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História The Alpha and the Omega - Capítulo XII - Resistência e Rendição


Escrita por: HopeBlake

Notas do Autor


Bom, queridos leitores. Vocês pediram e aqui está.
Espero que gostem do capítulo.
Boa leitura!

Capítulo 12 - Capítulo XII - Resistência e Rendição


Fanfic / Fanfiction The Alpha and the Omega - Capítulo XII - Resistência e Rendição

S/N ON

Meu pai costumava dizer que deveres não deveriam ser discutidos, e sim cumpridos. É nossa obrigação com a família, dizia ele. Mas a partir do momento em que esses deveres conflitam com suas virtudes e crenças, você passa a questioná-los. E foi exatamente o que eu fiz hoje. Foi como uma libertação das corretes que me mantinha presa e que eu nem sabia que existiam. Mas por que essa liberdade parece tanto com um aprisionamento? Sinto-me mais presa, nesse momento, do que me sentia antes.

Não consigo lembrar-me de um momento em que tenha me sentido da forma como estou sentindo agora. É como se todo mundo estivesse tão rápido e eu tivesse permanecido em câmera lenta.

Durante toda minha vida, eu sempre tive as respostas pra todas as perguntas. Não importa sobre o fosse, eu saberia responder. Nunca fui do tipo indecisa ou de dizer “eu não sei”. Isso era facil pra mim. Mas agora, parada nesse semáforo, eu só consigo me sentir... Perdida.

Desse modo, o melhor a fazer agora é esfriar a cabeça. Eu preciso pensar e processar tudo que aconteceu. Com isso em mente, decido caminhar até a pousada. É uma boa caminhada, mas acho que é a melhor opção nesse momento.

Quebra de tempo

Chego finalmente ao quarto da pousada e tenho uma surpresa assim que abro a porta.

Xxx: Filha!

 

JUNGKOOK ON

Le: O que acha de irmos a um bar? - pergunta um tempo depois de termos saído do restaurante.

– Viemos aqui discutir sobre negócios e não para um encontro casual.

Le: Mas é um encontro casual, não estou em horário de trabalho. - diz e a encaro sério. - Ok. Tudo bem, mas eu preciso beber Jungkook. E se você não for comigo, eu vou sozinha.

– Mas que porra! Tudo bem, vamos. Mas não vou ficar por muito tempo. - digo irritado.

Le: O que foi? Aconteceu alguma coisa?

– Não! Eu só preciso voltar pra casa hoje e não quero ter que ir bêbado.

Le: Você tem um helicóptero a sua disposição, não é como se você fosse voltar dirigindo. Além do que, eu sei que você não fica bêbado, então não minta pra mim. É outra coisa!

– Me conhecer por alguns anos não te dá o direito de ficar me analisando.

Le: Então tem algo pra analisar. O que está me escondendo Jungkook?

– Para, Leah! Estou falando sério!

Le: Tá! Tudo bem. - ela fica em silêncio por alguns segundos. - É alguma namorada? Está saindo com alguém?

– Leah! Já disse pra parar.

Le: Tá, tá. - diz e eu relaxo. - Você não mudou de lado, né? - surpreso com sua pergunta, acabo perdendo um pouco do controle do carro. - Que merda, Jungkook! Está querendo me matar? - paro no sinal.

– Que merda digo eu! Está ficando louca? Que tipo de pergunta é essa?

Le: O que? É normal. Acontece com vários homens. - diz ela dando de ombros.

– Pode até ser, mas não comigo. Eu gosto de mulheres. - digo olho ao redor da rua.

Le: Que bom, porque...

É nesse momento que paro de prestar atenção em tudo, pois meus olhos se focam em um ponto ruivo parado em frente a uma confeitaria. Não pode ser ela. Ela mora em Seoul, o que estaria fazendo aqui? Tento ver melhor, mas ela não vira o rosto. Vire! Vire!

Le: JUNGKOOK! - ela grita me dando um soco no braço.

– Cacete! Meu ouvido, caralho! O que você quer? - digo puto.

Le: Estou falando com você, mas você não está me ouvindo. O que foi? Tem algo mais interessante na rua?

