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História Team Seven - Pesadelos


Escrita por: AtiadasFic

Notas do Autor


Meu senhor Jesus Cristo da biclicletinha torta, eu achei que nunca ia conseguir acabar este capítulo. Mas acabei.

Primeira coisa: perdoem a demora.
Segundo: Eu estou postando_escrevendo pelo Cel, me desculpem pelos erros que aparecerem e me notifiquem deles para que eu possa corrigir, não vou ficar brava nem nada, agradeço a compreensão de vocês por eles!
Terceiro: justamente por estar no celular vou deixar de colocar as falas dos personagens em negrito, me desculpem por isso mas dá muito trabalho pelo telefone.
Quarto: o Extra ainda está sendo escrito, achei melhor postar o cap pra vocês do que ficar esperando o Extra, assim que estiver pronto eu posto.
Quinto: escovem sempre os dentes e não esqueçam o fio dental.

Capítulo 28 - Pesadelos


Fanfic / Fanfiction Team Seven - Pesadelos


O pesadelo era o descanso do desespero. Passava noites a sonhar e os dias a cismar.
- Victor Hugo


O mundo já foi um lugar pacifico, em algum tempo distante, em um lugar diferente. Isso foi algo em que Sasuke sempre acreditou. Não lhe era concebível que o mundo fosse tão podre desde sempre. Afinal ele sempre conheceu seu pior lado. Houveram pequenos pedaços de luz em toda a sua existência. E mesmo as suas horas de luz, eram cercadas de trevas.

- Vocês já estão com tudo preparado? – questionou a voz centrada de Shikamaru, que por algum motivo que Sasuke não gostava nem ao menos de especular tinha as mãos colocadas firmemente sobre os ombros do loiro , vez ou outra lhe afagando carinhosamente e foi pior ver que o outro não se afastar, ou lhe dirigir algum tipo de explicativa, na verdade o pior era saber que Naruto não lhe devia nada daquilo, e que se não fosse apenas viagem sua, ele não poderia fazer nada a respeito. Naruto concordou com o rosto para o amigo e estranhou a atitude de Shikamaru quando ele o abraçou mas não negou o carinho, os dois sempre estiveram juntos nos melhores e nos piores dias. Era bom saber que as coisas continuavam assim. E isso foi o suficiente para fazer um suspiro sôfrego lhe escapar pelos lábios, fazendo o Nara o apertar ainda mais no abraço, o aperto foi bem recebido por Naruto, mas fez o gosto de sangue subir nos boca de Sasuke, que trincou o maxilar violentamente. Apesar do hokage ainda ser o ninja numero um hiperativo e cabeça oca, lhe deu uma folga de ser percebido em sua crise de ciúmes por Naruto. Mas não passou desapercebido por Shikamaru. – Se cuidem e mandem lembranças a Sakura, e diga a Gaara que o que ele precisar... – Uma estranha sobriedade apareceu no olhar do Nara, um sentimento que tanto Sasuke, quanto Naruto conheciam. - Nos somos uma família e ele pode contar comigo.

- Nós diremos, pode deixar. – o loiro anunciou, em fim se afastando de Shikamaru, para alivio de Sasuke. O Nara caminhou ate ele de sua forma habitualmente preguiçosa e estendeu a mão em sua direção.

- Cuide bem desse cabeça oca. – Naruto bufou alto quando ouviu e cada vez menos Sasuke gostava dessa estranha e exagerada proximidade entre os dois. Porque ele sabia que nunca poderia ganhar de Shikamaru, porque ele nunca sequer entraria na disputa. Shikamaru era tudo o que Sasuke jamais seria, e provavelmente ele era muito melhor para Naruto, do que Sasuke jamais conseguiria ser.

- Ele sabe se cuidar... – comentou de maneira leve, com seu tom usual, mas Shikamaru não lhe soltou a mão.

- Se cuide também Uchiha, você passou por maus bocados. – Incomum como fogo queimar em alto mar, Shikamaru abraçou Sasuke. E falou num tom que somente o Uchiha poderia escutar. – Todas as vezes que pensar em fazer algo que possa ser estupido e machucar o Naruto, pense no quão incomodo foi vê-lo com outro homem. – e se afastou batendo nas costas de Sasuke, em um tom risonho. – Afinal você também é um cabeça oca.

***************

Despertar foi a pior parte de todo o resto.

Despertar. De verdade.

Não a semiconsciência que vez ou outra lhe atingia, ou o torpor nublado causado pelos jutsus médicos. Despertar. De verdade e encarar o quão ruim a situação poderia estar.

E ela tinha completa noção do quão ruim as coisas estavam, pela quantidade de vezes que teve seus remédios ministrados nos poucos momentos que estava meio acordada. E agora que podia pensar com clareza, sem os analgésicos lhe confundindo a sobriedade, também podia sentir com clareza. Sakura conseguia destingir a dor absurda em seu abdômen e costas, a dor de cabeça que também latejava poderosamente. A febre que parecia não ceder e acabava por lhe ir deixando meio zonza e apesar de suar muito, estava sentindo frio.

Viu Gaara deitado de mau-jeito em um sofá pequeno e desconfortável, com a cabeça apoiada em um pano preto que era provavelmente um dos moletons de Kankurou que deve ter ficado preocupado com o irmão. E não podia julgar a preocupação do cunhado, enquanto olhava o marido daquela forma tão deprimente. Não podia julgar Gaara, porque ela melhor do que ninguém entendia. Ela melhor do que ninguém sentia o que ele sentia. Cada dor e cada medo que se passava naquela cabecinha ruiva estava passando na dela. A culpa também, apesar de ter completa certeza que cada um se culpava de uma forma diferente e em intensidade proporcionais.

