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História Stay With Me - We Don't Talk


Escrita por: BunBunny

Notas do Autor


Então gente, acho que a imagem de capa do capítulo já vai dar uma ideia de que esse capítulo não vai ser fofinho e docinho igual aos outros, queria alertar para VIOLÊNCIA, muito sangue, vômito e angústia psicológica pesada, então leiam devagar e com moderação ok? Pode ser meio exagerado, mas não me custa nada avisar, algumas pessoas são sensíveis.
Bem, deixo aqui para vocês mais uma atualização desse bebê e espero de verdade que gostem ~
Muito obrigada mesmo por todos os favoritos e comentários, vocês me deixam cada vez mais feliz e incentivada!

Bem, Boa leitura!!

Capítulo 4 - We Don't Talk


Fanfic / Fanfiction Stay With Me - We Don't Talk

 

Eles não conversaram sobre aquilo. Geralt se desviou de qualquer assunto remotamente próximo ao que aconteceu toda vez que Jaskier tentava iniciar uma conversa, isso aumentava cada vez mais a frustração do bardo e ele sabia que Geralt sabia que ele estava com raiva por ser ignorado.

Nos últimos cinco meses e meio a partir do último cio dele, Geralt mal o tocou além de um abraço a noite para dormir, talvez um beijo ou dois, muito rápido para o gosto de Jaskier em situações completamente diferentes.

 

A primeira foi dois meses depois que eles se beijaram a primeira vez, eles estavam passando por uma estrada, sem saber ser normalmente habitada por bandidos, os habitantes da última vila que eles pararam não eram os mais agradáveis, e provavelmente se esqueceram propositalmente de avisá-los sobre o perigo da estrada que eles estavam para pegar.

Então ali estavam eles, cercados por uma dúzia de bandidos, três deles montados em cavalos que pareciam muito mais zangados do que Roach quando Geralt não lhe dava seus cubos de açúcar por ser uma boa garota, pois Roach merecia todos os cubos de açúcar, ela era sempre uma boa garota afinal.

Jaskier só conseguia cheirar dois ou três betas em meio aos alfas, todos conseguindo cheirar a podridão, pior do que os carniçais que Geralt era normalmente pago para matar. O bardo mal sabia como não havia abutres rondando suas carcaças andantes, não conseguindo entender como Geralt com seu olfato muito mais sensível que o do ômega, dada as mutações, nem sequer tremia diante o cheiro de corpos em decomposição. Jaskier estava quase virando-se para vomitar.

—Olha só chefe, um bruxo e seu aquecedor de cama. - Um homem que lembrava a Jaskier muito um rato, com orelhas grandes e nariz redondo, dentes proeminentes e corpo roliço, falou ao lado de outro que tinha pescoço longo e cara de cavalo, o homem riu, talvez a risada mais estranha que Jaskier já tinha ouvido, algo misturado com tosses e engasgos, e o ômega fez uma careta depreciativa.

—Hey gracinha, - aquele citado como chefe falou, chamando a atenção do bardo para o absurdo da situação. —não acha melhor vir conosco? Você deve estar apavorado tendo que seguir esse monstro por aí, não é? - O chefe continuou, perguntando em um tom doentiamente doce e convidativo e Jaskier sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiarem com nojo e raiva, o homem não apenas ousando chamar seu bruxo de monstro, quando ele tentava tão fortemente convencê-lo e a todos ao redor do contrário, como também teve a coragem e ousadia de convida-lo para aquela... podridão.

Geralt ao seu lado rosnou, a mão indo para a espada nas costas. Mas os homens pareciam muito hipnotizados pelo ômega bonito ali de pé para prestar atenção no alfa super protetor ao seu lado. Grande erro.

—Sim criança, você é bonito demais para ser escravo de um mutante, venha conosco, vamos alimentar você, dar banho, deixar dormir em uma cama agradável e o melhor, garantir que essa sua bunda bonita esteja sempre cheia da nossa porr-

O homem nunca terminou de falar, em um momento metade da sua cabeça estava rolando no chão, seu corpo caindo lentamente do cavalo enquanto os outros homens tentavam entender o que tinha acabado de acontecer, muito atordoados com a rapidez do bruxo.

Jaskier engasgou e escondeu o rosto com as mãos, se aproximando de Roach e tentando se fazer invisível para não atrapalhar de algum jeito o alfa de fazer seu trabalho.

