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História Soulmate - Lágrimas, desejos e quereres


Escrita por: ArsLilith_ e Yayabs

Notas do Autor


É que dói ser um objeto solitário, amedrontado e quebradiço.
Dói ser abraçado pela culpa de perda...
Ah, dói ser sufocado pelas lágrimas, desejos e quereres...

E essa liberdade, que nunca existiu ou ao menos foi capaz de sentir...

Doce e cruel destino...por que nos faz sofrer feito derrotado, amontoado na arrogância e egoísmo?
Céus, você é o pior dos monstros.
Destino cruel.
Os afogue no próprio choro e clemência...
Que dor ter que doar-se a você...
Que dor ser apenas um manuseio assombrado em tuas mãos

Capítulo 18 - Lágrimas, desejos e quereres


Fanfic / Fanfiction Soulmate - Lágrimas, desejos e quereres

A tarde que antecedia o dia do casamento, na visão do alfa herdeiro de Soleil, passava lentamente, mesmo o próprio sabendo que não era bem isso que estava acontecendo. Mas para si era torturante estar daquele modo, em frente ao seu pai, o ouvindo relatar ao duque do distrito leste, os feitos que tinha conquistado para o reino soleiniense. Céus, queria fugir dali, queria falar a todos que não estava mais aguentando fingir sorrisos e assuntos que não lhe convinham. 

Pelos sóis, não era seu papel aquilo. Apesar de ser filho de um rei temido, não estava em seu sangue ter que bajular cortes e fingir contentamento com algo.

— Jimin me parece ótimo, suponho que esteja feliz com o casamento de seu irmão, apesar dele estar casando primeiro que você. Aliás, quando pretende se casar? Já está na hora de formar uma família, suas vinte uma luas chegam daqui alguns meses, precisa ter em mente quem será seu parceiro ou parceira. — Jimin crispou os lábios contendo a vontade que apossou seu corpo de cuspir o vinho dentro da boca, que naquele momento desceu-lhe rasgando a garganta e queimando o estômago.

— Jimin logo encontrará uma ômega para si. Já estou providenciando isto. Afinal, ele é meu herdeiro e precisa de uma parceira a altura de sua posição. Apenas iremos deixar passar o casamento de meu filho mais novo e assim que, voltarmos para nosso reino iremos em busca da nova rainha de Soleil. Não é Jimin? — YangMin bebericou de seu vinho fitando cada detalhe do filho. Jimin sorriu pequeno, segurando-se para não perder a pose e educação que ainda lhe restavam.

— Claro meu pai. Não vejo a hora de encontrar uma parceira, estou... estou ansioso para tal feito. — o de fios estranhos buscou as palavras certas. Estava ansioso sim, ansioso para deixar bem claro que não se casaria com qualquer um que fosse. Não iria abrir mão de sua liberdade e nem muito menos, abrir mão de ser quem era, para vangloriar o pai que tinha. Se fosse coroado e tomasse posse de Soleil, não seria casado com nenhum ômega. Não iria se rebaixar aos quereres do pai, não foi feito para isso.

Chanyeol não estava ali para lhe assegurar de que tudo estava bem, muito menos para lhe dizer que logo seu pai deixaria de sandices e o deixaria em paz. Ao contrário, Chanyeol estava longe de si e tão irritado quanto o mesmo. E observando o amigo a alguns metros de si, enquanto seus ouvidos eram obrigados a ouvirem os prodígios de seu pai, seus olhos se mantinham atento nas caras e bocas do comandante soleiniense. 

Jimin sabia que Chanyeol não estava no seu bom humor total e que a mão de KyungSoo em seu ombro, era a deixa certa que lhe mostrava com exatidão que o próprio estava correto. O Park mais novo conhecia o amigo como ninguém e sabia que quando KyungSoo o segurava daquela forma, ele estava prestes a esganar alguém. Sorriu pequeno e contido com aquilo, Chanyeol nunca mudaria.

Se pôs a observar com mais atenção o desenrolar de entradas e saídas do salão, que diga-se de passagem, estava cheio de pessoas. Todas elas com um único intuito, mostrar quem possuía mais poder. Céus, aquilo tinha virado um antro de exibicionismo capital. As esposas se atentavam a mostrar suas jóias cravejadas das mais belas e puras pedras preciosas, enquanto seus maridos, gabavam-se de suas proezas e riquezas ganhas. Disputavam quem tinha mais posses, mais dinheiro e mais moral nas cortes. Eram todos afundados em suas ambições e ganâncias egocêntricas, e pelos sóis, ele fazia parte daquilo. Se sentia nauseado em meio aquelas pessoas tão afundadas no próprio egoísmo.

Não se demorou muito a ficar no mesmo lugar que o pai, saiu a francesa, como gostava de fazer. Seu pai não notaria seu sumiço, já que estava afundado em sorrisos que esbanjavam suas conquistas.  Alfas da corte japonesa o cercavam, o elogiando e lhe perguntando qual seriam seus próximos passos.

Negociadores infames!

Era isso que eram. Pelo Sol, era um casamento e não um negócio. Era uma união entre duas pessoas e não entre objetos de mercadoria.

Jimin bufou irritado com tudo, pegando mais uma taça de vinho, assim que o garçom passou por si, enquanto caminhava desinteressado até o canto do salão. Bebeu do vinho, escorando o corpo robusto na parede, suspirando baixinho com tudo a sua volta. Sentia a falta do irmão assolar o peito, não conseguiu falar com ele, e os dois únicos momentos em que o viu foram muito rápidos. Amava a presença do irmão, ele sempre lhe deixava leve de espírito. O deixava calmo. Toda aquela aglomeração de pessoas fúteis ali, o deixavam irritado.