Esses sentimentos eram tão claros e tão absurdos que não pareciam ser seus, era como se ela fosse uma pipa flutuando alto no céu, sem ser conduzida, sem uma criança, voando para bem longe, carregada por um vento aterrorizador que a deixava bem no meio da tempestade fria. E como se um fio a atasse a terra naquele momento, um calor irradiou aconchegante em sua mão direita, seus olhos verdes buscaram a origem do calor e a encontraram em duas mãozinhas pequenas e albinas a segurando a dela firme, bem perto do rosto que repousava pesado sobre a cama, ver Mitsuki ali a trouxe uma calma que nunca seria capaz de explicar para ninguém. Nem mesmo para ele. Ver seu pequeno monstrinho ali, não a fazia perder a sensação de estar flutuando, mas agora ela tinha alguém para guia-la e naquele momento após a tempestade ela estava bem com esse acordo silencioso dos dois. Apertou carinhosamente a mão do menino, que reagiu rápido, as pálpebras tremularam e se entreabriram lentas para se acostumar com a luz.

- Oi... – a voz dele saiu ainda sonolenta e ela somente bastou para Sakura entender que as coisas estavam melhor do que ela acreditava.

- Oii... – sorriu para ele da melhor maneira que pode e isso incluía os olhos marejados. – Eu não queria te acordar. -sorriu outra vez e as lágrimas quase caíram. – Desculpe.

Mitsuki aprendera com Karin a alguns anos, que as mulheres fortes odiavam ser vistas enquanto choravam. Ela lhe disse que isso as deixavam frágeis e somente poucas pessoas podiam ver estes momentos, por isso se uma mulher forte deixasse ele ver suas lagrimas, ele deveria sempre ser leal a essa mulher, porque ela confiava nele de verdade, naquela noite, Karin sorriu para todos na hora do jantar, implicou com Jugo e lembrava de varias vezes que ela bateu em Suigetsu, Sarada ainda não tinha permissão de se juntar a eles no jantar por isso não estava presente, mas seu lugar ficava vago e vez ou outra ele via a ruiva olhar naquela direção. Ela implicou ate mesmo com Orochimaru. Ele se lembrava que naquela noite, Sasuke também estava junto com eles. E diferente do comportamento habitual dela com o Uchiha, ela se manteve distante, e por mais que ainda risse com ele e fizesse algumas piadas que o menino não podia entender, não era igual as outras vezes. Quando ela saiu do salão de jantar, Mitsuki caminhou ao seu lado. E a viu chorar em silencio. Karin era a mulher mais forte que ele conhecia. Ele se lembrava bem de segurar a sua mão bem firme, era a única coisa que podia fazer. E apesar de Karin nunca ter lhe dito nada, era tudo o que ela precisava que ele fizesse. O garoto tinha uma estranha habilidade social que a ruiva nunca soube explicar, mas sempre tentou melhorar. E por isso ele estava grato.

- Me deixe tomar um sorvete de chocolate antes do jantar todos os dias durante... Um ano e estará tudo perdoado! – argumentou da forma mais exagerada e despretensiosa que conseguiu e seu coração disparou a um bilhão quando escutou a risada chorosa de Sakura, ele levantou os olhos para ela com rapidez para guardar aquele momento sempre em sua mente. Ela tinha algumas lagrimas que escapavam por seu rosto, que ela tentava limpar, mas o sorriso estava lá, tímido, dolorido mas sincero. Iluminando o rosto da mulher. Não como sol, aberto e expansivo. Calmo e cálido, como a lua que aparece entre as nuvens noturnas, afastando toda a escuridão.

- Ótima tentativa! – ela falou enquanto ainda ria. Gaara havia acordado a alguns minutos, mas sentiu que não deveria quebrar aquele momento, de alguma forma, ele sabia que Sakura precisava saber do amor daquela criança por ela. E somente isso naquele momento, então, guardou sua dor para si e ficou em silencio, sem sair da posição que se encontrava, escutando aquela conversa quente e acolhedora entre os amores de sua vida. E quase riu quando Mitsuki bufou desapontado.

- Não custava tentar ne? – deu de ombros com uma carinha de cachorro que havia caído da mudança e Sakura segurou uma risada doce, Gaara não precisou segurar o sorriso, afinal os dois estavam tão entretidos em seu mundo particular, que não notariam.

- Maaas, eu realmente admiro sua coragem rapazinho! -Sakura elogiou e seu coração machucado doeu um pouco menos quando o garoto lhe abriu um sorriso digno de Naruto, daqueles que ilumina uma cidade inteira. Foi incapaz de não retribuir o sorriso de volta, entendeu naquele instante o que Sasuke queria dizer com sua impossibilidade de negar as coisas estupidas que Naruto propunha. Porque por algum motivo conseguiu pensar em algo que podia conceder em partes o pedido do menino. - Que tal um sorvete de chocolate com a calda que você quiser quando sairmos daqui?

Mitsuki podia as vezes ter a maturidade que um adulto não possuía mas ainda era uma criança. Uma criança que passou por maus bocados e que poucas coisas boas haviam acontecido em sua vida, por este motivo, as pequenas alegrias que lhe eram oferecidas o faziam ser ainda mais puro e sincero. Ele deu um pulo da cama e comemorou com alguns pulinhos animados e depois parou estreitando os olhos.

- Hey mãe!!! – ele chamou com cuidado, meio que para se certificar que ainda podia chama-la assim. Gaara retesou no sofá e preferiu confiar apenas em seus ouvidos por medo de abrir os olhos e encarar Sakura. Os dois estavam esperando a resposta da mulher como se suas vidas dependessem disso. Sakura por sua vez, estava tão grata pela normalidade oferecida por seu pequeno monstrinho, que nem percebeu o medo que os assombrava.

- Sim... – ela falou segurando o riso, tentando se mostrar seria diante da desconfiança da criança.

- Essa é uma promessa Tio Naruto? – ele continuou questionando agora que estava tranquilo e agradecido por ainda poder ser filho dela. Com aquela Sakura não foi capaz de controlar o riso, e por mais que doesse um pouco rir, ela estava realmente feliz, ainda era capaz de ver luz e isso a fazia bem. Diante da pergunta Gaara não conseguiu evitar a risada, e teve os olhares voltados para si. Espreguiçou e sorriu para eles enquanto se levantava.

