1. Spirit Fanfics >
  2. Sonic Tales - Saga: Estopim >
  3. Iniciação - Ato IV

História Sonic Tales - Saga: Estopim - Iniciação - Ato IV


Escrita por: BunnyRuby

Notas do Autor


こんにちは!

E como prometido, eis a primeira parte do segundo combo de três capítulos seguidos, começando por hoje, na Véspera de Ano Novo! Queria registrar aqui meus mais profundos agradecimentos por todos que acompanharam a jornada de Sonic até aqui! Espero que gostem e comentem o que acharam! Agora, vamos lá...

No capítulo anterior:
Metal Sonic localiza a fonte dos sinais desconhecidos e encontra, consequentemente, Só e Maya, enquanto ambos se encontravam lendo tranquilamente na biblioteca. Enquanto isso, com o caos do lado de fora, as autoridades tentam conter o motim da população enquanto Yuki e James seguem os rastros do robô até a residência Hoshimoto, onde encontram Oz. Ali, descobrem que, de alguma forma, Metal Sonic desapareceu...


Desejo a todos uma boa leitura!


"Os rastros daquele tempo permanecem..."

"Não tente se esconder."

Capítulo 28 - Iniciação - Ato IV


— Vamos começar por esse quarto aqui — disse James apontando para um dos quartos daquele corredor.

— Acredito que seja bastante desnecessário vistoriarem o andar superior, visto que ele apenas esteve nos dois de baixo — argumentou Oz.

— Faz parte dos protocolos — justificou James, suspirando. — Você faz o seu trabalho como criado da casa, enquanto eu faço o meu como oficial.

Yuki olhou de relance para o mordomo, envergonhado por o que o colega tinha acabado de dizer.

Enquanto Oz tinha quase certeza de que aquilo era para soar pejorativo...

— Como criado da casa, sei bem que revirar os pertences dos Hoshimoto é algo particularmente irritante — respondeu Oz da forma mais educada possível.

— Tenho certeza de que eles entenderão — replicou James.

Não, eles não entenderiam — pensou Oz, forçando um sorriso sem dizer uma palavra.

Após diversos recintos serem revistados, chegou a vez do quarto de hóspedes onde Sonic estava.

— Os senhores já olharam a maioria dos recintos e não tinha nada, têm certeza de que não é possível pular essa etapa e ir para o que realmente interessa? — indagou Oz, vendo que era iminente a abertura daquele quarto.

Sonic, ouvindo a voz do mordomo do outro lado da porta, sabia que eles estavam se aproximando. Olhou, então, ao redor, apreensivo, antes de olhar pela janela.

— Absoluta — insistiu James, colocando sua mão sobre a maçaneta. — Se não há nada para esconder, não há porque se preocupar com isso, certo?

O oficial abriu a porta e esquadrinhou o ambiente, que Sonic se esforçava bastante para manter sempre em ordem, por alguns instantes.

— É um quarto bastante arrumado... — observou James. — Não acha, Shiromoto?

Yuki, que parecia perdido em seus pensamentos, olhou para James com certo espanto.

— Ah, o quê? — perguntou, meio desorientado. Desde que haviam falado com a menina, ele tem apenas seguido os passos do mordomo e do oficial...

— Preste mais atenção, estamos no meio de uma investigação — reclamou James, antes de se voltar para Oz. — Tem mais alguém vivendo nessa casa?

— Não, nesse momento, somos apenas eu e a Srta. Hoshimoto — respondeu Oz, não medindo esforços para manter um aspecto bastante genuíno e convincente quanto a sua resposta.

— Interessante — comentou James, dando uma volta pelo quarto. — Geralmente, existe uma equipe de empregados trabalhando junto com o mordomo. Onde eles estão?

Aquilo estava começando a deixar Oz realmente impaciente. Parecia que o foco da investigação havia mudado para ele e Maya em vez do robô...

— Exatamente: "geralmente". Todavia, não é da conta de ninguém, senão apenas dos meus patrões, do porquê esta casa funcionar como funciona — explicou o mordomo, sorrindo. — Agora, o que acha de focar no que realmente importa? — sugeriu.

