1. Spirit Fanfics >
  2. Teach me... >
  3. One year later

História Teach me... - One year later


Escrita por: thatfun

Notas do Autor


Olarr
Eu nunca fui tão xingada nessa fic, hahaha jesus xente, calma!
Eu demorei mesmo, não teve outro jeito, essa fic travou, eu reescrevi esse cap três vezes, TRÊS FUCKING VEZES. E cada hora era um enredo, porra foi muito difícil e ainda acho que ficou meio merda, mas enfim...
Eu avisei que esse seria o últmo cap, mas ficou tão gigante (24 paginas do word cof cof), q vou dividi-lo em dois, c não, n há quem aguente.
então, aí vai o penúltimo, acho q consigo postar o último hj, oremos.

Capítulo 38 - One year later


Música da última estrofe.

https://www.youtube.com/watch?v=TqrEox67O78

Sleeping at last - Jupiter

 

Doze meses haviam se passado...

As aulas haviam retornado naquela segunda feira, onde o calor ainda se instalava. Escondida em seu habitual escritório na universidade, estava Lexa, atendendo mil e um telefonemas. Era também seu primeiro dia como presidente oficial da universidade, substituindo Wallace Dante. Sentia a pressão no fundo de seus poros, mas como sempre, lidava com muita classe e elegância...E claro, rigidez.

O conselho acreditava muito no trabalho de Lexa, não só no trabalho, mas principalmente na imagem. A morena sabia o quanto sua figura de boa diretora estava sendo usada para salvar a universidade do buraco público que virara após toda a bagunça causada no semestre passado. Tudo estava indo de vento em poupa, embora a constante pressão, essa alavancada na carreira de Lexa antes dos trinta anos a colocou num patamar altíssimo, deixando a morena muito orgulhosa de si. Tudo estava indo de vento em poupa, exceto...

- Bom dia! Cumprimentou Harper, entrando na sala de Lexa.

- Que bom humor. To vendo que seu primeiro salário como secretária presidencial já caiu na sua conta. Brincou Lexa.

- Eu nunca vi tantos zeros na minha vida. Disse Harper impressionada.

- Qual a encherão de saco do dia? Perguntou.

- Na verdade... É mais do que isso. Você sabe bem que o conselho ainda não aceitou sua recomendação para Bellamy te substituir como diretora né?

- Bando de dinossauros, essa universidade é aconselhada pela era jurássica com esse pensamento de que gente jovem não consegue ocupar grandes cargos.

- Lexa, convenhamos que promover você como presidente foi uma baita exceção, passaram por cima de toda e qualquer tradição, ainda mais por você ser mulher. Sabe como são velhos machistas. Não dá pra pedir que mudem de uma vez. Disse Harper compreensiva.

Lexa revirou os olhos, mas no fundo, concordava.

- Pois então, o cargo está vago...Logo...Preciso que você assine alguns papeis ainda como diretora. Disse apreensiva.

- Mas que saco. Bufou Lexa. – O que é?

- Cancelamento de matricula. Disse chateada.

- Todos esses papeis na sua mão são cancelamentos? Meu deus. Disse impressionada.

- Esse ano tivemos muitas baixas.

- Eu não sei o que fazer sobre isso, honestamente. Disse Lexa pegando os papeis que Harper lhe entregava.

- Como não? Se tem alguém que sabe o que fazer, esse alguém é você, Lexa. Acho que ninguém no mundo sabe melhor como tirar essa universidade do buraco como você.

Lexa sorriu de canto, se sentiu bem em ver a secretária e agora amiga, a vendo com olhares tão orgulhosos. Eram tantos os compromissos presidenciais, que Lexa e Harper acabaram se aproximando. O relacionamento de Harper estava indo de vento em poupa com sua nova namorada e Lexa se tornara sua confidente. Afinal, nos choros esporádicos no meio do dia, mal humor diário e reclamações sem fim, era Harper que dava seu ombro amigo para Lexa lamentar.

Lexa assinou um por um dos contratos entregues. No piloto automático, olhava o nome e o curso. Até que chegou na letra G.

“Curso: Administração. Nome: GRIFFIN, Clarke”.

Seu coração falhou múltiplas batidas com o que seus olhos avistaram.

- Clarke. Disse em voz alta.

- O que? Perguntou Harper.

- Clarke está cancelando a matricula. Você sabia disso? Perguntou irritada.

- Não. Eu não li todos os nomes. Mas Lexa... Isso já era um pouco esperado né? Disse a garota com voz suave.

Lexa visualizava aquela folha, como se seus olhos estivessem presos naquela visão. Harper estava certa. Era óbvio que Clarke não voltaria a estudar ali. E Lexa não podia culpa-la, aliás, Lexa sabia que não podia culpa-la por nada, nem mesmo por se afastar da maneira que fez.

Foram os doze meses mais desesperadores da vida de Lexa. Ela tentara encontrar Clarke durante dois meses, usou tudo o que podia, só não apelou para detetives particulares, pois seus amigos interviram nessa loucura.

Clarke desativara todas suas redes sociais. Ninguém tinha notícias da loira fora seus pais, que se recusavam a dar qualquer informação sobre seu paradeiro, a pedido da mesma. Nem mesmo Lindsey e Octavia tinham notícias, embora também compreendessem a situação de Clarke.

Depois de uma longa e cansativa conversa com Ontari e Bellamy, Lexa decidira parar de procurar por Clarke e lhe dar o tempo e espaço que ela estava precisando. Mas isso não lhe acalmou a mente, tão pouco o coração, que batia acelerado a cada lembrança, a cada noite mal dormida sonhando com a loira, a cada quadro contemporâneo que via, a cada bufada que dava.

