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História Sounds of silence - Capítulo 1


Escrita por: someonedead

Notas do Autor


Yo!!!
Estou aqui iniciando mais uma fic.
Ela não vai ser grande, e estou fazendo ela porque o meu próximo projeto exige muito tempo e é um tanto complexo, têm um certo mistério e eu tenho que ter cuidado pra não revelar antes do tempo.
Enfim.
Espero que gostem, têm um tom diferente de E nós?
A ideia é legalzinha, espero poder deixar tudo certo.
Boa leitura e desculpem os errinhos que eu deixei passar.
\o

Capítulo 1 - Capítulo 1


Chris

 

Eu tento não focar meus olhos em ninguém da plateia enquanto eu toco. Passo a maior parte do tempo de olhos fechados sentindo o som da guitarra passear pelo meu corpo, começando pela ponta dos meus dedos, correndo pelos braços e então se espalhando pelo resto, rápida e incontrolavelmente.

Trocas de olhares são perigosas. Amor à primeira vista é perigoso. Você nunca conhece ninguém apenas olhando para ela, não dá pra saber se ela é charmosa, bondosa, gentil, grossa. Não dá pra saber que tipo de coisa ela já fez ou pode fazer, que tipo de voz ela têm, rouca, fina, suave, estridente. Certamente você pode tentar deduzir, e talvez até acerte, mas o que eu quero realmente dizer é que as pessoas são muito mais do que elas aparentam ser.

Quando eu toco, eu relaxo e viajo, sinto meu corpo vibrar com as notas e se desfazer com a música, nesse momento eu fico propenso a imaginar demais, sentir demais, por isso tento não olhar para ninguém. Não quero fazer suposições, não quero tentar adivinhar nada. É um momento meu e da minha música. Ou melhor, da nossa música.

Ouço Tony cantar os últimos versos e fico um pouco triste por saber que está acabando. Aquela é a última música do show e apesar de eu saber que vamos tocar dali algumas horas, não consigo deixar de lado a sensação de que não deveria parar de tocar agora. É sempre assim.

A música acaba e eu continuo de olhos fechados por alguns segundos. Tony está agradecendo aos fãs da banda e a todos que vieram ao Show.

- Vamos tocar ás 22:00 no salão de festas da escola Morton Hill, é por uma boa causa e nós ficaríamos imensamente felizes se vocês pudessem ajudar. – Ele diz entre suspiros. Não preciso abrir os olhos para ver o suor escorrendo pelo seu rosto, contornando o grande sorriso genuíno que ele têm nos lábios.

Abro os olhos.

Uma multidão enérgica está lá embaixo, homens e mulheres dos mais diferentes tipos, alguns ainda dançando mesmo sem música, outros conversando, outros se beijando. Não presto muita atenção em nenhum deles. Não que eu não tenha consideração pelos fãs, eu sou imensamente grato por todo o carinho de todos eles, afinal sem fãs não existiria banda. Eu só não consigo me interessar por pessoas. No sentido geral da palavra. Pessoas.

Começamos arrumar nossos instrumentos.

- Foi um ótimo Show. – Diz Tony enquanto bebe água numa garrafa plástica. – Você foi incrível Chris. Parecia possuído.

Dou um leve sorriso.

- Eu estava possuído. – Respondo. Depois viro de costas para eles e começo a arrumar minhas coisas.

O suor escorre pelo meu corpo, mas uma brisa fresca corre pelo local, amenizando a sensação de euforia dentro de mim. Euforia essa que eu contenho. Está anoitecendo e o céu está tingindo com uma cor rosa-alaranjado muito bonita, o show levou mais tempo do que eu esperava.  

- Vocês viram quantas meninas loucas na plateia? – Ouço Vinicius perguntar. Ele é o baterista e está quase sempre atrás de garotas, quando não está atrás de garotas é porque ele já está com uma garota.

- Eu vi a sua namorada na plateia. – Diz Tony num tom brincalhão. Ele guarda seu único instrumento, um microfone, e depois desaparece atrás do palco.

- Não estamos mais namorando! – Vini diz alto o bastante para que Tony possa escutar lá de trás.

Eu me viro para encará-lo.

- Vocês começaram a namorar no início da semana. – Digo. Ele me encara por um segundo e depois dá de ombros.

 – Não ia dar certo. – responde como se não fosse nada demais, balança os cabelos louros e se põe a arrumar suas coisas enquanto resmunga que ele é quem mais têm material para arrumar.

