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História Soulmate. - Capítulo I - Mark é nome de americano né?


Escrita por: analpolitano

Notas do Autor


VOLTEI
obrigada pelos favoritos
boa leitura¡

Capítulo 2 - Capítulo I - Mark é nome de americano né?


Fanfic / Fanfiction Soulmate. - Capítulo I - Mark é nome de americano né?

Era um menino, menino, menino. Donghyuck não gostava de meninos. Por que tinha que ser um menino? Lágrimas rasas escorreram por seu rosto enquanto ele via a marca se firmar na mão direita. Ali estava a maldita prova de que ele tinha um parceiro. Algo respeitado, quase cultuado para a sociedade. Por sorte ou azar encontrara o seu ainda na mocidade, de maneira azarada e desconfortável, no intervalo entre uma aula e outra.

Ele podia ouvir Jaemin falar ao seu redor, ele podia ver Chenle indo em direção ao garoto. Ele podia ver. Mas não conseguia se concentrar, focar na situação ao seu redor. Tudo estava em câmera lenta.

O garoto parecia se encolher mais do outro lado onde se encontrava. Suas bochechas estavam vermelhas assim como suas orelhas. Por um momento seus olhares se cruzaram. E ele pode ver o pânico, o descontentamento, a vontade de fugir, ele praticamente sentia isso.

Jaemin o chacoalhou pelos ombros o chamando diversas vezes.

— Precisa falar com ele, Chenle. – Ouviu o amigo, gritando para o mesmo do outro lado do corredor. Poucas pessoas passavam por ali, mas as que passavam não davam a mínima. Sociedade pacata e comum aquela onde pessoas caiam aos prantos e era considerado algo feliz e abençoado. — Chenle, enfermaria!

Sua visão escureceu, e a última coisa que viu fora Mark levantando zonzo, com a mochila pendurada em um dos ombros, tropeçando nos próprios pés.

Quando acordou estava sozinho, deitado em uma das macas da enfermaria. A doutora responsável naquele momento se chamava Yeonhee, e ela fumava enquanto estava apoiada no parapeito da janela, a fumaça saindo em círculos pelo ar.

— O que aconteceu? – Fora sua primeira pergunta. Na verdade ele sabia o que tinha acontecido, mas queria apenas se certificar.

— Você emparelhou com o garoto estrangeiro no corredor. – Respondeu simples, enquanto colocava uma mecha de cabelo por detrás da orelha. — E depois passou mal.

Donghyuck franziu a sobrancelha, agora olhando para a marca na mão, mortalmente bonita.

— Como posso ter sido atado a ele, de repente? – Questionou, novamente esperando algo concreto desta vez.

— Não sei. Esse tipo de coisa tem vida própria, alguns casos são fortes como o seu, outros são como uma brisa que passa rápido. – Virou-se agora em direção ao garoto. — Deu sorte de seus amigos estarem presentes, eles te arrastaram pra cá.

— Foi tão ruim assim? – O temor em sua voz aumentava.

— Me diga você. – Acenou com a cabeça em sua direção, dando uma tragada no cigarro em mãos.

— Eu sinto como se tivesse sido atropelado por um caminhão, e minha mente está enevoada. Eu me sinto estranho.

Ela sorriu com escárnio, soprando a fumaça no ar.

— Efeitos da conexão. – Se aproximou com um termômetro em uma das mãos. — Vai descobrir da pior maneira o resto dos sintomas.

— Sintomas? – Engoliu em seco.

— A vontade de ficar perto e outras coisas. – Ele corou, entendendo muito bem o que ela queria dizer. Maldito destino que decidia as coisas por conta própria, sem direito de escolhas. Quando a irmã soubesse pularia de alegria, com certeza.

— Onde está o menino? – Pronunciou a palavra "menino" com certa relutância.

— Estava aqui agora pouco, tão assustado quanto você.

— Por que ele estava aqui? – Esfregou as mãos em seu rosto, tentando levar aquela sensação de que algo estava faltando, para longe de si. Bem longe.

— Ele se assustou com você. — Respondeu, simples. — Sabe, você não parece feliz. – Constatou. — A maioria agradeceria aos céus.

Donghyuck se levantou, olhando para a doutora que agora anotava informações sobre ele, logo após medir sua temperatura. Ele não devia explicações.