Permitiu que seus olhos vagassem pelo grande salão. Observava cada pessoa daquele meio. Gostava de observar dês dos empregados até os mais poderosos socialmente. Era apegado aos detalhes e detalhes sempre lhe interessavam mais do que qualquer outra coisa. Naquele canto, ninguém lhe via, mas ele via a todos. Via os olhares de cobiça caindo sobre os corpos compromissados. Ele podia quase que pegar no ar, as perversões de certos aquéns sem vergonha alguma. Céus, estava deixando seu irmão viver no meio de pessoas maléficas, sem um pingo de dignidade na cara. Seu irmãozinho, inocente e doce. Jinyoung nunca iria se habituar àquele meio. Ele era puro demais para todos. Puro de mais para pessoas tão perversas e invejosas.

 

— Acho melhor vossa alteza se entrosar com a realeza. — a voz rouca adentrou seus ouvidos, o sobressaltando do lugar.

— Quer me matar do coração NamJoon? — ditou ao guarda, mantendo a mão no peito, buscando se recompor.

— Perdoe-me, não tive essa intenção. —  o olhar do castanho caiu sobre si. Jimin suspirou impaciente, jogando seus fios para trás, desfazendo o topete bem alinhado.

— Sabe de Jinyoung?

— Ele está fazendo o ritual de preparo para o casamento. Passará a noite na casa dos ancestrais da Lua. — NamJoon explicou-lhe calmo.

— E Jaebum? 

— Já está aqui no salão, recebendo a corte japonesa e os monarcas.

— Novidades? — Jimin fitou o amontoado de pessoas, buscando com os olhos o príncipe da Lua, o encontrando junto do comandante de Carlon e o rei.

— Soube que o príncipe da Lua está sendo vigiado por dois guardas reais a mando do próprio pai. Não sei qual é o motivo, mas ele está sendo vigiado. E ah, já está tudo certo com a casa comprada para Taehyung e JungKook. Os dois irão morar na vila. — o olhar sério do guarda fitava desinteressado o fluxo de gente. Discretos eram o que precisavam ser. Apenas isso.

— Ótimo. Continue assim. Me mantenha informado de tudo e descubra quem são esses dois guardas que vigiam o príncipe da Lua. O motivo do porquê eles fazem isso não é necessário, acho que sei bem qual é o motivo. — Jimin levou a taça a boca, bebendo do vinho, enquanto seus olhos miraram na entrada, vislumbrando YoungJae acompanhado de seus pais.

Era seu momento de se divertir e dar-lhe o troco naquele ômega atrevido e sem moral alguma.

— Alteza onde vais? — o castanho não obteve resposta, apenas o silêncio do príncipe mergulhado aos sons dos sapatos eclodindo pelo salão.

Jimin tomou seu vinho em um só gole, deixando a taça na primeira bandeja que seus olhos miraram. Sua atenção se voltou às três pessoas paradas na entrada do salão, sorriu maldoso e em questão de instantes ocupava a visão do ômega e seus pais.

No primeiro instante, YoungJae o fitou dos pés a cabeça, sorriu ladino e convencido para o alfa. Ninguém era mais auto-suficiente como ele, ninguém chegava aos seus pés, e céus, ninguém nunca seria melhor que ele.

— YoungJae! — Jimin exclamou animado, sorrindo aberto ao vislumbrar o sorriso cínico dirigido a si. — Não esperava o ver por aqui. Pensei que não colocaria mais seus pés no castelo. — a diversão na voz do alfa, fez o loiro rir soprado.

— Achou mesmo que eu não viria Príncipe? Pensei que você não me subestimasse. Esperava mais de você Jimin. — um tom de falsa mágoa saiu dos lábios rosados do ômega. YoungJae e o alfa mantinham seus olhos compenetrados um no outro. Era como se chegasse a sair faíscas das órbes dos dois. Eles estavam se desafiando entre linhas, e ambos esperavam para ver quem seria o primeiro a perder a classe e partir para a ignorância. 

— Eu nunca seria capaz de lhe subestimar querido. Nunca. — Jimin pegou a mão do ômega, a beijando delicadamente, seus olhos não largaram os semelhantes do outro. Gostava de detalhes e perder as reações do outro nunca iriam lhe convir.

— Príncipe Park, é uma honra lhe ver! — exclamou o arquiduque, chamando a atenção do soleiniense para si. Jimin tomou a frente do homem, lhe sorrindo pequeno. Estendeu sua mão o cumprimentando, ambos se curvando ao mesmo tempo.

— Eu que o diga Duque Choi. É uma honra lhe ver, fico feliz em saber que vieram para a apresentação das cortes. Vocês irão ficar para o casamento amanhã? — o arquiduque se mexeu incomodado com a pergunta e o alfa mais novo percebeu. Era naquele ponto que ele queria chegar, não foi preciso muito esforço para ver o olhar do mais velho cair sobre o loiro ao seu lado, que mantinha os punhos cerrados e o maxilar trancado.

— Claro, iremos representar Sansas e além do mais fomos convidados especialmente pelo rei HyunSik. — o sorriso amarelo brotou nos lábios ressecados do mais velho.

— Ah mas que incrível! Espero que estejam na primeira fila para verem a cerimônia. — Jimin deu um passo para a esquerda do duque, cumprimentando como o devido cavaleiro que era a ômega, que lhe sorriu fofa, se curvando em sua direção. — YoungJae, faço questão de que sente-se na primeira fila, afinal você e Jaebum tem uma amizade linda. Tenho certeza que você está feliz por ele, afinal, se casar com um príncipe do Sol... é algo que não ocorre todo o dia. — ah, Jimin amava aquele gostinho na boca... gosto de vingança. Não foi preciso devolver o tapa que o outro tinha dado em seu irmão, só aquelas palavras bastavam para devolver em dobro o que aquele ômega tinha feito para Jinyoung. Ele podia sentir os olhos do Choi lhe queimarem e sorriu prepotente para ele.