Geralt havia acabado de acontecer, o bruxo estava possesso, correndo entre os homens como um demônio, arrancando cabeças e qualquer outro membro que os homens tentavam pôr na frente. Era um banho de sangue, e Jaskier sabia disso a cada grito de agonia ou engasgue, os últimos suspiros deixando seus ouvidos entupidos enquanto ele tentava desaparecer daquele lugar.

Jaskier estava de certa forma admirado com a capacidade de Geralt de matar tão facilmente, e sinceramente um pouco assustado também, tão concentrado em esconder seus olhos do massacre que não notou um dos homens indo até ele, envolvendo sua cintura com uma mão e empurrando uma faca em sua garganta com a outra, forçando-o a tirar a mão do rosto e ofegar, virando-se suavemente para ver seu captor.

—Pare já bruxo, ou a sua puta morre! - O homem falou atrás dele, empurrando a faca com mais força, Jaskier estremeceu com a forma a ser chamado, se inclinando para trás para evitar a lâmina e sentindo o cheiro podre do alfa se aprofundar junto ao medo puro e primitivo que saia de ambos, estava deixando-o doente, ainda mais enjoado junto ao cheiro forte de ferro, de sangue, no ar.

Geralt parou no momento que terminou de cortar o último bandido além daquele que segurava o bardo, o homem caindo no chão com uma pequena convulsão antes de enfim dar o último suspiro. O bruxo estava olhando para eles, feroz e irado, uma raiva que Jaskier nunca viu o alfa demonstrar, um ódio frio e profundo que fazia sua expressão se fechar em algo animalesco.

—Solte ele. – Pediu com uma calma não característica ou correspondente a forma que seus músculos estavam tensos e seus olhos escureciam com ainda mais raiva.

—Mais um passo e eu corto a garganta dele. - A voz do bandido tremia, assim como todo seu corpo, e isso não era realmente muito agradável quando ele tinha uma faca na garganta de Jaskier, um movimento em falso e ele podia cortá-lo seriamente.

Sua mão escorregou levemente e Jaskier suspirou dolorido quando sentiu uma picada leve na pele, o sangue começando a descer lentamente do corte para manchar a gola de sua camisa branca interior e o gibão verde grama que estava vestindo no momento. Se possível, Geralt parecia ainda mais irado.

—Solte ele agora e eu vou te dar uma morte rápida e indolor, machuque ele um pouco mais e você vai se arrepender de ter nascido. - Jaskier estremeceu, ouvindo o alfa choramingar de medo e apertar Jaskier ainda mais forte ao seu corpo. Era demais, o cheiro fétido, o nervosismo da situação, a faca cortando seu pescoço cada vez mais profundamente, Jaskier começou a hiperventilar, as lágrimas embaçando os olhos e o corpo estremecendo com o medo do que poderia acontecer.

Geralt fez um sinal, o poder de Axii começando a combinar com suas palavras agora.

—Solte ele, agora. - Jaskier se sentiu ser lentamente liberado, suas pernas não conseguindo segurá-lo quando a mão que o segurava de pé se foi, puxando uma única respiração instável quando ele viu um único movimento de Geralt, e então algo estava respingando nele, algo vermelho e viscoso, e quando o corpo sem cabeça caiu ao seu lado ele não conseguiu segurar mais o café da manhã no estômago, virando-se para o lado e jogando fora toda comida e bebida consumida desde o dia anterior.

Hah… sua moeda…

Jaskier ficou ali por um momento até todo o enjoo deixá-lo cansado e dolorido, sua barriga ainda se revirando depois de todo o vômito, estremecendo quando algo tocou suavemente sua boca, olhando para cima e vendo os olhos arregalados e assustados de Geralt o encarando com um odre numa mão e um pano molhado na outra.

—Jask?

—Estou bem. - Ele falou automaticamente, mas não acreditava muito nas próprias palavras, não sabendo mesmo se conseguiu dizê-las tão claramente quanto elas passaram por sua cabeça. —Eu- eu estou…

—Shh… tudo bem, aqui. - Geralt falou suavemente, limpando-o com o pano molhado e empurrando o odre em sua mão. Jaskier quase bebeu toda a água depois de pegar um pouco, fazer gargarejo e cuspir os resquícios do gosto ruim na boca.