— Você pode cobrir isso? – Pediu, levantando o braço direito, mostrando a marca bonita que adornava sua mão.

— A marca? – Ele assentiu. — Se quiser, posso.

— Então faça-o.

Donghyuck só fora liberado após o fim das aulas. E até lá, não teve notícias de seu… parceiro. A palavra tinha um som estranho e um gosto amargo. Queria chorar, de novo.

Não encontrara Jaemin ou Chenle – este último provavelmente estava pelos cantos com Renjun. Não que ele quisesse ver qualquer pessoa naquele momento. Não estava preparado para dar explicações aos amigos escandalosos, embora muito prestativos.

Assim que atravessou o portão da escola, encarou a mão direita enfaixada com cuidado. Ela tinha escondido a marca como prometido. Agora ele não sabia como esconderia de sua irmã, ou de Chunghee, mas talvez pudesse esconder a marca, por enquanto, até dar um tempo a si mesmo para pensar.

Avistou o carro de Chunghee ao longe, e caminhou em direção ao mesmo, abrindo a porta do carona, sentando-se em silêncio. O rapaz o olhou de cima a baixo, parando o olhar em sua mão enfaixada.

— O que houve, Donghyuck?

Ele mordeu os lábios, apertando a mochila que carregava nos braços.

— Machuquei na educação física. – Mentiu descaradamente.

— Hm. – Murmurou, o carro dando um solavanco, Donghyuck teria ido ao parabrisa se não estivesse no cinto.

— Como está Saeron? – Pediu, cutucando o curativo discretamente.

— Ótima. Ela ficou em casa com Jisung, mas provavelmente ele já foi embora. – Explicou, batucando os dedos no volante. Fez uma curva no centro movimentado da cidade, entrando num bairro mediano.

— Não tem ciúmes? – Provocou. Ele sabia que Jisung era como o segundo irmão de Saeron, mas gostava de cutucar a onça com a vara curta. Por mais que no momento ele estivesse parcialmente destruído.

— Você sabe que não. – Sorriu, olhando para Donghyuck de esguelha.

— Jisung é muito novo para ela. – Concordou, olhando a mão direita com decepção velada.

— Além disso, ela tem a mim. – Explicou, finalmente parando na frente de uma casa pequena de cor azul pastel. Sua casa.

— Como poderia esquecer disso? – Revirou os olhos, saindo do carro batendo a porta.

— De nada pela carona. – Sorriu irônico.

— Obrigado. – Resmungou rabugento.

Entrou, atravessando o pequeno quintal onde no seu canto, um ipê amarelo solitário crescia. Era a jóia da casa quando ficava florido.

Ao pisar em casa com Chunghee em seu encalço, avistou a irmã ainda no uniforme, sentada no sofá vendo televisão com as pernas esparramadas pela extensão fofinha.

— Hyuck! – Pulou do sofá, abraçando o irmão gêmeo.

— Ei. – Comentou, rindo nervoso enquanto retribuía o abraço. Chunghee era a alma gêmea de Saeron, quatro anos mais velho. Moravam em cinco, já que seus pais não deram permissão para que Saeron fosse viver com Chunghee em seu apartamento no centro.

A irmã desceu os olhos para a mão direita enfaixada, franzindo a testa.

— O que é isso? – Perguntou, cuidadosamente.

— Machuquei na aula. – Mentiu, novamente.

— Meu Deus, isso tá preto Donghyuck, deve estar horrível. – Sua cara estampava horror ao ver a fraca cor da marca que despontava por trás da gaze. Fazia parecer com que o machucado de mentira estivesse praticamente gangrenando.

— Nah, tá tranquilo. – Desconversou, ficando sobre o olhar de ambos ao mesmo tempo. Droga.

— Hyuck, deixa eu ver isso, por favor. – Praticamente implorou, tentando pegar a mão direita do irmão.

— Não, não. – Negou.

— Tá tão ruim assim? – Cruzou os braços.

— Donghyuck tira esse enfaixado agora. – Mandou Chunghee.

— Pra quê?

— Porque sua mão tá preta. – O Lee sentiu sua pressão baixar. — Agora.

— Não. – Relutou.

— Haechan. – A irmã insistiu.

