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História Strawberry Shortcake - Bolo de Morango


Escrita por: marimyoui

Notas do Autor


Olá, olá!

Bom, como eu disse no jornal que fiz há algum tempo, nesse fim de ano (de preferência após o Enem) irei voltar a escrever minhas fanfics como antes e, bom, como também disse meu lado Cry Baby (que está aqui desde 2016, apenas um pouco adormecido) retornou quando a Melanie lançou o K-12 e nada melhor que juntar o amor da minha vida com os doze amores da minha vida, ou seja, minha forma de ir voltando aos pouquinhos vai ser com essas oneshots baseadas em doze músicas do K-12 (não terá The Principal, infelizmente) e cada uma delas ter como protagonista uma das meninas do Loona.

Bom, eu não vou seguir a ordem do álbum e sim do Loonaverse então começaremos pelo 1/3 e a primeiríssima a ter sua one publicada será a Heejin. Enfim, espero que gostem da one e que acompanhem a das demais meninas.

Stan Talent Stan Loona & Melanie Martinez!!

Capítulo 1 - Bolo de Morango


Fanfic / Fanfiction Strawberry Shortcake - Bolo de Morango

"Os garotos agem como se nunca tivessem visto pele antes
Me mandaram para casa me trocar
Pois minha saia era muito curta
É minha culpa, é minha culpa
Pois coloquei cobertura demais
Agora os garotos querem provar meu bolo de morango
É meu erro, é meu erro
Ninguém os ensinou a não agarrar
Agora os garotos querem provar meu bolo de morango"
— Melanie Martinez.

Heejin estava sentada em uma cadeira, sentindo o ar gélido e cortante vindo do ar condicionado. Batia a ponta das unhas em suas coxas cobertas pelo jeans escuro da calça para não mostrar as cicatrizes que estavam ali, sua cabeça doía por conta das diversas horas que passara chorando. Ao seu lado, Kim Seungmin, seu namorado, segurou uma de suas mãos com firmeza, como se dissesse silenciosamente a ela que sempre estaria ali para o que precisasse.

— Senhorita Jeon — A voz feminina se fez presente no local, chamando a garota de cabelos escuros. — A Dra. Park irá atendê-la agora.


Seungmin soltou sua mão, beijando delicadamente o rosto lívido da garota.


— Vai ficar tudo bem, certo? — O garoto disse. — E estou aqui caso precise.

A garota assentiu, sorrindo minimamente e levantando, afastando-se do garoto. Sentiu seu corpo tremer assim que seus pés tocaram o chão, carregando todo o peso de seu corpo. Em passos lentos e calculados seguiu em direção a pequenina porta no fim do corredor, sua respiração falhava a medida em que aproximava-se do local.

— Bom dia, Senhorita Jeon. — A psicóloga disse, sorrindo gentilmente.

Heejin curvou-se educadamente em resposta, sentando em frente a mulher mais velha de fios ruivos. Abaixou a cabeça nem sequer sabendo como começar a contar os motivos que a levaram ir à um psicólogo.


— Quando estiver confortável para contar, Senhorita Jeon. — A Dra. Park falou ao perceber o desconforto no rosto angelical da garota.


Heejin permaneceu longos segundos encarando suas próprias mãos, ora ou outra brincava com seus dedos, mas nunca achava palavras para explicar o assunto.

— Bom... — Foi a primeira coisa que pensou em dizer, com a voz trêmula e dando longas pausas para respirar antes de prosseguir. — acho que tudo começou quando eu me mudei pela última vez...

A psicóloga a encarou intensamente, esperando que a garota prosseguisse com seus relatos.

— Morávamos em Incheon e por causa do emprego do meu pai tivemos que nos mudar muitas vezes, eu e meu irmão mais velho, Jeongguk. — Tornou a explicar, ainda um pouco tímida, sua voz era baixa e permanecia trêmula. — Minha mãe morreu quando eu tinha três anos e desde então papai começou a trabalhar muito, quase não ficava em casa.

— Então você ficava com seu irmão? — A Dra. Park perguntou.


— Sim, na maioria das vezes, mas quando nos mudamos pela última vez a vizinha passou a cuidar da gente. — Heejin esclareceu. — Ela tinha três filhos, duas meninas e um garoto. O garoto era o mais novo, ele tinha a mesma idade que eu, uma das garotas tinha uma idade parecida com a do meu irmão e a outra era meio termo entre nós dois. Eu me tornei muito amiga do menino e da filha do meio, pois tinham uma idade semelhante a minha...


