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História Sonic Tales - Saga: Estopim - Ressonância


Escrita por: BunnyRuby

Notas do Autor


Olá.

Mais um capítulo para este domingo. Apesar da história estar na fase "calmaria antes da tempestade", gosto bastante desse capítulo e tenho a satisfação de trazê-lo aqui e finalmente contando um pouco mais das "raízes" do mundo que os cercam.

No capítulo anterior:
Maya amanhece tendo um sonho estranho, porém, não surpreendente para ela. Sonic a surpeende entrando pela janela, fazendo ela sentir "algo" e o outro azul acaba por descobrir que a garota possuía um boneco de pelúcia feito pela mãe dela com a mesma figura dele. Na sala de estar, um noticiário preocupa Sonic.

Tenham uma boa leitura!


"Mesmo depois de muito tempo, esta cicatriz permanece."

"Eles ainda estão aqui."

Capítulo 20 - Ressonância


— Aconteceu alguma coisa? — indagou Maya, receosa.

— Eh? — Sonic olhou para Maya, percebendo o efeito que sua exclamação havia causado nela. — A-ah, não se preocupe. Está tudo bem.

Maya sabia que não era o caso. Não estava tudo bem. Ela, porém, não se via capaz de fazer coisa alguma a respeito daquilo naquele momento. Sonic se assemelhava bastante a Oz naquele ponto; ambos relutavam em expressar suas preocupações para ela.

Sonic, por sua vez, sabia que aquele podia ser o sinal de um mau presságio. Esperava que não fosse.

— Acho que as coisas não estão tão em paz nesse mundo, afinal — ponderou o ouriço consigo mesmo.

Sonic sentia a necessidade de descobrir. Não tardou em levantar e se dirigir para o hall de entrada. Seria a primeira vez que sairia.

— Por favor, espere! — pediu Maya, se estendendo até o braço do sofá. Queria poder alcancá-lo. — É perigoso sair em plena luz do dia... Ai! — emendou ela antes de acabar por escorregar da borda do sofá até o tapete.

Tanto Sonic, que chegou do hall de entrada, quanto Oz, que chegou da cozinha, vieram em socorro da menina imediatamente.

— A senhorita está bem? — perguntou o mordomo, não disfarçando sua preocupação, se agachando perto de sua senhorita.

— Tá tudo bem? — perguntou o ouriço, quase ao mesmo tempo que o mais velho, igualmente preocupado.

Maya encolheu os ombros, constrangida. Se não estivesse na condição que estava, teria desatado a chorar de desgosto...

Não teve escolha, se obrigou a engolir o ímpeto impulso de cair em prantos.

— Estou bem... — foi tudo o que conseguiu dizer sem permitir que sua voz oscilasse. Engoliu, então, em seco. Não tinha coragem de erguer os olhos do tapete.

Em vez disso, esticou os braços até o sofá e tentou erguer o próprio corpo de volta para cima. Ela, porém, não conseguia a força necessária para executar aquele, aparentemente, simples movimento.

Sonic estendeu os braços na intenção de auxiliá-la, mas foi interrompido por Oz, que o segurou pelo ombro.

Sonic o olhou um tanto surpreso, vendo o mordomo apenas abanar a cabeça silenciosamente.

Aquilo levou algum tempo, mas Maya conseguiu retornar ao sofá por conta própria. Ofegante e suando um bocado, a menina levantou ligeiramente o canto dos lábios por um momento, este que foi capturado por Sonic, sinalizando sua felicidade por aquele feito.

— Consegui — ela sussurrou baixinho.

Sonic sorriu também. Sentiu vontade de bater palmas por tamanha determinação.

— Me desculpem por isso — pediu Maya, olhando para Oz e depois para Sonic.

— Não é problema algum, senhorita. — Oz balançou a cabeça.

— Ora, o que é isso? Está tudo bem! — Sonic sorriu, na tentativa de passar a impressão mais simpática possível.

Maya suspirou. Parecia aliviada.

— Quer dizer que esta fonte de energia se assemelha a radiação que existe nas Ruínas Kyoumei? — indagou um jornalista na televisão.

