História Teach me... - Trouble. I'm trouble now.

Clarke aguardava por Lexa na sala já fazia 1h30, sabia que a morena a estava enrolando de propósito e isso a fazia bufar de 5 em 5 minutos. Impaciente se levantou e começou a vistoriar os livros de Lexa.

- Ela já leu toda essa merda? Essa mulher deve ser muito pancada das ideias.

Avistou um livro em especifico numa prateleira muito acima de sua cabeça.

- Memórias de uma Beatnik?

Ao ver que não alcançaria o tal livro, subiu na cadeira de rodinha da professora e fez questão de não tirar os sapatos ao fazer isso, e riu de si mesma ao perceber.

Ao subir na cadeira com toda sua postura desequilibrada e falta de cuidado com objetos alheios, não que pudesse evitar, se desequilibrou derrubando o livro que mirava pegar e mais alguns, enquanto escorregara da cadeira de rodinha, a empurrando com seu peso e a fazendo ir parar do outro lado da sala batendo contra a parede, enquanto se estabacava no chão sendo seguida pela queda dos muitos e muitos livros em cima de seu corpo.

- Mas que merda é essa? Disse Lexa ao adentrar a sala indignada.

Clarke tentava se levantar do chão sem sucesso já que estava com livros em cima de todo seu corpo e perceber que sua perna esquerda se prendera entre uma gaveta amassada pela cadeira e o chão.

- Olha, eu não reclamaria em receber uma pequena ajudinha. Disse deitada olhando para o teto, virar o pescoço não era uma opção.

Lexa colocou sua bolsa em cima de seu sofá de apoio, ainda incredula com tamanha desenvoltura para destruir as coisas que Clarke tinha.

Parou em frente a jovem com os braços cruzados na altura do peito.

- Como? Perguntou.

- Eu tava te esperando e ai quando eu dei por mim...

- Meus livros te engoliram acidentalmente?

- Exatamente. Respondeu Clarke com irônia.

Ao ve-la respondendo entre livros, com o cabelo desgrenhado e o pescoço mal aguentando levantar o peso da cabeça, Lexa não pode tomar nenhuma atitude que não fosse... rir.

Ela riu, gargalhou, riu alto, ria baixo se contorcendo, ria. O som dessa risada repentina e completamente inesperada assustou até Harper, que escutava tudo do outro lado da porta, interessada. Nunca ouvira o som da risada de Lexa, provavelmente nem ela mesma havia ouvido.

Lexa ria e passava a mão em sua barriga fazendo sinais de dores abdominais resultantes de tanta risada.

Clarke a olhava abismada.

- Que bom que minha humilhação diverte você.

Lexa foi se acalmando, limpando as lágrimas dos olhos lacrimejados, enquanto tentava afastar alguns livros com seus pés vestindo mais um de seus scapins de classe, cor preta, dessa vez.

Mas ao fazer isso afastou um livro em cima da perna de Clarke que urrou de dor. Ao perceber que a loira estava com o pé realmente preso, sua expressão de diversão se dessipou em pura preocupação.

- Eu acho que prendeu na gaveta. Disse Clarke com dor.

- Você entortou a gaveta. Acusou Lexa enquanto tirava os livros cuidadosamente de cima da perna de Clarke.

Ao conseguir ter controle sobre seu equilibrio, Clarke levantou o torço e se manteve sentada, enquanto Lexa tentava mover seu pé.

- Cuidado, cuidado. Avisou Clarke com medo.

Gentilmente com seus dedos delicados e longos, Lexa conseguiu levantar a mesa e tirar o pé de Clarke de baixo dela. Ela se sentou e colocou seu pé em seu colo, analisando o estrago.

- A Senhora é medica agora? Ironizou, Clarke.

- Entendo mais da anatomia humana do que você, criança. Disse Lexa sem olhar pra Clarke.

- Não tenha tanta certeza. Respondeu Clarke com malícia.

- Tenho sim. E você, tenha essa certeza também. Disse ao encara-la penetrante com seus olhos verdes.

Clarke sentira um frio cortante na barriga ao sentir esse olhar, mas não do tipo ruim. Ela deu um sorriso de lado aceitando a derrota.

O toque suave dos dedos de Lexa pareciam anestesiar qualquer hematoma que tomava conta de seu tornozelo. E ela não entendi o porquê, mas mesmo com a dor, Clarke queria poder estender aquele momento enquanto fosse possível.

-  Vamos! Você fraturou o osso. Acho que luxou. Disse Lexa levantando e tirando o restante de livros de cima de Clarke, embora ela pudesse fazer isso sozinha.

Ela levantou a mão de Clarke e serviu de apoio para a garota levantar.

Clarke nunca estivera tão perto de Lexa e podia sentir seu perfume cítrico e isso emergia dentro de seu nariz. Ela sentia que emergia dentro de sua alma. Abraçou Lexa pelo pescoço, e começou a mancar com o pé direito.