                    Seul, 2007

O senhor Jeon desceu de seu carro trazendo consigo três malas, sendo uma delas a de seus dois filhos. Jeon Jeongguk era o mais velho, aos dez anos de idade enquanto Heejin tinha sete. Na nova rua que iriam morar apenas tinham cinco vizinhos, pois as demais casas estavam sendo vendidas ou alugadas. Em frente a nova casa deles morava a Sra. Kim Seunghee e seu marido Junmyeon, ambos eram pais de Seungyeon, Jungeun e Seungmin.

Seungyeon era a filha mais nova e tinha dez anos igual a Jeongguk, Jungeun, a do meio, tinha oito anos enquanto Seungmin, o filho mais novo e o único garoto, tinha sete anos.

— Bom dia! — O senhor Jeon dissera ao ver o Sr. Kim cuidar de seu jardim enquanto sua mulher parecia reclamar com uma das filhas por ela ter sujado a entrada de casa com seus tênis.

— Bom dia! — Junmyeon respondeu, gentilmente.

Seungmin, o filho mais novo, brincava sozinho com seu caminhão de bombeiros e ao perceber que Heejin o encarava, ergueu-se para pegar o brinquedo.

— Quer brincar também? — O menino perguntou.

— Não, Heejin! — O Sr. Jeon afastou minimamente a garota antes que ela pudesse dizer algo. — Isso é coisa de menino!

Heejin abaixou a cabeça e, tristemente, afastou-se do menino, visto que gostaria de brincar com ele.

— Vem, filho! — Seunghee chamou o garoto. — Nunca chame uma menina para brincar dessas coisas. Quantas vezes terei que falar com você?

— Eu sei, mamãe. — Seungmin falou, também chateado. — Mas é que a Jungeun é menina e ela joga videogame comigo, achei que...

— Não, filho! Isso não está certo e ponto. — A mãe continuou. — Falarei com Jungeun mais tarde.

— Não seja tão dura com a menina, Seunghee. — Junmyeon interviu, pegando seu regador a fim de molhar as plantas do pequeno jardim. — É apenas uma fase.

                      Seul, 2019


— Bom, pelo que percebi você cresceu em um ambiente muito machista. — A Dra. Park concluiu. — Não que eu esteja surpresa, pois isso é algo muito comum no país em que vivemos.


— É, — Heejin concordou, cabisbaixa. — mas o que disseram a Seungmin não fez ele desistir de ser meu amigo apenas por eu ser uma garota. Na verdade, nos tornamos muito amigos, éramos um trio. Eu, ele e Jungeun.

                   Seul, 2012

Os três pré-adolescentes corriam pelas ruas movimentadas da cidade de Seul, haviam sido liberados da escola recentemente e sentiam a liberdade correr por suas veias e preencher todo seu corpo jovial e meramente infantil.

— Então o que iremos fazer? — Jungeun, a mais velha do trio, questionou.

— Fliperama! Fliperama! — Os dois mais novos responderam, eufóricos.

Jungeun riu, parecia-lhe tão previsível que Heejin e Seungmin fossem escolher justamente aquele local.

— Quem chegar por último vai mentir para o papai e a mamãe dizendo que estávamos na escola estudando. — A Kim mais velha dissera antes de correr com o máximo de velocidade que tinha.


Heejin soltou um gritinho frustrado ao perceber que Seungmin tinha partido logo após a irmã mais velha, ela sempre ficava para trás e precisava mentir para o senhor e para a senhora Kim.


Velozes, os três jovens chegaram ao lar dos jogos com o suor penetrando seus corpos e as respirações descompassadas.

— Tem dinheiro para ficha, não é, Eunnie? — Seungmin questionou, ansioso.

— Claro que sim, eu que sou a responsável aqui, lembram? — Jungeun gabou-se, puxando do bolso de seu casaco escolar notas suficientes para comprar uma boa quantia de fichas.

— Eu fico com isso! — Seungmin disse, puxando algumas notas. — Eu e Heekkie vamos nos joguinhos novos que acabaram de ser lançados no Japão!

— Injusto! — Jungeun retrucou, revirando os olhos. — Eu vou gastar tudinho no Just Dance, até mais, pirralhos!

— Do que está falando, Eun? Você é só um ano mais velha que a gente! — Heejin reclamou.