Mexer com o orgulho de Choi YoungJae era pior do que um tapa dado em sua face. E Jimin sabia disso. E não pouparia esforços para se aproveitar disso.

 

[...]

 

Os olhos do moreno fitavam a parede, de cor fria. Sua costas eram esfregadas com uma esponja. Estava dentro de uma banheira sendo banhado por duas ômegas que lhe banhavam com extremo cuidado, como se fossem o quebrar se pusessem mais força. Seus braços agarravam seus joelhos os apertando vez ou outra, tentando manter-se focado em alguma coisa, mas sua mente o mandava para longe. O mandava para diversos lugares, nenhum que lhe pudesse dar paz.

As duas ômegas estavam silenciosas, nenhuma lhe dirigia a palavra. Era como se ele fosse intocável, inalcançável. E céus, aquilo o corroía. O fazia se sentir sozinho, vazio e com medo da solidão. Sem perceber uma lágrima rolou por seu rosto. Ele sentia-se angustiado, solitário e tão frágil. Tristeza o cobria do peito a alma, o sufocava. Ele odiava se sentir assim, tão vazio de sentimentos, tão só e sem ninguém que pudesse lhe dar um simples abraços.

As duas mulheres envolta da banheira se entreolharam, pesarosas e cheia de pena do garoto. Jinyoung parecia ser tão pequeno naquele momento. Nenhuma das duas lhe disse algo que lhe confortasse, não podiam; era o ritual. Jinyoung era um príncipe, não poderia ouvir as vozes de simples subalternos — não como se ele se importasse. Mas eram os quesitos do ritual que antecedia a cerimônia de união. Era necessário aquele tempo de extremo silêncio e solidão para até a hora de se casar.

A lágrima que rolou, não foi a única. Agora os olhos estavam embaçados, a boca entreaberta, soluçando baixinho. Chorava fraco, sem medo que pudessem o repreender. Estava se obrigando a casar por algo tão grotesco e mesquinho. Tudo para agradar a ganância do pai. O próprio pai, aquele que devia o cuidar e querer a sua felicidade, mas o ômega desconfiava que felicidade era a última coisa que seu pai queria para si. Céus, será que era tão difícil de seu pai entender que ele não queria aquilo? Que se casar com aquele alfa era a última coisa que ele queria fazer?

Pelos sóis, só pedia aos deuses, choramingando baixinho um dia em que pudesse fazer o que bem entendesse e que acima de tudo, um dia em que a felicidade lhe convinha.

 

A movimentação ao redor da banheira o fez despertar, as duas ômegas seguravam um grande pano branco onde com um puxar leve em seu pulso foi obrigado a levantar e enrolar-se nele. Não havia vergonha nos rostos das duas ômegas, porque elas já estavam acostumadas com aquilo. Eram ômegas consagradas pelo ancestral da Lua para fazerem os rituais.

O ômega saiu do cômodo onde estava, segurando firme o pano que cobria seu corpo. Caminhou junto das duas mulheres pelo corredor, sentindo o chão gélido colidir com seus pés descalços. Foi colocado em um quarto, onde teve que deitar sobre uma cama. As mesmas mulheres, começaram a desenrolar o pano de si. Se sentia exposto, por mais que fosse duas ômegas a sua frente que já faziam isso a tempos. Mesmo assim, aquilo o sufocava. Foi posto de bruços, totalmente nu desprovido de qualquer forma de se cobrir. Sentiu um líquido gélido escorrer por sua espinha, logo depois as mãos frias lhe massagearem as costas e por diante, o corpo inteiro. Sentia o cheiro de amêndoa adentrar suas narinas, era um cheiro bom em sua concepção, lhe acalmava.

As ômegas lhe passaram óleos essenciais para o ritual, cada óleo com seu significado espirituoso. A amêndoa lhe passaria riqueza e abundância, mas amêndoas também significavam tristezas em alguns espaços do tempo, mas eram necessárias, pois seu poder de fortuna era maior que qualquer outro negativismo que lhe compunha. O cheiro de rosas se espalhou pelo quarto. O óleo viscoso e rosinha foi espalhado pelo tronco do ômega, lhe assegurando a pureza e angelicalidade. O corpo inteiro do ômega foi banhado pelos óleos e essências. A pele macia agora era banhada pelas luzes das quatro velas que as duas mulheres seguravam enquanto as deslizavam pelo corpo junto das orações ao deus Netuno e Tritão. Velas romanas carregavam consigo o prazer de conquistas e cargos. Jinyoung daria sorte para os negócios do ruivo. Daria sorte para seu futuro alfa.

Era esse o papel de um ômega. Era assim que um ômega deveria ser visto, ser portado. Um amuleto da sorte. Um bom procriador, fértil e capaz de dar um filho alfa para seu marido.

Era para isso que o ritual servia, para apadrinhar os sentidos do ômega com os deuses. Era o tornar capaz de ser bom o suficiente para seu futuro alfa. Era por isso que ali, lhe colocavam mil e um óleos, essências mágicas e o envolviam com rosas. Pois acreditavam, que sem o ritual, um ômega nunca seria capaz de ser o suficiente. Um ômega nunca conseguiria agradar seu alfa, muito menos lhe gerar filhos fortes e de boa linhagem.