Ele, lentamente desenfaixou a mão, revelando aquela marca preta recém formada. Saeron arregalou os olhos, sorrindo em seguida. Chunghee parecia querer rir. A garota deu um gritinho de empolgação.

— Hyuck eu não acredito! – Riu, abraçando o irmão, que não retribuiu o gesto.

— Nem eu.

— Aposto que você está muito feliz, não é, Haechan? – Chunghee não perdeu a oportunidade de irrita-lo.

— Quem é a sortuda? – Ela perguntou, ainda animada. O Lee havia deixado as bandagens caírem no chão em desânimo.

— Não é uma garota. – Disse por fim, recebendo um silêncio ensurdecedor na sala.

— Ah. – Disse Chunghee, o primeiro a quebrar a quietude.

— Hyuck, isso é… meus parabéns. – Disse, analisando a mão direita do irmão. — Sua marca é muito bonita. Parece uma tatuagem de desenho em quadrinhos, sabe, daqueles que vocês meninos curtem.

Na realidade ele não sabia, mas fingiu concordar.

— Eu não estou feliz. – Disse, por fim. — Nem um pouco.

— Por que não? – Indagou Chunghee.

— Eu não gosto de garotos. – Rebateu.

— Mas agora vai aprender a gostar. – O cunhado sorriu, mostrando os dentes. Ele poderia matar Chunghee facilmente naquele momento. Aquele ainda era assunto recente, fresco, ao qual Donghyuck era muito sensível sobre.

— Não vou não. – As sobrancelhas se uniram numa expressão de pânico. — Foi um erro. Eu não conheço esse garoto. Eu não sei quem ele é, como é, e também… – Se engasgou nas palavras, querendo sumir.

— Mas você pode conhecer Donghyuck. Ele sabe da sua existência?

— Que pergunta Chunghee, obviamente que ele sabe. – Resmungou Saeron.

— Nunca nos vimos realmente. – Explicou, agora olhando a mão fixamente, como se o simples fato de encarar a marca fosse fazê-la sumir.

— Mas, ele sabe de você? – Saeron perguntou, cautelosa.

— Aconteceu enquanto eu olhava pra ele. – Explicou. — Ele me viu, e também estava na enfermaria, depois que apaguei.

— Isso é um pouco romântico. – Chunghee sorriu de lado, provocando Donghyuck até seu sangue ferver. Ele sabia o quanto o irmão de Saeron era revoltado com aquela questão, e ele não sabia o porquê. Era o curso natural das coisas.

— Você adora se ouvir falar não é?

— Pelo menos eu não sou um pirralho revoltado sem motivos.

Donghyuck apertou as mãos em punhos. Ele tinha motivos para odiar aquelas coisas. Seus pais não foram felizes, não eram, nunca foram. A parceria deles era infeliz, tiveram filhos, mas ainda assim não conseguiam se acertar, mesmo sendo prometidos. Talvez se cada um deles tivesse tido sua própria escolha, eles teriam sido felizes. Mesmo que eles estivessem separados, mas não, foram obrigados a ficar juntos por necessidade física e ligados por um laço que os obrigou a se aproximar para que não passassem mal. Essa era a história que a própria mãe chegará a contar.

E ele sabia que também poderia ser infeliz, e tudo que menos queria era isso. Donghyuck era de espírito livre e selvagem, gostava de fazer as coisas ao seu jeito, era livre, livre. Mas agora estava atado, com as mãos presas a correntes invisíveis. Seu corpo reagia com cócegas na nuca e puxões na costela a cada maldito minuto, como se algo o chamasse.

— Cala a boca. – Respirava com dificuldade. — O que você sabe? Hein?

— Sei que você é um nerd rebelde e super protetor, sem noção e um pirralho mal educado.

— Chunghee! – Saeron interferiu, dívida entre defender o irmão e escutar o parceiro.

— Fica quieta Saeron! – Repreendeu Chunghee. Saeron baixou os olhos.

— Não fale assim com ela! – Cuspiu, os olhos transbordando ira.

— Acho bom você fechar essa boquinha moleque. Sabe que eu amo Saeron.

— Ah é mesmo? – Levantou uma das sobrancelhas ironicamente. — Tem certeza? Seu machista nojento, só sabe mandar nela como bem entende!

