História Sutilmente - Vou me acabar hoje

Seiya abre de supetão a porta do banheiro, pegando Shun de surpresa, que assustado e tentando esconder desesperadamente suas lágrimas, joga novamente água no rosto.

– Está chorando Shun? – Pergunta Seiya preocupado, já se esquecendo o que viera fazer ali.

– Não Seiya, tá tudo bem. Não se preocupe. – Tenta disfarçar, pegando toalha de papel e enxugando o rosto – Não é nada.

Shun sorri, na vã tentativa de fazer com que o amigo não faça mais perguntas, mas Seiya, após tantos anos, conhece muito bem andrômeda. Sabe que Shun sempre arma aquele sorriso doce e gentil quando está com problemas, mas não quer preocupar os outros.

– Shun, eu te conheço. O que foi?

– Não é nada mesmo... Sua festa está linda. Vai aproveitá-la. Não precisa se preocupar.

– Shun, já que não quer me contar – “Apesar de eu poder imaginar exatamente o que é” – Só escuta o que vou lhe dizer: não permita que ninguém te faça pensar que não merece isso ou aquilo – Ele segura Shun pelos ombros e o olha nos olhos – Você é um cara legal pra caramba, o mais legal que conheço. Qualquer pessoa que tem você na sua vida, pode se dizer abençoada. Digo isso por experiência própria. Você é meu melhor amigo, pode contar comigo SEMPRE.

As palavras de Seiya comoveram Shun, que se sentiu mais confiante. Não iria estragar o grande dia de seu amigo. Iria sair daquele banheiro, dançar, beber e se divertir. Esse era o plano.

– Obrigado Seiya. É meu melhor amigo também... – Diz ele sorrindo, sinceramente dessa vez – Você não ia usar o banheiro?

– Ah é!! – Corre Seiya para dentro de uma das cabines.

Shun ri e quando estava quase saindo do banheiro, ele ouve Seiya chamando-o:

– Shun! Espera! – Grita Seiya de dentro da cabine. Shun para na porta para ouvi-lo – Às vezes, tem pessoas que só são um pouco... Devagar para perceberem as coisas. Só precisam de um empurrãozinho! Entendeu? – Shun não havia entendido, “O que ele quis dizer? De quem ele tá falando? De mim?” – mas preferiu não prolongar aquela conversa. Não em um dia de festa. Quem sabe numa outra hora, ele voltaria ao assunto e conversaria francamente com seu amigo.

– Acho que sim... Obrigado Seiya – E saiu do banheiro para a festa.

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Shiryu senta-se a mesa com Hyoga, que sorri agradecido pela presença do amigo. Não costumava aceitar desaforos de pessoa alguma, muito menos “piti” de mulher, mesmo que essa fosse sua noiva. Não queria estragar a festa de Seiya e Saori, por isso resolveu calar-se. Mas não tinha certeza se aguentaria isso até o final do dia.

– Linda cerimônia, não? – Shiryu comenta sorrindo.

– Belíssima – Hyoga responde sorvendo um pouco de vinho de sua taça.

– Eiri, vamos comigo ali no bar pegar uns drinks? Você fica com Shoryu, amor? – Pede Shunrei dando uma piscada para o marido. Ela era perfeita. Sabia que Shiryu queria conversar com Hyoga e estava ajudando a sumir com Eiri da mesa. Sorrindo, o dragão pega seu filho e pede para a esposa trazer algo para ele também.

As meninas saem juntas, mas não sem antes Eiri dar uma olhada séria para Hyoga. Ela não tinha problemas com o casal chinês. Exatamente por isso, aceitou ir buscar as bebidas. Mas era desconfiada. Não queria que Hyoga saísse daquela mesa para ir até a dos amigos.

– Obrigado. – Agradece Hyoga

– Hyoga, o que está fazendo? – Shiryu fala baixo, afim de que os outros cavaleiros a mesa não escutassem a conversa. – Por que não se sentou lá com a gente?

– Ela surtou. Não quer ir para lá de jeito nenhum...

– E desde quando você aceita esse tipo de coisa sem um motivo convincente?

– Shiryu, não queria brigar com ela aqui na festa. Só isso.

– Hyoga... Olha só, quando você tiver um tempinho, vai passar uns dias lá em Rozan. A gente conversa. Tá precisando espairecer um pouco. Pensar com carinho o que você quer pra sua vida.