Aquele ritual era para selarem a pureza de um ômega, era para mostrarem aos deuses o corpo puro e intocável do ômega. E enquanto Jinyoung sentia seu corpo ser manuseado pelas mãos das ômegas, ele chorava baixinho. Enquanto ele ouvia as orações, ele pedia baixinho perdão, perdão a todos os deuses, porque céus, estavam o ritualizando. Ritualizando um ômega não mais puro. Só ele estava sentindo o peso daquela culpa...daquela carga que o apertava sem dó algum.

Jinyoung não era puro e mesmo assim, continuavam doando cada parte de si, a qualquer Deus que saía pelas bocas das duas mulheres. Queria gritar e acabar com tudo aquilo, mas sentia seu corpo fraco e amedrontado. Jaebum tinha razão quando lhe disse que se alguém soubesse que não era mais um ômega virgem o apedrejariam em praça pública. Não queria nem imaginar o que fariam consigo se descobrissem que mesmo não sendo mais puro, ainda sim, passou pelo ritual.

Ah, Jaebum não iria ter sorte se casasse consigo. Seria um alfa derrotado a partir do momento que lhe marcasse, céus. Isso não poderia acontecer. Não poderia deixar o alfa lhe marcar, mesmo não gostando do ruivo, não o queria ver mal, muito menos amaldiçoado. Jaebum era o futuro rei. O futuro rei de um reino que precisa de si, não queria em hipótese alguma atrapalhar  o desempenho dele. Se ele fracassasse por sua causa e prejudicasse o povo carloniano, nunca iria se perdoar.

Não soube quanto tempo ficou ali, sendo virado e posto de bruços a todo instante. Não ligava mais para aquilo, por mais que ainda suas lágrimas descessem silenciosamente, calmas e amedrontadas. Ele já entendia que não passava de um objeto. Sentir duas desconhecidas lhe tocando, não o machucavam mais, como a realidade que lhe batia de frente sem vontade de lhe deixar.

Era um objeto. Usado pelo próprio pai e que agora, serviria um alfa que o confundia e lhe agitava até a alma.

Um simples objeto, nada mais que isso.

Um objeto solitário, amedrontado, frágil e que se rachava aos poucos.

Um mero objeto.

 

— Vejo que fez tudo o que foi lhe imposto. Assim que eu gosto. — o tom rouco ecoou pelo cômodo. Jinyoung já tinha passado por três rituais. Passou o início da tarde e a madrugada inteira sendo preparado para o grande dia. Seus olhos estavam inchados e julgava ter que usar algo para tapar as olheiras que se formaram abaixo dos olhinhos verdes.

Não tinha noção de que horas poderia ser, a janela mostrava um céu totalmente escuro. Sentou-se na cama, apertando o lençol em seus dedos. O olhar do homem a sua frente estava sobre si, o analisando como um presa.

— Como o senhor conseguiu entrar aqui? As anciãs disseram que...

— Disseram que ninguém pode lhe ver até a hora da união. Correto, mas não para mim. Eu consigo tudo o que eu quero Jinyoung. Tudo. — o ômega fitou o andar rígido do mais velho pelo quarto. As mãos postas para trás, lhe dando um ar autoritário e duro. 

— Que horas são? 

— Estamos na nona badalada do sino. Não há Sol lá fora, pois o encontro das duas luas não permite. — Jinyoung se ajeitou melhor na cama, absorvendo a afirmação. Agora precisava se manter atento as badaladas. — Você sabe que este casamento é esperado por todos não sabe? E que nada, nada pode dar errado, certo?

— Pai...

— Desde que chegamos, não tivemos tempo de conversarmos devidamente. — YangMin lhe olhou sério, impondo sua presença fazendo o ômega se encolher na cama. — Mas agora, agora vamos conversar. Não lhe disse meus motivos para querer tanto esta união, não é? — era uma pergunta retórica, porque no fundo YangMin não queria saber a opinião do filho. — Motivos não me faltam para lhe querer bem casado. Mas este casamento Jinyoung... este casamento é um marco para a história, você consegue entender? Dois reinos poderosos, unidos de uma maneira pacífica, sem dor, sem guerra. O filho da Lua casando-se com o filho do Sol, é um feito. Uma artimanha perfeita. — o sorriso que adornava a face do seu pai o assustava. YangMin lhe sorria maléfico, vaidoso e seus olhos exalavam luxúria. Era poder clamando em seu corpo e tudo ficava mais assustador com aquela presença alfa que ele insistia em manter para controlar o filho. YangMin sabia seus pontos fracos e se precisasse, usaria todos para lhe atingir. — Jaebum tomará a frente de Carlon esta noite. Se tornará o rei mais jovem e poderoso de toda monarquia já existente e o alfa mais sortudo por ter o ômega filho de Soleil ao seu lado.

— Eu não entendo... — Jinyoung sussurrou baixinho. Se o alfa a sua frente não tivesse uma audição tão apurada jamais teria lhe ouvido.

— Não entende o que meu filho? — era estranho aquela palavra sair da boca do homem a sua frente. 

— Jaebum se tornará o rei mais forte dos distritos inteiro. Por que o senhor está tão feliz com isso? — as órbes verdes lhe encararam curiosas e trêmulas. YangMin lhe sorriu ardiloso, sentando-se na beira da cama, fitando intenso os olhos do filho.

— Jaebum é inexperiente. Odeia qualquer coisa relacionada ao reino. Ele odeia Carlon. Odeia a coroa. Odeia ser o tão precioso filho da Lua. No fundo, ele se auto odeia. E é isso que faz tudo ser perfeito. Perfeito para mim e para você.

— Perfeito para mim? Por quê? — o olhou confuso do ômega vagou pelo rosto do pai que lhe sorriu pequeno.

