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História Suiryu: A ERA DOS DRAGÕES (taekook) - Make it right


Escrita por: yvgukk

Notas do Autor


#TESS eai minhas belezas?? tudo bem? espero que sim. tambem estou indo muito bem, obrigada!!
bem, eu tenho visto que tem subido muitas perguntas (mesmo que nao sejam perguntadas) de se suiryu vai ter smut/lemon e a resposta é sim. vão ter duas cenas de smut, mas nao esperem muito pq eu nunca escrevi uma unica cena de sexo na minha vida antes dessa fic e as fics que eu leio sao em ingles entao ne... dick e nao pau. quanto a posições... pessoalmente eu acho isso uma bobagem? mas como sou tk flex, uma cena de smut vai ser toptae e a outra topjk quem nao gosta de um pula e quem nao gosta de sexo at all pula as duas pq posso dizer que NAO VAI fazer diferença no plot KKKKKKKKKK

previously on suiryu: seokjin e mingyu criaram um plano pra desmascarar a somin que graças às habilidades de taehyung e jeongguk caiu e entregou tudo. ela tentou matar o tae mas o yoongi chegou nos 45 do segundo tempo e mandou um AQUI NAAOOOO e salvou o menino rei. claro que depois ele deu com a língua nos dentes e vazou que o evian era o jk mas isso nao é importante ne? ou é...? hehe USEM A TAG #SuiryuTK E BOA LEITURA!!

Capítulo 27 - Make it right


O peso de milhares e milhares de toneladas pareceram cair sobre a cabeça de Jeongguk assim que Yoongi terminou a frase.

O Min lhe observava com um sorriso, sem nenhuma ideia do que havia acabado de fazer e o que aquela simples frase estava causando naquela sala. Jeongguk abriu a boca para dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas não conseguiu. Nenhum som escapou dos seus lábios.

"Você está bem crescido desde aquele dia... Se não fosse pelos seus olhos, eu nem conseguiria te reconhecer." Yoongi continuou a dizer para ele, totalmente avulso à tempestade que estava formando.

Jeongguk continuou olhando para o primo com algo próximo a terror. Não conseguia se mexer. Não conseguia falar. Não conseguia reagir.

"Todos vocês saiam da sala." Seokjin ordenou aos seus soldados quando percebeu que o Jeon não tinha reação. "Não preciso dizer o que vai acontecer se uma palavra do que dissemos sair daqui, não é?"

Os soldados de Seokjin se curvaram diante a ele e saíram da sala do trono em fila, mas mesmo sem vê-los, Jeongguk conseguia sentir o nervosismo deles. Ninguém tinha ideia do que estava realmente acontecendo.

"Evian." Taehyung o chamou quando todos partiram, sua voz tremendo, mas ainda assim a voz de um rei, a voz do único homem que Jeongguk devia alguma coisa. Não apenas a voz do rei do Leste, mas a voz do hospedeiro do grande dragão da Primavera. "É você, não é?"

Não era apenas um encontro de Taehyung e Jeongguk. Havia muito mais entre eles. Coisas que Jeongguk havia ignorado enquanto se encolhia na sua identidade falsa, coisas que ele havia dado as costas porque não era Jeon Jeongguk. Coisas que ele havia feito porque as consequências não importavam.

Agora ele estava encarando todas elas: todos os seus erros e todas as suas ações.

"Taehyung." Namjoon chamou a atenção do rei, sua voz séria. O conselheiro então, fez algo que Jeongguk não esperava: saiu do seu lugar à direita de Taehyung e foi até Jeongguk, ficando na frente dele. "Não o julgue."

"Você sabia?" Taehyung gritou.

Namjoon sabia? Jeongguk estalou do seu estupor e se virou para o mais velho, que estava na sua frente, protegendo-o de Taehyung, suas costas parecendo verdadeiras muralhas. Namjoon sabia. Namjoon sabia!

"Sim." Namjoon respondeu, um tanto envergonhado, mas igualmente firme. "Eu desconfiava desde o dia que o conheci, mas... Só tive a confirmação quando encontramos a sala da Primavera juntos. Eu estava esperando que ele mesmo contasse a verdade."

Houve silêncio então e Jeongguk pensou que se sua mente não estivesse tão barulhenta, poderia ouvir o som da respiração dos outros quatro homens.

"Você sabia e não me contou?" A voz de Taehyung soou como um trovão no silêncio, destruindo o coração de Jeongguk.

Seokjin então, colocou uma mão sobre o ombro do primo.

"Eu também sabia, Tae." Disse o general.

Taehyung empurrou a mão de Seokjin do seu ombro com tanta violência que fez o rosto do mais velho adotar uma expressão dolorosa e Jeongguk sentir o coração ser quebrado novamente. Taehyung estava sendo cruel com os primos, as pessoas que mais o amavam, por causa dele. Ele não poderia permitir isso.

"Eu fiz ele prometer que não contaria a você, Tae." Disse, saindo de seu esconderijo atrás de Namjoon, dando um passo à frente. "Eu queria que minha inocência fosse provada sem ser Jeon Jeongguk."

Taehyung deu um passo para trás como se ele houvesse lhe dado um tapa. Aquela expressão Jeongguk conhecia muito bem: traição. Jeongguk havia lhe traído, havia usado sua confiança, havia ouvido ele sofrer sobre a sua morte e havia deixado ele continuar na escuridão. Ele havia visto o sofrimento de Taehyung e havia sido cúmplice.

"Eu queria que Evian fosse digno da sua vida. Não queria que tudo ficasse bem apenas porque..."

"Você tem ideia..." Taehyung o interrompeu, a voz quebrada. "De como eu me sinto?"

Jeongguk fechou os olhos por dois segundos, absorvendo o golpe que aquela frase lhe dava. A dor que Taehyung estava sentindo ressoava por todo o seu corpo como se fosse o som de um instrumento. As ondas de tristeza que o Kim emanava, desprendiam do corpo de Jeongguk também. Os dois sofriam.

Taehyung desceu da plataforma onde seu trono ficava e se apressou para fora da sala, quase correndo, a mão cobrindo o rosto.

Assim que ele foi embora e a sala caiu em silêncio, Jeongguk sentiu uma dor aguda no peito que o fez arfar alto, alarmando os outros.

"Jeongguk?" Namjoon o chamou, se virando para atendê-lo. Os olhos do Jeon marejaram ao ouvir o seu nome verdadeiro sair da boca do amigo. "Jeongguk, você está bem?"

Logo Seokjin também estava ao seu lado, preocupado. Uma nova dor atingiu seu peito e Jeongguk caiu em um joelho no chão, causando caos entre os Kims.

"Jeongguk?" Seokjin quase gritou ao seu ouvido. "O que está acontecendo?"

"O corpo dele está desistindo." Yoongi respondeu pelo primo, se aproximando dos três. Seokjin o encarou com desconfiança, mas deixou ele se aproximar. "Há quanto tempo ele está aqui no Leste?"

"Um mês e meio, talvez dois." Namjoon prontamente respondeu, escandalizando o Min.

"Vocês não sabiam que um dragão não pode ficar longe da sua terra? Vocês são loucos?" Yoongi exclamou, se ajoelhando na frente do mais novo, passando uma mão sobre a testa do primo.

"Um dragão?" Namjoon repetiu, os olhos crescendo.

"Depois eu explico." Seokjin dispensou a preocupação do primo. "E o que podemos fazer?"

"Levá-lo ao Sul." Yoongi disse, dando de ombros. "Mas como essa não é a opção mais viável... Levá-lo ao Oeste. É mais frio por lá. A pouco prazo, porém... Você tem muita sorte que eu apareci agora, Jeongguk."

Jeongguk quis responder, mas a dor piorou, o fazendo arfar sem conseguir encontrar ar. O seu peito parecia estar sendo atravessado por centenas de facas.

"Deitem ele e abram a peito dele." Yoongi mandou e Seokjin atendeu, sendo ajudado por Namjoon, os dois abrindo suas roupas para expor seu peito assim que foi deitado com cuidado no piso gelado da sala do trono.

Yoongi estendeu as mãos e pressionou as palmas sobre o peito do mais novo, uma onda fria que pareceu como um verdadeiro elixir a Jeongguk. A falta de ar cessou e até mesmo a dor de cabeça que ele havia aprendido a conviver diariamente sumiu, por um segundo o deixando tonto. Ele respirou fundo.

"Obrigado." Agradeceu timidamente ao mais velho, que deu de ombros.

"Não precisa me agradecer, você é minha família." Yoongi disse, quase tão tímido quanto o outro. Não sabia o que esperar de Jeongguk, mas estava feliz que ele era o tipo de pessoa que aceitava ajuda e agradecia. Já era muito mais do que as gêmeas faziam. "Você só precisa ficar longe de Taehyung..."

"Isso não. Eu preciso ir atrás dele." Jeongguk se levantou do chão, pulando em pé e fazendo Yoongi perceber que era bem menor do que o primo.

"Mas você não pode! Ele é o dragão da Primavera, seu oposto. A aura dele só vai continuar a te fazer mal." Yoongi explicou como se estivesse explicando a uma criança. "Jeongguk, é a sua vida..."