– Não é isso! - digo olhando novamente para a pessoa parada em frente à confeitaria, mas ela não está mais lá. Dou mais uma olhada pela rua, mas ela simplesmente sumiu.

Le: Então é o que? - ela pergunta com os braços cruzados e me encarando curiosa. Volto com o meu olhar para frente, percebendo que o sinal abriu.

– Pensei ter visto alguém familiar. - digo dando a partida e indo embora.

 

S/N ON

– Mãe? O que foi?

Mãe: Precisamos conversar.

– Não precisamos. - digo simplista.

Soo: Antes de continuarem, eu quero que você me responda uma coisa. - assinto com a cabeça - Onde você estava? Sua mãe disse que você saiu do restaurante às 13h e já são 17h30min.

– Eu vim caminhando.

Soo: Você caminhou por 4h e meia?

– Eu precisava pensar. Então achei que seria uma boa ideia. Por que está aqui mãe?

Mãe: Queria te ver. Saber como você está.

– Eu estou bem.

Mãe: Eu sinto muito, meu amor. Não foi isso que eu imaginei que aconteceria quando pedi para Hae-soo te trazer aqui hoje.

– Eu não te culpo, mãe. Não precisa se sentir culpada, porque a senhora não é. Não é sua culpa. Não é. E eu estou bem. Está tudo bem. - digo e a abraço.

Mãe: S/N, sei que tem perguntas sobre o que... - interrompo-a me desvencilhando do abraço antes que termine a frase.

– Não! Por favor, não. Ainda não estou pronta pra saber, então podemos, por favor, adiar essa conversa por mais um tempo.

Mãe: Cla-aro, claro. Tudo bem, podemos sim. Bom, acho que é melhor eu ir. Só vim ver como você estava. Eu liguei, mas você não atendeu. Então liguei pra Soo e quando ela me disse que você ainda não tinha chegado, eu vim correndo. Fiquei preocupada, pensei que pudesse ter acontecido alguma coisa. Fico feliz que você esteja bem. Você está bem, certo?

– Sim, mãe. Eu estou bem. - digo com um sorriso singelo.

Mãe: Vou tentar ir mais vezes te visitar, as duas. Acho que estou livre essa semana, então ligo pra confirmar. Ok?

– Tudo bem. Vamos gostar muito.

Mãe: Tudo bem. Então eu já vou. - diz e eu assinto com a cabeça. Ela se vira e caminha até a porta do quarto, mas então eu a impeço.

– Mãe! - ela se vira pra me olhar. - Obrigada por ter vindo. Foi muito importante pra mim. - ela volta em minha direção e me abraça novamente.

Mãe: Eu sempre vou estar aqui pra você, meu amor. Sempre que você precisar. Sempre. Eu te amo, S/N. - ela diz apertando ainda mais o abraço.

– Eu também te amo, mãe. - digo com o rosto em seu ombro. Ela desfaz nosso abraço e me dá um beijo na testa.

Mãe: Te vejo semana que vem. - ela sussurra no meu ouvido. - VOCÊ TAMBÉM, HAE-SOO. - minha mãe diz alto para que a Soo-ya escute.

– Mal posso esperar Senhora... - minha mãe a encara com um olhar zangado. - Tia Sophia. - minha mãe abre um sorriso e eu solto uma risadinha.

Mãe: Eu já vou meninas. Tomem cuidado na volta. É melhor pegarem o trem ou o ônibus, amanhã eu devolvo o carro. - minha mãe diz andando em direção à porta, abre e vai embora.

Soo: Bom, agora que a sua mãe foi embora, me diz, o que diabos aconteceu lá? - Soo questiona curiosa.

– Pensei que minha mãe tivesse te contado. - digo caminhando em direção à cama e me jogando nela.

Soo: Ela não contou a história toda, só disse que você e o seu pai discutiram e você foi embora.

– Discussão? Estava mais para um confronto.

Soo: O que? Como assim? Por que?