— Não, é que, é meio difícil de ignorar que aquela menininha confundiu um policial com o próprio pai — disse James. — Acho que todos nós podemos concordar com isso.

— A Srta. Hoshimoto perdeu seu pai há bastante tempo e não superou isso simplesmente por ser uma criança — respondeu Oz. Estava começando a pensar que ter permitido a entrada de outros indivíduos naquele território foi uma péssima ideia.

Yuki olhou para Oz, bastante intrigado sobre sua resposta.

— Certo, então, apenas por via das dúvidas, se importaria de mostrar a documentação que você está autorizado de cuidar da criança? — James estendeu a mão.

— Quando vocês terminarem de revirar a casa toda fazemos isto — disse o mordomo. — Quero ter certeza de que tudo permanecerá no lugar.

— Acaso está insinuando que somos ladrões disfarçados de policiais? — James pareceu ofendido com o comentário de Oz.

— Acaso está insinuando que sou algum tipo de sequestrador disfarçado de mordomo? — Oz respondeu com outra pergunta, ainda preservando seu educado tom e sorriso.

— Que seja. — James revirou os olhos. Não imaginou que encontraria tão cedo alguém que pudesse deixá-lo com um humor ainda pior do que Shiromoto conseguia...

O próprio Yuki, por sua vez, estava começando a achar a situação ridícula.

Sonic havia entrado pela janela do quarto de Maya para dentro da casa novamente, pousando silenciosamente sobre o tapete.

Caramba, parece que eles não vão embora tão cedo — pensou Sonic consigo mesmo. — O que aconteceu? Não era para pegarem o bendito robô e vazarem?

— Pelo amor de Deus, faça esse ser o último cômodo e vamos embora — pediu Yuki. — Não vê que isso se tornou um incômodo?

— Agradeço sua compreensão, detetive Shiromoto. — Oz curvou a cabeça de leve, feliz por ser compreendido ao menos por Yuki.

— Este é o último de qualquer forma — disse James, abrindo a porta do quarto de Maya.

Sonic quase foi pêgo em pé ali mesmo, no entanto, para sua completa sorte, havia conseguido se refugiar para debaixo da cama de Maya antes de ser visto.

— Ah? — James franziu a testa ao notar um vento particularmente forte sacudir as cortinas e o tecido da cama dossel, bem como suas cobertas. — Esse vento...

— Oh, devo ter me esquecido de fechar a janela — comentou Oz, passando pelos policiais e fechando a janela até deixar uma pequena fresta.

Ele olhou em volta com discrição. Sabia que Sonic estava ali em algum lugar...

Yuki olhou ao redor, notando um quarto bastante maduro para uma criança. Havia livros no lugar das bonecas e outros brinquedos que esperava ter ali, exceto por um único boneco de pelúcia...

— Esse boneco... — Yuki olhou para o boneco de pelúcia que se parecia com Sonic. Exceto pelo traje, ele parecia muito com aquela criatura que viu no parque Little Birds... — Se parece bastante com ele...

Oz engoliu em seco.

Sonic, que estava apenas olhando para os três pares de pés cobertos por pantufas, ouviu o comentário de Yuki.

— Droga, esqueci que o boneco estava ali — praguejou Sonic, mentalmente.

— Está falando sério, Shiromoto? — James olhou para o colega. — Isso aí é bonitinho demais comparando com aquela coisa circulando por aí.

— É.. — disse apenas Yuki, não conseguindo se convencer por dentro.

Enquanto, pela primeira vez, o mordomo pôde agradecer internamente por um comentário de Carter...

— Falando naquela "coisa" ela deve estar a solta pelas ruas — disse Oz. — Então se não tiverem mais nada para fazer aqui, eu vou pedir para se retirarem. Como puderam ver por si mesmos, a casa está arruinada e tenho muito trabalho.

— Ah, claro — disse Yuki. — Já estamos indo, certo, Carter?

— Sim, sim, mas não antes de vermos a documentação — lembrou James, se direcionando para a porta.

— Como desejar. — Oz sorriu, olhando de relance para o pé da cama de sua senhorita antes de acompanhar ambos para fora do quarto.