"Eu não posso me colocar em primeiro lugar depois do que eu o fiz passar. Eu não sou tão egoísta. Eu preciso dele e ele precisa de mim e eu vou atrás dele nem que eu morra no processo." Jeongguk arrumou as roupas no lugar e suspirou. "Eu vou ficar bem. Acabei de ganhar um primo. Mais tarde conversamos."

Antes que os outros pudessem começar a discutir, ele correu para fora da sala do trono, com o coração batendo rápido no peito, melhor do que se sentia em semanas, mas ainda assim nervoso com o que aconteceria. A verdade é que não iria suportar se Taehyung lhe renegasse. Ele amava Taehyung. Queria ter ao menos a chance de contá-lo a verdade.

Jeongguk correu pelos corredores sem se importar com os olhares atravessados que recebia no caminho. Ele correu e correu até alcançar a torre onde ficava o quarto de Taehyung e então parou na porta e respirou fundo antes de bater três vezes.

Não houve respostas, mas ele sabia que Taehyung estava lá.

"Tae? Por favor abra a porta. Eu quero me explicar para você." Pediu, mesmo sabendo que seria difícil que Taehyung lhe atendesse. "Por favor, Taehyung. Eu não vou sair daqui até que você abra essa porta. Eu vou dormir na frente do seu quarto."

Não houve respostas novamente, mas Jeongguk ouviu o som de passos. Respirando fundo, ele se virou de costas e sentou no chão a frente da porta, decidindo que em algum momento Taehyung teria que sair do quarto e falar com ele.

Após duas horas e meia sentado no chão, ele começou a não ter mais tanta certeza. Guardas vinham e iam, de patrulha, o olhando confusos quando o encontravam na mesma posição, mãos sobre o colo, olhos azuis encarando o nada.

Jeongguk teve muito tempo para pensar, sentado ali. Pensou em como sua vida havia mudado da cabeça para baixo novamente, sobre como todo o seu passado estava batendo na sua porta, sobre como nada seguia da forma que imaginava. Repassou centenas de cenários na cabeça e imaginou milhares de resultados da sua conversa com Taehyung, mas em nenhum momento se viu desistindo.

Respirando fundo, Jeongguk se levantou e bateu mais uma vez na porta do mais velho.

"Tae." Chamou, a voz um pouco rouca. "Eu ainda estou aqui se quiser falar comigo. Não vou sair daqui."

Silêncio.

"Eu não sei se você está ouvindo isso, se dormiu ou nem está perto da porta, mas... Eu sinto muito. Eu nunca quis magoar você. Queria que você conversasse comigo e me dissesse o que você está sentindo para eu poder me desculpar na sua frente. Não preciso de muito tempo, só que você..."

A porta foi aberta com um barulho alto e Taehyung apareceu na sua frente, de cabelos molhados pelo banho e a pele levemente úmida. Mesmo que fossem da mesma altura, a expressão no rosto do rei e a forma em que ele cruzava os braços sobre o peito o faziam ainda maior na frente de Jeongguk.

"Eu quero dormir." O Kim cuspiu as palavras, olhando profundamente nos olhos do mais novo. "Saia."

Taehyung empurrou a porta com força, pronto para fechá-la, mas Jeongguk colocou a mão na madeira, impedindo que o rei a fechasse.

"Não. Tae, me ouça..."

"Ouvir o quê? O quanto você me enganou? O quanto você mentiu para mim? Você sabe o quão humilhado eu estou me sentindo agora?"

Jeongguk sentia como se cada palavra fosse um golpe, mas não podia desistir agora. Enquanto Taehyung empurrava a porta, ele resistia e a forçava de volta, até que conseguiu entrar no quarto do mais velho e a fechou atrás de si.

"Eu quero pedir perdão. Eu sei que magoei você. Eu quero explicar o meu lado."

Agora que estava mais perto do outro, percebia que os olhos verdes de Taehyung estavam avermelhados, possivelmente por ter chorado. O coração de Jeongguk partiu ao vê-lo assim e lhe doeu ainda mais por ele ter sido a causa. Ele não queria desviar o seu olhar do mais velho, queria que ele sentisse a sua sinceridade, a sua vontade de remendar a situação, apesar de ser impossível.

"Por favor, Tae. Me deixe explicar. Depois, se você quiser me expulsar do seu quarto, do castelo, de Mirador ou do seu reino inteiro... Eu vou embora."

Um flash correu pelos olhos do outro, mas foi tão rápido que Jeongguk dispensou. Precisava se concentrar em explicar antes que o mais velho perdesse a paciência e lhe expulsasse mais uma vez.

"Eu sinto muito, Taehyung." Começou a dizer após sentir que não havia como começar de um jeito melhor. "Eu sei que o que eu fiz é imperdoável e eu entendo como você está se sentindo..."

"Entende?" Taehyung repetiu, os olhos apertando. "Você entende? Então você entende todas as noites que eu chorei quando criança porque você tinha morrido e desejando... Implorando poder voltar no tempo e desfazer a promessa que eu te fiz fazer? Querendo apenas abraçar você mais uma vez? Todas as vezes pelos anos que eu me condenei porque a culpa era minha que você, uma criança, tinha morrido? As vezes no último mês que eu chorei lembrando de você enquanto falava com você?"

Aquilo ardeu mais do que Jeongguk havia pensado ser possível, mas ele não podia desistir, precisava fazer com que o Kim visse o seu lado também.

"É claro que eu entendo. Como você acha que eu me senti após perder toda a minha família? Minhas duas famílias? Quantas vezes eu chorei querendo voltar para Erawan e ver um de vocês? As vezes que eu chorei achando que vocês me odiariam porque eu me tornei um assassino?"

Taehyung não conseguiu mais falar. Ele não esperava por isso. Não esperava pela torrente de emoções que lhe acertaram em cheio. Jeongguk, assim que terminou de dizer, virou o rosto para baixo, como se tivesse perdido o controle e falado demais.

A verdade é que Taehyung se sentia traído. Jeongguk estava vivo e logo ali na sua frente, mas havia passado dois meses fingindo ser outra pessoa quando poderia ter lhe confortado desde o começo. Ele havia aberto o coração para o mais novo durante suas sessões de treinamento, falando sobre a perda do pequeno amigo de infância. E o próprio Jeongguk estivera apenas ouvindo, sem dizer uma única palavra. Taehyung sofria até hoje com a morte do príncipe do Sul. Ele não conseguia entender o motivo de Jeongguk ter apenas ouvido toda a sua dor e não ter dito nada para terminar com seu sofrimento. Nenhuma palavra. Ele apenas havia sentado lá e ouvido.

"Vamos lá. Pergunte o que quiser. Eu sei que você quer saber o que aconteceu." Jeongguk disse, abrindo os braços. "Você me conheceu como Hwang Evian e agora sabe que eu não sou apenas ele, mas Jeon Jeongguk também. Pergunte, Taehyung. Eu não tenho mais nada a esconder."

Taehyung fechou o punho e respirou fundo. Não tinha como escapar dali. Ele realmente tinha muitas perguntas a fazer. Decidiu começar com a que estava o assolando desde a carta de Jimin.

"Por que você não me contou quem era assim que chegou?"

Jeongguk levou alguns segundos para organizar os pensamentos e conseguir responder.

"Quando eu cheguei eu pensei que vocês não lembravam de mim, que tinham superado. Eu passei a minha vida inteira me convencendo que tinha superado vocês, eu não tinha ideia do que estava acontecendo aqui em Erawan. Quando eu soube que vocês acreditavam que eu estava morto... Doeu. Mas doeu mais porque eu pensei que era melhor que continuassem a achar que eu estivesse morto do que soubessem que eu estava vivo esse tempo todo."

Taehyung soltou um arquejo e sentiu a garganta apertar com vontade de chorar.

"Melhor para quem? Para nós ou só para você?"

Jeongguk desviou do seu olhar.

"Para mim." Ele assumiu. "Cada vez que você e Namjoon citavam Jeongguk... Eu nem consigo-"

"E você não pensou em acertar as coisas? Não pensou em contar a verdade? Céus." Taehyung cruzou os braços, engolindo as lágrimas. "Você não pensou no quanto eu e todo o mundo sofria você? Não sentiu nada enquanto ficava parado ouvindo a Namjoon e eu chorarmos sobre a sua suposta morte?"

"É claro que eu senti!" Jeongguk gritou, perdendo o controle. O fogo nas tochas piscou azul por um segundo antes de ele esfregar o rosto com as próprias mãos. "É claro que eu senti, Taehyung. Você não acha que eu passei cada segundo acordado lembrando que vocês ainda choravam sobre mim e eu podia fazer parar, mas era muito covarde para isso?"

Taehyung não respondeu, apenas ficou olhando para ele, sem saber o que dizer.

"Cada segundo que eu mantinha segredo era mais um segundo que eu me culpava. Eu sabia que estava errado, mas não conseguia falar a verdade. Como eu conseguiria? Como você me veria após eu chegar e dizer que eu sou o Jeongguk? Como você me veria quando soubesse que eu me tornei um assassino?"