—Me desculpe… - Ele soltou um momento depois, trêmulo, a cabeça baixa impedindo-o de ver o espanto nas feições do alfa.

—O que?

—Eu fiquei parado ali como um idiota e quase… ele quase…

—Não é culpa sua, eu fui muito lento. - Geralt se aproximou, devagar, como se tivesse medo de Jaskier, mas o ômega sabia que ele só estava receoso depois de vê-lo reagir tão violentamente. —Fiquei com raiva pelo que aquele homem disse e agi sem pensar, devia ter garantido que você estava seguro antes de começar.

Geralt o puxou suavemente contra si, escondendo o rosto na curva do pescoço e envolvendo o corpo magro em um abraço forte, mas gentil.

—Obrigado… - Sussurrou um momento depois, sentindo o carinho em seu cabelo e precisando se afastar para olhar que tipo de expressão o alfa estava fazendo naquele momento, mal tendo tempo para isso quando sentiu os lábios de Geralt nos seus.

 

Não foi o beijo mais romântico, eles estavam cercados por corpo e Jaskier ainda sentia um pouco de gosto ruim na boca, mas estava valendo. Jaskier tentou falar sobre aquilo naquela noite, quando eles estavam deitados abraçados juntinhos em uma cama quente e agradável, mas Geralt desviou o assunto e eles ficaram por isso mesmo.

Mais uma vez eles voltaram aos abraços, e não era como se Jaskier não gostasse dos abraços, pelo contrário, ele adorava abraços. Mas não era suficiente. Ele era jovem, ele estava cheio de libido, ele queria mais. Mas ele nunca forçaria Geralt a fazer algo que ele não quisesse, por mais que essa dança das cadeiras o irritasse.

Porque ele sabia que o bruxo queria, e ele teve certeza disso na segunda vez que o beijou.

 

Foi a duas semanas, eles estavam em uma cidadezinha realmente animada nos arredores de Novigrad, Geralt havia sido contratado para matar alguns afogadores que estavam botando terror nos donos de fazenda próximo ao grande rio que corta a cidade. Jaskier já estava um pouco frustrado, sabendo que seu cio já estava se aproximando novamente e eles não tiveram a tão importante conversa, então ele estava ativamente ignorando Geralt agora, esperando que o bruxo perguntasse o que havia de errado e ele pudesse abordar o assunto que Geralt estava evitando a quase seis meses agora.

Mas isso não aconteceu. Ele não estava surpreso, mas estava definitivamente decepcionado quando pegou seu alaúde e desceu para a taberna, esperando ganhar algumas moedas, e talvez uma boa companhia, já que depois de quase quatro meses sem nenhum toque mais íntimo, ele não achava que Geralt ainda fosse querer algo com ele.

Mais tarde a noite, quando Geralt voltou, Jaskier mal o notou enquanto conversava com um rapaz, filho do estalajadeiro, era um beta bonito e educado que o elogiou por sua apresentação e sua linda voz, e Jaskier não iria nunca recusar elogios tão bons quanto esses.

Eles estavam conversando mais afastados dos outros clientes, Jaskier encostado na parede e o beta a sua frente, uma mão em sua cintura e a outra escorada na madeira ao lado de sua cabeça, ele estava se inclinando, seus lábios quase se roçando, e então o garoto estava engasgando e sendo puxado para longe dele pela gola da camisa.

—O que você pensa que está fazendo? - Ele ouviu um rosnado muito familiar e estremeceu, mesmo que não fosse para ele. Jaskier olhou para o rapaz e então para Geralt que ainda o segurava como um gatinho. Ele parecia pronto para mijas nas calças.

—Eu- eu- me desculpe senhor- eu não- não sabia que era seu ômega.

—Ele não é meu ômega-

—Eu não sou o ômega dele!

Eles falaram ao mesmo tempo, e então se encararam, Jaskier parecendo chateado e Geralt irritado, mas não era como se fosse uma novidade, ultimamente o alfa havia voltado ao seu antigo e habitual 'hm' e 'porra'. Era enervante.

—Bruxo! - O estalajadeiro gritou de trás da bancada, chamando a atenção não apenas dos três envolvidos na bagunça como também o restante dos clientes. —Não desconte sua raiva no meu filho quando sua puta estava praticamente se apresentando para ele antes de você chegar!