— De fato existe essa semelhança — concluiu um homem de meia-idade que se encontrava numa cadeira própria para os convidados daquele programa. — Ainda estamos pesquisando sobre isso, pois não queremos tirar nenhuma conclusão equivocada.

Os três tiveram suas atenções tomadas pela entrevista que estava sendo exibida na televisão.

— Acredita que isso seja motivo de preocupação para nós atualmente? — indagou o jornalista.

— Bem... — O cientista parecia hesitar um pouco para responder. — Eu não posso dar qualquer resposta garantida para isso, já que isso passou a aconteceu há duas noites atrás, mas acredito veementemente que somos capazes de manter a situação sob controle na nossa era, para o caso de ocorrer alguma coisa.

— Isso certamente é algo bom de se ouvir — concluiu o jornalista. Seu semblante, até então tenso, parecia mais relaxado em ouvir aquilo.

— Algo posso afirmar com certeza — acrescentou o convidado. — Em breve teremos novas informações para passar para todos. Procuraremos sempre mantê-los a par de tudo o que estiver acontecendo.

— Em nome de todos que estão acompanhando, eu agradeço pelo comprimento em manter a integridade e segurança de todos.

— Este é meu ofício — respondeu o homem, lisonjeado. — Não estou fazendo mais do que meu dever.

Sonic franziu a testa, ainda mais confuso do que antes ao ouvir todas aquelas informações.

— "Ruínas Gakkyoku"? — repetiu Sonic aquele nome.

— É o lugar que nenhum ser se atreve chegar perto — esclareceu Oz. — É um pequeno continente completamente dizimado e altamente radioativo. Não há nada senão destruição por lá. Embora hajam contos que dizem que existem "Devoradores" remanescentes naquele lugar que produzem constantemente um eco, originando o apelido daquele lugar.

— "Devoradores", você diz? — repetiu Sonic, pensativo.

— Criaturas que consomem essências, sonhos e poder. Seu principal alvo são crianças que "vêem"... — listou Oz antes de notar o quanto aquilo parecia perturbar sua senhorita. — Mas como devem imaginar, é um conto muito antigo que ninguém acredita. O que impede que explorem a Ruínas Kyoumei de fato é a radiação.

Sonic não conseguia acreditar no que ouvia.

— Já li sobre essas ruínas em um livro — comentou Maya, mais aliviada. — Dizem que há 200 anos ocorreu uma calamidade que destruiu toda forma de vida daquele continente.

— É verdade, no acervo de livros históricos da senhorita, existem peças raras — confirmou o mordomo.

—  Alguns contos dizem também que as outras criaturas inteligentes compartilhavam o mesmo território naquele lugar antes da tragédia. Mas... — A loira ponderou um pouco. — Não existem registros sobre o que aconteceu, como se tudo tivesse sido apagado no tempo.

— Tá falando sério que existe esse lugar nesse mundo? — Sonic arqueou uma das sombrancelhas, um tanto incrédulo.

— Sim — confirmou o mordomo, assentindo com a cabeça. — Por que tanto espanto?

— Não... É que... Esse continente... — Sonic piscou algumas vezes, pensativo. — Essas mesmas ruínas existem no lugar de onde vim.

— O quê? — Oz e Maya se entreolharam antes de olharem para Sonic novamente.

— É um continente que ninguém chega perto já faz uns 200 anos. Nem o idiota do Eggman foi louco o suficiente de ir lá, mesmo que essas ruínas emitam algum tipo de energia.

— Exatamente o mesmo período daqui... — Maya levou a mão até o queixo.

— E essa história que você contou... — Sonic olhou para a menina. — É a mesma das tradições orais que ouvi falar por lá também...

— É como se o jovem Sonic tivesse sido transportado de um mundo para o outro ao mesmo tempo que isso não parece ter acontecido — comentou o mordomo.

— Não, mas... Eu tenho certeza que não estou no mesmo lugar.

O buli de chá começou a apitar na cozinha, pedindo pela atenção do mordomo.