– Como assim “o que eu quero”? – Assusta-se o loiro com o comentário – Eu já sei o que quero!

– Aham... Bom, quando você quiser ir lá, sinta-se convidado. – Shiryu encerra o assunto, pois as garotas estavam retornando do bar. Não iria insistir. Sabia que o amigo, mais cedo ou mais tarde, perceberia o que ele queria dizer. Se é que já não sabia! Hyoga é inteligente, mas muito preocupado com as aparências. Não faria nada que pudesse “prejudicar” sua imagem. Não sem primeiro, refletir sobre as consequências.

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Shun saiu do banheiro decidido “Vou me acabar hoje”, indo direto para a mesa, encontrando Shina e o irmão a conversar. Sentou-se e começou a beber. Rápido. Engolia o vinho como se fosse suco de uva. Ikki levantou as sobrancelhas observando a atitude do irmão.

– Shun, vai com calma...

– Hoje não, Ikki. Me deixa... Só hoje, por favor. – Shun estava sério. Ikki assustou-se com a expressão do mais novo. Queria que Shun se divertisse, mas sem dar vexame. – Então, beberei com você! Um brinde a nós! – Levantou o copo de cerveja que estava tomando. Shina uniu-se ao brinde com sua taça e todos sorriram.

Os três iniciaram uma gostosa conversa quando Shun pegou na mão de Shina e a puxou para a pista de dança.

– Dança comigo? – A moça o acompanhou e Ikki, sorrindo, observou os dois, um tanto desajeitados pelo álcool, dançando felizes no salão.

Hyoga observava a cena, sério. Também estava dançando e não pode deixar de notar o outro rapaz, ali, se divertindo tanto com a amazona de cobra. Minutos se passaram e Hyoga permanecia estático.

– Shun, non olhe. Tem un certo rapaz te encarando. – Sussurrou Shina no ouvido de Shun.

– Quem??? – Curioso, Shun fez menção de virar-se, mas foi impedido pelas mãos da amazona, que o mantiveram virado para ela.

­– Você sabe molto bene de quem estou falando... – Levantando uma sobrancelha, Shina sorri maliciosamente para Shun. Ela sabia perfeitamente que o rapaz havia entendido.

Ele arregala os olhos, assustado “Oh meu Deus! Ela sabe? Como ela sabe? Peraí... O Hyoga está me olhando? Isso é sério?” – pensava virando-se devagar, procurando o loiro. Não precisou olhar muito, Hyoga estava tão próximo que Shun sentiu o coração falhar uma batida, ao constatar que era verdade. O cisne, o olhou como quem estivesse decepcionado, virou-se e saiu da pista de dança. Shun entrou em choque. Não sabia o que fazer. Shina o agarra pelos braços e o empurra na direção de Hyoga.

– Non fique aí parado! Vai atrás dele!

Shun sai em disparada atrás de Hyoga, que sai da área da festa, entrando num dos templos ali perto.

– Hyoga, espere! – Desesperado, Shun corre até alcançar o amigo, o agarrando pelo braço e virando-o para que o olhasse de frente.

Hyoga não disse uma palavra. Encarava os olhos de Shun sem piscar. O coração de andrômeda disparou. Sua respiração ficou mais pesada, estava nervoso com a proximidade dos corpos de ambos. Hyoga agarrou-o pela camisa e o puxa para um beijo. Os olhos de Shun se arregalaram quando sentiu os lábios macios do cisne roçarem os seus, a língua abrindo passagem para invadir sua boca. Não podia acreditar no que estava acontecendo! Fechou os olhos e retribuiu o beijo. Hyoga beijava-o com urgência. Suas mãos soltaram a camisa de Shun e migraram, uma para a nuca e a outra para a cintura do rapaz. Shun o abraçou com ternura. Suas mãos descendo pelas costas de cisne que o segurava com firmeza. Hyoga agarra Shun pelos cabelos, ditando o ritmo do beijo. Shun apertou o abraço, trazendo o loiro mais para junto de seu corpo. Aos poucos, Hyoga separa seus lábios dos de Shun, encerrando o beijo. As respirações ofegantes eram tudo o que se ouvia. Silêncio. Nenhum dos dois dizia uma palavra. Hyoga se afasta devagar do abraço de Shun e o observa confuso.

– Hyoga... – Sussurra Shun vendo seu amor sair do templo e o deixar sozinho.

CONTINUA...