- Provavelmente já apareceu outra menina no radar dele. – Quase me assusto quando Victor fala pela primeira vez desde que o Show acabou. Ele está do outro lado do palco com o baixo já dentro da capa, ele mexe no celular e não levanta os olhos enquanto caminha até nós.

- Meu radar quebrou depois da Stefany. Por isso terminei com a Luana, porque não consigo pensar em outra que não seja Stefany. – O tom dele sugere raiva, mas eu posso ver uma pontada de diversão em sua voz.

- Achei que fosse Vivian. – Eu digo.

- Tinha quase certeza que era Valeria. – Diz Victor.

- Não era Luana, era Laís. – Tony reaparece.

- Isso. – Vini concorda. – Laís. –

Reviro os olhos e coloco a guitarra, já dentro da capa, nas costas. Então partimos para mais um pouco de trabalho.

 

Trey

Maura: Você podia pelo menos tentar.

Olho o celular com certa irritação. A contragosto, respondo a mensagem dela.

Eu: Maura, por que diabos eu iria pra esse show?

Maura: É por uma boa causa, você não precisa dançar. Além do mais, eu quero ir e não vou sozinha e ponto final.

Respiro fundo e tento me controlar. Ela é minha melhor amiga e eu sei que ela faria isso por mim caso a situação se intervertesse, apesar disso ser impossível.

Eu: Tudo bem. Mas me prometa que não vai ficar bêbada, por favor.

Maura: Prometo.

Então ela manda uma foto fazendo um sinal com os dedos, indicando que aquilo é uma promessa. Seu rosto já está maquiado e posso ver pelo espelho atrás dela que ela já está completamente arrumada para a festa. Dou um longo suspiro.

Eu: Okay, nos vemos daqui alguns minutos.

Jogo o celular num canto qualquer e deito na cama. Aquela iria ser uma longa e, muito provavelmente, desagradável noite.

Desde que anunciaram o show beneficente da banda favorita da Maura no colégio onde estudamos, ela têm ficado completamente louca e paranoica. E mesmo que eu tenha dito desde o início que não iria, aqui estou eu, prestes a colocar uma roupa qualquer e me embrenhar numa multidão de pessoas, em sua maioria garotas, enlouquecidas.

Levanto-me da cama e coloco meus óculos na escrivaninha em cima do livro que estou lendo atualmente. O quarto está escuro, a pouca luz vem da tela do computador, congelada em uma série qualquer da Netflix.

Caminho até o meu armário e o abro. Sinceramente, aquele é um dos motivos pelos quais não gosto de ir a lugares lotados.

Solto mais um pesado suspiro e abro a pequena caixa, me preparando mentalmente pelo que há de vir.

***************

Encontro Maura no estacionamento da escola, já passa das 21:20 e o céu está escuro, a lua parece ter se escondido em algum lugar e as poucas estrelas brilham timidamente.

O lugar está lotado, vários carros e pessoas andando e correndo de um lado para o outro. A entrada decorada com uma grande faixa escrito:

“SHOW BENEFICENTE EM PROL DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS”

Maura está vestida do seu jeito espalhafatoso e maravilhoso de sempre. Maquiagem que deixa seus olhos mais escuros do que o normal, short jeans desfiado, meia calça e uma blusa preta com o nome da banda que vai tocar estampado. Na região dos seus seios proeminentes está escrito com letras elegantes. “Sound of silence”. Até mesmo eu sabia que aquele era o nome da primeira música que a banda havia apresentado. Depois de ver Maura cantando milhares de vezes, consigo lembrar perfeitamente da letra. Mais precisamente do refrão.

“Quando tudo está quieto e o mundo inteiro parece calado. Pare. Espere. Escute. É o som do silêncio tocando em você.”

Ela se põe em minha frente.

- Vamos entrar logo, não quero ficar no fundo. – Ela diz.

Aceno com a cabeça e nós entramos. Pagamos a entrada para um homem grande que definitivamente não era o porteiro que ficava ali em dias de aula e, depois de passar por um longo corredor, finalmente chegamos ao salão de festas. Que está incrivelmente mais cheio do que eu pensei que estaria.

Eu esperava dezenas, mas haviam centenas de pessoas espremidas dentro daquele, não tão grande espaço, e o show sequer havia começado.

Meninas que provavelmente não tinham sequer 15 anos, seguravam uma faixa com os nomes dos integrantes da banda e vários corações ao redor. Revirei os olhos dramaticamente e me virei para falar com Maura, mas ela já estava lutando para chegar mais perto do palco.

