História Take Me - A Guerra dos Ursinhos

A GUERRA DOS URSINHOS

Itachi e Izumi estavam sozinhos no elevador do hospital e aquilo era algo difícil de acontecer. Normalmente a caixa metálica estava lotada de pacientes, visitantes e funcionários. O Uchiha passou um braço ao redor da esposa que grudou seu corpo ao dele, ambos sorriram. Não poderiam estar mais felizes. Dez dias haviam se passado e - finalmente - Sarada tinha ganhado uma promessa do médico: Seria transferida para um quarto comum ainda naquela tarde.

Aquilo significava que em breve a menina iria receber alta.

Itachi segurava um envelope pardo nas mãos enquanto Izumi tratava de carregar quatro ursinhos de pelúcia nos braços. Os dois passaram na loja de presentes para comemorar o recente feito da sobrinha, queriam presenteá-la com um ursinho de pelúcia. Mas estavam tão eufóricos que não conseguiam decidir qual. Na duvida cruel, ficaram entre os quatro mais charmosos da loja.

Eram estes: Um rato usando um tutu de bailarina com brilho.

Um tigre de olhos enormes e traços cartoonescos com uma cartola de mágico presa entre as orelhas.

Um urso panda com asas de fadas em suas costas rechonchudas.

Um unicórnio extremamente colorido e com detalhes de estrelas pelas patas.

Tudo mágico para uma menina mágica !

O elevador parou dois andares abaixo de onde estavam indo e assim que as portas abriram, uma quantidade enorme de pessoas de branco levando uma maca apontaram do outro lado da porta. Sem muita escolha, o casal saiu do elevador para dar preferência á emergência.

- Parece que perdemos nossa carona. - Izumi comentou. Fitou os elevadores ao lado de onde acabaram de sair, a fila estava enorme diante destes. - Vamos de escada ?

O esposo concordou. Tinham parado no andar de maternidade, o choro de crianças recém nascidas pairava no ar. Itachi caminhou atrás do som, enquanto a esposa seguia seus passos, curiosa de onde o moreno estava indo.

Acabaram diante de uma grande parede de vidro que separava as pessoas de um quarto com berços hospitalares para recém nascidos.

Havia um burburinho onde muitos homens se espremiam para ver os bebês, era claro que aquelas crianças tinham acabado de nascer e as mães ainda não estavam em total condição para cuidar de suas crias. O Uchiha conseguiu abrir passagem até o vidro, puxando Izumi para lhe acompanhar.

- Olha só que gracinha ! - Ele disse, estalando a língua e indicando um recém nascido loiro extremamente cabeludo. - Olha só como essa criança tem cabelo !

Izumi observou o bebê e confirmou para o esposo.

- Realmente.

- Lembra quando Sasuke apareceu com Sarada pela primeira vez ? Enrolada naquela manta amarela.

Claro que Izumi lembrava. Como poderia esquecer ? Era um domingo, pela hora do almoço. O cunhado estava avisando que iria adotar uma criança já há algum tempo, mas ninguém estava realmente acreditando naquilo. Até que ele apareceu com Sarada nos braços.

O almoço foi completamente esquecido enquanto a menina passava de um colo para o outro, sendo paparicada. Ela tinha quase cinco meses de vida, olhos enormes e um sorriso doce capaz de derreter qualquer coração.

Na época, Izumi não sabia nem como se carregava uma criança daquele tamanho.

Mas ela a olhou e sorriu para a mais velha. Era realmente uma menina especial.

Quando fitou o marido, Itachi estava distraído olhando para o que havia do outro lado do vidro, ele demorou para sentir os olhos negros de Izumi em si.

- O que foi ?

Por mais que gostasse da sobrinha, aquilo não mudava sua opinião sobre não querer filhos.

- Nada. Vamos ?

Ela apertou os ursos de pelúcia. Itachi confirmou, apertou o envelope contra o tórax e puxou um dos ursos das mãos dela. Eles trocaram um sorriso.

Afastaram-se um pouco e então ela estagnou.

- Itachi ?

- Sim ?

O moreno também parou, tinha dado mais alguns passos além dela, girou o corpo e voltou, afim de ficar frente a frente com a esposa.

- Eu não quero nada disso. Você entende, não é ?

Ele confirmou. Travava uma batalha interna com aquele assunto. Algo em si clamava por uma criança, o outro lado sabia que para conseguir aquilo, significava terminar seu casamento.

- Eu escolhi você, Izumi.

- E não vai se arrepender daqui a vinte anos ? Você tem altas tendências a ser um velho rabugento.

Ele riu.

- Velho rabugento ? Você é uma cretina.

Foi à vez dela dir.

- Vai estar comigo daqui vinte anos ?

- É o plano.

- Então para mim está bom...

- Você desistiu por mim ?

- Eu cedi por você, foi uma escolha, é diferente. - Ele indicou o urso que estava segurando. - Eu escolhi esse e sei que vai ser o favorito dela.

- Esta brincando ? Tenho certeza de que será um dos meus.

Voltaram a caminhar, subiram pelo elevador abarrotado de gente até o andar correto. O Uchiha provocava a esposa com o urso panda que estava em suas mãos. Quem ela pensava que era ? Definitivamente o panda ganhava do unicórnio e do tigrinho... O maior desafio era o rato. Vencer do um roedor usando trajes de bailarina era algo complicado.

Encontraram os dois Uchihas mais velhos guardando o território de algumas cadeiras na sala de espera. Itachi passou o envelope para as mãos do pai e o mesmo ronronou ao ver o panda nas mãos do filho.

- Pra mim ? - Ele perguntou, meteu o envelope em baixo do braço e roubou o urso do filho mais velho. - Isso é um panda ou um cachorro ?