— Isso me dá o direito de chamar vocês de pirralhos porque eu me formarei primeiro. — Jungeun sorriu, irônica, antes de sair para trocar seu dinheiro por fichas.

— Não liga para ela não, Heekkie! — Seungmin disse, voltando com várias fichas dentro dos bolsos da calça de seu uniforme. — Vamos!

                        Seul, 2019

Heejin piscou os olhos diversas vezes ao senti-los arderem a medida em que relatava sobre sua vida para a ruiva sentada em frente a si.


— Se quiser parar por aqui, Senhorita Jeon, eu irei entender. — A Dra. Park disse ao perceber a expressão abalada no rosto da menina.


— Não, está tudo bem — A garota respondeu de imediato. — é só que aquela foi a última vez que me senti eu mesma.

A psicóloga franziu as sobrancelhas após ouvir aquela declaração.

— Como assim?


— Depois daquele dia meu corpo começou a mudar de uma forma que nem eu mesma consegui compreender e foi tão estranho, meu pai e meu irmão não conseguiam me explicar o que estava acontecendo e eu somente queria que minha mãe estivesse lá para me ajudar. Tudo ficou pior quando Jeongguk entrou no ensino médio e se tornou amigo de vários garotos que iam com frequência para minha casa.


                    Seul, 2013

Heejin estava na sala fazendo seus deveres quando Jeongguk adentrou no âmbito junto de outros três garotos, todos eram altos e muito diferentes de qualquer garoto que a menina estava acostumada a ver, eles riam e faziam piadas com conotação sexual, as quais demoraria a entender.

Os garotos retiraram seus tênis e largaram as mochilas na entrada da casa, sentaram-se no sofá e continuaram conversando entre si; porém, apenas um deles notou a presença de Heejin.

— É sua irmã? — O rapaz perguntou, olhando diretamente para Jeongguk.

— É sim. — Jeongguk respondeu. — Heejin, esses são o Jaehyun, Woojin e Sungwoo.

— Que fofa! — O que deveria chamar-se Jaehyun exclamou e aparentemente, além de seu irmão, ele era o único que parecia vê-la apenas como uma garota.

— Sua irmã não deveria usar roupas tão curtas! — Woojin comentou, olhando diretamente para a saia que a menina usava.


— É, cara, assim fica difícil segurar! — Sungwoo concordou, rindo logo em seguida.


— Ei, cara, não tem graça! — Jeongguk reclamou.

— Deixa de ser otário, Sungwoo! É a irmã do cara! — Woojin brincou.

— E isso é pedofilia, Sungwoo! — Jaehyun repreendeu. — Nojento!

Jeongguk pareceu desconfortável com aquela situação; no entanto, Heejin nem sequer compreendeu em qual sentido os rapazes estavam a tratando.

— Heejin sobe e vai trocar essa saia, por favor! — O Jeon mais velho pediu. — E da próxima vez que eles estiverem aqui já suba e vista calças.

Naquele momento Heejin não entendeu por qual razão Jeongguk havia lhe dito aquilo e muito menos imaginou que a forma como Sungwoo olhou suas pernas quando se levantara seria algo que lhe assombraria a partir daquele dia.

                        Seul, 2019

A psicóloga olhava Heejin de forma séria, um pouco apreensiva sobre qual seria o fim daquela história. Engoliu em seco antes de chamar a atenção da garota.

— Senhorita Jeon...


— Aquilo foi só o começo. — A Jeon continuou, encarando suas próprias mãos. — Quanto mais eu crescia, mais Sungwoo tornava-se estranho, ele sempre ia para minha casa e parecia ser o amigo mais próximo do meu irmão, tão próximo para dormir conosco diversas vezes. — Uma lágrima solitária rolou pela face da garota. — Eu era muito ingênua para perceber que aquilo não era normal, ele sempre gostou de me observar, principalmente quando eu usava roupas curtas, o que era raro porque meu irmão tinha sido bastante específico, ele tinha o costume de me abraçar sempre que podia e às vezes suas mãos começavam a tocar meu corpo enquanto ele me abraçava, mas eu nunca pensei que... — Heejin parou de falar no exato momento em que sentiu o choro invadir sua garganta.


Em choque, a psicóloga observou a garota chorar com as mãos no rosto. Gostaria de poder dizer algo para ela naquele momento, mas nada poderia aliviar sua dor após tudo o que havia passado.