Lexa a segurou firmemente pela sintura estabilizando seu desequilibrio.

- Tudo bem? Podemos ir?

- Sim. Podemos. Disse Clarke se sentindo completamente segura e se incomodando com essa sensação.

Lexa a levou até a enfermaria e a deixou aos cuidados dos enfermeiros de plantão voltando a sua sala.  

Ao chegar e se deparar com a bagunça que sua aluna havia deixado, se lembrou da visão mais engraçada dos últimos tempos e sorriu de canto, com leve carinho.

Colocou a mão nos lábios, mas logo recobrou a consciência, se culpando chacoalhou a cabeça e começou a reorganizar seus livros irritada.

****

Houve uma luxação. Vou enfaixar só por precaução, em dois, três dias dependendo da sua dor você pode vir aqui retirar. Disse o médico da faculdade enquando examinava o tornozelo de Clarke.

- Ela tava certa. Disse Clarke pensando em voz alta. Encarando o vazio.

- Oi? Perguntou o médico confuso.

- Nada não.

Harper, a secretária de Lexa adentrou a sala onde Clarke estava sendo enfaixada e disse:

- A Senhora. Pramheda quer te ver em sua sala assim que terminar aqui.
 

- Pra que? Perguntou.

- Ela disse que machucar o pé não vai te livrar da punição pelo que houve mais cedo.

Clarke deu uma de suas bufadas mimadas ao refletir sobre isso.

Após seu médico a liberar, ela seguiu mancando a passos lentos até a sala de sua professora favorita. Ao avistá-la, Harper bateu na porta de Lexa anunciano Clarke. Harper estava começando a irrita-la com essa formalidade toda, Clarke estava la o tempo todo e ia começar a trabalhar para Lexa, pra que ser anunciada todas as vezes?

Sem sua permissão, seguiu para a sala de Lexa e entrou sem autorização, sendo vítima do olhar fuzilante de Harper e se divertindo com isso.

- Desastrada, petulante, mal educada, o que mais podemos adicionar ao seu currículo? Perguntou Lexa sem encara-la, ocupada com seus papéis.

- Que tal, paciente? Porque pra te aguentar tantas vezes no dia… disse Clarke sentado na cadeira a frente de Lexa.

- Irônica, check! Respondeu Lexa não considerando a provocação.

Clarke riu debochada e perguntou entediada:

- O que a digníssima Diretora da melhor faculdade da California queria me falar?

- Que bom que perguntou, vamos ao seu castigo. Quer tanto me ajudar não é mesmo? Se entrosar nas atividades da diretoria… disse Lexa enquanto se levantava e ia em direção a Clarke lentamente.

- Você vai ser monitora no auxílio a direção!

- Que ótimo castigo! Me obrigar a fazer algo que eu já queria. Disse Clarke debochada.

- Acho que você não entendeu. A única professora a precisar da vaga sou eu. Mas partir de amanhã depois de sua aula, você vai assistenciar a mim, Marcus e Charles Pike.

Os três diretores que compunham o conselho de direção da universidade.

- Que? E minhas aulas? Eu não vou dar conta, professora. Suplicou, Clarke com sinceridade e indignação.

- E se você resolver desistir da vaga, eu vou levar a sério o seu pequeno surto em sala esta manhã e te suspender das aulas por uma semana, e da minha aula pelo resto do semestre.

Clarke não acreditava que ela seria capaz. Se perdesse suas aulas repetiria de ano, se repetisse seus pais não lhe dariam mais auxílio financeiro e teria que procurar subemprego para não formados, se imaginou como caixa de supermercado e com esse pensamento todos os pelos de seu corpo se arrepiaram, mas não soube dizer se sentiu esse arrepio pelo pensamento de um futuro ruim ou por perceber quão próxima Lexa agora estava dela.

Lexa se curvou a sua altura, colocando as mãos nos braços da cadeira onde Clarke sentava, bloqueando qualquer saída. Se aproximou do rosto de Clarke sem toca-la, pode ver como seu braço estava arrepiado com essa ação e isso lhe causou curiosidade em ver onde aquilo daria.

- Você achou que seria um problema pra mim? Que me tiraria do sério com seus comentariozinhos de menina mimada? Acorde, criança, eu sou um problema e a partir de hoje, sou o seu problema!

Lexa pronunciou encarando Clarke, fazendo-a se perder entre a proximidade de seu rosto e a sensação de seu cheiro cítrico novamente. Clarke nunca estivera tão próxima a Lexa, encarou seu rosto, sem piscar para não perder a compostura, porque uma vez que se perdesse na beleza daquela mulher, tinha medo de nunca mais se encontrar e com isso percebeu que Lexa seria mesmo seu problema.