— Donghyuck! – Exclamou Saeron, temerosa pelo rumo da conversa.

— Que foi? Agora vai dar um chilique, senhor "odeio o universo, tudo e todos"?

Aquela foi a gota d'água. Donghyuck avançou em Chunghee mal vendo o que acontecia na sua frente quando tentoh acertou um único soco na cara do infeliz. Eles nunca haviam passado de provocações toscas, mas ele estava cansado. Saeron gritou puxando o irmão pela camiseta, enquanto os dois se engalfinhavam. Péssima ideia para Donghyuck que Chunghee era mais velho e mais forte. Ele o segurou facilmente, enquanto o mais novo tentava chuta-lo.

— Você é realmente um sarro Donghyuck. Seu soco é tão fraco que não chegou em mim. É tão fraco quanto você. – Apertou os pulsos do mais novo, deixando marcas vermelhas no local, empurrando-o com força o bastante para que este caísse no chão de mochila e tudo.

— Vocês dois! – Saeron exclamou, se ajoelhando ao lado do irmão. — Chunghee, o que você fez?

— O que eu fiz, mulher? Por respeito a você Saeron, eu sempre aturei essa criatura, mas chega um momento que cansa. Eu detesto crianças mimadas como seu irmão. Espero que isso lembre ele que deve respeito com os mais velhos.

— Hyuck, você está bem? – Perguntou, esfregando as costas do irmão, preocupada.

— Eu sugiro você controlar esse troglodita, pois um dia quem pode apanhar no meu lugar, é você Saeron, abra os olhos.

— Ele nunca faria isso! Você está sendo irracional porque está com raiva!

— Eu concordo, melhor você esfriar essa cabeça antes que ela torre até não sobrar nada.

O Lee o olhou de cima a baixo, cansado.

Se levantou com dificuldade, desamarrotando a blusa do uniforme. Olhou para os próprios pulsos marcados, depois para o cunhado. Suas costas doíam, mas ele ainda preferia apanhar do que ser tratado daquela maneira. Ele tinha o próprio orgulho também. Sentiu uma dorzinha extra por detrás do laço. Maldição.

Por última vez, atirou a mochila em Chunghee, que riu.

— Porco. – Disse, indo em direção ao quarto, batendo a porta com força a trancando em seguida. Que dia de merda ele tinha tido.

Naquela noite, ele não jantou, ou sequer saiu do quarto.

No dia seguinte, para sua felicidade, Chunghee já havia ido trabalhar. Logo de manhã encontrou Saeron passando roupas, inclusive a maioria eram do cunhado.

— Bom dia, Donghyuck. – Cumprimentou, concentrada no que fazia. — Mamãe deixou o café pronto e papai foi ao trabalho junto com Chunghee.

— Nós temos aula hoje, pare o que está fazendo. – Tocou as mãos da irmã, delicadamente. Seus pulsos ainda doloridos, a marca ainda a vista. Havia desistido de esconde-la. Se aquele garoto queria vir até ele, que viesse. Não significava nada mesmo.

— Mas Chunghee precisa das camisetas passadas, se não ele não pode trabalhar. – Se desvencilhou do toque do irmão, voltando a sua tarefa.

— Sabe que se não quiser, não precisa fazer.

— Mas eu quero. – Ditou, séria. — Estou terminando já. Pode ir na frente, afinal, estudamos em escolas diferentes mesmo.

— Tudo bem. Não vou tomar café. – Suspirou, beijando o rosto da irmã. — Eu não quero que você seja forçada a fazer nada. Inclusive me obedecer.

— Eu sei, Hyuck. – Deu um risinho. — Você é meu melhor amigo, além de irmão. E eu te amo muito por isso.

— Eu me importo com você, sabe. – Comentou, passando as mãos na borda da camiseta num sinal de nervosismo.

— Eu sei, seu irmão coruja. – Passou mais uma camiseta social com cuidado. — Por que está tão nervoso? – Perguntou, sem sequer olhar para o irmão gêmeo.

— Não estou nervoso. – Sussurrou.

— Está fazendo aquele negócio com os dedos, você só faz quando está nervoso irmãozinho.

— Impressão sua.

— Se quer mentir pra sua irmã, tudo bem, mas não minta para si mesmo. Seu corpo te denúncia inteiro.