Uma semana antes do retorno das aulas, Lexa estava completamente descompensada. O estresse diante de tudo e a paranoia por não ter Clarke por perto quase a levaram a loucura. Tirara cinco dias de folga e ficara em um retiro, um spa que Ontari lhe indicara. Por mais que não acreditasse em coisas como Yoga, meditação e energias, decidira dar uma chance e não se arrependera. Foi a semana mais relaxante que tivera desde que vira Clarke pela última vez.

- Bom dia, moças. Disse Kane ao adentrar a sala.

- Sr. Kane.  Disse Harper educadamente.

- Harper, querida. Deixe-me abusar dessa sua cordialidade encantadora e pedir um café com açúcar? Minha digníssima secretária está resfriada. Disse chateado.

- Mas é claro. Disse Harper sorrindo. Era até difícil negar algo a alguém tão educado.

- O que houve, flor do campo? Perguntou se apoiando na mesa e encarando Lexa que permanecia cabisbaixa.

- Clarke... Ela...Cancelou a matrícula.

- Oh, não. Disse se sentando. – Ela deu alguma notícia?

- Nada. Só recebi esse papel hoje.

Kane pegou papel na mão e o leu rapidamente, franzindo as sobrancelhas reparando num pequeno detalhe:

- Mas aqui tem um endereço de contato. Disse.

- Deve ser dos pais dela. Disse Lexa, ceticamente.

- Olha só. Jurava que o casal Griffin residia em Los Angeles. Disse colocando o papel de volta na mesa.

- Mas eles residem lá.

- O endereço que consta aí fica em Pasadena.

Lexa franziu as sobrancelhas, achando aquilo um absurdo:

- O que?

- Veja. Disse mostrando a folha. Atente-se ao cep.

- É... É Pasadena. Porque colocariam um endereço de Pasadena? Perguntou ao vazio.

- As vezes se mudaram.

- Não! Impossível. Clarke dizia que sua mãe amava morar em Los Angeles, além do mais, os dois têm negócios por lá, a mulher não deixaria sua clínica por nada.

- Parece que deixou. Disse Kane dando de ombros. – Liga pra casa deles, em Los Angeles.

- Ótima ideia. Disse pegando seu celular e discando o número que já sabia de cor por tantas as vezes que insistira em saber sobre Clarke. – Alô?

- Residência Griffin. Pois não?

Lexa não reconhecera a voz e isso a deixou irritadíssima.

-  Quem fala? Perguntou rudemente.

- Com quem deseja falar?

Lexa bufou irritada.

- Eu sou a decoradora da mansão, queria confirmar com a Sra. Griffin o melhor horário pra comparecer. Soube que ela foi passar uma temporada em Pasadena, mas já retornou, certo? Lexa perguntou, nervosa, improvisando até sua alma.

Kane a olhava chocado com a perspicácia da morena.

- Oh, sim. Disse a moça do outro lado. – O casal retornou ontem pela noite, mas ela está na clínica agora, quer que eu avise que a senhora entrou em contato? Perguntou.

- Eu retorno. Outra coisa, quando a senhora for pra Pasadena, dê um beijo na menina Clarke. Faz tempo que não a vejo. Disse com o coração na mão.

- Eu não costumo ir a casa de Clarkezinha, mas mandarei seu beijo. Qual seu nome? Perguntou delicadamente.

Lexa desligou o telefone, respirando fundo.

- Eu desconhecia esse seu lado, Pramheda. Disse Kane, ainda impressionado. – Como fez isso?

- Eu sabia que Abby não abriria mão de Los Angeles. Disse com certeza. – Clarke vivia indo pra lá com Lindsey. A menina é de Pasadena e toda a família ainda vive lá... Clarke sempre dizia o quanto adorava aquela cidade, não acho que os Griffins teriam uma casa lá só pra passar o verão.

- Que perspicaz. Disse admirado.

*************

O dia se passou, e Lexa continuava inquieta, não se concentrava em suas atividades. Encontrara o telefone de Clarke buscando pelo endereço na internet, mas não tivera coragem de ligar.

Girou em sua cadeira, ficando de frente pra sua vasta estante de livros, a distração a levou a uma lembrança gostosa, quando fizera Clarke a ajudar a carregar coisas em seu escritório, pra brincar com a cara da loira. Clarke caíra e machucara o tornozelo. Lembrar como se sentiu ao ficar próxima de Clarke naquele dia, fez seu coração bater forte, ansioso.

Se levantou agitada, pegou a chave de seu carro e saiu:

- Volta hoje, Lexa? Perguntou Harper.

- Não. Cancele tudo. Disse, sem olhar pra secretária, que a obedeceu prontamente.

Lexa colocou no GPS o endereço que constava na folha de cancelamento de Clarke. Era uma rota de cerca de cinco horas.

***********

Eram 20h quando Lexa chegara no endereço. Era um bairro luxuoso, a casa embora pequena, tinha seu charme, um chame que devia ter custado uma pequena fortuna. As luzes estavam acesas. Lexa parou seu carro na frente do jardim e encarou. Pensou em ir embora diversas vezes, mas cinco horas dirigindo pra ir embora, não lhe parecia correto.

A casa aparentava ter pouca movimentação, alguém passava de um lado pro outro algumas vezes, mas ela não conseguira identificar:

- Vamos lá. Disse a si mesma, descendo de seu carro.

Seguiu pelo piso de tijolo cor de creme até a porta bem iluminada.

Respirou fundo e tocou a campainha. Nada. Tocou novamente, nada. Ouviu alguns passos e então a porta se entre abriu devagar.