— Oh, já volto, preciso terminar de preparar o desjejum — Oz fez uma pequena reverência antes de se retirar do recinto.

Chegando na cozinha, ele desligou o fogo e abriu a tampa do buli, deixando a fumaça escapar um pouco. Antes de checar os suflês de queijo que terminavam de assar no forno.

— Seria possível que... — Oz franziu a testa. — "Não existem simples acasos neste mundo", não é? — disse, por fim.

Pensar que tanto o mundo de Sonic quanto o seu próprio mundo compartilhavam algo sumamente grandioso, como as Ruínas Kyoumei, parecia algo surreal para ele, por outro lado, aquilo parecia fazer sentido na mente do mordomo também.

— Você tinha me dito isso ontem — comentou Sonic, que se encontrava logo atrás do mais velho.

— Jovem Sonic? — Oz soltou uma risada, que o ouriço não pôde evitar pensar que era elegante também. — Achei que estivesse com a jovem senhorita.

Sonic olhou de relance para trás, a fim de se certificar que Maya estava distraída escrevendo algo em um caderno e que não os ouviria.

— Se importa de me responder uma pergunta? — quis saber o ouriço.

— É sobre a senhorita, não é? — respondeu o mordomo com outra pergunta. — Quer saber o porquê dela estar como está?

— Como você... — Sonic foi pêgo de surpresa. Decidiu balançar a cabeça apenas antes de ponderar um pouco. — Ela... nasceu assim?

— Não — Oz balançou a cabeça. Sua voz refletia tristeza. — Foi depois do falecimento dos pais dela. Desde então, sou eu o responsável pelos cuidados da jovem senhorita.

Sonic sentiu seu peito apertar. Parecia horrível a ideia de não poder ser capaz de sair do lugar, ainda mais tendo outrora aquela capacidade, parecia ainda pior daquela forma, especialmente ao seu ver. Uma de suas atividades favoritas era, justamente, correr.

— Foi algum acidente? — Sonic tomou a liberdade de indagar.

— Não tenho certeza sobre isso. — Oz colocou as xícaras preenchidas de chá sobre os pires de porcelana e o buli ao lado. — Oh, mas não comente isso com a senhorita, ela não gosta de lembrar destas coisas.

— Ela havia comentado comigo que a mãe dela faleceu, não sabia que o pai se foi também. De qualquer forma, relaxa, não vou falar destas coisas com ela.

— Então a Srta. Maya contou para o jovem sobre isso? Estou surpreso — Oz olhou para Sonic em espanto. — Mas bem, suponho que o jovem não veio até aqui para falar disso, não é? Não é necessário puxar conversa, pode ir direto ao ponto.

Sonic olhou de volta para Oz, surpreso. O mordomo parecia bastante certeiro com seus palpites, como se o conhecesse muito bem.

— As Ruínas Kyoumei — Sonic começou dizendo. — Elas não são as únicas coisas que nossos mundos têm em comum. O lugar onde eu e Maya estivemos também existe no meu mundo.

Oz não se pronunciou naquele momento. Em vez daquilo, optou por se concentrar em colocar a luva e pegar a fornada de suflês do forno, a fim de colocar o café-da-manhã na mesa.

— Como a Maya foi parar naquele lugar? — Sonic insistiu em saber. — Ela não teria como ir até um lugar como aquele sozinha, teria?

O mordomo colocou a fornada na bancada, para que os suflês pudessem esfriar, tomou a bandeja mas mãos e deu meia-volta. Seu semblante parecia distante.

O silêncio do homem estava deixando o ouriço impaciente.

— Seja o que for que estiver acontecendo, eu fui perseguido até esse mundo por um monte de monstros durante aquele maldito teletransporte ou sei lá o que, depois eu fui parar num lugar esquisito onde encontrei aquela menina que, ainda por cima, por algum motivo estranho, tem um boneco com a minha cara justamente. Com a minha cara, entende? De todos os lugares do mundo, fui parar nesta casa. Acho que nós dois podemos concordar que isso tudo está muito longe de ser uma coincidência. Conclusão: se eu ainda posso estar em perigo, muito provavelmente a sua senhorita também pode estar, não acha? — argumentou o ouriço, tentando manter seu tom de voz no nível mais razoável possível.