– Uma pergunta de cada vez Hae-soo. - digo rindo da sua curiosidade. - Não foi uma simples discussão, foi uma briga mesmo. Brigamos feio dessa vez e acho que não vamos conseguir superar isso.

Soo: Mas por que vocês brigaram. Pensei que ele tivesse te chamado por que sentia sua falta, para que pudessem fazer as pazes.

– Ele queria fazer as pazes, mas não por que sentia minha falta. - faço uma pausa e suspiro. - Era apenas porque precisava de mim.

Soo: Não estou entendendo. - diz confusa.

– Ele me vendeu. - digo segurando as lágrimas. Eu não quero mais chorar.

Soo: Como assim ele te vendeu?

– Foi uma transação de negócios. Fusão de empresas. Eu me caso com o filho do amigo deles e os negócios aumentam. Mais e mais dinheiro pro bolso dele.

Soo: O que? - ela diz e começa a rir. - Está falando de casamento arranjado? Não pode ser! Tá brincando, né?

– Não é engraçado Hae-soo. Eu estou falando sério. - digo sentando na cama de frente para ela.

Soo: Não. Não posso acreditar nisso. Achava que isso nem existia mais.

– Pois você está errada. E ainda queriam que eu desistisse da minha profissão.

Soo: Queriam que você largasse a faculdade?

– Não. Eu poderia terminar os últimos dois anos de faculdade, mas nunca poderia exercer. Pra quê passar seis anos da sua vida estudando pra no final não poder trabalhar. Foi o que eu escolhi fazer, o que eu QUERO fazer. Pelo resto da minha vida. Não conseguiria abrir mão da minha profissão.

Soo: Isso quer dizer que você não aceitou?

– Claro que não, né. Por que você acha que brigamos? Eu disse que não iria me casar e ele ficou furioso. Começo a jogar na minha cara que passou 16 anos me alimentando e educando para que eu fosse excepcional, na verdade ele usou a palavra “extraordinária”, mas disse que no final eu acabei sendo apenas medíocre. Disse que eu era uma falha dele. Um erro.

Soo: S/N... Eu sinto muito. Eu não sabia...

– Não importa. Já foi. E está tudo bem, de verdade.

Soo: Tem certeza? Eu só...

– É sério, Hae-soo. Está tudo bem, não precisa se preocupar. - digo tentando a tranquilizar. - Mas sabe, teve uma coisa que ele disse no final que não sai da minha cabeça.

Soo: O que ele disse?

– Que não era pra eu ter sido filha única, que eu destruo tudo e que ele se arrepende de ter me escolhido. Que queria que tivesse sido eu e não ela.

Soo: Ela? Sua mãe ia ter outra filha?

– Não.

Soo: Ela tinha outra filha?

– Não. É isso que eu não entendi. O que ele quis dizer com aquilo. Como ele me escolheu?

Soo: Você foi adotada? - aceno em negativo com a cabeça.

– Não. Tenho minha certidão, milhares de fotos da minha mãe grávida, fotos do meu nascimento, minha pulseira de identificação do hospital.

Soo: Então eu não sei. Você é gêmea? - ela pergunta de forma divertida e eu rio.

– Não. Se eu fosse, saberia.

Soo: Tem certeza? Às vezes as pessoas esquecem as coisas.

– E você sabe que esse não é o meu caso. Eu não esqueço. - sigo e suspiro. - Por mais que eu pense não consigo descobrir a resposta. Mas mesmo assim, não consigo tirar de cabeça.

Soo: Às vezes não tem resposta. Ele pode ter dito aquilo, apenas porque sabia que isso a afetaria.

– Não sei. Não acho que ele faria isso.

Soo: Se ele teve coragem de tentar te vender, acho que fazer isso não seria difícil pra ele. - após alguns minutos de silêncio, Soo levanta da cama e caminha em minha direção. - Ok. Vamos!

– Vamos pra onde? - pergunto confusa.

Soo: Você está triste, hoje não foi um dia facil e não preciso dirigir de volta pra casa hoje, então o que isso te diz?

– Por favor, não diz o que eu estou pen...

Soo: Vamos pra balada. - diz animada.