- Tio Ga.. – Mitsuki começou a chamar pelo mais velho, em busca de apoio. E parou a fala na metade, se encheu de coragem. Queria chama-lo da mesma forma que sentia em seu coração, engoliu a seco e encarou o Kazekage que o olhava curioso. A rosada porem entendeu a interrupção no momento em que olhou para o pequeno que parecia travar uma pequena batalha interna, Mitsuki estava bem próximo a cama, por este motivo ela estendeu a mão e deu um pequeno empurroão no menino, que pareceu entender o que ela queria dizer com o gesto e soltou a frase, um pouco mais alta e desajeitada do que queria. – PAAAI, VOCÊ OUVIA A MAMÃE ME PROMETER SORVETE NE?

Gaara corou e sorriu, encantado e surpreso pela atitude do garoto. Foi a vez dos dois estarem perdidos demais em seu mundo para notarem o olhar carinhoso de Sakura para eles.

- SIM!!! – ele respondeu igualmente nervoso e aquilo fez Sakura rir um pouco mais.

Mitsuki confirmou com o rosto satisfeito com a confirmação recebida do mais velho e voltou sua atenção para Sakura de maneira séria, e ela tentou não rir se mostrando séria também.

- Mãe você não me respondeu! – cobrou ele de maneira incisiva, enquanto subia na cama da mulher. – Essa é uma promessa Tio Naruto?

A rosada o encarou nos olhos e deu um peteleco em sua testa, o gesto exato que Sasuke sempre fazia com ela. Gaara conhecia aquele trejeito e sentiu um estranho sentimento bom e familiar naquela cena. Mas estava curioso.

- Claro que é uma promessa Tio Naruto. – ela afirmou em um tom falso de indignação enquanto abria os braços para Mitsuki. E o menino sorriu satisfeito, se aconchegando no abraço da mulher. O ruivo se aproximou da cama e os olhou de maneira curiosa.

- Podem me explicar o que é uma ‘promessa Tio Naruto’? – Gaara se assentou na cadeira em que Mitsuki estava antes e estendeu a mão para a esposa que a segurou de pronto.

-Sério? – Sakura questionou a confusão do marido um tanto surpresa.

- Que?? – Mitsuki os observa de perto, quietinho, olhando com atenção, cada pequena mudança nos comportamentos, estava tão abraçado a mãe que podia escutar seu coração e as alterações no ritimo toda vez que Gaara fazia alguma coisa. Os sons do coração de Sakura o fazia entender o que era amor. E por Gaara fazer o coração dela bater daquela forma Mitsuki era grato.

- Uma promessa que não pode ser quebrada. – o pequeno menino albino falou sem abrir os olhos , abraçando a mãe carinhosamente. - Por...

- Porque não podemos voltar atrás com nossas palavras. – completou o homem mais velho, enquanto envolvia os dois em um abraço protetor.

-Uhum... – comentou Sakura incapaz de falar.

- Eu tenho uma promessa Tio Naruto para fazer. – O ruivo falou sem soltar o abraço, sem abrir seus olhos, sem encara-los, era o tipo de coisa que se dizia na confiança dos sentimentos. – Eu vou proteger vocês dois para sempre. – Sakura sentiu algo quente escorrer em seu ombro esquerdo, onde a cabeça do esposo estava encostada, e não precisava olhar para saber que eram lagrimas. Mitsuki não precisava sentir elas escorrerem para saber que o pai chorava, nenhum dos dois precisava de palavras para entender que Gaara se sentia impotente e de certa forma culpado pelo o que aconteceu. Foi a criança que falou com sabedoria.

- Essa é uma promessa muito burra pai! – ele abraçou um pouco mais os dois adultos da maneira que pode e sorriu. – Que tal se a nossa promessa Tio Naruto, for um sempre cuidar do outro?

-Podemos melhorar ela um pouquinho mais... – falou Sakura de maneira doce. – E se nossa promessa Tio Naruto, for ‘nós sempre estaremos juntos, vamos cuidar e amar um ao outro, mesmo quando acharmos que não merecemos. E seremos felizes, apesar das dores que vão aparecer.’

- Tá perfeita Mãe! – afirmou a criança de forma ativa e Gaara apenas os apertou um pouco mais enquanto absorvia a nova promessa e o amor que eles ofereciam.

-É uma promessa Tio Naruto! – respondeu ele para sua família e se afastou um pouquinho para olhar aqueles que era seu mundo, a mulher de cabelos róseos tinha os olhos vermelhos e as lagrimas caiam pequenas, mas o sorriso que amava estava ali. Mitsuki parecia entender a importância de seu sorriso pois ele brilhava estampado em seu rosto. Aquela era a sua família, pequena e conquistada por quem ele seria capaz de tudo. Ele enfim entendia o significado de amor.

*******************

O grito apavorado e tremulo, adentra a madrugada e corta o silencio pela sexta vez naquela noite e ainda eram apenas três e quarenta e dois.

Chouji foi quem se levantou dessa vez. - depois da nona noite seguida dos pesadelos intermináveis da criança, este tinha se tornado o combinado. Um de cada vez, eles revezariam quem iria abraçá-la, quem iria fazer com que o choro cessasse. Que iria até ela lhe contar a mentira calma e encantadora de que tudo iria ficar bem. – Ele correu apressado para o quarto de Chouchou, mas parou durante dois segundos antes de adentrar a porta. Chouji havia pego este habito naquelas noites, parar e observar a menina antes de se apresentar, para nunca esquecer do quanto sua menina estava fragilizada, do quanto odiava Hidan, do quanto devia a Sasuke Uchiha. Viu a filha, encolhida, sentada na cama tremendo e chorando tanto que o homem podia ver apesar do escuro do quarto. Acendeu a luz e correu até ela na cama.

A primeira coisa que se lembra de sentir foi seu coração batendo tão absurdamente e ridiculamente rápido que poderia parar a qualquer momento. Apertou uma mão na outra as sentindo suadas, um suor frio, de puro medo. A consciência disso a fez estremecer dos pés á cabeça e o ar lhe faltou aos pulmões, lhe trazendo uma sensação péssima de que iria acabar ficando sem respirar, tentou puxar o ar com mais força e ele não veio, era como se não conseguisse, nem para respirar... Ofegante e apavorada, sentia um desconforto, um aperto no peito que até doía. Um dor tão forte que apertava a boca de seu estomago a fazendo sentir náuseas. Ela estava entre os calafrios e o calor que a fazia transpirar gelado, sua cabeça tão leve e avoada que acreditava estar prestes a desmaiar. Chouchou podia escutar Chouji a chamando, mas não conseguia responder, seu corpo parecia adormecido, naquele estado de formigamento que não se tem nenhum controle sobre os membros. Era como se estivesse separada de si mesmo. Era como se fosse enlouquecer a qualquer segundo, como se não tivesse nenhum controle em seu corpo, podia ouvir seu pai, mas era a única coisa que podia fazer.