— Eu sei — foi tudo que Oz disse antes de suspirar.

— Então o que vai fazer sobre isso? — Sonic quis saber.

Oz não respondeu. Para a irritação do ouriço, o mais velho se dirigiu para a sala de jantar e colocou a bandeja lá.

Sonic não conseguia entender aquele comportamento. Afinal de contas, Oz era o responsável pela garota. Ele parecia evitar aquele assunto em vez de confrontar o mesmo, do jeito que o garoto tanto queria fazer. Tinha a impressão que o mordomo tinha medo de falar daquele assunto ou que estava incrédulo demais para tudo aquilo.

Com uma menina que não era capaz de se locomover sozinha e um mordomo com o gênio impossível, não sabia com quem mais poderia contar naquele mundo...

— E então? Pretende ir investigar o que é isso esta noite? — Oz finalmente resolveu perguntar ao voltar cautelosamente. Abriu a geladeira e de lá tirou um, muito atraente, cheesecake de framboesas.

— Acho que é o mínimo que posso fazer por enquanto — foi a resposta de Sonic, que cruzou os braços ainda irritado com aquilo.

— Deixe que eu me encarrego disso — disse o homem de forma repentina.

— Vai fazer o quê? — Sonic arqueou as duas sobrancelhas, espantado com a mudança brusca de comportamento do mordomo.

— Investigar isso, é claro. — confirmou Oz, cortando três fatias daquele cheesecake e colocando em pratos separados.

— O quê? Está louco? E quem vai ficar com ela? — Sonic apontou por um instante para a loira, que se encontrava bastante concentrada no que escrevia. — Ouviu o que eu acabei de dizer? Ela pode estar em perigo tanto quanto eu. Não sabemos que tipo de energia é aquela.

— Exatamente por isso que o jovem ficará aqui com ela, para ambos ficarem seguros — respondeu Oz rapidamente, enquanto ajeitava os pratos sobre a bandeja com uma agilidade e precisão surpreendentes.

— O quê? De jeito nenhum! — Sonic discordou imediatamente, balançando as mãos.

— Acredito que o responsável atual por vocês dois seja eu nesse momento — retrucou o mais velho, indo até a porta por um instante na intenção de fechá-la um bocado, para que Maya não notasse a discussão que estava se instaurando na cozinha. — E depois, o jovem parecia bastante incomodado com a minha falta de reação a esta situação toda, estou certo?

Sonic ficou mudo por um instante. Oz parecia acertar em cheio os pensamentos do ouriço de tal maneira que chegava a soar assustador.

— Não se preocupe, ficarão seguros neste casarão...

— Já disse que não! — insistiu Sonic, não se importando em interromper o mordomo. — Você... Você nem está em condições de fazer algo por conta própria agora!

— Como? — Oz franziu a testa, se voltando para trás, um tanto confuso com a afirmação de seu hóspede. — O que quer dizer?

— Quero dizer isso — Sonic esticou o pé e empurrou com a ponta da pantufa a perna esquerda do mordomo, o fazendo soltar um gemido de dor. — Viu só?

Oz sorriu de canto, admirado com a perspicácia do jovem; ele de fato não era o único a observar os pequenos detalhes. Sonic lembrava a si mesmo em sua juventude...

— Como conseguiu ficar assim? — exigiu saber Sonic.

— Foi um pequeno percalço. Coisas do trabalho...

— Está mentindo — replicou o ouriço.

— Como pode afirmar isso com tanta convicção? — Oz franziu ainda mais a testa, querendo saber, enquanto distribuía os suflês de queijo em seus respectivos pratos.

— Seus olhos dizem o suficiente — foi a resposta de Sonic. Cruzou, então, os braços.

Realmente o lembrava ele mesmo. Por algum motivo, Oz havia imaginado que Sonic se tratava de um garoto um tanto obstinado e teimoso. Um simples "não" era insuficiente. Aquilo lhe soava estranhamente familiar.