"Não projete os seus medos sobre mim!" Taehyung rebateu, a voz alta e traída. "Como você pode dizer uma coisa dessas? Eu abri a minha casa, o meu castelo, o meu reino a você. Não ao príncipe do Sul, mas a Hwang Evian. Eu nunca lhe dei uma única razão para achar que eu o julgaria por isso! Você estava com medo do que você mesmo acha sobre si, não sobre o que eu achava! Você deixou a Namjoon e eu sofrendo por um medo seu!"

Jeongguk deu um passo para trás como se Taehyung tivesse lhe dado um golpe.

"Essa é a coisa mais egoísta que eu já tive o desprazer de ver." Taehyung disse, sua mágoa abastecendo a sua raiva. "O que você achou que eu faria com você? Que eu olharia para você e diria que você não servia? Você tinha seis anos quando eu te conheci! Você tinha seis anos quando seu tio lhe deu como morto para todos os reinos de Erawan! Você acha que eu não- Que eu não iria querer ver você de qualquer forma?"

Jeongguk arregalou os olhos.

"Eu iria querer ver você de longe, de perto, sem uma perna, casado e com cinco filhos, cheio de cicatrizes, no leito de morte, mercenário ou não mercenário." Taehyung continuou, a voz adotando tons mais suaves a cada palavra até que parou em um tom tão doloroso que soou exatamente como seu coração partido sentia. "Porque eu estaria vendo você. Porque não importa o que você se tornaria, nunca me importou. Ver você era a única coisa que eu queria. E você me privou do meu único desejo por medo."

Jeongguk sentiu as lágrimas rolando pelo rosto, tão frias que se assustou com o rastro delas na sua pele quente.

"Do que você tinha medo, Jeongguk?"

Ouvir seu nome saindo da boca de Taehyung pela primeira vez não foi como ele pensava que seria. Foi doloroso, como se todo o seu interior estivesse sendo puxado para fora, como se o rei estivesse o obrigando a dizer tudo o que estava guardado no nível mais baixo da sua mente. Jeongguk se sentiu explodir.

"Eu tinha medo de não ser digno para vocês!" Ele berrou, batendo um pé no chão. Gelo se formou no piso, um pequeno rastro que ambos ignoraram. "Eu tinha medo que eu seria menos que vocês, vocês com seus grandes assentos no reino, fazendo o que foram destinados a fazer. Tinha medo que vocês me julgassem pelo que me tornei, sim, sei que era totalmente infundado, mas como eu conseguiria me impedir? Eu passei dezesseis anos, Taehyung, dezesseis anos! Odiando o que me tornei. Odiando quem Huiteng me criou para ser. Odiando quem eu sou."

Jeongguk chorava tão alto que seus soluços o impediram de continuar falando e Taehyung deu um passo à frente, impelido a confortá-lo.

"Você acha que foi egoísta e sim, foi. Eu reconheço isso. Mas foi um ato de desespero. A única coisa que eu amo em mim mesmo é quem eu fui. É quem eu fui durante a semana que passei aqui há dezesseis anos, a pessoa que eu fui com vocês ao meu redor. Eu não conseguiria sujar a criança que eu fui misturando-a com Hwang Evian. Eu não queria sujar aquela imagem de mim mesmo, antes disso tudo acontecer, com quem eu fui depois."

Ele fez uma pausa para tentar controlar o choro, mas acabou chorando ainda mais ao finalmente colocar para fora o que sentia.

"Então sim, me desculpe por ter chegado aqui e não querer pular nos seus braços dando um olá. Eu nunca pensei que veria vocês de novo. Nem nos meus maiores sonhos eu conseguiria imaginar isso. O terror que eu senti quando vi Namjoon e Seokjin pela primeira vez e o alívio quando percebi que eles não reconheciam... Você imagina a humilhação que eu senti? Imaginando como eles iriam reagir, a expressão nos rostos deles, quando me vissem pela primeira vez e percebessem que eu virei um assassino, um mercenário? Que eu matei pessoas por dinheiro? Que aquele menino que eu fui se tornou um homem tão sujo como quem eu sou? A humilhação que seria encarar você, você e seu reino perfeito, você e sua coroa que você nasceu pra usar e dizer que eu, um príncipe, agora mata pessoas por contrato? E que foi chamado a Erawan justamente para fazer isso?"

A esse ponto Jeongguk nem sabia mais o que estava fazendo. Taehyung havia aberto as portas para seus sentimentos mais profundos e agora ele não conseguisse mais se impedir de continuar falando.

"Jeongguk..."

"E eu sei que você vai dizer que não importaria, exatamente como Seokjin disse, mas para mim importa! Para mim importa muito! Eu perdi meus pais, eu perdi meu irmão, eu perdi vocês. E só recebi dor, desprezo e mais perda em troca. A minha vida inteira foi uma luta, não só entre mim e as circunstâncias, mas entre mim e meus princípios. Entre mim e quem eu fui concebido para ser. Entre mim e o menino que você conheceu."

Taehyung soluçava em silêncio, mal sendo notado pelo Jeon. Seu lábio inferior tremia e ele só conseguia pensar no quanto doía dentro dele. A dor dele e a dor de Jeon combinadas.

"E sabe o que mais? Quando eu percebi que estava começando a gostar de você as coisas começaram a mudar. Você me tocava, você me beijava como Evian, sabendo sobre o que eu fiz. Você fazia isso apesar de tudo o que sabia e eu... Eu ousei pensar que eu merecia. Mas então Somin matou Bogum e eu fui culpado e percebi que nunca iríamos funcionar porque não importava se você gostasse de um assassino, eu nunca conseguiria ser a pessoa que você precisa. E agora as coisas mudaram novamente e você me vê como o seu Jeongguk que cresceu e se tornou a mim e eu realmente..."

"Basta!" Taehyung berrou o interrompendo e fazendo suas próprias lágrimas correrem mais rápido. "Não ouse falar como eu me sinto! Não ouse achar que sabe o que está acontecendo comigo. Eu estou me sentindo traído porque você não contou quem era. Porque me deixou sofrendo apesar de saber que poderia impedir aquilo. Eu entendo os seus motivos, mas agora você diz que eu estou o julgando? Eu estou julgando? É você que está se julgando."

Taehyung deu mais um passo para frente, se aproximando do sulista.

"Eu não admito que diminua os meus sentimentos por você. Não admito que diga para mim que eu não preciso de você. Porque eu precisei de Jeongguk por dezesseis anos." Ele continuou andando, cada passo mais perto do outro. "Mas eu também preciso de Evian agora. Eu não sei o que é que você viveu para acreditar que qualquer um de nós, por algum segundo, iríamos julgá-lo, iríamos diminui-lo, iríamos sentir por você menos do que sentimos pelo nosso Jeongguk e pelo Evian. Você não é duas pessoas diferentes, Jeongguk, você é uma só. Meus sentimentos por você não vão mudar. Nem meus sentimentos por quem você era quando criança e nem por quem você é agora."

Jeongguk soluçou e quando Taehyung chegou perto, se lançou contra o mais velho, o abraçando forte contra o peito.

"Taehyung..." Ele murmurou, chorando contra os cabelos do Kim, que o abraçou de volta com tanta firmeza quanto ele. "Eu sinto muito, eu sinto muito. Eu queria ter dito antes, eu não queria que você descobrisse dessa forma, eu deveria ter sido mais corajoso, eu sinto tanto..."

"Shh." Taehyung pediu entre lágrimas. "O que está feito está feito. Não há mais nada capaz de mudar o que já passou. Você tem um hábito muito esquisito de acreditar que merece menos do que tem, mas eu prometo que vou fazê-lo morrer. Você merece ser feliz, Jeongguk, não só por quem era quando criança, mas por quem é agora. Evian merece ser tão feliz quanto."

Jeongguk soluçou no seu pescoço, suas lágrimas deslizando pelas vestes de Taehyung.

"Nós vamos conversar mais sobre o que aconteceu aquela noite, mas junto com os outros." Taehyung disse, engolindo em seco, tentando ser forte. Ele soltou Jeongguk, mas continuou de frente para ele. "Agora só... Me deixe olhar para você."

Taehyung ergueu as mãos para o rosto do mais novo, seus dedos limpando as lágrimas dele, acariciando suas bochechas. Ele passou um dedo pelas sobrancelhas de Jeongguk, pelo nariz e pela testa, descansando no seu maxilar. Jeongguk não conseguia desviar os olhos da forma que Taehyung o observava, com tanto amor que seria capaz de derreter uma geleira. O rei abriu um sorriso pequeno e chorou mais, suas lágrimas escorrendo.

"É você mesmo."

Jeongguk fechou os olhos e sorriu. Sentiu Taehyung tocar a sua nuca com a ponta dos dedos e abriu os olhos novamente, apenas para encontrar o mais velho ainda o observando com carinho. Com um impulso para frente, ele beijou os lábios do mais velho, o capturando em um gentil selar que fez Taehyung se sentir muito melhor sobre tudo.

O Kim colocou os braços nos ombros de Jeongguk, o puxando para mais perto, aprofundando o beijo, que teve gosto de lágrimas. Apesar de já ter beijado Jeongguk antes, agora era diferente. Antes ele beijava o mercenário estrangeiro, mas agora beijava seu amigo de infância e por um mísero segundo Taehyung se perguntou se deveria mesmo estar fazendo aquilo. Mas então Jeongguk inclinou a cabeça para um lado, sua língua dançando com a do rei e ele tratou de esquecer aquela pergunta.