- Eu estou aqui, Chouchou.. – Ele anunciou tentando capturar sua atenção mas não obteve sucesso de primeira, como era normal em todas as outras noites ela só conseguiu ouvir sua voz depois da quarta vez que ele chamou e ai as coisas sempre ficavam piores na opinião do ninja. A menina soluçou profundamente encarando o pai, conseguindo recobrar o controle de seu corpo, superando o medo insano de morrer e as lagrimas desciam com mais forças agora que ela havia entendido que era um pesadelo novamente, agora que a vergonha lhe atingia. Agora que ela conseguia pensar racionalmente, ela não conseguia explicar, mas sempre vinha um pânico depois que percebia que era só um sonho. Ela não conseguia por em palavras o fato de que tinha muito medo de que nunca fosse conseguir voltar a dormir tranquilamente sem que aquilo lhe assombrasse todas as noites de sua vida, e por mais que tentasse fazer algo a respeito sempre terminava igual, tremendo e chorando nos braços de seu pai ou de sua mãe.

Uma parte de si estava envergonhada de ser tão fraca.

**************

Sarada estava deitada na cama de Inojin - que havia insistido para dormir no chão – encarando o teto por longos segundos.

- Seja o que for, meu teto não tem a menor culpa. – O menino implicou com um sorriso típico dele e Sarada se sentou irritada, sabendo que o amigo não tinha a menor culpa de seu estado emocional.

- Ele não me deixou ver o Uchiha-sama. – ralhou ela com braveza e um tom áspero na voz.

- Sarada-chan, eu conheço o meu padrinho a um tempo maior que você... – notou o olhar irritado sobre si e acabou suspirando, levantou ambas as mãos pedindo paz. – Não quero brigar...

- Desculpe... – ela comentou envergonhada quando o silencio caiu sobre eles. – Por favor continue.

- Não tem problema, acho que você deve estar bem preocupada. – coçou a cabeça e suspirou.- É só que sair sem deixar vocês se encontrarem é bem mais a cara do Tio Sasuke, do que o sétimo.

- Ele não sairia... – a frase morreu antes mesmo de ser completada. Ora, mas é claro que ele iria sem dizer qualquer coisa, aquilo era típico de um Uchiha, ela mesmo faria isso se julgasse que o dano seria menor.

- Entende? – questionou o loiro fechando os olhos, deixando a amiga pensar em silencio.

Ela havia entendido.

Porém porque havia entendido não quer dizer que havia concordado.

**************

- Ora, ora, não está meio tarde para uma mocinha da sua idade estar nos portões da vila? – a mulher questionou sorridente enquanto segurava o ombro da pequena menina.

- Eu estou em uma missão e a senhora está me atrapalhando. – falou friamente quando deu um passo para trás evitando o toque gentil da mulher.

- Oh, você me parece muito jovem para ser uma genin, Sarada! – quando escutou seu nome soar dos lábios sorridentes a menina franziu o cenho. – Qual é a de vocês Uchiha, que não conseguem manter a linda bundinha de vocês dentro da vila!!!!

-Desculpe...- A confusão estampada no rosto da criança fez a mulher dar uma gargalhada alta que ecoou estridente pela noite silenciosa. E antes que Sarada pudesse formular alguma pergunta, uma terceira e conhecida voz se juntou a elas.

-Mãeeeee!!! Você está fazendo muito barulho! – zangou Sora em um tom nada bravo. – Oi Sarada!

-Oh, me desculpe Passarinho. – Tenten falou de forma amorosa e foi até o filho lhe beijar as bochechas muitas e muitas vezes.

- Hey mãe, na frente das pessoas não!!! – reclamou ele envergonhado mas sem se afastar do carinho ofertado pela mulher que acabou dando uma risadinha fofa. Sarada sentiu seu coração se apertar de saudade desejando ver sua Karin outra vez.

- Oi Sora... – olhou para mulher, a medindo dos pés a cabeça. Ela está usando um vestido qipao branco sem mangas com enfeites vermelhos que se estende até suas coxas, e uma fenda lateral à direita que é presa por fechos amarelos, é decorada com um padrão de chamas vermelho pálido, que correm ao longo do lado esquerdo, além de usar um obi vermelho escuro. Também usa meias de malha rendadas nas pernas e um par de botas pretas de bico aberto.Tem dois grandes pergaminhos de invocação amarrados na parte inferior das costas, seu cabelo lembravam um antigo penteado de marca chinesa, sendo trançados em conjunto na parte de trás de sua cabeça e terminando em uma pequena manta que atinge pouco abaixo dos ombros. Sua franja é repartida para a esquerda, mantendo-a fora de seus olhos. – Olá, mãe do Sora.

- Oh, por Kami, me chame de Tenten. – A mulher comentou de forma carinhosa e caminhou até ela a medindo também, como acabara de ser medida, prestando atenção a cada pequeno detalhe da menina e então suspirou. – Vocês vão enlouquecer o Naruto. – suspirou erguendo as mão para os céus. – Quer odiar o seu pai e o Naruto por saírem sem se despedir, faça isso. – ela falava sobre sentimento que a menina nunca havia dito em voz alta de uma forma tão certeira que a deixavam apavorada. – mas por favor, faça isso de dentro da vila. – Se abaixou ficando da altura da menina e segurou o rosto redondo em suas mãos. – Naruto passou boa parte da vida em busca de seu pai, não o faça passar o resto dela indo atrás de você.

- Mãe!!!- ralhou Sora sem jeito.

- Não, Sora, ela precisa escutar isso. – Tenten falou olhando em direção ao filho e depois olhou para Sarada. – Não é mesmo criança ?