— Então é assim que as coisas são? — se perguntou o mordomo em voz alta, soltando um riso.

— A Maya está preocupada com você — argumentou o ouriço. — Você acha que ela não percebeu?

— É mesmo? — Oz esboçou um semblante preocupado.

— Acho que não temos mais nada para discutir sobre isso, né? — Agitado, colocou as mãos na cintura.

— Se é assim, porque me pediu ajuda? — questionou Oz, enquanto escrevia o costumeiro bilhete "coma-me" para colocar sobre a bandeja. — O que exatamente o senhor espera de mim?

Sonic precisou de alguns segundos para ponderar o que realmente esperava de Oz. Num mundo como aquele e em outras circunstâncias, pediria o acompanhamento do mordomo, mas não podia pedir aquilo.

Se deu conta, então, o quanto se encontrava desesperado. Não sabia o que fazer. Sentiu como se seu coração tivesse levado um golpe doloroso. Uma epifania terrível...

Mais alguns segundos de um silêncio agonizante se instaurou na cozinha.

— Eu... estou perdido, não sei como voltar para casa — confessou Sonic, sentindo a voz oscilar. — Na verdade, nem sei se ela existe ainda. Meus amigos estavam lá naquele momento e eu não pude fazer nada para ajudá-los... — Naquele altura, o ouriço percebeu o quanto aquilo estava o machucando por dentro e suas tentativas de não pensar naquilo desde que despertou naquele mundo. — Eu só queria... saber o que aconteceu.

Tentava naqueles últimos dois dias alimentar esperanças que seus amigos podiam estar vivos, assim como ele, mas de repente a possibilidade parecia mais distante do que nunca.

— Desculpe, acho que estou com a cabeça tão fora do lugar, que acreditei que você pudesse saber de algo — completou o ouriço.

Sentiu vontade de chorar. A ideia de ter perdido tudo em um segundo era como mil facas desferindo cortes em seu fragilizado âmago. Cada vez que se lembrava daquilo, pior parecia ser.

Se perguntou o porquê de ter sido o único a escapar.

— Eu sinto muito por o que houve — Oz suspirou e se agachou em frente ao jovem ouriço, a fim de estar na mesma altura que ele. — Respondendo aquela pergunta que me fez: assim como o senhor não sabe o motivo de ter sido o único a escapar daquilo, também não sei como a senhorita escapou dos meus olhos.

Sonic arriscou olhar, mesmo com a visão embaçada, para Oz, que sorriu tristemente.

— Deve estar se perguntando que tipo de mordomo eu sou, não é? — Tentou rir o homem de cabelos negros. — Afinal, não deveria ser difícil tomar conta de uma menina confinada a uma cadeira de rodas.

Sonic se sentiu mal por um momento. Havia julgado mal o mordomo, pensava que ele não acreditava de fato no que lhe havia acontecido. Tomou como nota mental que precisava realinhar seus pensamentos.

— É por isso, que, se não for pedir muito, eu gostaria de lhe pedir para me ajudar a cuidar da Srta. Maya por enquanto — Oz fechou os olhos e colocou a mão enluvada sobre o peito, respeitosamente. — Sei que isso não vai substituir sua vida antiga ou seus amigos, mas...

— Eu aceito — respondeu Sonic.

Oz não pôde disfarçar o espanto diante da voz surpreendentemente determinada do jovem ouriço.

— O que fez decidir isso tão rapidamente?

— A Maya me contou que me "via" nos sonhos — respondeu. — Não sei exatamente o porquê, mas talvez isso esteja ligado ao motivo dela estar lá no mesmo momento em que eu estive lá, justamente — tentou se convencer o ouriço.

Oz piscou algumas vezes, parecia olhar para o nada, na esperança de ver algo escrito ali.

— O jovem acredita nos Devoradores das Ruínas Kyoumei? — indagou o mordomo.

— Depois do que vi, acho que não tem mais algo que eu não acredite.

— O que exatamente viu? — Oz quis saber.