– Por que você sempre quer resolver tudo com balada?

Soo: Por que é divertido e você precisa de um pouco de diversão. Então por favor, não faça com que eu tenha que te arrastar pra lá e vá tomar um banho e se arrumar. Você está fedendo. - ela diz e me sinto ofendida.

– O que? Olha aqui, eu andei por 4h e meia, foram 25 km a pé. Tenho o direito de suar um pouco, ok? - digo irritada.

Soo: Eu sei disso. E é pra isso que serve o chuveiro. Para você tirar todo esse suor com água e sabão, para que as outras pessoas não precisem sofrer. Ninguém é obrigado a ter que ficar sentindo essa fedentina.

– Meu deus, Hae-soo. Tenha um pouco mais de classe, diga “mau odor”. - digo e sigo para o banho. Porque por mais que eu odeie, ela tinha razão. Eu realmente preciso de um banho.

Quebra de tempo

Soo: Não acredito que você veio com essa roupa. - Hae-soo reclama pela 5ª vez.

– Dá pra parar de implicar com a minha roupa? Está reclamando desde que saímos da pousada. Sabe que não estou no clima para isso.

Soo: Tá, tá. Só acho que você poderia ter se arrumado mais.

– Era melhor eu ter ficado no hotel, não vou ser uma boa companhia hoje.

Soo: Não mesmo! Não iria te deixar lá deprimida pra você ficar chorando ou pior. - Paro de andar e a encaro. Ela vira pra mim e suspira. - Você sabe a que estou me referindo.

– Hae-soo...

Soo: Não quero saber, agora vamos! Estão nos esperando. - diz e eu fico confusa.

– Esperando? QUEM está esperando? - pergunto preocupada.

Soo: Você vai ver. - após sua fala, passamos pela entrada da boate.

– É sério! Quem está esperando, Hae-soo?

Soo: Fica tranquila! Você vai gostar. - ela diz e me arrasta para a área VIP da boate no segundo andar.

Não sei se o que ela disse me deixa relaxada ou muito preocupada. E por algum motivo a balança estava pendendo pra segunda opção. E bom, não sei dizer se estava tão errada.

Xxx: Quem é vivo sempre aparece, né?

– Não acredito nisso! - digo surpresa.

Xxx2: O que? Vai dizer que não sentiu saudades.

– Yuna, Chae-ryeo, Tae-oh, Jin-ah, Mu-rya e Do-kyeong. - digo sendo abraçada por cada um. - Como sabiam que eu estava aqui?

Yuna: Sua amiga Hae-soo. - encaro-os ainda confusa.

Oh: É ela, né? - ele me pergunta apontando pra Soo e eu assinto.

– É, mas ela não conhece vocês. Como teria... - viro para mesma antes de terminar a frase. - Como você descobriu minha senha?

Soo: O quê?

– A senha do meu celular. Como descobriu? - digo encarando-a com a mão na cintura.

Soo: Sou sua melhor amiga. - continuo na mesma posição, esperando que ela responda a pergunta. - E você me disse.

– O que? Não disse não.

Soo: Disse sim.

– Quando?

Soo: Quando teve um dos seus ataques de sonambulismo e me acordou. Eu tenho sono leve lembra?

– Que mentira! Poderia acontecer um terremoto que nem isso te acordaria.

Soo: Independente disso, você conseguiu me acordar. E ainda ficou falando a noite toda sobre uma doença de pele.

– Sobre doença de pele?

Soo: É. Qual era mesmo o nome? Hepatite, hipertensão, herpes... HEMORRÓIDA!

– Hemorróida não é uma doença de pele. Dentre todas essas aí, só herpes é.

Soo: Não é isso. Calma, eu vou lembrar.

Yuna: Por que vocês estão preocupadas com doenças de pele? Isso não vem ao caso agora.

Soo: É alguma coisa com H, eu sei disso. Hansonose! - diz Soo ignorando completamente a Yuna.

– Você quis dizer Hanseníase. - digo a corrigindo.

Soo: ISSO!

– Então quer dizer que eu passei a noite toda falando sobre hanseníase? - ela assente com a cabeça. - Por que?