Donghyuck grunhiu, se dando conta que a irmã o conhecia bem de mais.

— Aliás – Continuou. — Como… você está? – Voltou os olhos castanhos para os pulsos do irmão.

— Bem. Nada com que eu não possa lidar, Saeron. – Olhou para o relógio antigo pregado na parede, constatando que estava atrasado. Toda aquela falação tinha tirado sua concentração. — Eu preciso ir, desculpa.

Ela riu, aquela risada que ele queria sempre manter no rosto da irmã.

— Vai lá, Haechan. – Usou o apelido do irmão. — Só por favor, não seja rude com o rapaz que é seu parceiro. Talvez ele esteja tão irritado quanto você, sabe.

— É o que veremos. – Se arrastou até a porta. — Até mais tarde.

Saiu de casa, indo pegar sua bicicleta, fiel escudeira, mesmo que velha e esculachada. Montou na mesma e pôs se a pedalar pelo bairro, em direção a escola. Conforme passava por curvas e o pequeno centro movimentado perto da escola ele pensava no que iria fazer quanto a parceria. O que diria, como agiria. Era difícil sequer suportar a ideia de que estava emparelhado.

Suspirou, pedalando com mais afinco, finalmente chegando na rua da escola, avistando de longe Chenle casualmente chegando. Coincidência ou não ele ficara feliz de não entrar sozinho na escola, pelo menos naquele dia.

— Chenle! – Parou a bicicleta rosa chiclete ao lado do amigo, que tomou um leve susto com sua presença repentina.

— Haechan, não me mata do coração! – Ajeitou a mochila nos ombros. — Olha só, sua marca é mesmo bonita.

— Porque eu tive a impressão de que esse seria o primeiro assunto do dia? – Revirou os olhos.

— O nome do garoto é Mark Lee. – Ninguém, absolutamente ninguém havia sequer perguntado.

— Obrigado pela incrível informação.

— Achei que iria querer saber pelo menos o nome do felizardo. – Deu de ombros, ambos agora parados no bicicletário da escola. Donghyuck agora seguia Chenle para dentro da escola.

— Pouca utilidade pra mim. – Resmungou, irritadiço.

— Eu hein, que bicho mordeu você? – Comentou, desgostoso, fazendo uma careta engraçada.

— Meu cunhado. – Respondeu.

— Que? Como assim? – Se virou, parando no meio do caminho. Nem sinal do garoto.

— Brigamos, estou de mau humor. – Ditou, gesticulando num gesto de descaso. — Ele vive tratando mal Saeron.

Chenle suspirou, já entendendo onde a conversa chegaria.

— Ok, Donghyuck. Você já pensou que pode estar mandando nela, ou sufocando Saeron? – Cruzou os braços. — Existem muitos tipos de machismo velados. – Constatou, olhando no fundo dos olhos do amigo.

— Não sou como ele. – Seguiu em direção a própria sala.

— Pense com cuidado se você não a sufoca como eu acho que faz. E se você se der conta disso, se der, você será tão controlador e machista como ele.

Massageou as têmporas, levemente irritado, porém considerando o assunto. As vezes ele cercava Saeron de mais. Talvez, só talvez ele exagerasse.

Antes que pisasse os pés na sala de aula, recostado na parede, sentado numa das últimas carteiras estava o tal de Mark, silencioso, de fones de ouvido, usando o mesmo casaco do dia anterior. Donghyuck sentiu aquele puxão frenético nas costelas, como se ele precisasse chegar mais perto.

Mas não o fez. Sequer encarou o garoto, que tinha a marca igual a sua, exatamente no mesmo lugar, com os mesmos padrões. Era curioso que ele estivesse encarando fixamente, como se estivesse lendo Donghyuck.

Tentou ao máximo não encarar o garoto de volta. Não queria nada com ele, embora fosse seu parceiro.

— Sabe, evitar de olhar pra ele não vai mudar nada. – Na Jaemin apareceu do nada, parando em sua frente com as mãos na cintura.

— Sai aparição! – Pulou na cadeira. Jaemin revirou os olhos com tanta força que Donghyuck podia jurar que eles ficariam presos no crânio.

— Sabe, ontem você me deu um puta susto, seu desgraçado. – Reclamou, estressado.