- Olá? Disse Lexa, espiando dentro da casa. - Clarke? Gritou, entrando aos poucos. - Eu to entrando. Avisou, afastando a porta lentamente. A casa tinha alguns abajures acesos, iluminando algumas partes. Ao entrar, Lexa sentiu o cheiro doce de Clarke invadir seu nariz, a casa inteira cheirava a ela. Olhou a parede e tinha diversos quadros, quadros que nunca vira, quadros pintados por Clarke.

Os olhos de Lexa se encheram de lágrimas ao seguir com os olhos a parede ao lado da escada, três quadros estavam pendurados, e um deles, era um desenho, quase rascunho...De seu rosto, a única parte pintada eram seus olhos verdes. Sentiu a lágrima salgada invadir sua bochecha quente.

Sua Clarke estava ali, e ainda a amava. Seu coração se aqueceu com aquele momento, nem estava brava ou magoada, só queria encontrar Clarke, tocar, abraçar, dizer o quanto sentira sua falta.

Saiu apressadamente buscando pela casa:

- Clarke! CLARKE!

Gritou por cada cômodo e eram tantos. Subiu o segundo andar e foi até seu quarto. Estava uma bagunça...A bagunça de Clarke. A bagunça mais encantadora que já vira. Ao adentrar o quarto, viu uma escrivaninha desorganizada, nela tinha alfinetes e imãs cor de rosa em formato de flores. Lexa sorriu, feliz por ver que Clarke não perdera o ar infantil que sempre tivera. Passou a mão pelos objetos carinhosamente, sentindo a textura dos imãs de ferro, dos papéis com desenhos rabiscados, do notebook fechado. Estava encantada, deslumbrada, como se cada objeto dali fosse feito de puro ouro.

Olhou sua cama, com o cobertor bagunçado e se atreveu a sentar. Pegou um travesseiro e o cheirou. Mesmo sabendo que dividia o mesmo espaço com Clarke, se sentira atraída por sentir aquele cheiro...De saudade. Abriu os olhos após se embreagar com a fragrância de Clarke tão presente e mirou um papel embaixo do travesseiro. Olhou pra trás, como se soubesse que faria algo errado e abriu o papel, dobrado em uma única dobra:

90008 – Crenshaw, Los Angeles.

Era um endereço.

Lexa franziu as sobrancelhas.

- CLARKE? Gritou se levantando depressa. - Onde você está? Sei que está aqui. Vamos, Clarke, pare de brincar comigo.

Lexa estava ficando irritada com aquele jogo de gato e rato, após procurar Clarke por todos os cantos da casa voltou pro seu carro chateada. Era tarde, mas ela não se importou. Não estava cansada. Respirou fundo e encarou a casa novamente. Pegou seu celular e colocou o endereço que constava no papel, no gps. Quarenta e sete minutos de distância.

*****************

Dirigiu até o sul de Los Angeles, atravessou os bairros nobres, a parte média, até chegar em um dos bairros mais periféricos da cidade. O horário era avançado, as ruas vazias a deixou com medo, mas Lexa não desistiu.

Chegando no endereço indicado, era uma casa em uma larga rua, deserta. A casa era antiga, a tinta descascada denunciava o descuido com a residência. Ao redor, havia uma cerca meio quebradiça “trancando” a propriedade. Lexa engoliu seco e parou seu carro na frente do lugar.

Tirou seu cinto, sem muita certeza do que estava fazendo, e desceu. O barulho do sereno era constantemente interrompido por gatos que pulavam em cima de latas de lixo, fundindo as patas no batente metálico com sirenes policiais longínquas.

As luzes da propriedade estavam acesas, e haviam barulhos de vozes dentro. Lexa subiu o pequeno degrau de madeira, que rangeu ao sentir seu peso, e entrou na pequena varanda. Pegou no largo batente de ferro, parecendo ser uma das únicas coisas a resistir ao tempo naquela casa e o bateu contra a porta. Três vezes em alto e bom som, sem se importar com quem acordaria. Esse endereço estranho existia na casa de Clarke por algum motivo e ela precisa descobrir o porque.

Após alguns segundos, a madeira do piso de dentro da casa rangeu, como o degrau, ao denunciar a presença de alguém se aproximando. A porta se abriu violentamente:

- O que é? Perguntou uma mulher alta, negra e magra. Tinha os cabelos curtos, quase raspados. Vestia uma roupa simples, parecendo um pijama.

- Ah... Lexa travou. Não sabia o que dizer.

- Sabe que horas são? Perguntou irritada.

- Me perdoe, eu não queria incomodar, mas esse endereço...

- Ah... Deve ser a tal diretora. Disse se virando e abrindo espaço pra Lexa entrar.

Lexa ficou confusa. Com as sobrancelhas franzidas.

- Entra logo, garota. Mais cinco minutos com essa porta aberta e alguém me aparece aqui pra me roubar. Anda.

Lexa se apressou e entrou na casa, assustada.

A casa tinha a mesma impressão que sua aparência mostrava la fora. Era velha, as paredes cobertas de mofo e o cheiro de umidade deixava o ambiente quase inabitável.

Lexa tossiu algumas vezes.

- Você se acostuma com o cheiro. Disse a moça percebendo o desconforto.

Ela a guiou até a sala, melhor ambiente até então. Se sentou numa poltrona e apontou um velho sofá pra Lexa sentar.

Quando se sentaram, ouviram pequenos passos descendo a escada:

- Tia Indra? Disse um garotinho baixo, de seis anos no máximo, era branco, loiro e magro. Vestia pijamas mais limpos do que a roupa da moça. Coçava os olhos demonstrando sono.

- Aden. Disse a moça se levantando depressa. – Volte pra cama, a tia Indra já vai subir, tudo bem?