— Você fará Im Jaebum se apaixonar por você. Faça-o lhe amar loucamente. O deixe cair de amores por você. — a voz do alfa lhe ditava tudo calmamente. O tom era manso, diferente do de segundos atrás. — O faça acreditar que você é unicamente dele. Seja um ômega obediente. O sirva. Finja o amar.

— Eu não posso fazer isso. Jaebum ama YoungJae. Ele nunca olharia para mim com outros olhos. Meu Deus pai! Isso é insano! — Jinyoung levantou da cama, atônito com as falas do pai. Céus, ele só podia estar louco.

— Faça o que eu mandei, se não você sabe o que acontece, certo? — o coração do ômega falhou uma batida assim que aquela ameaça em forma de pergunta o pegou.

— M-mas...

— Sem mas, Jinyoung. E não se preocupe com YoungJae. Darei um jeito nele. O Choi não será nenhum obstáculo para você. Afinal, ninguém é páreo para o Ômega Soleil. — YangMin levantou-se, indo em direção ao filho. Sua mão quente deslizou pelo rosto rubro do ômega. — Lembre-se que por mais que ele seja seu alfa, é a mim que você deve obediência em primeiro lugar. A mim Jinyoung. — o mais novo sentiu aquele olhar lhe ferir e o dar medo. Já tinha visto aqueles olhos de tal forma e isso o machucava. A lágrima solitário estava ali novamente, rolando pela bochecha rubra. O rei sorriu, assim que seus dedos capturaram a lágrima quente. — Não o deixe lhe marcar, apesar de eu duvidar muito que ele fará isso. Jaebum está relutante, obviamente não quer o casamento, então nos primeiros meses ele não irá querer nada com você, por isso, hoje a noite tire proveito disso. Jaebum entrará no cio está noite, assim que as duas luas estiverem sobre a outra, vocês passaram a lua de mel em um cabana na floresta, rituais estranhos de Carlon. Faça ele se deitar com você. Não desperdice essa chance. Ele estará sensível e mais suscetível ao seu lobo, será fácil para você. Além do mais, com a chegada das duas luas, o lobo dele irá se interessar mais por você, já que você, Jinyoung, será o único ômega por perto e um alfa que acabou de completar suas vinte uma luas é sensível e sentimentalista demais em uma hora dessas. — YangMin afastou-se minimamente, fitando o ômega a sua frente. Os olhos verdes estavam brilhantes pelas lágrimas acumuladas, mas ele não se importava, a única coisa que lhe convinha era saber se o ômega faria o que tinha o mandado fazer. O alfa percebeu que o filho não falaria nada, então voltou às suas falas. — Use seus encantos meu filho. E não se preocupe, Jaebum estará tão fora de si que nem irá perceber que você não é mais um ômega puro. — Jaebum já sabia desse fato, então aquilo não o procupava mais, mas todas as outras coisas, aquelas sim, lhe davam nos nervos, lhe davam náuseas. Céus, como seu próprio pai lhe pedia aquilo. Onde ele estava querendo chegar?

— E-eu... não irei con-conseguir. — Jinyoung apertou os braços ao redor do corpo, fincando as unhas curtas na pele encoberta pela camisa longa que usava.

— Claro que vai. Use os dons de persuasão que você herdou de sua mãe, pelo menos pra isso você serve. — a fala saiu seca, destruindo com o coraçãozinho do ômega. Eram poucas as vezes que o mais velho falava de sua mãe, e pelo Sol, ele tinha grande curiosidade em saber sobre sua progenitora. Nunca viu o rosto da mulher que o gerou, nunca lhe deram uma pintura dela, nada, nem perfume ou uma roupa que pudesse lhe ajudar a imaginar os trejeitos dela.

— Minha mãe... e-ela nu-nunca deixaria isso acontecer comigo. — Jinyoung se encolheu ao ouvir a risada em escárnio que eclodiu pelo cômodo.

— Como pode ter tanta certeza, em? Se ela estivesse aqui, muita coisa séria diferente, inclusive suas atitudes e atitudes de seu irmão. Se ela estivesse aqui...mas ela não está! E não está graças a quem Jinyoung? Você sabe me responder? Sabe me responder graças a quem ela não está mais aqui? — o rei deu dois passos a frente, encurralando o ômega na parede, o vendo encolher-se em puro medo. — É graças a você Jinyoung, graças a você que sua mãe não está mais aqui. Você a matou quando decidiu nascer. Tudo estava perfeito enquanto existia só eu, ela e Jimin. Tudo estava na mais perfeita ordem, eu tinha um filho alfa, um garoto perfeito e uma ômega. Mas aí, você decidiu nascer e tudo foi para os ares. A Jiah resolveu me presentear com uma aberraçãozinha. Um ômega inútil, que no primeiro cio me trouxe dores de cabeça. Um maldito ômega. Eu devia ter te deixado exilado no distrito norte, não é? Ter te deixado exilado com aquele alfa de merda. Mas você nem pra ômega servia, acabou com todos os meus planos naquela época. Ah malditos sentimentos e natureza de ômega né? — o alfa mantinha o rosto perto do filho, falando tudo com sua voz de alfa e impondo sua presença. Jinyoung chorava baixinho, encolhendo o corpo a cada palavra que ouvia. Seus ouvidos zumbiam, doíam na alma. — Você tinha que se apaixonar pelo cara errado...tcs! Mas agora... — YangMin segurou com firmeza o queixo do ômega, o fazendo lhe olhar nos olhos. — Agora nada saíra dos trilhos, entendeu? Se você me desobedecer, eu mato todos que você ama. Eu mando Jimin para o exílio, Chanyeol perderá o cargo que tanto tem apresso e trabalhará na mina, sujeito a morrer por um desmoronamento qualquer. E por fim, eu acabo com o seu alfinha lixo e bastardo. Me desobedeça Jinyoung, me desobedeça uma vez que seja, e eu farei você realmente se arrepender do dia em que nasceu. Estamos entendidos? — a mão escorregou até o maxilar do ômega, o apertando na medida certa de fazer o mais novo sentir a respiração falhar e os pulmões gritarem por ar. — Estamos entendidos Jinyoung? 