Os dois se entregaram à sensação arrebatadora de finalmente estarem um nos braços do outro, mesmo que só fizesse poucos dias desde que tinham se beijado.

Uma nova camada de o que quer que tinha entre eles pareceu surgir, os prendendo no lugar, apagando e reescrevendo tudo o que sabiam da vida. Ambos se entregaram a essa nova sensação, se beijaram até faltar ar, e quando se separaram para respirar, voltaram a se beijar novamente.

Como sempre, aquela faísca que parecia incendiá-los por dentro queimou forte. Dessa vez não tinha ninguém para apartá-los ou para impedi-los. Dessa vez eram apenas eles no quarto, apenas eles se doando de corpo e alma para os sentimentos que nutriam. Dessa vez eles não tinham motivos para esperar.

"Tae..." Jeongguk gemeu quando Taehyung começou a tocá-lo mais intimamente e foi quando finalmente ele percebeu o que aquela noite levaria.

Jeongguk continuou perseguindo a boca de Taehyung enquanto eles começaram a se mover, o beijo desleixado e talvez muito duro e rápido, mas ele gostou de qualquer maneira. Agarrando a bainha da veste de Taehyung, o outro com as mãos no seu cabelo, o puxando, eles se moveram até onde Jeongguk imaginava que fosse a cama do mais velho.

"Você tem certeza?" O mais novo perguntou quando o rei levou a boca até seu pescoço, quase se afogando em um gemido que soou como o céu aos ouvidos do mais velho.

"Claro que sim." Taehyung respondeu, sua voz baixa e coberta de vontade.

Taehyung puxou a parte de cima da sua veste, gemendo em seu pescoço. A parte de trás dos joelhos de Jeongguk bateram no colchão e ele sentou na cama, Taehyung rapidamente subindo em seu colo, pressionando-se contra ele, se separando apenas para erguer a cabeça do outro com o dedo.

"Tire suas roupas." A voz de Taehyung soou arrastada enquanto ele se esfregava contra o Jeon, provocando faíscas e gemidos lentos dos dois.

O sulista imediatamente começou a se despir, mas as vestes não passaram dos seus braços quando Taehyung mordeu seu ombro de leve.

"Quer que eu cuide de você hoje à noite?"

"Sim." Talvez a sua resposta foi muito rápida, mas Taehyung não disse nada, apenas murmurou. O mais velho saiu do seu colo com um último beijo nos seus lábios, que teve gosto de história sendo feita.

"Tire logo as suas roupas, quero ver você." O rei ordenou, a voz muito mais pesada.

"Eu já estaria sem roupas se você não tivesse estado se esfregando em mim." Jeongguk disse, sorrindo e se despindo de vez, abaixo do olhar minucioso de Taehyung, que foi até a gaveta da sua mesa de cabeceira.

Tão logo Jeongguk se despiu, sentiu Taehyung subir na cama e abraçá-lo por trás, suas mãos tocando seu torço e sua boca devorando seu pescoço e nuca, enviando choques pela sua coluna. A mão direita do Kim deslizou pelo seu estômago, passando pelos seus músculos por talvez um segundo a mais do que deveriam e terminaram na virilha do mais novo.

Quando os dedos de Taehyung se enrolaram em seu membro, Jeongguk gemeu com mais força e jogou a cabeça para trás, encaixando sua nuca no ombro do mais velho. Taehyung começou a masturbá-lo com uma mão enquanto a outra acariciava seus mamilos.

O movimento do seu pulso subindo e descendo pelo pênis do mais novo encheu o quarto por vários minutos junto com os gemidos quebrados e intermináveis de Jeongguk, que ergueu os quadris e sentiu um choque percorrendo todo o corpo.

"Taehyung, para. Se você continuar assim eu não durar muito."

Taehyung sorriu lentamente, desejo subindo pelos olhos verdes. Ele colocou um dedo no queixo de Jeongguk e guiou o rosto do mais novo para beijá-lo, o Jeon se virando em sua direção, seguindo a sua boca como se estivesse hipnotizado. Quando estavam finalmente um de frente para o outro, Jeongguk passou a mão pelo corpo do mais velho, tocando e deslizando o dedo pela sua pele, criando um rastro de fogo que incendiava o Kim.

"Como você quer?" Ele lembrou de perguntar ao Jeon, aproveitando os poucos segundos que se separavam para respirar.

"Eu quero ver você."

Taehyung grudou os lábios nos de Jeongguk enquanto o sulista deitava de costas no colchão, apoiado pelos cotovelos. Taehyung estava viciado na sensação de beijar o mais novo. Quando suas bocas se tocavam parecia como um acontecimento histórico, algo que tivesse a mesma força que duas estrelas se colidindo. Ele nunca havia se sentido dessa forma com ninguém, ninguém nunca havia lhe deixado assim. Todo seu corpo se acendia e seu coração batia tão rápido que tinha certeza que Jeongguk conseguia ouvir. Talvez sentisse isso porque eram de duas estações diferentes, mas no fundo sabia que não era o caso. Ele se sentia assim porque era Jeongguk.

"Abra suas pernas." Ordenou o rei e foi prontamente atendido pelo Jeon, que o acomodou entre as coxas, o acariciando pelo torso.

Jeongguk tremeu quando sentiu um dedo gelado de Taehyung coberto por uma substância oleosa lhe penetrar. Ele suspirou, tentando relaxar. Já fazia muito tempo desde que fazia isso.

"Pensei que não existiam esses óleos aqui em Erawan." Ele exclamou quando Taehyung começou a mexer o dedo dentro dele, entrando e saindo cada vez com mais facilidade.

"Você não sabe muita coisa sobre o Leste." Taehyung murmurou no seu ouvido, fazendo todos os seus pelos se eriçarem. Finalmente o rei colocou o segundo dedo, fazendo Jeongguk tremer mais uma vez.

Taehyung começou a lhe preparar com mais rapidez, fazendo um movimento de tesoura com os dedos, provocando gemidos da boca do Jeon. O sulista levou a mão para entre as coxas do mais velho, em uma posição estranha, mas que ao menos deu certo. O gemido que Taehyung produziu quando os dedos gelados de Jeongguk tocaram o seu comprimento foi como música aos ouvidos do Jeon.

O rei colocou o terceiro dedo e a mão de Jeongguk parou seu movimento.

"Relaxe, Jeongguk. Relaxe." O mais velho pediu, sentindo o mais novo lentamente relaxar sob suas mãos, liberando a tensão. "Deixe que eu cuido de você."

Respirando pesadamente, Jeongguk observou Taehyung colocar as pernas do mais novo sobre as suas coxas e lubrificar o próprio pênis. Com um suave movimento graças à boa posição que estavam, ele se inclinou para a frente, a ponta da glande encostando em Jeongguk.

Lentamente Taehyung começou a entrar. Jeongguk gemeu e ergueu os quadris, melhorando o ângulo e facilitando para Taehyung deslizar completamente para dentro dele, provocando um gemido do próprio.

A sensação de estarem conectados dessa forma era como se o próprio ato de estar dentro do Jeon fosse o ápice. Taehyung nunca havia sentido nada parecido, nunca havia experimentado aquele sentimento. Não conseguia parar de pensar que nunca mais conseguiria se separar do outro se esse era o êxtase que sentiam juntos. Uma rápida olhada no sulista lhe indicou que ele estava sentindo o mesmo, olhos fechados e respirando pela boca. Aos olhos de Taehyung, Jeongguk estava perfeito.

"Mexa-se."

Taehyung respirou fundo e puxou os quadris para fora por um segundo antes de empurrar novamente, sentindo Jeongguk apertar em torno dele. O Kim acelerou o ritmo pouco a pouco, sem nem mesmo sentir o tempo passar, contando os segundos pelas respirações entrecortadas de ambos. Cada vez que ele empurrava os quadris para fora e para dentro, sentia Jeongguk se desfazer um pouco mais sob ele.

"Mais, Tae." O Jeon pediu, apertando os lençóis abaixo.

Taehyung acatou o pedido, erguendo uma perna e angulando de outra forma, mudando o ritmo novamente. Dessa vez quando se empurrou para dentro de Jeongguk novamente, sentiu um puxão no peito, como se nunca fosse aprender todas as sensações que transar com o mais novo lhe dava.

Jeongguk afundou a cabeça no colchão, totalmente entregue à sensação, afundando no som de pele com pele que cobriu o quarto, no som escorregadio de Taehyung deslizando para dentro e para fora dele com tanta força que a cama começou a mexer junto.

"Taehyung..." Ele gemeu como um mantra.

"Você soa tão bem falando meu nome assim, Gguk."

Taehyung urgiu os quadris para frente, fazendo Jeongguk gemer diferente, quase um grito manhoso, fazendo com que seu peito começasse a subir e cair com mais rapidez.

O mais velho não precisou que Jeongguk lhe dissesse mais nada para saber que tinha encontrado o seu ponto especial. Ele repetiu o movimento, provocando mais reações no outro, que apertou ao redor dele, fazendo ele parar por um segundo para recuperar o fôlego. Taehyung novamente perdeu a conta do tempo enquanto mergulhava nas sensações.