Sonic suspirou assim que ouviu a porta ser fechada e as vozes dos três homens diminuírem conforme se afastavam.

São aqueles dois que encontrei semana passada — pensou o ouriço, saindo com cuidado debaixo da cama de Maya. — E parece que eles não vão levar a lata-velha do Eggman...

Chegando no hall de entrada, Oz mostrou o que foi exigido para os policiais para provar que ele era o responsável por Maya.

— Está tudo certo — disse James, devolvendo os papéis. — Muito bem, o dever nos chama. Tenha um bom dia — acrescentou, dando meia-volta e saindo em direção ao portão.

— Tenham um bom dia. — Yuki se curvou de leve em sinal de respeito e olhou rapidamente por cima do ombro de Oz. Parecia estar procurando a menina com os olhos...

— Vou deixar a Srta. Hoshimoto saber disso — assegurou o mordomo, sorrindo e tirando um olhar de espanto do detetive por sua adivinhação. — Tenham um bom dia também.

Os dois foram embora, encerrando aquela visita que parecia não ter fim...

— Acabou — disse Oz, suspirando, assim que fechou a porta dupla atrás dele. — Céus, que pesadelo.

Olhou, então, para as próprias mãos enluvadas, que estavam ainda um pouco trêmulas.

— Já foi a terceira vez desde que chegamos aqui — disse para si mesmo. — Não posso deixar isso se repetir de jeito nenhum.

Fechou as mãos em punhos com força antes de se desencostar da porta e caminhar em direção às escadas. Subiu com certo cuidado pelas mesmas até chegar no quarto de Maya, abrindo a porta.

— Está tudo bem agora — disse ao encarar Sonic, que o olhou aliviado por ser ele e não os policiais. — Já pode sair — acrescentou o mordomo.

— Essa foi por pouco — comentou Sonic, saindo do quarto de Maya. — Que história é essa do Metal Sonic estar a solta? — quis saber.

— Acredite se quiser, mas o robô que atacou os jovens escapou de alguma forma da biblioteca — contou Oz. — Ainda estou tentando compreender isso, pois não há sinais de destruição para ele ter escapado.

Ambos desceram as escadas e foram para a biblioteca.

— Realmente não tem nada aqui... — Sonic olhou ao redor, apenas vendo os rastros de destruição causados pelo robô na parede. — Mas como aconteceu uma coisa dessas?

— Eu havia trancado a porta quando saímos e quando aqueles policiais vieram ver o local, eu a destranquei também.

— Isso não faz sentido — observou Sonic. — Que eu saiba, o Metal Sonic nem conta com recursos de teletransporte ou coisa do tipo...

Olhou, então, de relance para a cadeira de rodas arruinada de Maya, caída no lugar onde se concentrou o conflito. Sentiu uma pontada de culpa...

Vendo que não havia como solucionar aquele mistério naquele momento, os dois subiram e foram ao encontro de Maya na sala de jantar.

— Maya, temos duas notícias — disse Sonic, se aproximando da loira. — Uma boa e outra ruim. Qual você vai querer ouvir primeiro?

Maya encarou Sonic por alguns segundos, tentando entender o que havia acontecido. Parecia não ter percebido a passagem do tempo...

— A-a boa primeiro, eu acho... — murmurou Maya, ainda um pouco desnorteada.

Sonic a olhou com estranheza. Não a conhecia muito bem ainda, mas parecia que havia acontecido algo que fez ela voltar para a estaca zero. Supôs brevemente que fosse a presença de estranhos na casa e a destruição de sua cadeira de rodas.

— Bem, a notícia boa é que a barra tá limpa e eles já foram embora — anunciou Sonic, evidentemente aliviado por aquilo.

— Oh... — Maya olhou pela janela de relance. — E a ruim?

— O Metal Sonic escapou — confessou o ouriço.

— O-o quê? Mas como? — A garota franziu a testa, preocupada.

— Não sabemos, é como se o troço tivesse se teleportado para fora — respondeu Sonic. — Conhecendo o Eggman, com certeza ele aprimoraria o robô dele a esse ponto, mas levando em conta tudo o que rolou, duvido muito que ele tenha recursos agora.