Jaskier estremeceu, seu rosto queimando com vergonha quando pegou o alaúde e tentou se afastar da comoção, era humilhante demais, ver os sorrisos sujos, as risadas de escárnio, as cabeças balançando em concordância. Tudo por ser um ômega.

Jaskier ouviu passos atrás dele, pesados, mas muito mais silenciosos e cautelosos do que qualquer pessoa ali dentro, com diferentes níveis de álcool no sangue pudesse dar, o que queria dizer apenas que era Geralt e que ele queria que o bardo soubesse que ele estava se aproximando.

Jaskier viu uma mão se estendendo para segura-lo, e ele não foi rápido o suficiente para se afastar, sentindo um puxão forte o suficiente para fazê-lo ofegar, ele olhou para o estalajadeiro e estava pronto para discutir quando uma mão bem maior segurou o pulso do homem em um aperto vicioso, Jaskier podia ouvir os ossos rangendo e estremeceu quando o estalajadeiro gritou.

—Ele não te deu permissão para toca-lo. - Geralt rosnou, baixo e ameaçador e o homem choramingou antes de se desculpar, Geralt deixando-o ir quando ouviu o barulho da porta e não viu mais Jaskier ali.

—Porra. - Geralt correu, encontrando o bardo ali fora indo até o celeiro, provavelmente até Roach. O bruxo se aproximou e segurou sua mão, Jaskier se virou já com a mão fechada pronto para socar quem tentou machuca-lo novamente, mas Geralt conseguiu segurar seu punho facilmente. —Se você quiser acertar alguém com um soco surpresa, tem que mirar um pouco mais embaixo na próxima.

—Ooh, solte-me então, bruxo, e eu vou te mostrar que eu sei dar um soco. - Ele sibilou e Geralt o soltou imediatamente, levantando as mãos em rendição, vendo o bardo se abraçar e desviar o olhar, trêmulo. —Por que me seguiu? Queria saber se sua puta ômega realmente estava se apresentando para qualquer um na taberna?

—Jaskier! - Geralt exclamou espantado, vendo o bardo se encolher e fungar, virando-se de costas para que o bruxo não pudesse vê-lo chorar. Geralt se aproximou cautelosamente descendo as mãos suavemente nos ombros de Jaskier e descendo para os braços antes de envolve-lo, escondendo o rosto na curva do pescoço do ômega, sentindo toda a raiva, a vergonha, tristeza, humilhação mesclando todo o cheirinho gostoso de botões de ouro e flores de laranja do bardo. Ele queria voltar lá e dar um soco no homem idiota que o humilhou.

—Por que sempre é minha culpa? Ele quem veio falar comigo! E por que você chegou como um furacão daquele jeito? Nós estávamos-

—Eu… achei que ele estivesse fazendo algo que você não queria.

—Não sou tão fraco e frágil quanto você deve pensar, Geralt, posso me defender. - Ele respondeu secamente e o alfa estremeceu, escondendo o rosto novamente e murmurando alguma coisa que Jaskier não conseguiu entender. Ele franziu as sobrancelhas. —O que?

—Eu não quero ver você com outras pessoas…

Jaskier engasgou com o ar, mas não conseguiu dizer nada antes de sentir Geralt virando-o e colando os lábios aos dele, era gentil, mas a forma que Geralt segurava sua nuca com uma mão, e enrolava sua cintura com a outra transmitia uma possessividade que o alfa não tinha, que ele não havia reivindicado ainda.

Jaskier colocou as mãos no peito de Geralt e o empurrou, sentindo seus olhos arderem com novas lágrimas, e tendo que prender o lábio inferior entre os dente por um momento para evitar um soluço porque ele queria continuar, mas não podia quando Geralt ia continuar brincando com ele assim.

—Eu gosto de você, Geralt, e eu sei que você gosta de mim também, senão não estaria me beijando agora.

—Jask…

—Mas eu não vou aguentar se você continuar me torturando assim… - Sua voz se quebrou no fim estupidamente, apesar da força que ele fazia para segurar seus sentimentos. Ele viu Geralt tentar se afastar, assustado, mas Jaskier o segurava firmemente. —Eu preciso que você tome uma decisão.

Ficou muito clara a decisão de Geralt depois, quando ele segurou as mãos de Jaskier suavemente e o fez solta-lo, então virou as costas e se afastou.