— S-sim! — o alfa afastou-se do menor, ouvindo-o tossir. O ômega curvou um pouco corpo, massageando o pescoço, puxando o ar com dificuldades. Agora mais que tudo, precisava daquele casamento. 

— Arrume-se para o seu almoço com o ancião de Soleil. E obedeça ao que ele mandar você fazer. As horas estão passando rápidas, portanto não perca seu tempo chorando ou se vitimizando. Não é a melhor hora para isso. Seu casamento ocorrerá daqui algumas horas, portanto, esteja impecável. — YangMin caminhou até a porta de madeira rústica e arredondada no topo. — Ah... não se esqueça que é a mim que você deve obediência. — a frase foi findada pelo barulho da porta batendo. Jinyoung caiu de joelhos, chorando doído. Estava sentindo nojo de si mesmo, e todos os sentimentos conturbados. Queria gritar, correr daquele lugar, mas não tinha tempo para isso. Ele nem tinha notado a presença das duas ômegas que tinham lhe banhado a horas atrás. Ele não se pôs a parar de chorar, pior que isso, ele continuou chorando, soluçando, sentindo o peito doer.

Sentindo a culpa e o desprezo lhe tomar. Seu Jiminie sempre lhe dizia que a morte da mãe nunca foi sua, mas seu pai tinha imenso prazer em lhe culpar, em jogar na sua cara o fato da sua progenitora não estar mais viva.

Ele não se importou em ser carregado, juntado do chão aos pedaços pelas duas ômegas, que mantinham seus olhos de pena em cima de si. Ah aquilo era o que mais lhe doía. Não queria a pena delas, queria liberdade, afeto e um abraço.

Chorou quando foi posto de pé. Quando foi levado para mais um ritual, agora designado por Soleil. Chorou quando foi posto a frente de ômegas, despido, que analisavam seu corpo para procurar algum defeito. Chorou pelos toques de mãos desconhecidas lhe passarem sobre o corpo. Chorou, porque ali, todos o tratavam como um objeto, um pedaço de carne que estava sendo preparado para um alfa. Um alfa que nem o queria. Mas que ironia não? Jinyoung não precisava daquilo e céus, ele queria gritar para que todos entendessem. Diferente das ômegas anciãs carlonianas, que não lhe trocavam nem uma palavra, as de Soleil lhe falavam. Lhe ditavam como deveria se portar. O que deveria fazer na hora em que seu alfa o tomaria com seu. Elas lhe falavam tudo. Tudo o que um bom ômega, obediente, submisso e sem voz deveria fazer.

Ali, Jinyoung aprendeu que, um ômega servia para dar prazer ao seu alfa. Ele tinha que o servir e o satisfazer. Caso contrário, se ele não satisfazesse seu alfa, o próprio poderia procurar outro ômega mais afeiçoado e lhe devolver. Seria uma vergonha se fosse devolvido.

Era ensinado também, a não falar muito. A voz do seu alfa tinha que prevalecer. Ele era o submisso. Era ele o que se submete as ordens impostas sobre si. Se seu alfa o chamasse, ele tinha que lhe ceder seu corpo a qualquer momento, porque seu corpo não era sua propriedade, era de seu alfa. Eram tantas coisas, tantas vezes submisso e... submisso lhe pairando os ouvidos.

Jinyoung se perguntava como aquelas ômegas, pessoas da sua mesma classe lhe diziam aquilo. Céus, elas não tinham nojo de falar aquilo? De fazerem ômegas acreditarem que a única razão de estarem aqui nesse mundo, é para procriar, se submeter, abaixar a cabeça para alfas e os satisfazerem como bem entendem; sem ligarem para seu prazer e saúde?

Céus, elas eram tão ômegas quanto ele. Por que o tratavam daquela forma? Um objeto oco, sem função alguma?!

Não soube mais por quantos outros motivos mais chorou. O almoço parecia sem graça ao seu ver, os olhos do ancião de Soleil eram tão vazios e monótonos. Não ouviu metade do que ele lhe falara. As órbes amarelas lhe olhavam intensas, mas não havia nada que prendia sua atenção. Nem o fato do ancião ser um Alfa. Nada lhe fazia efeito.

Tudo o deixava nauseado. Aquelas pessoas ao seu redor, tocando seu corpo, o manuseando como uma simples peça sem sentido em um quebra-cabeça. As vozes de todos ecoavam em seu ouvidos, todas lhe dizendo o que tinha que fazer, o que não podia fazer. Todas lhe dizendo que qualquer ômega daria a vida para estar aonde ele estava. Céus, mal sabiam eles, que Jinyoung também daria sua vida. Daria sua vida para estar no lugar deles. Daria sua vida por qualquer mísera liberdade.