- Quem é ela? Perguntou a criança, apontando pra Lexa.

- É uma amiga, uma grande amiga. Disse baixinho, achando que Lexa não a ouvira. Lexa franziu a sobrancelha. Aquela situação estava bizarra demais.

O garoto subiu as escadas sonolento. E Indra voltou para a poltrona.

- Indra. Prazer. Disse dando a mão para Lexa.

- Lexa Pramheda. Disse apertando a mão da moça.

Lexa respirou fundo:

- Eu nem sei por onde começar as perguntas, dona Indra.

- Só Indra.

- Tudo bem. De onde me conhece? Como estava me esperando? Perguntou.

- Lexa. Clarke queria que você estivesse aqui.

O coração de Lexa se acelerou. Seus olhos se arregalaram.

- Eu não sei bem o que ela quer com tudo isso, não sei porque ela simplesmente não te conta, mas enfim, quem sou eu pra julgar. Disse se encostando na poltrona e ficando mais confortável.

- De onde conhece Clarke? Onde ela está? Perguntou, ansiosa.

- Isso, só você pode descobrir, não tenho como te dizer.

- Indra, seja mais clara, por favor, estou ficando um pouco nervosa aqui. Que lugar é esse? Perguntou se irritando.

- Aqui... É o orfanato onde sua querida loirinha passou seus piores anos. Disse com um sorriso levemente sádico.

Lexa engoliu seco. Sua visão ficou embasada com aquela informação. O ar lhe faltava.

- Q...Q...Que?

- Preciso que você esteja consciente pra isso, garota. Pediu a moça.

Lexa respirou fundo, controlando cada parte do seu corpo, pra que nada saísse de seu controle:

- Vamos lá, estou te ouvindo. Disse segura de si.- Mas espera um momento, a avó de Clarke disse que o orfanato era numa cidadezinha em Michigan, Mississipi, sei la, bem bem longe de Los Angeles.

- É, bom...A senhora mentiu, os pais de Clarke também.

- O casal Griffin mentindo...Que novidade. Disse Lexa revirando os olhos.

- Parece que tinham medo da menina querer conhecer o lugar, sabendo que ficava a menos de 30 minutos de sua casa. 

- A cada descoberta mais um choque com essa família.

- Se acalma, garota. Isso já foi resolvido, muitas choradeiras, enfim.. Sabe, que a própria mãe da Clarke que contou?

- O que? Por livre espontanea vontade?

- Acredite se quiser...Mas enfim, vamos começar pelo básico...Meu nome é Indra Jaha. Acho que sabe quem é meu pai, certo?

- Você é filha daquele monstro? Perguntou Lexa, se lembrando da história que a avó de Clarke contou para a loira mais de um ano atrás. – Desculpe, é só que...

- Sim, não se preocupe, ele é um monstro mesmo, garota, não tem que se desculpar. Meu pai era um sádico, doente. Fez minha mãe sofrer, batia em mim e em meu irmão.

Lexa olhou pra baixo, chateada, pois se relacionava com a história, mas se sentira triste por ver que tivera mais oportunidades e privilégios do que Indra.

- Era? Perguntou.

- Ele não morreu, se quer saber. Esta dormindo, em seu quarto, ali... Apontou pra uma porta atrás do sofá. – Sofre de Alzheimer. Disse com pesar.

- Eu sinto muito. Disse Lexa, com sinceridade.

- Não sinta! Acho que Deus não encontrou punição o bastante pra ele, resolveu lhe tirar a memória. O que doi mais do que esquecer quem você é?

Lexa respirou fundo, concordando.

- De qualquer forma. Clarke morou aqui, eu me lembro dela, era a mais bem cuidada, tinha a pele limpa quase o tempo todo, a garotinha era tinhosa. Não aceitava ficar suja como as outras crianças, vivia procurando qualquer poça pra se lavar e isso deixava meu pai maluco.

- Desculpa. Interrompeu Lexa. Você era conivente com tudo isso? Porque... Pelo que me parece, você era adulta quando Clarke morou aqui, eu não estou entendendo.

Indra pareceu sem graça com a pergunta, mas entendeu a revolta de Lexa.

- Não! Eu nunca fui conivente com nada disso e eu era adolescente, menor de idade. Vinha aqui somente pra cobrar a pensão dele. Ele me fazia esperar e esperar e eu ficava perambulando pela casa, vendo as crianças, contava pra minha mãe, mas ela preferia não se meter. Meu pai levava esse orfanato muito a sério, vendia as crianças por preços altíssimos pra gente rica que queria passar por cima de burocracias. Se ameaçássemos mexer em seu sustento, ele dizia que nos mataria. O que eu podia fazer? Com uma mãe talvez tão inescrupulosa quanto ele e um irmão pequeno?

Lexa não a julgou e Indra agradeceu silenciosamente por isso.

- Ela lembra de mim, acredita? A bichinha era uma anã, mas lembra de mim. Um dia peguei um sanduiche de queijo na escola e não comi.  Guardei na mala pra comer mais tarde, passei aqui pra cobrar pensão e enquanto meu pai buscava, fui fuçar nos quartos. Encontrei Clarke sentada, só de calcinha num quarto sujo, úmido, cheio de goteiras...Eu não sei como essa menina não pegou nenhuma doença pela jeito que era tratada aqui.

Os olhos de Lexa lentamente se enchiam de água, ao imaginar uma pequena Clarke, sendo torturada dessa forma.

- Meu coração se partiu ali, Lexa, ali...Tirei meu sanduiche da bolsa e dei pra ela, pedi pra ela comer depressa e meu deus, a menina quase inalou a comida. Sugou tudo com a maior rapidez, só deus sabe a quantos dias estava sem comer. E ela lembra disso, me narrou com detalhes, choramos muito nesse reencontro. Disse nostálgica.