— Isso é outra preocupação que tenho sobre a situação — disse Oz, ajeitando o uniforme. — Bem, acho que é altura de preparar o almoço. Não vamos chegar a lugar nenhum no momento.

— Peraí, e seus machucados? — Sonic olhou para Oz. — Você tem uma mania estranha de querer trabalhar até quando não está bem — observou. — Sem ofensas.

— Primeiramente, eu estou bem, não é como se eu não pudesse trabalhar. E depois, o jovem Sonic tem uma fixação intrigante em saber se estou bem ou não — respondeu Oz, rindo.

— Acho que me preocupar é o mínimo que posso fazer — argumentou Sonic.

— Como queira — disse o mordomo. — Muito bem, o que vão querer?

— Não sei. Nem tinha pensado sobre isso — admitiu Sonic. — Maya, o que você acha?

— De não for incômodo, eu não vou almoçar — anunciou a loira, dando um sorriso amarelo. — Estou um pouco enjoada.

— Oh, tudo bem. — Oz foi até a cadeira, onde a menina estava improvisadamente sentada, e a pegou nos braços. — Não prefere descansar então? Essa manhã foi muito agitada.

— Sim, por favor. — Maya abanou a cabeça para cima e para baixo enrolando seus braços no pescoço do homem. — E me desculpem pelo transtorno.

— Não, tudo bem — Sonic disse. — Descanse bem.

— Obrigada... — falou, baixinho antes do mordomo levá-la para cima.

Após uma tarde agitada, James retornava para o Departamento Policial de Emerald Town junto com Yuki de viatura. O clima parecia mais estranho do que habitualmente estava.

O oficial focava os olhos na estrada, mas periodicamente ele olhava pelo canto do olho para seu colega, que estava em absoluto silêncio com o cotovelo apoiado na janela e o queixo descansando na mão, observando o cenário passar diante de seus olhos pela janela da viatura.

— E no fim das contas, não tivemos muito progresso hoje — comentou James, quebrando o silêncio. — Apenas a baderna  feita por aquela coisa.

— Pois é... — respondeu Yuki, bastante distraído para se surpreender com a tentativa do colega de puxar conversa.

— De todos os lugares que passamos, o mais esquisito foi com certeza a residência Hoshimoto — disse o oficial.

— Pois é... — foi a resposta do agente de investigação.

James bufou, um tanto impaciente com aquilo. Ora Yuki estava de bom humor e todo audaz, ora estava distante e silencioso. Não sabia como lidar com aquele tipo de coisa e aquilo foi motivo de seu estresse durante a última semana.

— Argh, qual é, Shiromoto? Você praticamente virou um peso morto depois que saímos daquele casarão. Não fez mais nada que não fosse me acompanhar de um lado para o outro — reclamou o oficial. — O que o xerife Horowitz vai dizer?

— Oh? — Yuki olhou para seu colega, como se finalmente tivesse despertado. — Ah, me desculpe, estava só pensando no que aconteceu lá...

— O quê? Sobre o robô ter escapado dale sem explicação nenhuma? — perguntou.

— Isso também, mas... — Yuki suspirou, voltando seus olhos carmesim para fora novamente. — Aquela menina...

— Tá falando sério que era isso que te deixou alterado depois daquela visita?! — James olhou de relance para Shiromoto, escandalizado. — E por quê? Por acaso tá preocupado que ela é alguma filha ilegítima sua ou algo assim?

— O quê?! — Quem ficou escandalizado a seguir foi Yuki. — É claro que não! Não creio que está pensando que eu sou esse tipo de homem.

— Vai saber, né? — James deu de ombros, vendo que havia tido sucesso em tirar Yuki daquele transe. — Não te conheço, não sei o que você fez da vida antes de ser transferido.

— Justo por isso você não deveria tirar conclusões tão horríveis das pessoas assim. — Yuki cruzou os braços. — Eu sei muito bem o que eu faço.

— Sério? Então vai me dizer que você não saiu com uma única mulher sequer até hoje? — James riu com certo sarcasmo em seu tom de voz.

Yuki não respondeu aquela pergunta.