Os olhos verdes caíram sobre a imagem refletida no espelho. O corpo era coberto por um calça branca, assim como o conjunto de cima ao todo. As pedrinhas brilhantes e cravejadas enfeitavam a roupa. Os pequenos detalhes de ouro na gola, davam mais tonalidade a cor da pele. O bordado no casaco real, mostrava o acentuamento e delicadeza do ômega. Sentiu as mãos da ômega tocarem seus ombros, colocando sobre sua linda e impecável roupa, o manto bordô, preso nas duas pequenas presilhas cravejadas de diamantes na ombreira. Fitava todo o movimento atrás de si. Jimin estaria surtando se o visse daquele jeito, do jeito que ele sempre sonhou em lhe ver vestido. Vestido como um verdadeiro Príncipe herdeiro. Um príncipe Soleil. A coroa de prata, e adornada por rubis e ametistas foi posta em sua cabeça. Era o passo final para o fim daquela tortura.

Ah, coroa... nunca teve vontade alguma de usar aquilo. Não era só o peso do metal que pesava, era mais que isso, era o poder que ela transparecia. Era a presunção que ela dava.

 

— Vossa Majestade deve permanecer aqui, até a décima sétima badalada. Não saía do quarto! — a ômega lhe ditou duro. Jinyoung suspirou, exausto, fadado ao destino que lhe cabia. 

Não sabia em qual badalada estava, mas não perderia seu tempo ali. Não sabia muito bem aonde estava, mas lembrava do caminho que tinha feito, quando foi tirado do castelo. Pegou o lampião em cima da mesa de madeira e caminhou para fora do quarto. Olhou os dois lados do corredor se certificando se alguém estava ali. Com o corredor vazio, o lampião em mãos e o coração acelerado, rumou seus passos rapidamente para fora daquela casa que cheirava a incenso e que possuía velas por todos os cantos. Segurou firme, o manto para não o sujar e caminhou em direção ao jardim que tinha combinado encontrar o Im.

Seus olhos se atentavam a todo momento, olhando para todos os lados, cuidando para que ninguém o visse. O pequeno caminho de calçada de pedra, o levou até uma pequena escadaria, havia dois guardas reais no topo da escada. Jinyoung se escondeu rapidamente atrás do muro, respirando com cuidado para não ser percebido. Tinha vislumbrado os dois alfas rapidamente, mas conseguiu ver que eram do exército de Carlon, já que a roupa em tons cinzas o ajudava a diferenciar. Inclinou a cabeça um pouco para que pudesse ver a situação. Os dois homens estavam conversando entre si, e algo os fizeram olhar para trás, dando a deixa perfeita para o ômega correr para o outro lado do muro. 

A escuridão era algo horrendo na visão do ômega, que se não fosse pelas inúmeras tochas de fogo espalhadas pelo local, nunca saberia onde poderia estar pisando. Odiava escuro e pior que escuro, só o frio presente ali. Jinyoung respirava com dificuldades, o frio era carrasco para ômega. Os dentes se batiam um no outro e ele já começava a dar pulinhos de tanto frio que sentia.

Céus, maldito seja Netuno e seu frio horroroso!

O ômega se escondeu entre o pequeno arbusto, colocando o lampião atrás de si, assim que seus olhos miraram na carruagem parada em frente a escadaria. Um guarda apareceu, abrindo a porta do veículo, mas antes que o moreno pudesse observar quem chegava, sentiu sua boca ser tapada, abafando um grito surpreso e desesperado.

O corpo do menor foi arrastado, até uma parte afastada da escadaria. O local entre duas muralhas cobertas de vegetações era iluminado por duas tochas. Jinyoung sentiu o corpo tencionar e tentou se debater, assustado com o ato sofrido. Estava pronto para chutar o ser atrás de si, quando se sentiu solto dos braços que lhe prendiam até a alma.

Foi rápido em virar o corpo, pronto para gritar, mas novamente sua boca foi tapado e seu corpo foi empurrado contra a parede. Seus olhos estavam arregalados, mas assim que se puseram em cima do homem a sua frente, eles calmamente diminuíram de tamanho.

— Shiii... — o tom rouco adentrou seus ouvidos, arrepiando todo seu corpo. O alfa está perto de si, frente a frente. Batendo a respiração contra a sua. Jinyoung precisou de alguns segundos para recobrar os sentidos, acalmar o coração acelerado e recuperar a respiração falha.

— Você quer me matar do coração? — ralhou, batendo com a mão livre no peito do alfa, assim que sentiu sua boca livre.

— Ei! Fale baixo ômega! — Jaebum o olhou sério, sussurrando com a voz rouca bem perto do ômega. A medida que a respiração do Park voltava ao normal, o cheiro forte do alfa lhe entorpecia aos poucos.

— Você não precisava ter me pego desse jeito! Custava me chamar? — o ômega largou o pequeno lampião no gramado, voltando a fitar irritado o ruivo a sua frente, que por algum motivo, parecia estar mais ruivo que o normal. Não tinha mais fiozinhos negros, que antes lhe cobriam alguns fios. Seu cabelo era de uma cor estonteante, viva e ironicamente, calorosa.

— Foi engraçado...e uma, se eu lhe chamasse, você poderia gritar de qualquer forma. — Jaebum o olhou divertido, sentindo um soco leve em seu ombro.

— Imbecil! — o moreno grunhiu, sentindo os dentes tremerem. Por Sol, como estava frio.

— Você que é muito assustadinho! — Jaebum lhe sorriu zombeteiro, Jinyoung estava prestes a lhe responder, quando o maior interviu pegando sua mão enquanto curvava o corpo em direção ao lampião. — Vamos para o jardim, é melhor para conversarmos lá. — o ruivo o puxou com cuidado, segurando com firmeza ao ponto certo, o pulso do ômega. 

 

Jinyoung sentiu os dedos gélidos ao redor da sua pele. Eles estavam mais gelados do que costumavam ser. Seus olhos fitaram o corpo do alfa a sua frente, não era nada comparado com o alfa que lhe cuidou de manhã. As costas largas coberta pelo manto negro, o davam um ar sério e poderoso. Tudo parecia ser diferente nele. Até a forma como ele andava, e a voz, e o cabelo, e tudo... e céus, por que estava prestando atenção nele e em seus detalhes mesquinhos?