Lexa tentou esboçar um sorriso, mas isso só estilhaçou seu musculo batente. O quanto Clarke havia sofrido, tudo que havia passado, era tão injusto.

- Bem, Clarke veio aqui e sei que isso doeu nela, doeu como um soco no estômago segundo a própria, a deixei ver a casa, as crianças e antes que você pergunte, vou te dizer o que disse a ela, vivemos pelas poucas doações, eu cuido sozinha de treze crianças menores de dez anos, mal temos o que comer. Meu pai é um vegetal, anda pela casa, come feito um mamute e briga comigo como se eu fosse minha mãe. Não é fácil, Lexa, mas sobrevivemos. E prefiro assim, do que vender qualquer uma de minhas crianças. Os pais não dão chances pra nós, eles nem se aproximam da casa, quanto mais das crianças. Eu vivo por eles e meu único medo é não ter um pão pra dar pra eles de manhã, porque infelizmente, a educação e dignidade não enchem barriga.

Lexa ficou chocada ao ouvir isso, por mais que tenha tido uma infância pobre, esse era o gosto da miséria, crua e pura. Automaticamente pegou sua bolsa e retirou um talão de cheque, mas antes de preenche-lo, Indra segurou sua mão:

- Agradeço a oferta, mas sua amiga já cuidou de tudo.

Lexa a encarava.

- A família Griffin vai patrocinar o lar, vamos até mudar o nome. Sua única exigência é demolir o lugar e construir de novo. Ela me disse uma coisa bem bonita, sabe? Achei que ia querer que mudássemos o orfanato pra outra residência, mas ela disse que não, que o problema nunca foi o lugar, o problema foi meu pai, a demolição é pra facilitar a reforma e dar a esse lugar um novo significado e não a esse significado, um novo lugar.

Lexa ergueu as sobrancelhas, impressionada pelas palavras.

- Clarke disse isso?

- Disse, menina. E olha, é uma coisa que eu nunca vou esquecer. Odiei sempre esse lugar, mas o problema nunca foi aqui, o problema é o ser humano, sabe? Não é a casa que maltrata, que agride, que machuca. Disse olhando pras paredes.

Lexa sorriu sutilmente.

- A partir de amanhã começa tudo, vamos ficar numa pequena casa alugada perto daqui, mais segura e mais perto da escola. O pai dela, moço gentil, conversou muito comigo, muita coisa que eu não entendi sobre essa reforma poder melhorar a segurança do bairro, e a mãe dela... É uma comédia. Morreu de nojo da casa quando entrou, mas foi só ver a primeira criança que até pediu pro Sr. Griffin pra ter outro filho.

Lexa deu uma risada contida da situação, imaginando as caras e bocas de Abby ao sentir o cheiro forte que a casa emanava.

As duas conversaram por mais algum tempo, Lexa chorou, riu, se emocionou, se sentiu bem, se sentiu mal e tudo ao mesmo tempo. Indra mostrou alguns quartos vazios da casa e narrava as aventuras de Clarke por cada um deles. A situação daquele lar era realmente deplorável e triste pra qualquer pessoa que testemunhasse aquilo, assim que encontrasse Clarke, Lexa gostaria de ajudar, de qualquer forma que fosse possível.

Lexa agradeceu profundamente a Indra por tudo que ela lhe compartilhara, entendia o quão difícil devia ser abrir a porta pra uma estranha e falar coisas pessoais de sua família e sua vida, pegou em suas mãos e com gordas lágrimas agradeceu até mesmo pelo sanduiche frio que dera a Clarke naquele dia em que a menina passava fome, Indra se comoveu com aquilo, soltou de suas mãos e lhe deu um longo e sincero abraço. Um abraço completamente reciproco.

Em seguida, pegou uma foto, a foto era documental. De Clarke pequena, do dia em que deixara o orfanato. Estava agasalhada com as roupas que Abby lhe trouxera e tinha um sorriso cansado, os olhos claros mal se viam, pois se apertavam numa mistura de desidratação e sono, e mesmo assim encontrava-se boa vontade pra pousar pra foto. Lexa pegou aquela foto como se fosse um presente precioso, banhado a joias caras.

- É pra mim? Perguntou.

- Sim. Disse sorrindo. Do coração dela, pro seu, Lexa. Disse a moça com um humor completamente diferente de quando abriu a porta pra Lexa a algumas horas atrás.

Após se despedirem, Lexa entrou em seu carro sem saber direito onde ir. Beijou a foto enquanto sentia lágrimas escorrerem por seu rosto, sentia tanta saudade de Clarke. Queria agarra-la em um abraço terno e quente e afastar qualquer problema. Por um descuido virou a foto sem querer e em letras de mão, quase apagadas estava escrito outro endereço.

- Casa dos Griffin. Disse Lexa reconhecendo o cep.

Mais uma vez, colocou em seu GPS e seguira pro leste de Los Angeles. Pouco mais de quinze minutos, atravessara a área periférica e se encontrava na frente da mansão dos pais de Clarke. Sentia um certo receio em tocar a campainha, afinal, já se passava da 1 hora da manhã.

Encarara a casa por alguns minutos, até que o segurança dentro da guarita a chamou:

- Moça, o que a senhora deseja? Perguntou educadamente.

- Desculpe, será que algum dos donos da casa está acordado? Perguntou sem jeito.

- Olha, eu acho que não, mas vou verificar. Disse gentilmente.

Após alguns minutos, tirou a cabeça da guarita novamente e chamou Lexa:

- Qual seu nome?