Sarada engoliu a seco, mas as palavras da mulher ainda queimavam sobre sua pele. Elas haviam causado um estranho desconforto na garota, havia escutado as histórias de seu pai tantas e tantas vezes por sua mãe e agora ali estava, uma mulher que nunca tinha visto lhe chamam a atenção por algo que lhe devia ser óbvio. Seu estomago revirou de maneira estranha e Sarada achou que pudesse começar a chorar ali mesmo, era como acordar de um estranho sono, que não sabia realmente se estava dormindo.

Ela não respondeu verbalmente a Tenten, mas de uma certa forma tinha respondido para si mesma a pergunta da mulher, ela realmente precisava ouvir aquelas palavras.

-Ham... Sarada, você quer que te levemos para a casa da Ino? – questionou Sora querendo dar um novo rumo a conversa que havia se tornado estranhamente densa.

- Eu ... – ela não queria voltar para a casa da tia. Ino era maravilhosa, Sai era brilhante e Inojin um ótimo amigo, mas não eram sua familia e isso a fazia se sentir uma estranha na casa.

- Oh eu adoraria que você pudesse me fazer companhia essa noite, Sarada. – comentou Tenten. – Esse pilantra vai trabalhar a noite toda e eu ficarei sozinha. Se você não se importar... – ela sorriu cumplice para a menina. – Sora pode avisar Ino e Sai que você está comigo.

- Eu adoraria... – sorriu Sarada, sentindo uma estranha simpatia pela mulher de penteado chinês.

***************

Antes de saírem da vila houve um pedido que Sasuke fez a Naruto. Ele queria ver Sarada, mesmo que fosse de longe.

- Ela está com Ino, por conta da nossa ida e dos últimos acontecimentos... – O coração do loiro se inflou de esperança, desde que voltara Sasuke não falou de Sarada, não perguntou sobre ela, não a mencionou somente uma vez e isso causava no Hokage uma sensação ruim. Aquela era a primeira vez. E bastou olhar o rosto de Sasuke para que Naruto entendesse, que ele não falou de Sarada porque se falasse não aguentaria. Não seria forte o suficiente para enfrentar tudo o que viria. – Nós podemos dar uma passada por lá, antes de você nos levar pra Suna, o que acha?

- Obrigado. – foi toda a resposta que obteve de Sasuke, sabia que o amado não teria coragem de ir falar com a menina naquele instante. Conhecia-o o suficiente para entender que isso só aconteceria quando pudesse voltar de vez para casa e nunca mais sair de seu lado.

- Não me agradeça. – falou serio. Aquela missão do Uchiha ainda era uma ferida aberta para Naruto. Ele iria perdoar, se conhecia a ponto de saber disso, mas ainda não tinha tal habilidade. Respirou fundo. – Nunca me agradeça por isso. – sentenciou com uma estranheza na voz que fez o coração de Sasuke gelar.

- Naruto... – o moreno começou, mas o frio tétrico no olhar de Naruto o fez se calar.

- Não se desculpe. – respirou profundamente e olhando para frente enquanto sentia o vento lhe soprar os cabelos Naruto continuou a caminhar pelas ruas da vila.- Porque eu não vou desculpar.

- ... – O silencio reinou entre os dois e Sasuke covardemente não foi capaz de encarar Naruto que acabou por suspirar.

- Eu te amo. – Soltou Naruto lentamente a frase entalada em sua garganta desde que todo aquele furacão começou a passar por sua vida, e os poderosos olhos do Uchiha se voltaram para ele meio zonzos com a declaração. – Eu te amo tanto que meu corpo sente falta do seu toque. – em nenhum momento ele voltou seu olhar para Sasuke ou parou sua caminhada. – Neste momento você tá aqui do meu lado e meu corpo tá queimando só porque você está aqui. – enquanto o Uzumaki seguia a passos curtos, Sasuke não conseguia nem ao mesmo sair do próprio lugar. – Quando você foi embora dessa vez, eu entendi o vazio que me motivou a ir atrás de você durante todos aqueles anos, só que dessa vez eu não podia ir atrás de você e de alguma forma isso me quebrou por dentro em tantos pedaços que a Sakura, fez Hanabi e Ino revezarem as visitas a minha casa para não me deixarem sozinho... – ele não verbalizou mais sabia que foi exatamente o mesmo esquema que elas fizeram quando Hinata havia falecido. – Acho que se não fosse por Shikamaru eu teria enlouquecido nestes últimos sete meses. -um gosto amargo subiu a boca de Sasuke mas ele não falou nada, ele não tinha este direito.- E ai você voltou... – enfim Naruto voltou o olhar para Sasuke, que tratou de guardar bem aquela imagem em sua memoria, o rosto que tanto queria e amava estava triste e os olhos marejados. – E eu jurei para mim que eu te manteria longe, seria mais saudável, você tem uma péssima mania de ir embora. – quando ele falou aquilo soou de maneira risonha, ali estava o bom e velho Naruto, o Naruto menino e não o Hokage. – Mas bastou eu te ver naquele maldito corredor do hospital, para tudo isso voltar, pra todo esse sentimento me encher de novo, tô certo. – Naruto fungou e foi o bastante para Sasuke puxá-lo para si e o abraçar, e ele não fugiu, se deixou apertar naquele aconchego. – Ainda agora eu queria estar bravo com você... – continuou ele bem baixinho, enquanto as lagrimas caiam bobas. – Mas, quando eu te vi no hospital, tudo o que eu consegui pensar era ‘Meu Deus, ele tá bem! Ele tá vivo.’ – um suspiro tremulo e Sasuke o apertou com mais força. – Eu... Só....

- Eu também amo você Naruto. – Sasuke queria dizer que entendia, que do fundo de seu coração conseguia entender o que Naruto estava tentando falar, e aquela foi a única forma que conseguiu colocar em palavras tudo o que se passava em si naquele momento. Queria com todas as suas forças beijar Naruto bem ali e apesar de acreditar que Naruto não o empurraria para longe, não o fez, não como realmente queria fazer. Levou a mão até o rosto do loiro e acariciou os risquinhos nas bochechas fofas e coradas, sorriu de lado e viu todas as cores de Naruto em sua íris azul cintilante e depositou um beijo demorado em sua testa. – Eu sempre vou voltar para você, enquanto você me quiser, enquanto você me esperar, você sempre será meu porto.