"Eu estou perto." Jeongguk avisou com dificuldade, suas costas arqueadas. Taehyung abriu um sorriso e levou a mão até o membro do mais novo, o masturbando. "Ah..."

Não demorou muito para que o Jeon começasse a tremer, seu corpo dando todos os avisos que iria atingir seu orgasmo. Taehyung girou o pulso e Jeongguk fechou os olhos e ergueu os quadris, um grito silencioso nos lábios. Ele gozou na mão de Taehyung, jatos mornos que alcançaram seu estômago.

Ao ver aquilo Taehyung soube que estava próximo também. Ele aumentou a velocidade nos quadris, sabendo que talvez ficasse doloroso para Jeongguk, que provavelmente estava sensível. Mas ele não ouviu reclamações, apenas pequenos murmúrios de apoio do outro, que colocou as mãos na sua cintura, o guiando para encontrá-lo. Quando seus movimentos começaram a perder a ordem e se tornarem frenéticos, Taehyung fechou os olhos e sentiu todo aquele calor se concentrar no seu abdômen.

Com um longo e alto gemido que parecia com o nome de Jeongguk, Taehyung gozou dentro do outro, estrelas brilhando atrás das suas pálpebras. Assim que o fluxo parou, ele perdeu o equilíbrio e o Jeon o segurou, ajudando-o a deitar ao seu lado na cama.

Os dois ficaram alguns minutos deitados, encarando o teto do quarto do rei e tentando recuperar o fôlego, pensando em tudo e nada ao mesmo tempo.

Após algum tempo, Jeongguk começou a rir, bem humorado.

"Sabe o que é engraçado?" Ele perguntou, fazendo Taehyung virar o rosto para encará-lo. Os dois, de cabelos revirados e corpos suados, se observaram. "Você é o dragão da Primavera e eu o do Inverno. Você acha que eles veem o que a gente fez?"

Quando Taehyung abriu a boca em choque Jeongguk percebeu que o Kim ainda não sabia sobre a sua condição de hospedeiro de Bailong. O sulista mordeu o lábio e sorriu de lado.

"Surpresa?"

"Você é o hospedeiro do dragão do Inverno?" O rei pulou na cama, sentando na bagunça de lençóis. "E não pensou em me contar?"

"Eu pensei, mas aí você saiu correndo da sala do trono e quando começamos a conversar nós terminamos aqui." O Jeon apontou para a cama e para seus corpos nus.

Taehyung abriu a boca para protestar, mas parou. O outro estava certo.

"Desculpe se eu saí e não deixei você se explicar. Eu deveria ter sido mais compreensível." Disse o mais velho, as bochechas corando.

"Eu entendo o motivo de você ter feito isso." Jeongguk pegou a sua mão, entrelaçando os dedos. "Mas prometa que não vai mais fugir de mim. Doeu muito ver você correndo."

Taehyung se inclinou e beijou a testa do mais novo, descendo pelo rosto dele até seus lábios alcançarem os dele.

"Eu prometo. E novamente, me perdoe. Eu nunca mais vou deixar você para trás."

Jeongguk fechou os olhos e apreciou o momento, até perceber a situação em que estava.

"Talvez você possa me deixar para trás para que eu tome um banho?" Ele perguntou com um sorriso. Estava nojento, mas esse havia sido o resultado de uma das experiências mais surreais que já vivera, então estava agradecido.

"Ou então eu posso manter minha promessa e entrar na banheira com você."

O jeito que Jeongguk o olhou, apertando os olhos e sorrindo de canto, lhe deu a impressão de que ele não acreditava que iriam apenas tomar banho. Quando o Jeon se inclinou para novamente lhe beijar, Taehyung soube que teria que tirar outro dia de folga.

"Quem sou eu para fazer reis quebrarem suas promessas, não é?"

 

☽☾

 

"Ele deveria estar aqui?" Seokjin perguntou, apontando para Yoongi, que não pareceu interessado em ouvir o que ele estava reclamando.

Os cinco estavam reunidos no gabinete de Taehyung, sentados nos sofás e poltronas na frente da janela que mostrava o pátio principal onde Somin havia sido capturada há dois dias. Taehyung estava sentado na poltrona maior, Jeongguk sentado no braço do móvel, de mão dada com o Kim. Namjoon e Seokjin não ficaram surpresos ao vê-los juntos e tão próximos, afinal, ambos ficaram presos nos aposentos do rei por dois dias inteiros, sem sair nem mesmo para comer e ignorando todos os chamados do príncipe Min para uma reunião.

"Talvez não, mas Jimin disse para eu confiar nele." Taehyung disse, encarando Yoongi com penetrantes olhos verdes. "E eu vou levar a palavra do meu melhor amigo em consideração. Sem falar que... Ele é primo de Jeongguk. Além de ter uma visão melhor sobre o reino do Sul, faria bem que ambos se conhecessem. São família."

Jeongguk não encontrou os olhos de Yoongi, mas suas bochechas ruborizaram. Eles precisavam mesmo se conhecer e isso animava ambos ao mesmo passo que os deixava nervosos.

"Ainda não gosto da ideia." Seokjin disse, olhando o Min de canto, esperando que o sulista se mostrasse algo além de um tanto tímido.

"Reclame com Jimin." Namjoon respondeu pelo outro, suspirando. "Taehyung, precisamos discutir algumas coisas sobre o reino que você esqueceu que rege nesses últimos dois dias, mas prefiro esperar para ouvir Jeongguk. É para isso que estamos aqui, não é?"

"Sim." Taehyung respondeu com um aperto suave na mão do mais novo e ignorando a direta do primo. "Conversamos um pouco, mas preferi não ouvir os detalhes, quero ouvir pela primeira vez com vocês."

"Eu já sei algumas coisas que Ahura me contou." Seokjin deu de ombros. "Mas realmente quero ouvir de você, Jeongguk."

"Quer começar, Jeongguk?" Namjoon perguntou, seus olhos gentis e reconfortantes. Jeongguk não queria contar tudo ali, na frente de todos, mas precisava. Através do olhar de coragem do conselheiro, o Jeon respirou fundo.

"Vocês já sabem a pior parte. Eu fiz o ritual. Bailong me escolheu..."

"Bailong escolheu você?" Namjoon exclamou, os olhos quase saindo das órbitas, mudando totalmente de comportamento.

"Eu sou o Dragão do Inverno." Jeongguk contou, um tanto tímido. "Mas eu só consegui me transformar duas vezes, antes de ir embora de Vellairia."

"Espera." Taehyung o interrompeu, olhando para o mais novo. "Você consegue se transformar?"

"Sim, mas eu não saberia como o fazer agora, não tenho nenhuma conexão com Bailong, só o sinto acordar de vez em quando. Fora o dia que ele tentou sair, mas..."

"Ele tentou sair?" Yoongi repetiu, finalmente quebrando o seu silêncio, mostrando que apesar de fingir que não estava ouvindo, estava ouvindo sim e atentamente. "Jimin me disse... O príncipe Hoseok conversou com o dragão do Verão sobre o dragão do Inverno. Eu tenho os detalhes, mas prefiro dizer diretamente para você."

"Não, por favor, diga para todos." Jeongguk balançou a cabeça. "Taehyung é o dragão da Primavera, ele faz parte disso."

"Tudo bem então. Bailong, o dragão do Inverno, deseja matar você."

O silêncio que se apossou da sala foi perturbador. Até mesmo Seokjin, o mestre em disfarce e ilusões, o grande capitão dos espiões do Leste, ficou embasbacado, os olhos crescendo no rosto.

"Perdão?" Jeongguk fez uma careta.

"De acordo com Aorun, o dragão do Outono, e Aoqin, o dragão do Verão, Bailong é o irmão rebelde. Ele não gosta dos humanos e muito menos de estar preso dentro de um. É um dos grandes problemas de Jimin no momento. Ele achava que Bailong estava em mim graças à mentira contada pelo meu pai." Yoongi suspirou e levou uma mão aos cabelos, sem saber o que dizer exatamente. "Resumidamente, ele quer escapar da sua prisão corpórea e pode acabar matando você no processo."

"E como exatamente você joga essa informação sem nos preparar antes?" Namjoon exclamou, surpreso. "Isso é enorme! O dragão do Inverno está tentando matar o próprio hospedeiro e você diz como se fosse nada?"

"Porque não vale a preocupação. Meu pai sempre me disse..."

"O seu pai matou a minha família inteira. Acho que qualquer ensinamento que ele te deu não foi exatamente o melhor." Jeongguk disse com a voz fria.

Yoongi não disse nada, apenas encarou o primo.

"Eu sinto muito. Eu era só uma criança na época, mas..."

"Você estava lá, não estava? Você viu tudo."

Yoongi engoliu em seco e olhou para baixo.

"Eu vi. Vi o mestre de armas proteger você. Vi você ser atingido pela adaga do meu pai para proteger a ele e vi você se transformar." O Min disse lentamente. "E eu vi... Quando ele matou sua família."

"Quantos anos você tinha?" Jeongguk perguntou.

"Nove anos." Yoongi respondeu, mordendo o interior da bochecha. "Eu tinha nove anos."