- Lexa Pramheda. Se identificou.

- Estão te aguardando. Pode entrar.

Lexa arqueou as sobrancelhas chocada. Como assim eles a estavam esperando a 1 hora da manhã?

Manobrou o carro e subiu a pista até a porta dos Griffin. Adentrou a larga varanda de mármore e antes de bater na porta foi recebida por Abby.

- Lexa Pramheda. Disse sorrindo.

Lexa sorriu sem jeito.

- Sem formalidades, vamos lá. Disse abraçando Lexa, que retribuiu.

- Abby, perdoe a hora, eu sei o quão inapropriado isso parece e...

- Psiu! Isso não é nada inapropriado. Estavamos te esperando, boba.

- Clarke está aqui? Perguntou ansiosa.

Abby sorriu carinhosamente:

- Não. Clarke está um pouco longe daqui, eu receio.

Abby viu a expressão de Lexa murchar. Respirou fundo:

- Lexa, só você poderá encontra-la.

- Abby, como? Ela está fugindo? Isso é um jogo? Não estou entendendo. To perseguindo essa ideia de encontra-la fazem horas. Isso não é justo.

- Olha, eu não vou questionar os motivos que levaram minha filha a fazer isso, o que posso te dizer, é que ela quer que você entenda algo e pra isso, precisa ver pedaço por pedaço.

-  Entenda o que?

- Você vai descobrir.

Lexa respirou fundo, já estava ficando com sono, e cansada disso, só queria encontrar Clarke.

- A noite foi desgastante, não é mesmo? Perguntou.

- E como... Aquele lugar...

- Eu sei. Disse a mãe de Clarke. - Acho que percebeu onde realmente fica o orfanato não é mesmo?

Lexa respirou fundo, sem jeito.

- Pode faltar no trabalho amanhã?

- No meu segundo dia no novo cargo?

- Eu sei o quão irresponsável isso parece, mas...Por Clarke?

Lexa se deu por vencida e:

- Posso trabalhar remoto. Disse.

- Ótimo. Convenhamos que você tem aquele conselho nas mãos, né, mocinha. Disse Abby se levantando. - Está com fome?

- Morrendo.

- Perfeito. Vou mandar servir seu jantar no quarto.

- Como? Perguntou confusa.

- Esse é seu pitstop, mocinha. Sabe onde fica o quarto de Clarkezinha, né? Suba até lá e se acomode, em instantes pedirei para lhe servirem o jantar, algo leve pra não te fazer mal. Tem toalha e roupa limpa no banheiro. Disse calmamente como se fosse a coisa mais normal do mundo. - Ah, desculpa por Jake não nos acompanhar... Ele dormiu faz mais de duas horas. Disse revirando os olhos. – Não aguentou.

- Ah, tudo bem. Disse se sentindo perdida.

- Boa noite, querida, durma com os anjos.

Lexa subiu para o quarto de Clarke e quis muito se sentir nostálgica, mas seus olhos estavam fechando tamanho era o sono. Tomou seu banho e vestiu pijamas da loira que a entristeceu, fazendo – a perceber sua ausência. Devorou um sanduiche leve de ricota com suco e se aconchegou no cheiro de Clarke para dormir.

Naquela manhã acordou com seu despertador. Mandou uma mensagem pra Harper, pedindo pra lhe passar tudo por email. Se levantou e foi até o banheiro. Se olhou no espelho, cabelo bagunçado, olheiras, cansaço. Pegou sua escova de dentes numa necessair em sua bolsa, abriu o espelho em busca de pasta, e encontrou diversos frascos de comprimidos. De todas as cores. Franziu a sobrancelha, confusa, pegou o primeiro que estava enfileirado na mão, abriu e viu um pequeno bilhete dentro. O pegou:

“ Prescrição médica para Clarke Griffin, anti depressivo”

Colocou o bilhete de volta, fechou a tampa e pegou o próximo.

“Prescrição médica para Clarke Griffin, ansiedade”

Próximo frasco:

“Prescrição médica para Clarke Griffin, insônia”

...”calmante” ... “para agressividade”...

Eram muitos frascos, Lexa estava nervosa e tensa com esse tanto de remédio. Passou a mão no cabelo, confusa. Clarke tomava tudo aquilo?

- Nunca soubemos como abafar os sentimentos de Clarke durante a adolescência. Os remédios eram a única forma de calar sua curiosidade.

Lexa se virou num rompante assustada com a presença de Abby no batente da porta do banheiro.

- Enfiaram esse tanto de química numa adolescente, quando poderiam só explicar a ela o que aconteceu? Perguntou irritada.

Colocou a mão na boca, indignada e passou por Abby indo até o quarto.

- Não escondi de você quão negligente fomos.

- Negligente? Abby, vocês foram cruéis. Disse.

- E acredite, paguei por tudo isso no momento em que soube o que acontecera com Clarke na sua universidade. Disse num leve tom de acusação.

Lexa baixou os olhos, se sentindo culpada.

- Escuta. Disse se sentando ao lado da morena. – Essa é a parte da vida de Clarke onde ela aprendeu a perdoar seus pais, sua adolescência, suas crises. Você ta refazendo os passos dela, não vê?

Lexa a encarou, prestando atenção.

- Você tem que perdoar isso também, Lexa.

Lexa sorriu debochada.

- Eu não tenho nada pra perdoar, Abby. Não foi na minha vida que vocês fizeram merda. Disse.

- Através do perdão vêm entendimento. Não é você que gostaria mais do que tudo de entender Clarke?

- Eu entendo Clarke. Disse Lexa, se sentindo ofendida. Se levantou da cama.