— Vi- — James tentou dizer, mas foi interrompido pelo colega.

— Não se atreva — alertou Yuki.

— Vir- — tentou novamente.

— Não se a-tre-va — alertou mais uma vez, articulando bem as palavras por entre os dentes.

Sonic desligou a televisão após ter visto a última reportagem. Pelo visto foi o dia inteiro com a ETTV News fazendo uma cobertura completa da situação e transformando a imagem de Sonic em um monstro ainda pior. Quanto ao seu doppelgänger robótico, este desapareceu como se tivesse evaporado, Sonic, no entanto, sabia que ele estava em algum lugar por aí...

— Já está ficando tarde — comentou Oz, ajeitando as almofadas.

— Sim — concordou Sonic, olhando de relance para o estrago feito na janela. — E sobre isso? O que fazemos?

— Deixe que eu me encarrego de reparar isso — assegurou Oz. — Honestamente, não quero ver outras pessoas entrando aqui novamente, o jovem sabe...

— A Maya não gosta. Eu entendi — emendou Sonic, suspirando. — É impressionante que ela não se incomode com a minha presença.

— Srta. Maya tem suas próprias razões para fazer o que faz — explicou o mordomo. — Ela é uma boa criança.

— Com certeza. — Sonic assentiu com a cabeça. — Aliás, ela não saiu do quarto desde o almoço, tem certeza de que é uma boa ideia deixá-la tantas horas seguidas sem comer? Ela já...

— Hoje foi um dia muito estressante. Um robô atacou a residência, estranhos vieram aqui e... ela acabou de perder seu único meio de locomoção, sua cadeira de rodas, depois do que houve... — contou o mais velho.

Sonic sabia a que Oz se referia. Embora parecesse algo absolutamente maravilhoso, Maya parecia bastante perturbada com o seu feito de conseguir se pôr em pé...

— Eu queria me desculpar pelo estrago que fiz na cadeira de rodas dela — disse o ouriço.

— Sei que não foi culpa do jovem, não se preocupe — assegurou Oz.

— O que vai fazer sobre isso? — quis saber o jovem.

— Preciso pensar. Os danos parecem muito severos — respondeu o mordomo.

— Então... ela não vai comer? — Sonic quis confirmar, realmente preocupado. Todas as vezes que teve a oportunidade de pegá-la nos braços, ela parecia muito leve.

— Geralmente, quando isso acontece, ela se nega a sair do quarto até o próximo dia — Oz pegou uma bandeja prateada, que sustentava um buli branco, uma xícara de chá que combinava com o buli e um prato com uma pequena sopa de queijo e um generoso monte de sanduíches. — Mas eu acredito que se for o jovem a falar com a jovem senhorita, ela vai mudar de ideia.

— Eu? — Sonic franziu a testa, um tanto espantado. — Mas o que eu posso fazer? — A ideia parecia deixá-lo nervoso.

— Ora, notei que o jovem conseguiu fazer a Srta. Maya ficar mais a vontade desde que chegou. Ela já está sorrindo mais do que antes e não parece tão apática quanto parecia desde que comecei a serví-la. — Oz sorriu, se agachando um pouco para entregar a bandeja para o ouriço.

— Oh, é mesmo? — Sonic pegou a bandeja. Não tinha uma noção exata da mudança que ele conseguiu causar nela, uma vez que não viu como ela era no passado, mas se aquilo significava que ela estava bem, então ele estaria feliz por isso.

O ouriço, então, subiu as escadas e se aproximou da porta, na intenção de escutar algum ruído.

Não escutou nada.

— Maya — chamou Sonic, batendo de leve na porta com a mão livre.

Não houve resposta.

Por um instante, ele lembrou do pesadelo que teve naquela manhã e sentiu um calafrio. Tentando espantar qualquer pensamento ruim naquele momento, o azulado apenas sacudiu a cabeça de um lado para o outro antes de bater novamente na porta.

— Vou entrar — ele avisou, abrindo a porta.

E lá estava Maya, deitada do lado de um livro, um caderno, um lápis e uma borracha, abraçada ao único boneco de pelúcia que tinha.