— A culpa foi lá minha? – Retirou o material da mochila, organizando o mesmo com cuidado em cima da mesa, sistematicamente.

— Ingrato, eu e o Chenle te arrastamos pra enfermaria e é assim que você agradece?

— Obrigado, Na Jaemin.

— Melhor assim, só falta agradecer o Chenle. – Concordou sozinho. — Mas sério, como você está?

— Podia ser pior.

Jaemin coçou a nuca, olhando para trás vendo Chenle se sentar quieto na carteira da frente.

— Eu conversei um pouco com ele. – Disse, por fim.

— Com Chenle? Que bom, vocês são amigos né.

Novamente revirou os olhos.

— Sua mãe criou você pra ser burro assim?

— Pera, então quer dizer que você falou com... Ele. – Tentou não apontar para Mark.

— É, seu nó cego. – Afirmou, sem paciência alguma.

— E? – Perguntou, fingindo não querer saber sobre o que conversaram, embora estivesse curioso. Levemente curioso.

— Ele é legal, estrangeiro, acho que é americano. O coreano dele é uma bosta. Ele tava comendo um croquete de carne, e ao invés de falar "croquete" ele disse "roquete".

— Ok, informação inútil. – Murmurou. — Nada de novidade vindo de você.

— Enfim, ele estava passando mal também, igual a você. Mas não apagou de nervoso. – Tirou sarro, apontando para Haechan. — Renjun conhece ele, pelo que eu soube.

— Hm. – Murmurou.

— Tá dando zero fodas pro que eu tô falando né, seu nerd. – Reclamou, vendo o amigo abrir o livro na matéria de Biologia, grifando algumas partes sem prestar muita atenção no que falava.

— Tá, tá.

— Vai tomar no cu. – Jaemin testou.

— Aham. – Gesticulou com marca texto verde néon em uma das mãos.

— É, não tá prestando atenção. – Constatou. — Eu vou me sentar que eu ganho mais. Odeio Biologia.

Donghyuck ignorou, revisando a matéria sozinho. Ele poderia ser tudo, menos descuidado com os estudos. E também aquela era uma de suas matérias favoritas, a matéria pelo menos. Já a professora…

O sinal bateu, anunciando o começo da aula, e a Senhorita Jung logo entrou na sala. Primeiro fazendo a checagem da lista de alunos, logo depois passando uma lista de exercícios que poderia ser feito em duplas.

— Psiu, Donghyuck! – Chamou Jaemin, lá trás. Ele se virou, vendo que o amigo estava sentado na frente de Mark, chamando ele com movimentos de mãos repetidos. — Faz essa coisa comigo.

— Não. – Sussurrou.

— Vem logo. – Reclamou, puxando uma carteira ao seu lado. Haechan juntou seus materiais a contra gosto e caminhou até o colega, sentando ao seu lado, jogando os livros na mesa fazendo um certo barulho.

— Tô aqui, pronto. – Abriu o livro numa página específica, transferindo a resposta da primeira questão na folha do caderno. — Copia e fica quieto.

— Mark tá olhando. – Cochichou.

— Você sentou aqui de propósito. – Falou, encarando o amigo, os rostos colados para que ninguém ouvisse a conversa.

— Mas é claro que sim. – Afirmou. — Será que ele é americano mesmo? Mark é nome de americano né?

— Eu sou Canadense. – Uma voz foi escutada atrás de si, e ambos se viraram ao mesmo tempo. Mark segurava a lapiseira com a mão direita, a marca ali, desenhada perfeitamente igual a de Donghyuck.

— Ah. – Soltou Jaemin.

— Como é seu nome mesmo? – Perguntou, se curvando para frente em direção a Jaemin.

— Na Jaemin. – Respondeu alegre.

— Prazer. – Ele olhou para Donghyuck com os olhos meio confusos. Como se decidisse se falaria com ele ou não. No fim ele falou.

— E o seu? – Perguntou.

— O meu o quê? – Donghyuck piscou, analisando o garoto.

— Nome, seu nome. – Mark o encarava como se pudesse de fato ver sua alma. Os cabelos castanhos escuros jogados pela testa, bagunçados naturalmente.

— Lee Donghyuck. – Respondeu simplista, não reparando de mais no garoto. Afinal, pra quê?