- Entende? Ou aceita?

- Não seja ridícula. Pestanejou. 

Abby respirou fundo, buscando pelo pouco de paciência que ainda lhe restava.

- Realmente entendeu os doze meses de sua ausência?

- Claro que sim, Abby. A garota precisava absorver toda essa merda que vinha acontecendo, precisava de espaço, eu entendo isso, não sou retardada. Lexa estava ficando realmente irritada com aquela situação, com Abby de repente querer ser a melhor mãe do mundo e de todo mundo saber onde Clarke estava exceto ela.

- Se entendeu, porque passou dois meses ininterruptos ligando pra minha casa? Me acordando, enchendo o meu saco, o saco do meu marido e dos meus empregados atrás de qualquer migalha de informação?

Lexa ficou sem reação com a inesperada pergunta:

- Por preocupação, como ela some e me deixa sem noticias por um ano?

- Lexa, você queria o que? Que ela te ligasse todo dia contando sobre o processo de superação? Pelo amor de deus, garota.

- Abby, não sou criança. Disse nervosa.

- Então pare de agir feito uma. Engula esse orgulho e admita que sua compreensão nunca existiu. Você respeitou Clarke, mas a respeitaria diante de qualquer atitude que ela tomasse, mas nunca entendeu.

- MAS EU TENTEI! OK? EU TENTEI PRA CARALHO. Gritou. – Depois que ela foi embora entendi que precisava de espaço, mas pra que se isolar dessa forma? Era só me dizer onde estava. Como estava.

- Lexa...

- Eu sei. Eu sei que isso não é entender, sei que na verdade nunca vou, não é mesmo?

- Não! Mas pode chegar bem perto disso. Disse Abby, indo pro banheiro e abrindo a porta do espelho que Lexa fechara. A encarou e esperou um atitude da morena.

Lexa a olhou, respirou fundo e foi até ela. Pegou frasco por frasco, abriu e jogou todos os comprimidos na privada, deu descarga em seguida.

- Essas prescrições? Perguntou Lexa em seguida.

- Simulação. As verdadeiras receitas são guardadas pelos farmaceuticos. Esclareceu. - Esse último frasco. Mantenha. Disse ao ver Lexa indo jogar o último frasco no lixo.

- Porque? Perguntou.

- O endereço dessa farmacia, coicidentemente fica ao lado do seu próximo destino.

Lexa olhou o papel gasto do frasco e a númeração da rua estava alterada com caneta, o endereço permanecia.

***************

Lexa não entendera muito bem que fase do seu aprendizado era aquela, mas fizera Clarke perdoar sua família, e sua história, então ela também aprendera a perdoar.

Ela dirigira alguns minutos de lá, indo parar em uma pequena escola infantil de pintura. Estacionou o carro a algumas quadras dali. Entrou confusa, mas já entendera um pouco da lógica daquela caça ao tesouro. Provavelmente seria algo sobre como sofreu ao não poder praticar o que queria e como aprendera a perdoar aquela parte também. Pacientemente, Lexa entrou no estabelecimento, sendo recepcionada por uma simpática atendente. A moça era jovem e mantinha um sorriso contagiante:

- Olá. Em que posso ajuda-la?

- Ah, eu acho que não sei. Disse confusa, coçando a cabeça com a chave do carro. – Me apresente a escola. Pediu.

- Ah, sim. A senhora tem filho, filha? Temos uma estrutura maravilhosa para receber sua criança. Desenvolvemos seus talentos mais escondidos, venha comigo. Disse guiando Lexa pela escola. - Temos sete salas, ensinamos as crianças livremente, preferimos acreditar que essa liberdade trará espaço pra criatividade florecer. A teoria por aqui não existe, até mesmo aqueles textos chatinhos explicativos, lecionamos através de atividades, internas e externas.

- Ah, moça, desculpe, mas deixa eu parar de perder seu tempo e o meu, você conhece uma mulher chamada Clarke…

- …Griffin? Perguntou a moça.

- Sim. Afirmou, Lexa.

- A senhora é Lexa Pramheda?

- Culpada. Disse.

- Maravilha. Disse ainda mais empolgada do que antes. -  Venha comigo.

A moça a guiou até uma sala no segundo andar. A escola era toda colorida e cada porta de cada sala tinha uma cor, a dessa, era vermelha. A sala era grande e estava vazia. Tinha diversos cavaletes pequenos, do tamanho das crianças.  Diversos potes de tinta guache espalhados, uma grande lousa na parede e quadros com pinturas infantis pendurados por toda parte, não havia um canto daquela parede que não estivesse manchado de tinta.

- Essa era a sala preferida de Clarke. Eu cursei dois anos de arte nessa escola, hoje atendo aqui como estagio obrigatório. Seis meses desse curso, foram com Clarke.

- Quantos anos tinham?

- Eu tinha doze, Clarke devia ter uns dez.

- E você se lembra desses seis meses? Faz tanto tempo.

- Lembro de cada minute que passei nessa escola. Disse nostalgica.

Lexa sorriu.

- Clarke sempre foi um prodigio, chegou aqui quietinha, não falava e nem se aproximava de ninguém. Parecia um animalzinho acanhado, sabe? Sempre com medo, não gostava de ser tocada, lembro bem da professora tentando leva-la para o banheiro e ela tirava o braço violentamente das mãos dela. É o tipo de cena que te marca.

Mais uma vez, o coração de Lexa ficara pequeno ao saber mais um passo de sofrimento que Clarke dera.