— Maya? — chamou o jovem com uma pergunta, se aproximando com certa hesitação da cama. Por um lado, morria de vontade de perguntar se estava tudo bem, por outro, achou aquilo inoportuno...

Maya moveu a cabeça paulatinamente em direção a Sonic.

— Sr. Sonic? O que está fazendo aqui? — ela perguntou, se sentando com certa ansiedade, colocando o boneco de pelúcia sobre a mesa de cabeceira novamente.

Sonic sorriu de leve. Pensou que talvez aquilo aparentasse ser um tanto desconcertante para a menina, especialmente se tratando dele.

— Vim trazer algo para você comer — respondeu, então, o ouriço. — Não pode ficar sem comer nada o dia inteiro.

Maya olhou para Sonic por alguns instantes. Por algum motivo, seu olhar sempre parecia persuasivo e familiar...

— Desculpe por preocupá-lo — ela apenas disse, desviando o olhar para a cama, levando a manta e o lençol para o lado. — E desculpe pelo trabalho.

— Ora, que isso? Não é trabalho nenhum! — Sonic balançou a cabeça, colocando a bandeja sobre a cama e, em seguida, tomou a liberdade de se sentar na mesma também.

— Não falo apenas disso... — Ela pegou a xícara, que estava de cabeça para baixo no pires, e colocou no mesmo. — Eu sei que acabei incomodando quando aqueles policiais vieram aqui.

— Tá falando de quando... — Sonic hesitou por um instante. — Eles vieram falar com você?

— Você viu? — Maya olhou para Sonic de relance, antes de preencher a xícara com o chá contido no buli.

— Sim — confirmou Sonic. — Você... quer falar sobre isso?

Maya suspirou como resposta.

— Eu imagino que seja difícil perder uma pessoa importante — Sonic arriscou dizer. Havia passado por coisa semelhante recentemente, então resolveu ser sincero. — Não foi culpa sua.

— Mas mesmo assim... — Maya respirou fundo. Ela frequentemente fazia questão de não derramar uma lágrima sequer.

A verdade é que Sonic nunca a viu chorar de fato, por mais que já tenha quase acontecido várias vezes.

— Eu... não consigo mais — ela disse, bebendo um gole de chá.

— O que não consegue? — Sonic quis saber.

— Lembrar do rosto de papai e mamãe — esclareceu Maya. — Acho que já passou tanto tempo. Eu tinha medo que isso fosse acontecer algum dia...

— Mas, então por que... — Sonic a olhou, confuso.

— Eu não sei... Escapou sem que eu me desse conta — Maya pegou a colher e começou a tomar da sopa de queijo que estava ali. — Me pergunto o que aquele policial deve estar pensando.

— Não acho que sejam coisas ruins — opinou Sonic, embora seu julgamento fosse diferente por causa do último encontro deles. — Acho que ele sabe que sua casa foi invadida por um robô encapetado e que a situação estava complicada.

— Oh, é mesmo... O robô desapareceu — Maya pousou o prato de sopa no colo.

— Foi um susto ele ter aparecido aqui do nada, mas... — O ouriço levou a mão até o queixo. — Como ele quebrou daquele jeito? Não parecia autodestruição ou algo do tipo...

Maya olhou para seu hóspede, espantada.

— Ah, deixa pra lá. — Sonic balançou a cabeça. — Isso tudo é uma loucura. Agora se o Eggman pegar o robô dele de volta, é capaz dele descobrir onde eu tô e vai fazer o circo pegar fogo.

— N-não... — Maya tentou dizer, mas acabou se detendo por um instante, antes de Sonic olhar para ela. — Não vamos deixar isso acontecer! — disse, por fim.

— É claro que não — Sonic sorriu. Ela parecia ter voltado ao normal um bocado...

— Gostaria de poder ajudar mais — comentou a garota. — Agora que estou sem a minha cadeira de rodas, não vou poder fazer muito...

— Eu sinto muito por ter quebrado sua cadeira de rodas. — Sonic abaixou a cabeça, sentindo culpa pelo ocorrido.

— Não! Não! Não foi sua culpa! — Maya balançou a cabeça exaltadamente. — Eu sei que você não tinha a intenção de quebrá-la! Eu estou bem, de verdade! — garantiu ela.