— Então… você também é Lee, né? – Jaemin ficou com vontade de berrar com aquela conversa babaca. Dois homens crescidos daquele jeito não conseguiam sequer falar normalmente.

— Bem observado. – Respondeu, grosseiro. Ai.

— Não liga ele é uma mula assim mesmo. – Disse Jaemin.

— E você é o que, encosto? – Mark riu, uma risada gostosa e melodiosa.

— Ei… – Antes que pudesse dizer algo a professora parou na frente de ambos, com um olhar de reprovação.

— Vocês estão atrapalhando a aula. Detenção pros três. Eu disse pra fazer o exercício e não bater papo. – Apenas a palavra detenção para Donghyuck era como a morte. Professorinha insuportável.

— De novo não! – Jaemin resmungou, exasperado.

— De novo sim, Na Jaemin. Não é a primeira vez que o senhor atrapalha.

— De novo? – Exclamou Haechan. — Olha só o que vocês fizeram! – A professora os encarou novamente, deu meia volta e sentou-se na carteira. Alguns alunos os encaravam, Donghyuck não percebeu que estavam falando alto de mais.

— Foi mal. – Disse Mark, escrevendo algo no caderno, enquanto tentava se concentrar na aula.

— Foi péssimo! – Encheu o saco do mesmo. — Cacete, merda.

— Sai pra lá menino, parece que vai pra forca. – Jaemin comentou irritado.

— Sabe o que isso faz com meu histórico?

— Como disse, desculpa. – Repetiu Mark e logo em seguida ficou em silêncio.

— Haechan sabe a número três? – Perguntou, olhando para o amigo.

— Eu te odeio.

— Também. – Respondeu Jaemin, puxando o caderno do amigo, copiando a resposta. — Vai ficar na detenção com sua alma gêmea, chique.

— Vou ficar lá com você também.

— Melhor ainda.

— Só cala a boca.

Ao longe Chenle observava a situação casualmente, segurando uma risada.

Mark não sabia como começar uma conversa com Donghyuck então resolvera se intrometer na conversa dos dois garotos na frente de si. Bom, de início ele pode sentir que havia algo errado com Donghyuck. Ele não sabia o quê, mas parte de ter tentado uma conversa era porque estava curioso sobre o garoto que era agora sua alma gêmea.

Quando achou que poderiam sequer trocar algumas palavras, ganharam uma detenção de presente e de brinde, uma bronca da professora. Donghyuck parecia aflito, cansado, com raiva.

O Lee mais velho poderia dizer que estava confuso, se sentindo extremamente estranho e que não aguentava mais receber emoções pelo laço. O que o levava a crer que Donghyuck era muito intenso, péssimo ponto em outra pessoa.

Pessoas intensas de mais o assustavam, emoções de mais, muita informação para alguém que se considerava tão raso. Mark sequer queria ter uma alma gêmea. Mas a situação veio, e inesperadamente era um garoto. Mark não era muito exigente quanto a amantes, mas bem, seu gosto não ia diretamente para garotos. Mas ele sabia que não havia nada que poderia fazer, então apenas chegou em casa, zonzo e confuso a mãe o bombardeando de perguntas. Fez o máximo para desviar de todas, sem sucesso.

Era intervalo e em breve teria a detenção que lhe fora prometida, e por incrível que pareça, Mark estava ansioso, tanto que entrou na sala com as mãos batucando em um dos cadernos, fazendo um pequeno barulho irritante.

Ele observou Jaemin e Donghyuck que sentaram-se lado a lado conversando. Assim que o outro Lee pôs os olhos em si sua expressão murchou. Mark torceu o nariz, sentando-se na carteira da frente, esperando sua punição. Seria um longo dia escolar.

Ao sair da escola Donghyuck, chovendo como o inferno, sentia que estava sendo observado, e era mais do que verdade. A sua frente estava Mark, parado contra a chuva que caía, sem guarda-chuva nem nada. O moletom com o símbolo do time de basquete encharcado.

— Eu quero falar com você.

— O quê?

Ele parou no lugar, estático. O guarda-chuva amarelo aberto, as gotas que batiam contra o objeto produzindo um barulho gostoso.

— Quero saber quem é você, Donghyuck, e por que você é minha alma gêmea.


Notas Finais


é isto, até o próximo xuxus


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