- Oh! – uma terceira voz soou entre eles e os fez se perder de seu mundo particular, se voltaram para o som e o identificaram vindo de uma pessoa por trás de um imenso jarro de flores.

- Ino um dia vai te matar Sai! – comentou Naruto se afastando seguramente de Sasuke, afinal se não fosse a interrupção de Sai ele provavelmente teria beijado Sasuke no meio da vila.

- Quer parar de estragar meu plano Naruto! – Ino requereu em falso tom de irritação, e ela parou no momento em que viu Sasuke um pouco atrás de Naruto, Ino não teve coragem de ir vê-lo na prisão, não conseguia encarar o amigo naquele momento e nem ao menos percebeu que estava chorando até receber do Uchiha um peteleco na testa.

- ... – o que bastou para o choro começar a cessar.

- Eu estou em casa, Ino. – Naruto e Sai viram com espanto os olhos de Sasuke se encherem de lagrimas, mas nunca aquilo foi comentado. Nunca foi citado em nenhuma conversa posterior. Naquela tarde, em que se encontraram aos tropeços do acaso, em uma rua qualquer de Konoha, Sasuke e Ino se encontram como irmãos.

- Seja bem vindo de volta Suki. – ela sorriu, o sorriso mais bonito que Ino já havia lhe oferecido e o fez sorrir de volta. Oh céus ela era realmente irritante.

************

- Obrigado por virem. – Gaara cumprimentou de forma polida aos amigos. Ele era grato por eles estarem ali, mas isso não tornava a situação menos dolorosa. Ele se sentia culpado por tudo o que aconteceu e sabia logicamente que não era de fato sua culpa. Mas ver Naruto e Sasuke ali o fazia querer ser irracional. Ele tirou Sakura da segurança de sua vila do lado de seus dois melhores amigos e ali estavam eles para ampara-la no sofrimento que ele não conseguiu evitar. - Sasuke é bom vê-lo seguro.

- Não precisa nos agradecer. – respondeu Uchiha de maneira simplória. - Sakura é a nossa melhor amiga. -sorriu de lado e confirmou com o rosto .- É muito bom estar de volta.

Um silêncio constrangedor se instalou sobre os três, Naruto tinha ensaiado um bilhão de frase para falar ao amigo quando o encontrasse agora que estava junto a ele, nada lhe parecia o correto de dizer, a verdade é que saberia lidar com Sakura mas com Gaara parecia fora de suas capacidades, sarriu triste por isto e como se para quebrar o momento o ruivo anunciou.

- Porque vocês não entram? – ele tinha uma aparência cansada e carregava uma bolsa que parecia indicar uma ida/volta casa-hospital.

- Você deveria ir comer algo... – Naruto arriscou de maneira cuidadosa.- Ou descansar um pouquinho. – Se virou para Sasuke e coçou a cabeça.- Acho melhor eu entrar sozinho... -mirou as Onix do Uchiha e suspirou, não queria falar que não achava sábio ele aparecer na frente da amiga do nada, sem que ela tivesse uma explicação prévia de toda a novela que se tornara a vida dos dois. – Depois você vai Sasuke...

Não houve nenhuma outra palavra trocada entre os três e Naruto deparou pelo corredor do hospital. E o clima estranho tornou a se instalar entre os homens que ficaram para trás.

- ...

- Ela vai gostar de vê-lo... – comentou Gaara algum tempo depois.

- Ela precisa vê-lo. – retrucou o moreno em seu tom habitual de desinteresse.

- Acho que você tem razão. – a frase passaria desapercebida aos ouvidos de Sasuke se não fosse pelo tom abatido na voz de Gaara. - Vocês sempre tem razão um sobre o outro...

-... – mas mesmo assim ele se manteve em silêncio.

- As vezes... – Gaara tentou continuar e travou. Pensou consigo mesmo sobre o que dizer e lutou contra seus pensamentos autodepreciativos.

-... – Sasuke por sua vez deu tempo ao ruivo de se organizar corretamente e pensar no que queria falar ou se queria falar. Por este motivo permaneceu em silêncio.

- As vezes eu acho que eu fiz uma coisa ruim tendo me casado com ela. Q -admitiu ele quebrado. Já cansado de tanto lutar contra tudo aquilo. Ele sabia que se Naruto estivesse ali ele jamais teria coragem de admitir sua fraqueza em voz alta, mas havia algo em Sasuke que o permitia dizer esse tipo de coisas e não esperar nenhum julgamento, e como o esperado, o julgamento não veio, nem mesmo um olhar atravessado, nada. - Se ela estivesse com vocês ela estaria feliz e segura, ela amou você durante tantos anos... – aproveitou essa sensação de coragem e se valeu dela para limpar o peito. - Vocês são almas gêmeas e eu não tenho como fazer nada a respeito disso.

Sasuke ponderou rapidamente a melhor forma de responder o que Gaara lhe questionava, não era um dos melhores amigos de Gaara mas o conhecia o suficiente para saber que ele não era o tipo de cara que esperava respostas prontas e belas. E foi por este pensamento que optou por dizer exatamente o que pensava. Mesmo que fosse doloroso.

- Você realmente tem razão. – respondeu sem nem ao menos titubear. - Sakura é a única mulher que eu amei. – sorriu contido e encarou ao Kazekage.- Ela sem dúvida nenhuma é a mulher da minha vida, nem mesmo Karin que é a mãe da minha filha ocupa este espaço no meu coração.

-... - A surpresa nitidamente estampada no rosto do ruivo fez Sasuke rir sem o menor humor.

- O que foi? – questionou de maneira afrontosa.- Esperou que eu fosse negar ? -sorriu e negou com o rosto, era uma expressão carinhosa que Gaara vira o Uchiha usar pouquíssimo. - Sakura é a mulher mais incrível e maravilhosa que eu conheço. Ela é deslumbrantemente linda e Sakura tem uma personalidade absurda. -tornou a encarar o marido de sua melhor amiga e sorriu de maneira cúmplice.- E eu vou amar aquela garota até a última batida do meu coração. Você e Naruto tem que lidar com isso. Porque eu sei que ela também vai me amar enquanto seu coração bater.