— Mesmo assim, queria te dizer que quero dar um jeito nisso — insistiu Sonic.

Oz, enquanto isso, estava apenas apoiado no batente da porta, no corredor escuro, a fim de não ser visto pelos mais novos.

— Agora que existe outra força entrando nessa história, terei de acelerar algumas coisas... — disse o mordomo, cobrindo seu olho direito com a mão.

Na base do Dr. Eggman, estava o doutor andando em círculos, bastante apreensivo.

— Eu me pergunto o que o chefe quer, afinal — comentou Orbot, assistindo o homem fazer sua rota circular sem parar. — Mais cedo, ele parecia furioso por aquele palhaço ter saído para buscar o Metal Sonic, agora, ele parece estar torcendo para que o palhaço volte com o robô.

— O chefe às vezes é confuso — comentou Cubot.

— Às vezes? — Orbot olhou para seu colega por um breve instante.

— Argh, mas onde é que se meteu aquele pestinha? — perguntou Eggman mais para si mesmo do que para os robôs que estavam assistindo ele ali.

A resposta não demorou muito para vir.

Dee veio flutuando com evidente dificuldade, carregando Metal Sonic pelos braços, até a sacada da imensa janela daquela sala.

— Caramba, Dee, onde é que você estava?! — quis saber o doutor, correndo para perto do local onde Dee largou o robô de uma pequena altura, embora o baque tenha sido sonoro devido ao seu peso.

— Ah... ah... você... você disse que eu... não conseguiria trazer seu robozinho de volta? — perguntou Dee, pousando no chão, arfando tanto, que parecia que ele teria um mal súbito a qualquer momento. — Pois então... aqui... aqui está o seu robozinho...

Eggman olhou para o rosto cansado do palhacinho, antes de olhar para Metal Sonic, que estava com um visível dano em sua turbina dianteira.

— Olha... e não é que você conseguiu? — Eggman apenas disse. Estava bastante impressionado para poder montar as frases conforme queria.

Dee havia percorrido sabe-se lá quantos quilômetros carregando 125.5 kg até sua base, tudo para reaver o robô dele. O doutor não entendia o porquê, mas reconhecia que a força de vontade do pequeno palhaço era realmente formidável.

— Parabéns, minha criança. — Eggman esfregou sua mão na cabeça bamba de Dee. — Graças a você, vamos descobrir o que deu no Metal Sonic e o que o deixou assim...

O doutor mal havia completado a sua frase e Dee caiu para trás, inconsciente.

— Caramba... ele realmente se esforçou, né? — comentou Cubot.

— É a primeira vez que eu vejo esse palhaço levando algo tão a sério — reconheceu Orbot.

— Ele é bem interessante mesmo — disse Eggman. — Ainda preciso separar um tempo para descobrir mais sobre o próprio Dee.

A dupla de robôs se entreolharam, em silêncio.

— Mas qualquer coisa será feita apenas amanhã — Eggman esticou os braços para cima. — Hoje foi um dia muito cheio para todos mundo — complementou, pegando o pequeno palhaço arlequim nos braços.

Se aquele dia foi complicado, os próximos seriam ainda piores...


Notas Finais


つづく

É isso! Espero que tenham gostado! E mesmo se algo não agradou, qualquer crítica construtiva ou observação é muito importante e bem-vinda! Mais uma vez, quero agradecer a todos, especialmente àqueles que têm a nobreza de ceder um pouco de seus tempos preciosos para dar seu feedback! Que 2022 seja um ano de muita saúde, felicidade, conquistas e realizações!

No próximo capítulo:
Apesar de Maya não culpar Sonic pela perda de sua cadeira de rodas, o ouriço ainda sente culpa pelo ocorrido e promete ajudá-la a superar o que ela precisar como forma de compensá-la. Enquanto isso, Yuki se muda para o aluguel no qual ficará a partir de agora e fica sabendo de uma onda de roubos ocorrendo na cidade. Ao passo que isso acontece, Eggman está tentando descobrir o que houve com Metal Sonic.

"Prosseguimento"


Até ano que vem!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...