Ninguém conseguiu responder depois disso. Namjoon lembrava do que Jeongguk havia lhe dito no dia em que conversaram após a tentativa de sequestro de Eunjin, sobre protegê-la e não deixar que ela visse o banho de sangue. Imaginar que Jeonggi havia colocado o próprio filho aos nove anos para ver o assassinato do tio... Isso era doentio. Yoongi havia visto o próprio pai assassinando o irmão mais velho de Jeongguk, um menino de apenas sete anos, o primo de Yoongi.

"Eu sinto muito." Jeongguk quebrou o silêncio. Seus olhos azuis brilhavam em reconhecimento, em conexão com o mais velho. "Você não merece o pai que tem."

Yoongi não disse nada, apenas assentiu com a cabeça e baixou o rosto. Ele sempre havia buscado por esse tipo de conexão com as suas irmãs, onde ao menos ele se sentiria entendido. Apesar de Somin ser muito mais razoável do que Heejin, ambas tinham grande admiração por Jeonggi, ao ponto de o obedecerem cegamente. Talvez fosse porque Yoongi havia sido criado pelo clã da mãe antes de partir para Vellairia, mas ele sabia que o pai não era um grande herói, diferente das gêmeas, que só tiveram ao pai a vida inteira.

"E quando é que merecemos um assassino como pai, não é?" Apesar do tom ser engraçado, havia uma mordida na frase, uma mágoa não resolvida. "O que ele fez ao próprio irmão... Min Jeonggi não é uma pessoa boa."

"Não deve ter sido fácil crescer ao lado dele." Jeongguk disse, empático. Se sentia mal pelo mais velho.

"Não foi. Mas você partiu com o mestre de armas, não é?"

"Sim." Jeongguk respirou fundo, sabendo que apesar da morte dos pais ser o período mais difícil da sua vida, Sungdo e o período que passou com o homem era quase tão doloroso de lembrar quanto. "O nome dele era Lee Sungdo. Ele me criou. Ele foi embora do Sul, deixou a esposa e o filho para me acompanhar. Bailong voou com ele até Ventimund no reino de Eris. Lá não existe magia então eu não pude acessar Bailong ou meus poderes por dezesseis anos. Sobrevivi porque é um reino muito gelado, próximo da temperatura do Sul e sem a magia, eu rompi minha conexão com Erawan. Era como... Estar sem algo essencial, sabe? Quando atravessei a fronteira marítima de Erawan e meus poderes voltaram eu cheguei até a passar mal. Se Ahura não tivesse estado lá, com certeza teria me machucado."

"Quem é Ahura?" Namjoon perguntou, franzindo o cenho. "É uma das ruivas mercenárias?"

"Sim." Seokjin respondeu por ele. "Eu gostaria de saber mais sobre isso, Jeongguk, como você entrou no Kuài Jie."

Jeongguk mordeu o lábio, inseguro. Ainda não ficava confortável de lembrar dessa parte da sua vida.

"Pouco tempo antes de eu fazer treze anos, Sungdo morreu de uma doença que contraiu nos barcos de pesca que trabalhava." Começou a dizer. "Nessa época ele conheceu Huiteng. Huiteng era um assassino e estava trabalhando nas docas disfarçado. Sungdo reconheceu quem ele era e os dois criaram uma amizade, até onde Huiteng consegue ser amigo de alguém. Quando meu pai morreu, ele fez Huiteng prometer que cuidaria de mim. Eu relutei no começo, não aceitava que um assassino... Um assassino cuidasse de mim. Mas depois de um mês nas ruas, eu desisti de resistir e procurei por ele. Quando o encontrei, eu estava doente, com fome, desidratado, tão magro que era possível ver os meus ossos. Huiteng me abrigou e cuidou de mim, me deu comida, água, um teto. Me deu uma família, por mais disfuncional que um bando de assassinos possa ser."

Ouvir aquele pedaço da história de Jeongguk doía. Doía como nunca. Saber que o menino nunca havia parado de sofrer, nunca havia parado de lutar... Namjoon quis se levantar e abraçá-lo, mas se contentou ao ver Taehyung começar a fazer padrões nas costas da mão do Jeon, desenhos a fim de o confortar.

"Com o tempo eu comecei a sentir que estava me aproveitando. Comecei a melhorar e percebi que os outros mercenários não eram assim tão ruins. Apesar da forma que eles viviam, eles ainda riam, ainda se divertiam. E, melhor ainda, tinham dinheiro para comer, para beber. Quando Huiteng falhou em uma missão, eu decidi ajudar e nunca mais parei. Eu tinha catorze anos na época."

Seokjin sabia que Jeongguk tinha um relacionamento complicado com Huiteng, mas agora via toda a situação com outros olhos. Huiteng havia realmente criado Jeongguk tanto quanto Sungdo. Ele havia ensinado o Jeon a fazer coisas horríveis, sim, mas agora entendia o motivo do príncipe ter todo um sentimento conflitante sobre o líder dos mercenários. De todas as formas que Jeongguk conhecia, Huiteng era tão pai dele quanto Jungsik e Sungdo.

"Começar como assassino foi horrível. Eu já estava sendo treinado por Huiteng e Xinyi, mas depois disso, eu realmente fui treinado. Lutar de olhos fechados, mãos amarradas, de centenas de formas que eu nunca nem mesmo precisei usar."

Taehyung lembrou do cenário que havia encontrado no quarto de Eunjin e mordeu o lábio. Jeongguk era bom mesmo. Deveria ter sabido que não havia sido ele a matar Bogum só por isso: ele nunca mataria alguém com tanta dificuldade e deixaria o corpo na biblioteca. Ele era um assassino treinado, Somin não.

"Eu pude verificar um pouco dos talentos do Kuài Jie quando fomos atacados na frente dos portões do Leste. Huiteng mencionou que você é o melhor mercenário dele. Se você é o melhor entre o que eu vi..."

"Você não recebeu o relatório do dia em que ele surrou metade do seu esquadrão na academia dos guardas, Jin?" Taehyung perguntou, abrindo um sorriso. "Foi no dia que Yoonah..."

Ele pausou, olhando para Yoongi, que fez uma careta.

"Eu estou ciente que minhas irmãs não são as pessoas mais queridas de vocês no momento. Na verdade, de qualquer um. Ninguém gosta das gêmeas."

"Ah, que bom que não sou só eu." Seokjin disse, exalando um ar tão desafiador que Taehyung encarou o primo com olhos acusatórios. Não precisava ficar cutucando Yoongi para descobrir alguma coisa.

"Sim, mas quem exatamente é Ahura? Vocês parecem ter uma boa relação." Namjoon retornou a sua questão.

Jeongguk sorriu nostálgico.

"Sim. Eu e ela somos melhores amigos, mas ela sempre foi muito melhor comigo do que eu era com ela. Huiteng costumava nos parear em missões maiores porque as habilidades dela completam as minhas e ela era a única pessoa que consegue me controlar." Ele corou e olhou para Taehyung. "É estranho?"

"Não." Taehyung sorriu abertamente para ele. "É maravilhoso que você a tivesse. Quero conhecê-la para agradecer pessoalmente."

Jeongguk respirou mais livremente ao ouvir isso. Taehyung estava sendo honesto, realmente agradecia por Ahura ter cuidado tão bem de Jeongguk quando não tivera a oportunidade. Ela parecia uma mulher maravilhosa.

"Ela é incrível." Jeongguk sorriu. "Vocês iriam gostar dela. Já imagino ela andando por aí... Quando tudo isso acabar vai ser muito bom introduzir vocês."

"Na verdade, Jeongguk." Seokjin chamou a sua atenção. O mais velho sorria um pouco, um sorriso que apesar de pequeno era verdadeiro. "Eu a convidei para trabalhar comigo. Ela é muito boa e tem muita habilidade, seria muito bom ter ela ao meu lado. Ahura realmente é muito marcável."

Jeongguk abriu um sorriso tão grande que fez o coração de Taehyung bater mais alegre.

"Sério?"

"E eu mentiria para você?" Seokjin ergueu uma sobrancelha, também sorrindo.

"Seria um sonho, hyung, obrigado. Mal posso esperar para ver Jimin, Hoseok e revê-la. Espero que ela esteja bem no Sul. Tenho sentido muito a falta dela nesses últimos dias."

Seokjin compartilhava do mesmo desejo. Não planejava contar ao mais novo sobre o que descobrira com a ruiva, sobre ela ser apaixonada por ele. 'Como não poderia?' Ele entendia o que havia atraído ela no mais novo. Apesar do pouco que ela havia deixado que ele conhecesse, ele via que ela era solitária. Solitária e em desespero por esperança. Jeongguk, com seus enormes olhos azuis que pareciam duas joias era exatamente o que ela procurava. Seokjin não conhecia o Jeongguk mercenário, o Jeongguk vazio e profundo em seu trabalho de assassino, mas ele tinha certeza que mesmo em suas piores noites o Jeon ainda era a luz de Ahura. E agora vendo Taehyung olhando para o mais novo com tanto carinho... Jeongguk havia se tornado a luz do rei também.

"Foi assim que eu vivi nos últimos dezesseis anos. Fome, sangue, algumas coisas mais... Mas estou aqui agora." Jeongguk suspirou. "Como foi com você, Yoongi?"