- Um panda. - Izumi respondeu. - Acha que Sarada vai gostar ?

Ele confirmou.

- É por isso que eu vou dar isso a ela.

- O que ? - Itachi estava indignado, seu próprio pai tinha roubado o seu presente. Seu presente ganhador, diga-se de passagem.

- Cada um vai dar um urso a ela ? - Quis saber Mikoto. - Passe um para cá, querida.

Izumi entregou o unicórnio para a sogra.

- O que é isso ? - O monstro do lago ness depois de um banho de arco-íris. - Fugaku respondeu e a esposa riu.

Izumi entregou o tigre ao marido.

O sorriso sacana nos lábios, ela estava mantendo o rato como refém.

Conversaram por cerca de meia hora até Sasuke e Sakura saírem da semi intensiva, não que os dois tivessem reatado deu relacionamento, muito pelo contrario o moreno mantinha-se firme com o fato de não querer mais nada com a mulher, mesmo que seu coração implorasse para seu cérebro perdoá-la. Conversavam diante da menina e depois, o Uchiha se calava e não falava mais nada.

Por vezes Sakura tentou puxar assunto, na maioria delas ganhava apenas um olhar de desinteresse ou um muxoxo. Ela já não sabia como poderia conquistar o perdão do homem. Talvez nem com o tempo tivesse aquilo.

Porém naquela tarde, ambos tinham um sorriso largo nos lábios, o médico lhes entregou uma ótima noticia: Sarada seria transferida para a ala pediatrica comum dali a mis alguns minutos !

Um quarto comum significava que não precisariam de horários de visitas. Agora faltava pouco... Mais alguns dias hospitalizada e ela poderia - Finalmente - voltar para casa.

- São boas noticias ? - Mikoto perguntou ao filho quando este se aproximou Sasuke concordou. - Chega de semi intensiva ?

- Hoje foi o ultimo dia dela !

- Ah !

Os Uchihas começaram a conversar em um burburinho alegre e descontraído sobre aquilo, riam de alivio. Sakura permanecia calada, parada ao lado de Sasuke. Itachi sorriu com amabilidade para a moça mais nova e então ela percebeu que cada um tinha um urso de pelúcia nas mãos.

- Vocês estão apostando de qual urso ela vai gostar mais ?

Itachi confirmou e então Sakura indicou o que estava nas mãos de Izumi.

- Acho que o ratinho ganha.

- Izumi é uma sacana, ela ficou com o melhor bichinho.

Para mostrar suas verdadeiras intenções, trocou o rato bailarino com o tigre mágico de Itachi. Satisfeito por estar com o possível ganhador nas mãos, soltou a bomba:

- O resultado do teste chegou.

- Que teste ? - Sasuke quis saber, curioso. Sakura sabia exatamente do que o outro Uchiha estava falando.

- Filho...

Mikoto chacoalhou o monstro do lago ness de chifre em suas mãos.

- ...No dia em que trouxemos Sakura, fizemos um acordo com ela.

- Um acordo ? Que tipo ?

- Eles me pediram para fazer um teste de DNA e contrataram um novo detetive para averiguar tudo o que eu descobri.

E por que ninguém tinha contado aquilo para Sasuke ?

- Iriamos te contar, filho. Até tentamos, mas você estava no mundo da lua.

Ele bufou, sentou-se em uma cadeira vaga. Sabia que a mãe estava tomando a dianteira por ele estar um caco diante do que aconteceu com Sarada. Aquilo era realmente algo que precisaria ser feito e acertado de uma vez.

Sakura tinha se mostrado uma pessoa realmente interessada na menina, veio diversas vezes ao hospital e conseguiu fazer a criança comer como o médico havia pedido. Ela estava sempre pronta para mover as montanhas se o assunto fosse Sarada. Analisou a mulher que estava de pé diante de toda a sua família: sendo julgada.

Sakura usava um casaco vinho abotoado na frente, com detalhes de flores em relevo, calças jeans e sapatos de salto alto pretos.

O mais novo dos Uchihas preparou seu coração, aquele momento mudava tudo.

Dava para aquela mulher - mentirosa - força e certo controle sobre sua filha. Filha que ele criou sozinho.

Fugaku abriu o lacre do envelope pardo em suas mãos, retirando os papéis de lá. Entregou tudo nas mãos de Sakura. Esta folheou as páginas com curiosidade.

Seus olhos verdes chegaram ao resultado final, ela o leu diversas vezes, absorvendo a resposta. As palavras faltaram em sua boca. As lagrimas encheram seus olhos que estavam pesados com a realidade. Sem que percebesse, ela tremia contra aquilo, ergueu o olhar até Sasuke, dando alguns passos na direção do moreno e entregando a ele as folhas de papel.

Ela queria esfregar o resultado na sua cara ? Era isso ?

Já não bastava ele ter perdido metade de Sarada para aquela mulher, ela ainda queria esfregar aquilo diante dos seus olhos ?

Pegou os papéis, encararia aquilo como homem, sem dar a ela o gosto de vê-lo abalado.

-... Negativo. - Ele leu e então repetiu. - Negativo.

O que aquilo significava ?

- Como assim, negativo ? - Izumi perguntou para Itachi baixinho. - Itachi o que esta acontecendo ?

Os outros dois estavam muito surpresos.

Sakura soluçou, muitas lágrimas já tinham escapado de seus olhos. Sasuke levantou-se. Por mais que ela estivesse de saltos, ainda assim não conseguia chegar á altura dele.

Encarando-a com dureza, as palavras cheias de veneno saíram de sua boca:

 - Eu sei... Que você não é a mãe dela.