 

Isso foi a três semanas a partir de agora. Eles não pararam de viajar juntos, Jaskier achou sinceramente que Geralt iria deixa-lo ali, na cidade, pegar Roach e ir embora nas primeiras horas da manhã, e ele não pôde conter a surpresa quando próximo ao meio dia, quando chegou à saída da cidade, Geralt estava lá esperando por ele.

Eles não conversaram desde então mais do que no necessário, por mais enervante que fosse ficar em silêncio, ele não se sentia confortável para conversar com o bruxo, então ele falava poesias, cantava e compunha, ignorando os olhares nada sutis de Geralt para ele, ou os grunhidos soltos quando Jaskier era especialmente - e propositalmente - irritante, nunca o calou, então o bardo nunca parou também.

O problema era que ele já estava começando a sentir os efeitos do cio, a dor de cabeça pulsante, a dor nos músculos que tornava a caminhada cada vez mais difícil. Seu estômago começou a se revirar três dias depois e ele perdeu a fome, recusando com um aceno o coelho que Geralt havia caçado para ele a noite, enrolando-se em suas peles e fechando os olhos, esperando não estar estremecendo muito fortemente, desejando que Geralt não falasse nada.

De manhã ele usou perfumes e óleos para disfarçar o cheiro que ele sabia que começaria a subir. No quarto dia ele começou a se sentir quente, insuportavelmente quente, andar era como uma tortura, e ele sabia estar ficando cada vez mais para trás, vendo Geralt parar um momento para que ele pudesse se aproximar e fazer mais pausas.

Ele não queria isso, não queria ser um fardo para o bruxo, mas ele decidiu segui-lo, e Geralt claramente o queria por perto, tensão no ar e tudo, senão teria deixado-o na última vila pelo qual passaram.

Próximo ao fim do quarto dia algo que não era uma dos sintomas comuns do cio começou, sua garganta coçava, forçando-o a pigarrear para aliviar a coceira, começando a tossir fracamente na mão no fim da noite, indo dormir com o pensamento do quão ótimo era ele ter ficado doente logo nessa época. Geralt estava atento a ele nesse momento e parecia preocupado, mas Jaskier escovou para baixo do tapete com um aceno de sua mão. Não conseguindo evitar o sorriso quando ao acordar na manhã seguinte havia uma xícara fumegante de chá de gengibre com bastante mel ao seu lado.

Era o meio da tarde do quinto dia quando ele sentiu a pontada no estômago que o fez perder o ar momentaneamente, abraçando-se e parando de andar para se manter de pé e recuperar o fôlego perdido, porque ele precisava, eles já estavam se aproximando de uma vila e ele já estava muito para trás, precisava recuperar seu lugar ao lado do bruxo e ir até a estalagem mais próxima, ele poderia se trancar a semana inteira no quarto e se satisfazer sozinho, mas quando tentou olhar para frente de novo tudo começou a rodar e ele não sabia se poderia dar mais um passo sem que a escuridão nas bordas de sua visão o levasse completamente.

Sua garganta coçou e ele se inclinou para tossir, fazendo a dor na cabeça apenas multiplicar em um clarão de dor, tirando a força de seus joelhos e o forçando a cair na estrada, uma única mão impedindo-o de bater o nariz no chão, ralando a palma sensível e gemendo baixinho.

—Geralt… - Ele chamou, um sussurro sem fôlego, não sabendo se o bruxo poderia ouvi-lo na distância atual que estavam. Jaskier mal podia se ouvir, não quando seu coração parecia bater nos ouvidos fazendo a cabeça pulsar em dor ofuscante. Ofegando ele tentou novamente. —Geralt, por favor…

Jaskier piscou para tentar afastar os pontos escuros das bordas de sua visão, mas quando os abriu novamente Geralt estava ajoelhado a sua frente, segurando seus ombros e dizendo algo que o bardo não podia ouvir dado o sangue rugindo nos ouvidos, logo ele estava sendo puxado nos braços fortes de Geralt, o alfa o embalando contra o peito enquanto corria para algum lugar. Era estranha a familiaridade da situação. Exceto pela tosse que sacudia todo seu corpo e lhe causava ainda mais dor.

—Me desculpe…

Ele ouviu e se forçou a abrir os olhos, vendo o medo pintado no rosto de Geralt. Ele não gostou disso.