- Eu não tenho os desenhos dela aqui comigo, a não ser esse. Disse entregando um pequeno quadro a Lexa. Era velho e estava com as bordas amareladas, no quadro tinha uma criança, meio distorcida, embassada. Vestia roupas de frio, agasalhos e nos ombros desta criança, haviam duas mãos. Uma em cada ombro. Lexa sorriu ao ver aquilo. Aquele era o momento em que Clarke estava começando a entender que tinha uma família pra valer, a se sentir filha de seus pais, se sentir protegida. - Eu não sei porque ela teve que sair, sei que chorou muito quando sua mãe a buscou na escola num dia qualquer e disse a ela pra se despedir dos amiguinhos. Ela ficou bem impressionada quando contei essas coisas, ela não se  lembrava de nada da época que havia passado aqui… Nos ultimos meses, era uma menina bem diferente de quando tinha entrado, ela sorria e brincava mais, apresentava seus quadros em atividades mais articulada, sem tanta timidez. Uma vez eu perguntei como ela desenhava tão bem e de onde tirava as ideias pros quadros….

- E o que ela disse? Perguntou curiosa.

- Disse que não sabia, só sentia algo estranho aqui. Disse apontando pro coração. – E de repente imaginava esse algo estranho aqui. Disse apontando pra propria cabeça.

Lexa sorrira. Essa resposta subjetiva era mesmo a cara de Clarke.

- Dizer algo sem sentido e achar que é sua obrigação entender, é mesmo uma coisa meio Clarke de se fazer. Disse com humor.

- Eu não tive a chance de conhece-la melhor, mas gostei de conversar com ela quando a vi por aqui. Ela ficou bem emocionada ao ver as salas, principalmente essa… Aqui tinhamos as aulas livres, por isso o favoritismo com a sala.

- É uma sala muito bonita.

- É sim. Ela deixou isso aqui pra você. Disse pegando outro quadro em cima da mesa, os dois estavam bem acessíveis, Lexa percebeu que ela estava sendo esperada em cada um dos lugares em que passara, dia e hora.

- Eu não sei o que significa. Disse entregando o quadro. – Com isso não posso ajudar. Disse a  moça, com um sorriso cheio de pesar.

Era um quadro pequeno, como o outro, mas estava recém pintado, detalhado. Havia um mapa e nele  coordenadas geograficas de um endereço.

- Coordenadas? Disse Lexa indignada.

- Eu não entendo dessas coisas. Disse a moça.

- Eu também não. Porque diabos a Clarke me passou coordenadas, que ideia idiota, era só me dar o endereço. Disse irritada. – Ta tudo ficando cada vez mais dificil.

- Mas qual a graça em ficar mais fácil? Tesouros devem ser dificeis de serem encontrados. Disse a moça, tentando consolar.

Lexa rira de irritação. Quando encontrasse Clarke iria dar uma bela bronca na loira, mas então pensou nisso… Encontra-la e isso aqueceu qualquer resquicio de irritação que estivesse sentindo naquele momento.

 

Lexa buscava na internet por minutos a fio sobre coordenadas, mas não conseguia encontrar nenhuma informação que lhe ajudasse. Tentou então pedir ajuda:

- Harper. Disse pelo telefone pra secretária. – O que você sabe sobre coordenadas?

- Que? Pra que?

- Só responda! Disse irritada.

- Eu sei um pouco, fui escoteira. Disse orgulhosa.

- Te mandei uma foto por mensagem, onde fica esse endereço?

Harper levou alguns segundos para pensar.

- Sul, quarenta kilometros a lesta…Disse a si mesma.

- E ai?

- Calma. Não é como se eu fosse uma guarda florestal.

Mais alguns minutos e Lexa bufafa do outro lado da linha, agoniada.

- Olha Lexa… Pelo que to vendo aqui, esse endereço…

- Eu não sei com exatidão, mas vou te passar as kilometragens e as direções por mensagem.

- Tudo bem, serve. Disse impaciente.

Harper não soube o endereço, mas passou para Lexa que caminho fazer até seu destino final. Lexa colocou cada direção no Waze de acordo com suas mudanças. 7 kilometros ao sul, 12 kilometros a sudoeste, 4,5 kilometros ao norte.

Pouco mais de três horas dirigindo e reconhecendo aquela estrada, Lexa seguiu um familiar caminho pressentino onde aquilo a levaria.

- Filha da mãe! Disse ao chegar… Seu destino final era a universidade. – É sério isso, Clarke?

Lexa estacionou seu carro e foi até o antigo dormitório de Clarke, até o café, até seu escritório e finalmente… Até a fatidica sala onde tudo acontecera com Clarke a mais de um ano atrás. Jurava que ela estaria na sala, aguardando pra lhe dizer a pior parte da fatidica empreeitada que era sua vida, mas a decepção era palpável ao avistar a sala vazia.

Exausta…Confusa…Irritada. Foi até o banheiro próximo as salas, ainda com seu salto nos pés, elegantemente se abaixou até a pia e abriu a torneira, passando um pouco de água fria na nuca:

- Demorou, presidente. 

Lexa se virou de repente ouvindo aquela voz doce, embalada por um sorriso acolhedor, satisfeito.

- Clarke…


Notas Finais


Gente, queria a opinião de vcs sobre um assunto. Um dos motivos da minha dificuldade em concluir essa história é por eu estar um pouco talvez envolvida demais numa outra fic. Pois é, to pensando em começar outra, oq ceis acham? Péssima ideia? sim, n tenho dúvidas, mas queria a opinião d vcs d vdd.
Eu vou publica-la junto com o prox cap. último aqui e primeiro lá, é fic Clexa tmb.
Caso queriam me dar alguma ideia, opinião (MENOS ME XINGAREM, CANSEI DESSA VIDA BANDIDA) me chamem no tt @thatfun
um beijo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...