O que há de errado com essas meninas? pensei enquanto começava a caminhar entre elas. Obviamente Maura esperava que eu a seguisse, mesmo que ela não tenha me falado isso.

Uma menina de cabelos verdes se choca comigo, ela parece prestes a dizer alguma coisa, mas depois de prestar atenção em mim, e talvez me reconhecer, ela se vira e sai sem dizer nada. Mais um suspiro. É tudo que eu tenho feito ultimamente.

Maura parece finalmente ter chegado onde queria, pois ela para e olha para trás fazendo um sinal com a mão que significa. ‘Vamos lá, pise na cabeça dessas desgraçadas que querem impedir o meu Tony de me ver.” Eu simplesmente continuo andando em meio a multidão até acompanha-la.

Quando as luzes se acendem e o primeiro integrante aparece, é uma loucura sem precedência. As meninas e também alguns meninos, gritam e esperneiam. O chão parece tremer com a euforia. O rapaz de tatuagem e corte militar segura o microfone bem longe da boca, como se quisesse exibir seus dentes brancos e perfeitos.

- Boa noite. – Ele diz. – Agradeço a todos que vieram a esse show. Em primeiro lugar estamos aqui para ajudar... – E nesse momento eu paro de entender aquele discurso que todos nós já sabíamos de cor. Olho para os meus próprios pés, para os tênis surrados e até mesmo manchados de tinta preta que eu escolhi as pressas. Sinto a vibração da música quando ela começa a tocar. “Sound of silence.”

Tento não prestar muita atenção na letra, nem no fato de Maura estar gritando e chorando ao mesmo tempo. Tento me desligar completamente daquele lugar onde definitivamente eu não me encaixo. Daquele onde lugar onde eu não devia estar.

Levanto os olhos e observo a banda. O vocalista, Tony, com seus olhos azuis e pele clara. O baterista, Vinicius, balançando sua cabeça no mesmo movimento de suas baquetas. O baixista, Victor, os olhos dele parecem um tanto desfocados e distantes, mas seus dedos são ágeis e vívidos. E por último, Christopher, o qual todos chamam de Chris. A pele dele é amendoada e parece brilhar com as luzes artificiais, os cabelos negros nos ombros estão se movimentando levemente enquanto ele se mexe. E os seus olhos...

Não tenho como saber sobre seus olhos. Não sei de que cor são, se são cheios de energia ou não. Imagino que sejam como olhos de gato, atentos e ao mesmo tempo desinteressados. Mas não quero pensar sobre isso, não sei de onde veio esse pensamento.

A música continua com uma batida que parece pesada e rápida. Reconheço o refrão quando ele chega. “Pare. Espere. Escute.”

Com os olhos em Chris, eu penso:

“Eu odeio essa música.”

Nesse momento ele abre os olhos. Eles são de um castanho tão claro que parecem amarelos, ele fita o teto por um segundo, dispersando seu olhar por ele, como se pudesse fazer o telhado se lançar aos céus apenas com o olhar.

É como eu pensei. Eles têm uma máscara de desinteresse, mas estão atentos e afiados.

Não ouço a música. Mas vejo seus olhos.

Eu o encaro e ele abaixa o olhar. Nossos olhos se encontram, nesses segundos eu o sustento, sinto minha pele pinicar e arder, mas não desvio o olhar e nem ele. A música acaba, as pessoas batem palmas e gritam eufóricas e então eu percebo que não foram segundos, foram minutos.

Quando se preparam para tocar a próxima música, Chris fecha os olhos novamente e por algum motivo, eu fecho os meus junto.

Eu fico parado respirando fundo até que Maura toca meu ombro. Eu a encaro, ela parece tão feliz. Eu quero ir pra casa, mas não consigo dizer isso vendo seu rosto.

-  Você está bem? – Ela pergunta.

Eu sorrio e faço um exagerado sinal de positivo com a mão. Ela faz o mesmo e depois volta a sua atenção para o palco.

Mais uma vez, suspiro e fito meus tênis sujos.

Quando volto a olhar para o palco, Chris está me encarando, dessa vez eu desvio o meu olhar, mas sinto o dele sobre mim.

Sinto pelo resto da noite. 


Notas Finais


Deixem seus comentários meu amores.
Estou tentando ir pra caminhos diferentes nessas novas fics. Essa têm um tema muito legal. Espero conseguir deixar tudo certinho.
Enfim.
Até mais e obrigado por tudo.
\o


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