Ele bufou e percebi que era um ”sim” de sua parte. Preferi não olhar mais ele, pois aquele cara era sinistro:

- Ela é tão ocupadinha né? Que não consegue dormir direito em casa. Ou será por que não tem mesmo casa?

Agora eram gargalhadas estrondosas pela sala. Forcei os meus olhos para tentar acordar daquele terrível pesadelo. E quem acabara de falar não era o professor e nem qualquer aluno da sala. E sim, a Tatiana. Logo ela. Abaixei novamente a cabeça na mesa para me esconder de todos. O professor não disse nada. Pois de repente ele até achava aquilo certo. Até que eu ouvi um movimento brusco na carteira e as gargalhadas cessaram:

- Sabe Tatiana.. não sei o por quê e nem como você consegue ser assim. Metida, chata e grossa. Se mete na vida dos outros e principalmente da Ale. Já não basta o que anda acontecendo e você ainda tem que dar problemas? Ninguém te agüenta não garota. Se toca. Eu não sei nem como você consegue ter amigos. – eu conhecia essa voz. Mar..

- Uuuuuuuuuuuhhhhhhh...! – murmurou a sala inteira.

Ouvi ela se sentar de novo e ergui a minha cabeça para agradecê-la:

- Obrigada amiga.. – murmurei com a voz carinhosa.

Ela sorriu:

- Que isso.. – e se virou com a atenção de volta para a aula.

O professor deu um fim nos risos e zoações da sala e continuou com a aula. Abaixei novamente a minha cabeça e olhei para o lado do Lee. Meu coração disparou quando o olhei.

Nossos olhos haviam se encontrado.

Ele me olhava com um olhar de pena e arrependimento atrás daqueles óculos. Desviei os meus olhos rapidamente com a atenção na paisagem da janela. Não podia cair na tentação. Não mesmo. Falso. Idiota. Odeio-o. Mas o amo. Não posso. Não posso. Não mais.

Eu sempre desafiava a Tatiana. Sempre. Não entendi por que não levantei e dei uma bela resposta. Mas acho que eu estava tão triste que isso tomou conta de mim e me cansou até nas palavras. Ou será, por que eu não queria decepcioná-lo de novo? E não receber mais as respostas de antes?

Eu já estava virando a própria inocência..

...


O sinal tocou e descemos. Como sempre um tumulto daqueles. Era aula vaga e iríamos ficar na quadra jogando vôlei. Menos eu. Quer dizer até ficaria, mas só sentada olhando o jogo. Isso se não ficasse mergulhada em pensamentos. Ao chegar lá, muitos foram para o meio da quadra, um deles com a bola e começaram a jogar imediatamente. Até a Mar. Eu não queria prendê-la por minha causa. Não mesmo. Ela tinha seu divertimento. O jogo começou bem legal. O Lee e a Tatiana também estavam jogando, só que, eu fiquei bem fora de vista do Lee. Isso se dava para fugir dele. Eu estava mergulhada em pensamentos e ao mesmo tempo concentrada naquele jogo. Até sentir alguém se sentando ao meu lado. Olhei e sorri, nunca pensei em ficar tão feliz em ver ele:

- Oi Vagner. Não vai jogar? – perguntei enquanto ele se ajeitava ao meu lado.

- Não. Bom, mas, se você quiser.. eu posso sair daqui. – ele começou a se levantar, mas eu segurei-o pela camisa

- Por favor, não. A última coisa que quero agora é ficar sozinha. – disse eu com a voz trêmula e ele se sentou de novo, me olhando com seus olhos cinzentos e joviais.

Ficamos rodeados por um curto silêncio e depois ele rompeu-o:

- Você está bem? – perguntou ele preocupado.

- Sim.. – respondi, sem olhá-lo nos olhos e abaixando a cabeça.

- Não parece.

Olhei-o para seus olhos e sorri. Um sorriso triste e estranho. Até eu mesma senti. Toquei-me por uma coisa:

- Você sabia, não? – perguntei olhando para frente.

Ouvi um suspiro pesado e carregado:

- Desculpa por não te contar. – desculpou-se ele.

- Tudo bem.. já aconteceu.. – murmurei com a voz baixa.

- Olha Alessan..

- Ale.. pode me chamar assim agora. – interrompi-o olhando para ele e sorrindo.

- Nossa! Você nunca deixou eu te chamar assim.. – lamentou ele, fingindo tristeza.

- Mas agora deixo. – e rimos.