Yoongi pareceu surpreso por ser perguntado isso, olhando para Jeongguk com uma mistura de choque e agradecimento.

"Bem..." Ele começou. "Meu pai é uma pessoa horrível, como vocês já sabem. Minha mãe era a herdeira do clã Min, um clã que era contra as famílias reais e o sistema dos dragões. Eles eram especialmente opostos aos Jeon. Não sei exatamente como eles acabaram se apaixonando, mas se casaram e minha mãe morreu no meu parto. Meu pai já era louco antes dela, mas meu tio costumava dizer que ela era a âncora dele. Quando ela morreu no deserto ele percebeu que se as coisas fossem diferentes, se ele tivesse sido o rei, minha mãe não teria morrido porque ele teria coisas melhores a oferecer a uma mulher grávida do que apenas comida rasa doada pelo resto dos reinos de Erawan. Não que eu não agradeça a você, Taehyung. O que você faz por Selsmire... Só estamos vivos por você e seu pai."

Taehyung pareceu tocado, seus olhos suavizando. Ele baixou a cabeça, agradecido pelo reconhecimento e um tanto tímido. Não fazia o que fazia por elogios, fazia porque acreditava que tinha o suficiente para poder ajudar mais do que seu próprio povo.

"Quando meu pai conseguiu ir até Vellairia e matou o irmão... Ele se tornou o rei. Ele matou todo o clã Min após, para que ninguém revelasse nada sobre como ele chegou no topo. Eu sou o último Min de sangue do ramo principal."

Aquilo era... Horrível. Doentio, tenebroso, errado. Matar a família do próprio filho, a identidade dele... Seokjin decidiu naquele momento que Yoongi merecia muito mais. Ele era um homem que havia sofrido tanto, mas ainda continuava lutando pelos outros, pelo seu povo. Apesar de torcer para Jeongguk tomar seu trono legítimo, Yoongi era tão líder quanto o outro.

"Minhas primas também são Min, elas estão no Oeste agora, apesar de elas serem parentes mais afastadas nós somos os últimos do clã. Meu pai usou o sobrenome da minha mãe quando casou, mas minha irmã, Heejin... Ela gosta de se autointitular Jeon, diz que por não ser filha da minha mãe não carrega o sobrenome. Somin não se importa, mas eu gosto quando ela se chama Min." Ele pausou, corando. "Desculpem, estou divagando."

"Não. Por favor, continue." Jeongguk pediu.

"Ah, tudo bem. Bem, meu pai trouxe as gêmeas para Vellairia pouco tempo depois do massacre dos Min. Elas eram crianças na época, filhas de uma prostituta... Nunca perguntei, realmente. Heejin tinha olhos azuis o que provava que ela era filha dele, então nunca me importei de quem elas eram filhas. Minhas irmãs são... Complicadas. A família toda é." Ele olhou para Jeongguk com olhos arregalados. "Tirando você, claro. Provavelmente somos os únicos sãos na linhagem. Bailong realmente enlouqueceu a todos."

Jeongguk franziu o cenho.

"Bailong nos enlouqueceu?"

"Ah, sim. A vontade dele de ir embora, ser livre... O ódio dele pelo elo e pelos hospedeiros enlouqueceu os Jeons pouco a pouco. É incrível que você esteja aqui são e saudável, inclusive. Jimin estava apavorado com a ideia de você morrer antes de ele rever você."

Jeongguk olhou para baixo. Era verdade? Bailong queria matá-lo? Isso não fazia sentido na sua cabeça. Ainda lembrava da conversa que tivera com o dragão quando criança, quando ele o deu forças para sobreviver. Bailong havia o salvado. Não conseguia entender.

"Você vai ter que me explicar isso mais tarde, eu realmente não consigo aceitar." Jeongguk disse, balançando a cabeça.

"Claro. Eu queria mesmo conversar com você à sós. Você disse que ficou dezesseis anos sem acesso aos seus poderes, não é? Você deve ser horrível controlando gelo."

Jeongguk abriu e fechou a boca, sem ter como se defender.

"Eu nunca fui bom, nem mesmo quando criança. Sempre foi conectado com as minhas emoções e eu nunca fui bom em controlá-las." Ele tentou explicar, tudo enquanto Yoongi ouvia atentamente e balançava a cabeça em confirmação. "Quando eu estava nervoso transformava minhas pegadas em gelo, quando estava triste chorava lágrimas congeladas, quando estava... Bem, grandes emoções desencadeiam reações maiores."

Namjoon lembrou do dia que ele primeiro havia visto Taehyung, como havia congelado o piso em um raio de um metro e mais recentemente, na biblioteca quando Bogum havia sido morto, como havia criado estalagmites de um metro e meio que precisaram ser serradas para serem retiradas do local.

"Entendo. Se você quiser e se o rei concordar, eu teria prazer em ensiná-lo." Yoongi ofereceu.

"Ah, não sei... Quero dizer, eu estou no Leste, meus poderes não são os melhores aqui..."

Jeongguk foi interrompido por Yoongi que ergueu a palma da mão direita e apertou algo invisível. A temperatura desceu vários graus ao ponto de Taehyung se encolher. Jeongguk imediatamente se sentiu melhor, como quando o Min havia enviado uma onda de gelo no seu peito na noite que havia chegado.

Quando o Jeon teve certeza de que Yoongi iria parar de se exibir, um cristal de gelo caiu na sua cabeça. Por todo o canto no gabinete de Taehyung, pequenos cristais se formaram, caindo no piso e derretendo rapidamente, surpreendendo a todos.

"Como você faz isso?" Jeongguk perguntou encantado.

"Porque eu tive dezesseis anos de treinamento. E sou um excelente professor, então você tem sorte." Yoongi respondeu, fazendo um gesto com a mão que acabou com a chuva de cristais.

"Se sua oferta envolver Jeongguk mais confiante com seus poderes e vocês poderem criar um laço maior, não tenho nada contra." Taehyung concordou para a alegria do Jeon.

"E eu vou retomar as lições de Mingyu." Seokjin disse, entrando na conversa. "Ensinar você a dobrar o fogo."

Jeongguk estava muito feliz.

"Tem mais uma coisa." Yoongi chamou a atenção de todos. Seokjin imediatamente apertou os olhos, observando o Min cautelosamente. "Isso pode soar estranho, mas... É possível que vocês tenham uma sala no subsolo com... Frases escritas?"

Namjoon e Jeongguk se entreolharam, imediatamente lembrando do dia que haviam descoberto a sala da Primavera abaixo da biblioteca. Como Yoongi sabia sobre ela?

"Por quê?" Seokjin perguntou, a voz pingando com suspeita.

"Porque há uma abaixo do castelo de todos os reinos e elas estão conectadas." Yoongi respondeu, sabendo que soaria mal, mas era melhor do que guardar segredo.

"É essa a sala que Jimin fala na carta?" Taehyung questionou olhando fundo nos olhos de Yoongi. "Ele disse que você daria os detalhes. O que é essa sala? O que ela tem a ver com a da Primavera?"

Yoongi suspirou e mordeu o lábio, claramente nervoso sobre o que diria.

"Eu tenho a teoria de que essas salas foram criadas pelas primeiras famílias reais. Os Kim, Park, Jung e Jeon originais e elas são conectadas com o poder dos dragões das estações, suas habilidades de ver o futuro." Ele explicou primeiro, falando pela primeira vez sobre a teoria que havia pensado enquanto cavalgava pelo deserto de Selsmire. "Elas estão sob os castelos originais das capitais dos reinos e estão cobertas de frases escritas em ouro na língua anciã. Essas frases contam tudo sobre a era dos dragões, desde o começo até o fim enquanto os acontecimentos desenrolam no presente. No Oeste a sala está sendo coberta de frases agora mesmo. Foi como eu e Jimin descobrimos que você estava no Leste, Jeongguk."

"Espere." Seokjin levantou uma mão, pedindo tempo. "Está me dizendo que todas os reinos sabem o que está acontecendo agora por causa de uma sala antiga?"

"Não. É como um diário de bordo: cada reino tem a sua parte da história. Aqui na Primavera, por ser a primeira estação, está escrito o começo da era dos dragões, o nascimento dos reinos e os primeiros reis de Erawan. No Verão, a segunda estação, eu imagino que está escrita toda a era dos dragões após ser estabelecida, cobrindo todas as guerras e batalhas, toda a história de Erawan. No Outono, porém, as coisas começam a findar. A primeira frase escrita nas paredes da sala do Oeste foi a era dos dragões começa o seu fim."

Jeongguk tremeu. Ele sentia que sabia o que aquilo tudo significava, mas não conseguia apontar o motivo de saber.

"Se está sendo escrito no Outono isso quer dizer que ainda temos algo a ser feito, não é? Impedir?" Namjoon perguntou, já pensando em várias coisas, tentando juntar o que sabia com o que descobria agora.

"Eu duvido. Mas eu acho que vá demorar. Quero dizer, a era dos dragões tem mil anos, ela não vai terminar em meses." Yoongi respondeu dando de ombros. "Eu não me preocuparia com isso agora se fosse vocês. Enquanto a sala do Inverno não for escrita, a era dos dragões não terminou ainda."