O ômega balançou a cabeça de um lado para o outro, espantando os pensamentos. Nem viu quando o ruivo parou do nada e o fez pechar em suas costas. Jaebum inclinou o corpo um pouco para frente, vendo um guarda e o comandante soleiniense conversando na entrada do jardim. Os dois conversavam, vez ou outra olhando para os lados.

Jaebum grunhiu irritado, não era para aquele alfa estar ali. Era para ele estar lá dentro, supervisionando convidados ou qualquer coisa que fosse.

— Droga! — murmurou baixinho, escondendo o ômega atrás de si, que se embrenhava no manto que vestia.

— O q-que foi? — o menor deslizou os dedos da destra pelo tecido, sentindo a maciez sobre os dedos.

— Não podemos ir para o jardim. — Jaebum falou rápido, pensando em um lugar em que os dois podiam conversar sem ser vistos. Sorriu eufórico assim, que uma lâmpada acendeu em sua cabeça. Segurou com mais firmeza a mão do ômega, sem perceber entrelaçando os dedos na mão alheia. Foi rápido em o puxar para o outro lado da muralha. Jinyoung nem sabia o que fazer direito, apenas seguia o outro, ou melhor, deixava ser levado por ele.

O alfa, abriu a porta, rente a muralha coberta por folhagens. Jinyoung arregalou os olhos, admirado, não que em Soleil não houvesse aquelas entradas secretas, mas ali, em uma muralha... tudo parecia o surpreender.

Jaebum puxou o ômega para dentro, fechando a porta atrás de si. Caminhou até a parede e suspendeu o lampião a medida que a chama do fogo adentrasse a tocha engatilhada ali. O lugar se iluminou com as duas iluminações. Jinyoung vasculhou o cômodo, percebendo a pequena estufa em que estavam. Havia galhos secos por todos os cantos, e uma mesa no centro feita de mármore com vários potes e terra espalhada.

— Bom, estamos em um lugar calmo, e podemos conversar agora. O que quer me dizer? — naquele momento a voz do alfa parecia hesitante, diferente do tom eufórico usado a momentos atrás.

Os dois jovens se olharam intensos um para o outro. Ambos vestidos para a cerimônia. Jaebum com suas roupas frias, o manto negro era preso por duas presilhas arredondadas, feitas de prata detalhada toda em diamante rosado, o mais caro, o mais belo. A roupa que lhe cobria, era num tom azul marinho, bordada em fios de ouro. Tudo nele era caro e esbanjava riqueza, a coroa que provinha na cabeça era a de Príncipe, mas Jinyoung sabia que logo, logo seria a de rei que iria o compor.

— Você está bonito... — a frase saiu solta dos lábios carnudos do ômega. Jinyoung não estava tendo muito controle de si, e olhar aquele alfa a sua frente, o fitando da mesma forma, admirado, extasiado, o dava nos nervos.

 

Céus, o que era tudo aquilo?

Desde quando tinha ficado tão quente... tão denso e dificultoso de respirar?

E por Lua, Netuno, Tritão, Sol ou seja lá qual deus...

Por que para Jaebum estava tão bom ouvir aquele coração bater descompassado, acelerado, se perdendo nas batidas?

Ah, e aquelas órbes amareladas... tão vivas... tão...viciantes.

 

— Estamos sobre duas luas Jinyoung. O que faremos a partir de agora?

 

Não dependia deles o que iria acontecer a partir daquele momento. A décima sétima badalada tinha tocado, anunciando a inicialização da chegada das luas. Não dependia mais de nenhum dos dois, fugir ou ficar. 

Era tarde demais para se deixarem vencer por seus desejos e quereres. Tarde demais, para fugir do inevitável.

 

 

Por que quando eu te olho eu sinto meu coração se aquecer?
 
Por que quando você me toca, minha pele ferve... meu corpo incendeia?
 
Por que estar na mesma atmosfera que você é sufocantemente bom?
 
 
 
Não me deixe ir sem sentir o seu amor.

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


AHHHH CHEGUEYYYYYYYY
eu quase morri pra escrever esse capítulo...eu escrevi ele, todo bonitinuuuu, trabalhado nas maravilhas do mundo e aí do nada essa porra apagou. Eu fiquei muito PUTA, muitoooooo... aí eu taquei o foda-se e fui escrever PWP 😂😂 — é assim que eu me acalmo.

Bommmm, capítulo puta grande, foi mal, mas quando eu começo a escrever Soulmate EU NÃO SEI PARARRRRRR
ENTÃO...
Esse capítulo é o início das coisas, é a ponte para o que Jinyoung e Jaebum serão agora.

Espero que tenham visto e prestado atenção no modo"eufórico" do JB...ele tá muito Just Relax para quem vai casar...o que será que tá havendo com nosso ruivinho???

Muitas informações nesse capítulo...pai do Jinyoung um pau no cu arrombado... tô com ódio...mas vida que segue

Eu demorei pra postar, perdão, mas eu fiquei mal por ter perdido o capítulo...😫

Mas essa semana as coisas vão melhorar, próximo capítulo, na quinta, porque eu não tenho aulaaaa...
Hoje eu tbm não tenho, graças ao pau no cu do presidente arrombado 😂😂
Brasil né gente!


Vou responder os comentários de vocês!!!

Podem me mandar suas teorias que eu vou amar ler!!!
Obrigada por todo o carinho com a fic...



Beijos na bunda 😘😘
E até a próxima loucura 😋😋


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