Não era culpa de Geralt ele estar sendo um pirralho e escondendo seus sintomas, o alfa até fez um chá quente com mel para ele acalmar a garganta quando o viu tossir, Geralt o alimentou, cuidou e nutriu enquanto ele fazia pirraça com o alfa. Geralt não tinha pelo que se desculpar. Ele tinha.

—Geralt…

—Shh… está tudo bem, vou fazer a dor passar, aguente um pouco. - Jaskier queria falar que não era por isso que estava lhe chamando, que não era por isso que queria se desculpar, ele magoou Geralt e ele sabia disso, e ainda assim o bruxo continuava a cuidar dele.

Ele sentiu as lágrimas se acumularem antes que ele pudesse tentar contê-las, ele se sentia tão idiota agora.

—Me desculpe Jask… - Foi a ultima coisa que conseguiu ouvir antes de cair mais uma vez na escuridão.

 

Jaskier acordou em uma cama, coberto até o queixo com peles grossas, as peles de Geralt. Sentia-se quente e dolorido, tonto o suficiente para sentir o quarto rodar mesmo ainda estando deitado e de olhos fechados.

Ele gemeu, e imediatamente sentiu alguém apertar sua mão suavemente, havia apenas alguém tão tolo quanto ele para velar o sono de um doente, mas ele ainda teve que abrir os olhos e se virar para o lado e ver, Geralt de Rivia, sentado em uma cadeira um pouco pequena demais para alguém tão corpulento e olhando-o com atenção, duas mãos grandes segurando a sua gentilmente e trêmulo. Jaskier piscou para ele.

—Oi… - Ele murmurou, sua garganta raspando dolorosamente na força para fazer a palavra simples sair, ainda estava doendo, mas era muito melhor do que antes.

Ele ouviu Geralt bufar, baixinho, e estender uma das mãos para ajeitar sua franja fora dos olhos, a ponta dos dedos roçando delicadamente em sua testa e fazendo-o suspirar com o toque frio na pele fervente.

—Oi… - Geralt ecoou, finalmente descansando a mão em sua testa e parecia absolutamente divino no momento. —Jask eu…

—Não se desculpe. - Ele pediu rápido, rápido demais, virando-se para o lado oposto e tossindo, gemendo baixinho e sentindo Geralt mover seu corpo suavemente, encostando um copo cheio de agua fresca nos lábios, instruído a beber lentamente, Jaskier logo se sentiu muito melhor, decidindo continuar antes que pudesse ouvir aquelas palavras pavorosas de Geralt novamente. —Você não fez nada de errado.

—Eu deveria ter notado.

—E eu deveria ter dito algo. - Ele sussurrou com um suspiro, sentindo-se muito cansado agora. —Me desculpe, por preocupar você, por te dar problema… você não deveria ter que cuidar de mim.

—Eu quero. - Geralt falou apertando sua mão, tentando chamar sua atenção. —Eu… sobre aquilo eu- eu não queria te machucar, eu apenas… te quero, eu te quero tanto, e eu não deveria-

—Por que? Preocupado por eu ser humano e frágil? - Perguntou amargamente e Geralt se levantou para puxa-lo em um abraço, as cobertas caindo de seus ombros para o colo. Ele fechou os olhos quando todo quarto girou.

—Porque você é humano, e frágil, sim, mas ainda tão valente, e teimoso, e determinado e há momentos que eu penso por quanto tempo vou conseguir proteger você.

—Geralt…

—Porque a sua vida já é tão curta, e você escolheu andar ao lado de um... ao meu lado, e eu não entendo o porquê, quando você merece muito mais do que um bruxo, sendo constantemente insultado e perseguido, andando pelas estradas sujas e comendo comida ruim, mas você ainda escolheu assim e eu amo isso, e eu não sei o que será de mim quando você inevitavelmente se for, eu não sei se vou suportar quando você não estiver mais aqui. - Geralt confessou e Jaskier sentiu o ar faltar nos pulmões. —Eu queria mantê-lo seguro longe de mim, longe de todo o perigo que as constantes viagens ao meu lado trás a você, mas pensar em deixá-lo é apenas…

—Dói, não é? - Jaskier sussurrou, finalmente envolvendo o corpo maior, devolvendo o abraço. —Eu sinto o mesmo, Geralt, eu também te quero, tanto que dói, dói pensar em você me deixando, dói pensar em deixar você, dói ver você com outra, dói ter você tão perto e não poder toca-lo…

—E por que ainda quer ficar comigo quando tudo relacionado a mim te machuca?