- .... - Gaara não poderia discutir com algo como aquilo. Ele sabia que a verdade daquelas frases sempre perduraria em sua vida, mas nunca viu os laços do time sete como um peso em seu relacionamento, claro que tinha ciúmes, como o Uchiha havia dito ela era deslumbrante, mas não era de fato algo que era um impeditivo.

- E nós dois sabemos que se algum de nós merece a Sakura esse alguém é o Naruto, não é? - a sentença foi dita sem nenhuma outra explicação mas não era preciso. Era mais do que claro que Naruto sempre seria o mais merecedor do afeto da rodada.

- .... – Gaara permaneceu em silêncio obrigando a Sasuke verbalizar seus pensamentos.

- Ele a amou desde o primeiro momento e a idolatrou durante toda a sua vida. – na opinião de Sasuke era até mesmo insuportável. Ele a seguia por todos os lados e estava sempre tentando atingir o topo de seu afeto, mas de fato se parasse para analisar era engraçado e fofo, o tanto que ele havia se esforçado pelo carinho de Sakura. - Mesmo quando descobriu o amor de Hinata, ele ainda a amava. – mesmo quando ela não mereceu o amor dele, ele continuou a amando, mas está parte ele omitiu. - Nós dois fizemos mal a ela desde o início. -Sasuke não precisava por em palavras seu péssimo início com Sakura e muito menos lembrar a Gaara de como eles foram no começo. - Ele simplesmente a amou. -Acabou rindo. Este era Naruto, sempre capaz de amar e fazer o melhor para os outros mesmo se isto não for o melhor para ele. - E isso nunca vai mudar. -colocou a mão no ombro de Gaara e sorriu de lado. - Ela pode ser a mulher da minha vida Gaara, mas é a alma gêmea do Naruto e nós dois teremos que viver com isso.

- Competir com você já era complicado. – Gaara comentou com um sorriso frágil.- Com o Naruto é desumano.

Sasuke acabou por rir, e o silêncio seguiu por um tempo até ele decidir quebra-lo.

- Não precisa competir com nenhum de nós. -falou de forma simples.- Ela escolheu você Gaara e eu a conheço o suficiente para saber que ela continuaria te escolhendo.- neste momento o olhou nos olhos e deu um sorriso curto, mas verdadeira, um dos sorrisos raros de Sasuke.- Vocês vão conseguir passar por tudo isso. -apertou o ombro do ruivo de maneira gentil e acenou com o rosto em uma tentativa de dizer que tudo ficará bem. - E vocês são nossos preciosos amigos, nós estaremos com vocês.

**********

Um clique e a porta estava sendo entreaberta vagarosamente, um azul temeroso apareceu lacrimejado do outro lado, acompanhado por um rosto confuso e sentido. Sakura suspirou pesadamente e o encarou desesperada, forçou seu melhor sorriso, e não conseguiu falar porque sua garganta queimou quando precisou tentar abrir a boca para falar. Ele permanecia estagnado na porta com a mão na maçaneta e com a cara de pateta que só ele sabia fazer.

Naruto abriu a porta sem o menor sentimento de coragem no peito. Com um aperto tão grande na alma que só conseguia sentir o coração batendo tão forte e rápido que podia senti-me na garganta. Ela estava na cama com a roupa verde do hospital, e os olhos verdes que estavam dispersos enfim se fixaram nele quando houve o click do destravar da maçaneta.

Ela sorriu.

Ele quebrou.

Em sua mente tudo veio. Cada vez que ela gritou com ele, cada vez que ela riu para ele , cada vez que choraram juntos, cada briga, cada missão, cada dificuldade, cada alegria, tudo, tudo se passava diante dos olhos de Naruto naquela fração curta de milésimos. Mas nunca viu aquele vazio nos olhos verdes, nem mesmo nas muitas partidas de Sasuke. Sabia que aquela seria uma dor que a amiga nunca deixaria ir por completo. E não havia nada que ele poderia fazer dessa vez. Ele estava despedaçado.

- Oi... – Falou meio baixo sem soltar a maçaneta da porta, com medo de cair por que suas pernas estavam bambas.

- N-na-naruto... – resfolegou Sakura, quando conseguiu obrigar suas cordas vocais produzirem som. E ela odiou Naruto mais uma vez. Ela sabia que seria assim. Que quando visse o amigo iria desabar. Que conseguiria ser forte até com Sasuke, mas não com o maldito loiro tapado que era apaixonado por ela quando eram crianças. Porque ele conhecia cada pedacinho de sua alma e era difícil mentir para quem sabe dizer que você está feliz pelo jeito que penteou o cabelo. Falar o nome dele em voz alta destravou uma represa em Sakura e como chuva torrencial das tempestades de veraneio ela desabou. As lágrimas em si, não só indicam o lado ruim da história, como é demonstração de transbordo de emoção. A crise de choro veio forte cheia de por emoções negativas, que estão acumuladas, causando um certo sufoco e quando transborda, o choro é incessante. - Ele se afastou de mim de forma rápida e silenciosa, sem chegar a causar uma impressão no mundo... - Naruto não disse nada, apenas olhou para a amiga com um peso no peito e se aproximou devagar, não invadiu o espaço pessoal de Sakura, nem fez movimentos rápidos, como se estivesse com medo de que se andasse rápido demais ela poderia se quebrar. E talvez ela fosse mesmo, por isso agradeceu até os passos leves de Naruto, que vinha com o aviso silencioso de “vou me adaptar a sua dor”. – A enfermeira veio mais cedo sabe... E ela me disse que foi melhor assim... – nessa hora ela engasgou. Respirou fundo e não conseguiu seguir em frente. O amigo segurou suas mãos e deitou o rosto em suas pernas assim que se sentou na cadeira posta ao lado da cama do hospital. – Que meu bebê mal ficou dentro de mim o suficiente para criar uma grande impressão... – a voz dela seguiu trêmula e dolorida. – Que ele poderia sofrer.. -foi a primeira vez que ela buscou os olhos de Naruto e ele quis abraça-la por completo e espantar toda a dor. – Eu nem sei se era um menino ou uma menina... Eu fico dizendo ele, mas eu não sei... – O homem a puxou para seus braços e a apertou carinhosamente e o pranto veio novamente dessa vez de maneira dolorosa e alta, ela chorou tanto que seus braços não conseguiam devolver o abraçar de Naruto, chorava tanto que seus ombros tremiam. Naruto conseguia entender uma parte da dor. Não conseguia nem sequer imaginar perder um filho, mas o sentimento de vazio... Essa empatia ele conseguia ter.