— Senhorita Jeon, podemos encerrar a consulta por agora — A Dra. Park falou, atordoada. — mas eu terei que te perguntar uma coisa antes disso e aconselho que após ela você procure uma delegacia e denuncie esse rapaz, o que aconteceu com você é algo terrível e que nenhuma mulher deveria passar. Assédio deveria ser crime em nosso país, mas infelizmente a sociedade machista impediu isso, mas saiba que estupro é crime e ele pode ser preso.


— Não foi só uma vez. — Heejin desabafou, a voz embargada e as lágrimas molhando seu rosto. — Eu não sabia o que era aquilo, ele disse que seria "nosso segredinho" e que meu irmão não acreditaria em mim caso eu contasse a ele, nem meu pai. Sungwoo sempre pareceu ser um bom garoto para eles dois, na verdade até eu achava que a errada era eu, pois quando ele fazia isso comigo dizia que a culpa era minha, que eu era "gostosa demais para ele resistir". Eu somente percebi que algo estava errado comigo quando comecei a sentir medo de qualquer tipo de contato e passei a odiar a presença de Seungmin e qualquer outro homem porque eles me lembravam dele. E eu não conseguia esquecer de tudo o que ele fazia e me dizia, eu me sentia a pior pessoa do mundo, isso até Jungeun ver os hematomas em meu corpo.

— Então sua amiga te ajudou?

— Indiretamente sim. — Heejin afirmou. — Na verdade Seungyeon pareceu ter percebido primeiro, ela e Jungeun diziam que eu não parecia a mesma garota de antes e realmente, eu não era. E nunca mais serei.

— E quando foi a última vez que ele te violentou? — A psicóloga questinou, preocupada.

— Há dois anos, na verdade não chegou a acontecer, Seungmin também começou a desconfiar e entrou no meu quarto antes dele fazer algo, foi nesse momento que contei a ele o que estava acontecendo. Ele me disse para sair de casa, pois meu pai e meu irmão não iriam me ajudar e realmente eles nunca ajudaram. — Heejin explicou, as lágrimas permaneciam escorrendo, salpicando seu rosto. — Jungeun estava na universidade na época e eu passei um tempo morando com ela, meu pai nunca entendeu porque eu saí de casa de forma tão repentina, Seungmin tentou me convencer a denunciar Sungwoo, mas eu nunca tive coragem de fazer isso. Eu tinha medo dele me achar e fazer tudo de novo.

A mulher suspirou, sentindo seus próprios olhos lacrimejarem ao ouvir a garota, afinal de contas por mais que tivesse que manter a imparcialidade era muito difícil quando sua paciente era uma garota vítima de assédio e estupro.


— Senhorita Jeon, eu realmente acho que deva denunciar esse rapaz. Acredite que isso será o melhor para você e assim você terá como enfrentar todos esses traumas. — A Dra. Park pronunciou-se. — A culpa nunca foi sua, a culpa não é da vítima, você tem o direito de usar o que quiser e ninguém tem o direito de tocá-la apenas por isso. Assim como os homens têm esse direito, nós, mulheres, também temos e você precisa fazer isso para que todas as garotas que passaram ou passam o mesmo que você tenham coragem para fazê-lo também.


                           ***


Ao sair da sala, Seungmin pôde perceber uma diferença notável na forma como sua namorada andava. Dessa vez sua cabeça estava erguida e não parecia sentir seu interior desabar a cada passo que dava.


— Então? — O garoto questionou, ansioso.

— Eu vou denunciar o Sungwoo. — Heejin respondeu.

Seungmin sorriu ao ouvir a resposta.

— Eu realmente estou feliz por isso, amor. — Ele respondeu, segurando a mão da garota.


E aquilo era o máximo que Seungmin faria, pois ele tinha a consciência que apenas tocaria Heejin de outra forma quando esse fosse o desejo dela. Garotas não foram feitas para usar vestidos rosas e brincar de bonecas, garotas foram feitas para usar o que quiserem e brincar com o que quiserem, pois o corpo era delas e ninguém tinha o direito de tocá-la sem permissão, independente de quem fosse.


Notas Finais


A todas as garotas que se sentiram culpadas e foram oprimidas por seus corpos e pela sociedade machista. Acreditem, a culpada nunca é a vítima e tamanho da roupa não justifica estupro. Você tem o direito de expor ou não o seu corpo, pois ele é SEU.


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