— Passei por uma dimensão antes de parar nesse mundo. Tenho quase certeza que era a "Special Stage"...

— Você disse "Special Stage"?! — Oz olhou para Sonic, abismado.

— S-sim... — Sonic se surpreendeu com tal reação. — Eu já estive lá algumas vezes, mas em nenhuma eu fui tão fundo como da última vez. Ali haviam muitas criaturas monstruosas. Parecia um misto de sonho e realidade. — Sonic decidiu contar.

— "Sonho e realidade", não é?

— Mas por que está perguntando isso? Conhece a Special Stage?

— Ah, bem... Não sabe? — Oz parecia hesitante em dizer.

— Não sei o quê? — quis saber o ouriço, preocupado.

— "Special Stage" é o termo usado para a dimensão perdida. Dizem que está ligado as Ruínas Gakkyoku.

— Quê?! — Sonic quase gritou a pergunta. — Quer dizer que eu...

— Não se preocupe, não parece que o jovem foi fisicamente afetado, nem está emitindo algum tipo de energia estranha.

— M-mas...

— O jovem "vê" nos seus sonhos?

— Se vejo? Quer dizer que nem a Maya diz ter me visto?

Oz fez que sim com a cabeça.

— Venho tendo sonhos estranhos, mas não sei se posso classificar dessa forma — respondeu Sonic, levando a mão até o queixo.

— Talvez os monstros que o jovem tenha visto sejam...

— Os tais "Devoradores"?

— Sim. — Oz assentiu. 

— Disse que devoram essências, sonhos e poder das pessoas, especialmente das crianças que "vêem", não é?

O mordomo fez que sim com a cabeça.

— Se for verdade, então a culpa dessas coisas estarem aqui é minha — concluiu Sonic.

— Não diga isso. Não seria culpa do jovem se é uma criança desejada por eles.

— Não acho que foi por acaso que aquela estranha energia das ruínas apareceu aqui logo depois que eu vim para este mundo. Talvez os Devoradores queiram consumir os sonhos da Maya também, não posso deixar isso acontecer se for o caso.

— Então é nisso que acredita? — indagou o mordomo, muito curioso com a resposta do ouriço.

— De alguma forma, é o que sinto — Sonic olhou pela janela da cozinha por um instante, contemplando o apaziguador céu azul e límpido. — Acho que agora entendi o que quis dizer sobre não termos nos encontrado por um simples acaso. Por algum motivo, era para isso ter acontecido, né?

— É no que acredito. — Oz sorriu.

— Que seja. Então se tem algo que devo fazer aqui, é o que vou fazer.

— Já sabe o que quer fazer?

— Sim. — Sonic balançou a cabeça para cima e para baixo. — Descobrir que "motivo" é esse — emendou. — A começar por investigar aquela construção estranha.

— Jovem Sonic, já conversamos sobre isso — Oz pegou a bandeja e se dirigiu para a sala.

— Você pode discordar de mim depois de cuidar desse pé — Sonic apontou para Oz. — Pé esse que você machucou e não quer contar como aconteceu.

— Já dei minha resposta sobre isso — retrucou o mais velho, sorrindo de canto.

— Aham... Vou fingir que acredito nisso por enquanto — Sonic decidiu concluir, sarcástico. Realmente estava lidando com um sujeito um tanto teimoso.

Sorriu por dentro. Apesar das circunstâncias, conseguiu vislumbrar um norte para seguir.


Notas Finais


É isso. Qualquer crítica construtiva ou observação o campo de comentários está a disposição de vocês. Caso tenham gostado, também peço para que comentem e permaneçam junto dessas crianças!

Curiosidade: o nome pelo qual essas ruínas são conhecidas vem do japonês 共鳴 (kyōmei) que significa "ressonância".

No próximo capítulo:
Apesar de Oz não aprovar, Sonic se vê no dever de descobrir o que está acontecendo naquele mundo. O "eco" está ressoando ainda mais alto e algumas coisas que deixaram de "ser" uma vez, podem tornar a acontecer.

"Primeiro Passo"


Até breve!


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