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História Teias do Infinito - Capítulo 13


Escrita por: O_Escritor_1

Capítulo 13 - Capítulo 13


Lembro sempre que nos finais de ano minha família costumava se reunir para ficar junta. O Natal era uma data importante. Nunca fui muito social ou apegado a eles de uma certa forma. Quer dizer, sempre seriam minha família, mas não via a necessidade de estar os vendo toda hora. Bom, agora que estou nessa eternidade, pelo que parece, uma parte de mim sente falta deles. Já passou tanto tempo que talvez estejamos perto do Natal. Queria passar um tempo com eles.

 

Eu estava lá, sentado em uma poltrona no canto da sala. Era Natal? Véspera? Dava para supor isso por conta dos enfeites pela casa e a grande árvore no outro lado. Tinha muita gente andando por todo lado, mas eram rostos conhecidos. Primos, tios, tias, meus pais, todos estavam ali, conversando uns com os outros. O que diabos está acontecendo? Tomei coragem e levantei da poltrona, fui até a cozinha para pegar um copo d'água. No caminho, trombei com meu primo mais velho.

“E aí, maninho, como vão as coisas?” Ele me perguntou, colocando a mão no meu ombro. Odeio esse tipo de contato.

“Vão bem, e como vai o pequeno?” Lembro dele ter um filho pequeno, mas não sei se voltei no tempo. Pode ser que sim, mas voltei para que ano? Qual momento seria esse?

“Vai bem, mas me conta como vai a vida? Já que tu anda sumido, tem que ter uma boa razão pra não ver a família.”

“Na verdade eu…”

“Cara, família é tudo, e por algum motivo tu não liga pra isso. As pessoas te querem bem, mas tu fica parece que com medo. Chega a me dar raiva isso.”

“Acho que não é hora pra sermão.” Tirei a mão dele do meu ombro e fui até a cozinha, mas ele me seguiu.

“E aquela garota com quem tu tava tendo um rolo?”

Então, já havia conhecido a Amanda? Estávamos juntos? Mudei de rumo para a porta de saída. Meus primos mais novos não me deixaram sair de casa sem por um gorro de Natal na cabeça. Que bobagem. Ao sair, me deparei com neve. Muita neve. Isso era algo raro de acontecer na minha cidade. Havia tanta neve que as crianças estavam montando bonecos de neve. Andei por alguns minutos até chegar na casa onde um dia moraria com Amanda, e lá estava ela, sentada próximo à lareira. Dava para ver um pouco da sala de estar pela janela da rua. Mas se já estava morando nessa casa, quer dizer que já estávamos juntos? Tomei coragem e toquei a campainha. Demorou um pouco até que finalmente ela abriu. Estava com uma taça de vinho na mão esquerda e o celular na mão direita.

“Oi,” falei, abrindo um grande sorriso. Não pude conter a felicidade de vê-la depois de tanto tempo.

“Oi?” Ela parecia confusa, tinha esquecido da barba e do cabelo. “Posso ajudar?”

“Bom, doces ou travessuras?” Já não sei mais o que falar, por favor lembre de mim.

“Eu acho que te conheço.” Meu coração se encheu de esperanças. “Você é o escritor do livro dos monstros, não é?”

Não tenho muitas escolhas nessa situação. Claramente, não estou no passado. Talvez seja um tipo de linha do tempo alternativa? Faria sentido. Bom, nesse caso, vamos seguir esse joguinho de escritor de livros até então um pouco famoso.

“Sim, eu estava dando uma volta pela vizinhança e acabei vendo sua árvore toda destruída pela janela.” Amanda me deixou entrar e riu enquanto apontava para a pobre árvore.

“Ela pegou fogo sem querer, então eu meio que deixei assim mesmo.” Ela fez sinal para mim que precisa seguir a ligação e foi para outro cômodo.

Aproveitei o tempo que tinha para observar melhor as coisas. Havia vários porta-retratos em cima de uma estante. Um deles foi de quando ela se formou em medicina, tinha outro de quando ganhou seu primeiro carro ao que parecia, e bem atrás deles tinha uma foto nossa, junto de logo quando começamos a namorar. Eu estava mais jovem, sem barba e com o cabelo curto. Então, nos conhecemos nessa linha do tempo, até mesmo namoramos. Peguei o porta-retrato, tentando entender melhor o que estava acontecendo, e aí ela voltou.

“Desculpa, eu não queria mexer.” Amanda tomou o objeto da minha mão e o colocou dentro do armário.

“Bom, eu às vezes queria esquecer essa foto.” Ela parecia triste, dava para ver nos seus olhos, na verdade, sempre fui bem em perceber sinais.

“Posso perguntar o que aconteceu? Término ruim?”

“Quem dera. Ele faleceu em um acidente grave no dia em que me formei.” Então, estou em um momento após meu acidente, mas para minha família eu ainda estava vivo? Que confuso.

“Eu sinto muito.”

“Tudo bem, só não vá por isso em uma das suas histórias.” Ela largou o celular e pegou um dos livros na prateleira.

“Eu não faria isso.” Coloquei a mão na bolsa e encontrei uma caneta. Era meio que óbvio, um escritor sem sua caneta da sorte.

“Pode autografar esse aqui pra mim?” Amanda me alcançou. “Sabe, eu gosto dos seus livros, mesmo tendo algumas partes que não são tão boas.”

“Nem tudo pode ser perfeito.” Eu ri enquanto assinava a capa. Era um livro com um título meio duvidoso, "King, o Rei dos Monstros." Não lembro de ter escrito isso.

“Sabe, eu raramente vejo você falar da sua família nas suas entrevistas. Também nunca vi uma biografia sua.”

“Não gosto de falar muito do meu passado, na verdade prefiro esquecer algumas coisas.” Entreguei o livro de volta pra ela e fiz sinal para a porta. “Acho que já vou indo.”

“Mas já?” Amanda abriu a porta pra mim, mas antes de eu sair, me olhou no fundo dos meus olhos e disse. “Você me parece muito familiar, não das fotos, mas como se já nos conhecêssemos.”

“Deve ser apenas impressão.”

Saí dali com uma certa pressa. Se eu estava em um dos meus enredos, qualquer coisa poderia acabar causando um acidente, e tenho que protegê-la. Andei por algumas quadras até chegar na praça da cidade, sentei em um banco e fiquei observando a água congelada do lago. Estava belo. Era disso que eu precisava: um tempo fora daquele quarto escuro. Mas isso não duraria para sempre, logo eu voltaria a escrever.

 



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