Depois de algumas bobeiras e risada, ele continuou:

- Bom, voltando ao assunto.. eu só sei que.. –ele parou.

- O que houve? – perguntei confusa.

- Não sei se devo falar.. – respondeu ele receoso.

- Ok, se não quiser. A escolha é sua. – disse fitando o nada à minha frente e ignorando-o.

Um longo silêncio nos percorreu e ele novamente o rompeu:

- Tá! Tabóm! Eu digo! – falou ele se rendendo.

Sorri sem fitá-lo. Até que ele era um garoto legal:

- Eu não sei bem em como ou o porquê em como isso foi acontecer. Bom, sei que a Tatiana é a melhor amiga da Joana e por isso ela foi à festa.

Arregalei os meus olhos ao ouvir isso. Olhei para ele boquiaberta:

- C-Como?

- Isso mesmo.. – murmurou ele meio que, contorcido por ter falado algo de errado.

- Então, quer dizer que, ela foi à festa por isso? Por causa de..

- Calma Ale, não é por aí. Mas, o mais incrível de tudo.. elas estavam brigadas.

- Não creio. – eu estava assustada demais para conseguir falar uma coisa útil. Eu não conseguia me recordar da roupa da Tatiana.

Droga! Estava tão triste e chateada ao ver aquele beijo que não lembrava de jeito algum de sua roupa ou vestido. Poderia pelo menos, pensar nisso e desconfiar que se ela estivesse mal-arrumada, com toda certeza: era penetra. Mas, eu sou tão anta que nem prestei atenção nisso. E também, porque prestaria quando você vê o seu primeiro amor beijando outra? Tenho que parar de pensar nisso. Iria ser bom se reparasse na roupa, a Tatiana não era de se vestir de qualquer jeito, pois era uma completa metida à patricinha. E também eu não a tinha visto na festa. Com todas as certezas eu a reconheceria até disfarçada no meio de tanta gente. Ah! Mas ela apenas entrou de penetra para ficar com o Lee. É.. para ficar com o Lee..

- Você sabe o que ela provocou para brigar com a Joana? – perguntei ainda olhando para frente.

- Isso eu não sei. Mas foi o que o Lee me contou.

Abaixei a minha cabeça quando ele comentou sobre ele:

- Desculpe, não quis magoá-la. – desculpou-se ele.

- Tudo bem.. eu me curo. – provavelmente ele já sabia sobre o que aconteceu na festa.

- Sabe? Eu não concordo com o que ele fez. Sinto muito se você gosta dele Ale. Não sofra.. ele não te merece e nem você merece ficar assim. – tranqüilizou-me.

Eu ri e disse:

- Já ouvi alguém disse isso. – e ri novamente. Um riso triste e estranho: - Vagner..

- Hum?

- Não diga a ninguém o que conversamos aqui ok? Por favor?! – implorei.

Ele fingiu pensar por um momento. Empurrei-o brincando e ele riu:

- Tabóm! Tabóm! Eu prometo! – falou juntando dois dedinhos numa cruz e os beijando-os.

- Obrigada.. – agradeci-o, sorrindo para ele e olhando em seus olhos joviais.

Nesse momento, o sinal da terceira aula tocou..

...


O sinal da saída havia tocado há um tempo e eu saia da sala para o corredor de armários dos alunos. Não mexo muito nele, pois, quase não guardo muita coisa lá. Pensei muito sobre a conversa que tive com o Vagner, e cheguei à uma conclusão: irei procurar saber porquê a Tatiana entrou de penetra na festa e o Lee se sabia da briga das duas, não tomou uma providência. E também descobriria porque elas haviam brigado. Isso estava estranho demais. Ainda mais vindo do Lee e da Tatiana. Alcancei o armário, lá eu guardava só alguns livros e enfeitava-o por dentro. Mas ele não era de nenhuma importância.

Saímos na penúltima hora e a Mar e a maioria da sala já havia ido embora. Peguei o meu chaveiro e procurei a chave do armário. Virei-a na fechadura e o abri. Tudo estava igual à última vez que o vi. Antes mesmo de pegar o que queria.. um papelzinho saiu lá de dentro e o jeito como abri o armário fez ele voar e cair no chão perto de meu pé. Olhei bem antes de me aproximar daquele pequeno papel, esperando para eu pegá-lo. Abaixei-me ficando de joelhos e sentei em cima das pernas. Estendi a mão para alcançá-lo e antes que pudesse pegá-lo dava para ver escrito de uma letra bonita contornado de preto:


Para: Alessandra


Admirador Secreto


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