"Eu já estive lá." Jeongguk disse, fazendo com que todos olhassem para ele. "Há dezesseis anos. No dia que meus pais foram mortos. Eu precisava fazer o ritual no mesmo momento que Junghyun." As palavras começaram a enrolar na sua garganta, fazendo ele ter que respirar fundo para pensar direito. "Sungdo me levou até a sala do Inverno. Ele não sabia o que era, disse que era um quarto antigo, com passagens para fugir do castelo se houvesse algum problema. Havia um túnel que levava até o templo do Sul, que foi onde Junghyun estava fazendo o ritual dele."

"Então isso quer dizer que você se transformou em Bailong e foi aceito como hospedeiro dele na sala do Inverno? Isso é... Bem você." Seokjin comentou.

"Bailong disse que eu morri quando ele me escolheu porque eu tinha apenas seis anos. Eu fiquei preso em uma dimensão esquisita, meu corpo se desfez e eu só consegui voltar porque..." Ele pausou e um leve rosado coloriu suas bochechas. "Eu só consegui voltar porque lembrei de Taehyung através do elo que temos. Eu me lembrei dele chamando pelo meu nome."

Taehyung ergueu a cabeça para Jeongguk, a boca aberta em surpresa e os olhos crescendo. Foi como assistir o desenrolar de uma flor desabrochando. Os três no gabinete desviaram os olhos quando Jeongguk olhou para o Kim com timidez e Taehyung começou a abrir um sorriso tão genuíno que lhes fez sentir que estavam se intrometendo em algo particular.

"Bem, isso esclarece uma das minhas dúvidas." Namjoon voltou a falar após alguns segundos. "Vocês realmente conectaram suas almas quando eram crianças."

"Mais uma razão para Jeongguk começar a treinar seus dons." Seokjin disse, afundando na poltrona. "Se não formos rápidos, a aura de Taehyung vai acabar matando você se continuar aqui."

Ah, sim. Os lados negativos de se estar conectado a alguém da estação oposta. Isso só tinha acontecido três outras vezes na história, nunca entre pessoas da primavera e inverno, mas as consequências eram as mesmas. Yoongi ficou surpreso que Namjoon e Seokjin sabiam disso. Eles deveriam ter estudado história de forma profunda para ter o conhecimento que tinham.

"Agora que eu estou aqui talvez as coisas melhorem." Yoongi disse, apontando para o próprio cabelo. "Bailong me abençoou quando criança, portanto talvez tenhamos uma conexão melhor já que você é o hospedeiro dele. Além disso, eu sou o segundo maior dominador de gelo em Erawan."

"Quem é o primeiro?" Namjoon perguntou.

Yoongi deu um sorriso amarelado.

"Minha irmã Heejin."

Então talvez fosse secretamente uma benção que a princesa sulista que o Leste recebeu havia sido Somin e não Heejin.

"Creio que essa conversa já esteja muito longa, mas ainda tenho mais a discutir. O motivo de eu estar aqui, acima de tudo." Yoongi começou a dizer, correndo uma mão pelo braço do sofá que estava sentado. "Peço que amanhã cedo eu possa continuar a conversa com vocês, Kim Taehyung e Kim Namjoon em um conselho de guerra, um conselho do reino do Leste. Tenho assuntos muito sérios a discutir."

Ele se virou para Jeongguk.

"Amanhã começamos nosso treinamento, logo após minha reunião com o rei. Esteja preparado." Ele se levantou do sofá e fez uma reverência. "Vou pedir que o guarda me escolte para os meus aposentos. Até amanhã, Vossa Majestade, Vossas Altezas."

Yoongi deu as costas e saiu do gabinete, sendo observado pelos outros.

"Ah, sim. Jimin está com certeza gostando dele." Taehyung comentou após o sulista sair. Seokjin e Namjoon o olharam com desgosto. "O que foi? É verdade. Ele tem toda essa aura de negócios, mas dá para ver que é uma pessoa muito carinhosa e amável."

"Você e Jimin, sempre encontrando amor em meio ao caos total." Seokjin rolou os olhos castanhos. "Bem, eu suponho que a reunião seja para discutir sobre o Sul. Não acho que ele esteja mentindo sobre as coisas que disse."

"Ele não estava." Namjoon respondeu. "O que ele teria a ganhar mentindo? Mas me preocupo sobre a era dos dragões. O que tudo isso tem a ver com Suiryu?"

"Eu tentei lhe dizer aquele dia, Namjoon." Jeongguk entrou na conversa. "Eu acho que Suiryu é um dragão."

"Um quinto dragão?" Seokjin franziu o cenho.

"Não um quinto." Jeongguk balançou a cabeça em negativa. "Suiryu são os quatro dragões."

Mesmo sendo apenas uma teoria, por dentro ele sabia que estava certo. Suiryu não era apenas um dragão, era o dragão das estações. Talvez houvesse algo nas paredes da sala que comprovasse isso.

"Talvez você esteja certo, Jeongguk." Namjoon mordeu o lábio. "A última coisa que eu descobri foi que as quatro famílias quebraram o tesouro que descobriram em quatro partes. Faz sentido que Suiryu seja o dragão das estações que foi dividido em quatro seres."

Ninguém quis dar voz ao que isso implicava. Se era possível que o dragão, Suiryu, tivesse sido quebrado em quatro, talvez ele pudesse ser reunido em um novamente. Talvez ele pudesse deixar de ser os quatro dragões das estações para se tornar um único dragão. Por dentro, Jeongguk se arrepiou. Talvez fosse isso que Suiryu e a era dos dragões queria dizer.

"Toda essa conversa está revirando o meu cérebro e diferente de vocês eu realmente uso o meu." Seokjin disse, colocando uma mão no rosto. "Eu vou enviar uma carta aos generais do Leste convocando-os para a reunião amanhã então irei dormir e amanhã continuamos. Jeongguk, eu deixarei você saber quando terei tempo para ensiná-lo a dominar fogo. Adeus, primos e irmãozinho."

"Ah, nós somos os primos e ele é o irmãozinho?" Taehyung fez um bico, provocando uma risada de Jeongguk. Seokjin apenas acenou para ele e saiu do gabinete sem dizer mais nada.

"Acho que vamos ter que nos acostumar com Jeongguk estando no topo agora." Namjoon sorriu para os dois e se levantou, indo até Jeongguk e o abraçando forte. "Até amanhã vocês dois."

"Espera e o meu abraço?" Taehyung reclamou. Jeongguk riu alto e passou uma mão pelos seus ombros enquanto Namjoon ria e se apressava para fora do gabinete. "Você está roubando os meus primos, Gguk."

"Você sabe que no meu coração só tem espaço para um dos primos Kim." Jeongguk sorriu para ele, que corou.

"Comigo é diferente. Você não sairia por aí beijando Namjoon, sairia?"

"É, com você é diferente." Sempre havia sido diferente. Desde o minuto em que Jeongguk viu Taehyung, tão pequeno, reverenciando os Jeons dentro do templo do Leste no dia do seu ritual, Jeongguk sabia que ele era diferente. Eles eram amigos, sim, mas além disso havia muito mais. Jeongguk não sabia dizer se era a conexão entre eles ou se apenas era assim, mas ele sentia todo o seu coração bater por Taehyung. E quando Taehyung olhava para ele, via o mesmo naquela imensidão verde esmeralda de seus olhos.

Ainda era muito cedo para dizer ao Kim o que sentia por ele, mas ele já sabia o que era. Talvez fosse porque estavam conectados, mas... Ele sabia que não tinha como escapar de sentir aquilo. Tão porque Taehyung era Taehyung, Jeongguk iria se apaixonar por ele em qualquer universo e em qualquer tempo.

"Você quer dormir no meu quarto hoje novamente?" O Kim perguntou, umedecendo os lábios. Jeongguk sorriu e o beijou a ponta do nariz.

"Hoje não. Passamos um dia e meio juntos, amanhã você tem uma reunião muito grande e eu preciso me preparar para treinar com Yoongi."

"Talvez você devesse vir comigo, Gguk. Você vai precisar se acostumar com esse tipo de coisa. Você vai ser o rei do Sul, afinal."

Jeongguk travou. Ele, o rei? Ele nunca havia pensado sobre isso. Lembrava que Ahura havia lhe perguntado o que aconteceria com o Sul quando eles matassem Jeonggi, mas ele havia dado de ombros, julgando que faltava muito para pensar nisso. Agora as coisas estavam batendo na sua porta e ele agora queria acreditar que, de certa forma, Yoongi herdaria o trono.

Mas então lembrava uma das poucas memórias que ainda tinha do pai: sempre deveria ter um Jeon no Sul.

"Veremos." Ele disse, beijando Taehyung mais uma vez. O Kim sorriu e lhe beijou a testa, com afeto transbordando pelos olhos. "Vamos lá."

Os dois saíram juntos do gabinete do rei, de mãos dadas e sorrisos doces. Quando se separaram, cada um indo para seu lado no castelo, Jeongguk ignorou as manchas roxas pela pele, causadas pelo toque de Taehyung.

Ele não havia corrigido Yoongi, mas sabia que a cada dia que passava na Primavera era mais um dia em que se sentia perto de se esvair.


Notas Finais


espero que tenham gostado e obrigada por lerem!!!


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