—Porque eu amo você, e ainda tenho esperança de que você vai retribuir esse amor um dia.… - Ele confessou e sentiu Geralt travar, puxando uma respiração instável e parando ali. —E eu sei que os bruxos vivem muito mais do que alguém como eu, um humano frágil, um ômega apenas para deixar tudo mais complicado, mas pela minha vida ser curta é que eu quero que ela seja incrível, do lado da pessoa que eu mais amo nesse mundo.

—Por que eu? - Jaskier ouviu a voz do bruxo se quebrar no final e ele próprio sentiu seus olhos começarem a arder. Ele ainda sorriu.

—Porque você pode ser um bruxo, mas é tão frágil… - Ele soltou, sentindo Geralt estremecer contra ele e continuar tremendo. —Mas também tão valente, e teimoso, e determinado.

—Essas são as minhas palavras… - O alfa sussurrou e Jaskier riu cansado.

—Bem, é uma ótima definição para você também. Mas há mais.

—Mais?

—Você se preocupa, você cuida e protege, você se importa, Geralt, você é um homem tão bom, e merece ser amado como qualquer outro. - Jaskier terminou, se afastando para beija a bochecha do bruxo e poder ver seus olhos, brilhantes com lágrimas não derramadas. Jaskier segurou o rosto do alfa nas mãos, beijando a umidade no canto dos olhos.

—Jask…

—Não importa quanto tempo leve, eu vou esperar por você, Geralt de Rivi-

O bruxo não o permitiu terminar, colando seus lábios aos dele, um beijo cheio de necessidade, mas com tantos sentimentos que deixou o ômega tonto.

—Você não precisa esperar, e nem ser tão poético, bardo, não estamos dentro de um romance chato. - Geralt murmurou contra seus lábios, levando a mão até a nuca e puxando-o para um novo beijo, muito mais calmo, tão apaixonado que fez o coração de Jaskier acelerar enquanto ele mesmo escorregava suas mãos até os fios prateados do alfa.

—Você tem sorte que eu não me apaixonei por você por seu romantismo, pois você não tem nada disso. - Jaskier resmungou quando o bruxo se afastou e Geralt riu, abraçando-o com força e descendo beijos pela mandíbula até o pescoço. —Hmm… eu não sei se tenho energia para fazer mais do que abraçar agora Geralt…

—Não vou fazer nada, apenas… apenas me deixe sentir você, estava com saudade…

Jaskier sorriu, grande e cheio de dentes, abraçando o pescoço do bruxo e o puxando para a cama com ele.

—Sendo assim, deita comigo, bruxo, eu também senti sua falta.

Ninguém que Jaskier já tivesse perfumado, cheirava tão agradável com Geralt, e nenhum lugar que ele já tenha ficado cheirava mais a casa do que o bruxo.

Quando Geralt se despiu e se deitou ao seu lado aquela noite, dizendo que iria dar uma chance aos próprio sentimentos e desejos, Jaskier sabia que eles finalmente ficariam bem.


Notas Finais


Viu? Eu faço angst mas com comfort também rsrsrs
Esses dois finalmente se resolveram! Não digo que já estão em um relacionamento estabelecido porque ainda é tudo muito novo e tals, mas no meu coração eles já são um casalzinho <3

Espero que tenha esclarecido para muitos porque Geralt e Jaskier não estavam juntos ainda. Geralt como bruxo vai viver muito mais do que Jaskier, entendem? Ele estava com medo da mortalidade de Jaskier, de deixa-lo perto demais e perdê-lo de alguma foram, seja por não conseguir protegê-lo em alguma situação, ou até de si mesmo, mas o nosso bardo é realmente teimoso, e ele não vai deixar Geralt desistir dos próprios sentimentos por causa e medo do que vem no futuro, então, sim, ele convenceu nosso bruxo a tirar a cabeça de sua bunda e admitir seus sentimentos <3

Bom, por enquanto é isso! Mais dois capítulos e infelizmente chegamos ao fim... mas não fiquem tristes! Tema mais coisa boa vindo por aí!


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