Naruto a abraçou por que ele não fazia menor ideia do que dizer a sua melhor amiga. Ele não tinha nem sequer uma suspeita de por conde começar. Ele sabia o que não dizer. Ele guardou todas as suas histórias e hipóteses para si, sabia que a amiga não precisava de opiniões alheias sobre como seguir. Aos poucos e com o apoio de quem a amava ela ia seguir. Então preferiu guardar qualquer comentário assim para si mesmo. Deixou que ela chorasse.

Não deu voz ao mesmo comentário da enfermeira de que “foi melhor assim” porque quando perdeu Hinata este era um dos que ele mais detestava receber. Sabia que as pessoas não o fazem por mal. Mas o fato é que Sakura havia perdido seu bebê e provavelmente se sentia a maior culpada de tudo isso e ele sabia que mesmo sabendo exatamente que não havia nada que pudesse ter feito essa seria sempre uma culpa que a amiga carregaria. Então tudo o que ela não precisava era ele lhe dizendo que havia algo de errado com seu pobre bebê e que ela não pode protegê-lo porque seria assim que ela entenderia.

A maior humanidade vinda de Naruto, mesmo que Sakura nunca o diga, foi o fato de ele nunca ter lhe dito, “você pode ter outros filhos.” Pois assim como ela sorriu para espantar o medo de Mitsuki a respeito da chegada do bebê o retirar do posto de filho, essa criança que ela esperava não era descartável, o fato de ela ter ido antes de nascer não a torna menos seu filho. Essa dor nunca passa. E ela amou Naruto por sua grandiosidade inocente e gentil.

Mas além disso, algo que Sakura jamais será capaz de agradecer, foi a capacidade de Naruto de não fingir que isso não havia acontecido, de estar ali com ela, mesmo todo atrapalhado e travado sem saber como fazer, mas ele estava com ela verdadeiramente. Não a impediu de falar e não lhe impôs outro assunto quando este veio a tona. Ele disse mesmo sem falar uma palavra que estava presente.

-Shiu... – sussurrou ele algum tempo depois de muito choro e o simples sussurro a impulsionou a continuar sua fala.

- Aquele serzinho dependia unicamente de mim para trazê-lo ao mundo e eu não consegui.... -a frase foi seguida por socos fracos em força bruta mas destruidores em força emocional, sob o ventre. - Eu deveria trazê-lo para uma longa vida e não pude dar-lhe ao menos sua infância.... – Naruto em um pânico mudo segurou as mãos da mulher e a encarou nos olhos mas isso não a freou.- Eu estou tão brava com meu corpo que você não pode imaginar.

- Saki eu realmente sinto muito... – Naruto falou após muito ponderar sobre o que dizer. Ele não precisava de eloquência, as palavras eram fortes por si só. E ele foi muito além do que todos os outros foram, Naruto se sentou ao lado dela e não mediu palavras ou gestos, ele a deixou chorar e a ouviu e deixou claro que a ouviria sempre que fosse preciso ouvir. Ele não forçou sorrisos e não fugiu de nenhuma conversa, aguentou o choro e ofereceu palavras de conforto e carinho quando foi preciso. Muito além de tudo ele esteve com ela e apenas isto bastava. - Vocês vão ser pais maravilhosos um dia. -parou durante alguns segundos e se corrigiu ao se lembrar de Mitsuki.- Ou melhor dizendo. Vocês são os pais mais maravilhosos que este bebê e Mitsuki tiveram sorte em ter vocês. E eu sei que seu bebê sabe que foi muito amado minha amiga. – a apertou em seus braços com muito carinho e lhe beijou a marca lilás sob a testa e sorriu. – E eu espero que você saiba que eu e o Sasuke te amamos muiiiiiiiiiiiiitooo também...

A menção do amigo e a forma que foi feita fez Sakura se sentir mais leve, ela já sabia que o moreno havia regressado a sua missão, mas as últimas notícias que tivera não eram as melhores, suspirou em um misto de choro e sorriso e provocou, grata por Naruto ter este dom de tornar tudo mais suportável.

- Agora você responde por ele também??? – e a pergunta foi o suficiente para Naruto corar dos pés a cabeça e ficar extremamente sem graça.

- Olha aqui sua abusada.... – começou ele completamente vermelho. E foi interrompido pelo riso mesmo fraco de Sakura.

- Você responde pelo Sasuke-kun e eu sou a abusada.. – continuou ela implicando, com um sentimento quente no peito de que no fim talvez tudo se ajeitasse e aquela dor pudesse ser amenizada pelo carinho e o amor de todos eles. Mitsuki era a luz que ela precisava de continuar, Naruto era o calor pra espantar o frio, e sabia que Sasuke seria sua força, quanto a Gaara, ele era o caminho, o companheiro, ele era tudo o que faltava nela.

- Sakuraaaaa!!!!! – Naruto reclamou de forma exagerada porque notou as lágrimas que provavelmente nem a amiga percebeu. A abraçou e bagunçando seu cabelo em um apertado cafuné fez ela rir novamente. Prometeu ali para si mesmo que protegeria os que amava de todas as formas possíveis e mesmo quando não conseguisse evitar o mal cuidaria dos danos.

- Haihai.... – ela se rendeu e acabou rindo. - Me responde uma coisa... Quem comeu quem????

A pergunta teve o objetivo desejado alcançado em menos de três milésimos pois Naruto corou dos pés a cabeça. E ela gargalhou verdadeiramente, expulsando as lágrimas restante dos olhos e percebeu que ainda havia a dor, mas também havia luz, quente, gentil e acolhedora.

Foi como despertar de um pesadelo.


Notas Finais


Tô respondendo os comentários ceis viram??? Que orgulho de mim!!!!!


PS: eu nem acredito que tô postando este cap. Tanta coisa deu errada que é uma vitória para mim.


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