Soo: E como eu vou saber. Você falou que era uma doença causada por bactéria e que tinha alguns tipos, que eu não lembro por que os nomes eram difíceis. Acho que um era tuberculose.

– Tuberculoide.

Soo: Isso. Falou sobre manchas, bolhas, queijo, além de uns remédios que eu também não me lembro do nome de nenhum. Ah! E também falou sobre o Mitsubishi.

– Sobre o que? - pergunto confusa com sua última frase. Mais especificamente, sua última palavra.

Soo: O Mitsubishi.

– Sabe que isso é uma empresa de fabricação de carros, certo?

Soo: Eu sei disso.

– Então o tem a ver com Hanseníase?

Soo: Não sei, mas tem isso nessa doença.

– Não tem não! Quem te disse isso?

Soo: Você! Acho que é um tratamento. Você ficou falando “tem que fazer não sei o que de Mitsubishi”. Eu ouvi. - ela diz e eu fico confusa. Do que ela está falando?

– Eu não faço a mínima ideia do que... - espera! Penso um pouco e então rio. - Não é Mitsubishi, é Reação de Mitsuda.

Soo: Viu! Eu sabia que era mitsu alguma coisa.

Yuna: Ok. Que bom que conseguiram entender tudo, mas podem nos explicar o que isso tem a ver com a gente? - ela nos pergunta com cara de confusa.

– Com vocês nada, é só que eu acabei de descobrir que preciso mudar minha senha. E eu não sou sonambula. - viro de frente pra Hae-soo quando digo a última frase.

Ah: Sinto te dizer isso S/N, mas você é sim. - ela diz pela primeira vez me fazendo virar em sua direção.

– O que?

Chae: Lembra-se daquela vez que fizemos uma festa do pijama na casa da Yuna?

– Sim. O que tem?

Yuna: Você levantou de madrugada e foi até o porão.

Ah: Nos te chamamos, mas você não respondia. - Ela fica me encarando e então entendo a que ela se refere.

– Não? - elas assentem confirmando o que eu pensei. - Fui eu que fiz aquilo?

Yuna: Nunca soubemos o porquê, mas foi você.

– Por que não me disseram? Nossa, eu preciso muito me desculpar com seu pai.

Yuna: Já faz muito tempo.

– Eu quebrei o nariz dele. - digo incrédula.

Ah: Tenho certeza de que ele já superou isso.

Soo: O que ela fez? - pergunta curiosa.

Yuna: Ela cortou a energia da casa, ficou tudo um breu porque era 2h da manhã. Pensamos que ela tinha voltado a dormir depois disso, mas ela voltou para o porão e amarrou uma corda na escada. Quando meu pai levantou e foi até o porão pra saber o que tinha acontecido, ele tropeçou na corda e rolou escada abaixo. Ele torceu o pé, deslocou o ombro e quebrou o nariz.

Soo: Ele ficou bem? - pergunta preocupada.

Yuna: Ficou. - diz simplista.

– Por que eu fiz aquilo?

Chae: Como a gente vai saber. - diz dando de ombros e eu fico pensativa.

Soo: Agora acredita em mim? - ela diz tirando-me de meus pensamentos e eu aceno com a cabeça.

 Mu: Podemos falar do que interessa agora?

– Que seria?

Ah: Fofoca. Queremos saber as novidades. - Jin-ah diz empolgada.

– Não tenho novidades.

Soo: Claro que tem.

Chae: Conta, conta, conta! - pede e eu suspiro em sinal de desistência.

Soo: Primeiro quero saber como a S/N era na época que estudavam juntos.

Ah: Quer saber se ela era o tipo sabe-tudo, desejo de todos os garotos da escola e odiada pela maioria das garotas, se ficava nos corrigindo quando dizíamos algo errado e nos explicava tudo, mas mesmo assim não entendíamos.

Soo: Vocês também?

Yuna: É isso que é ser amiga dela. - diz e aponta pra mim.

Chae: Mas apesar te todos esses pontos negativos, que não chega a ser nem 10% dos defeitos dela, ela também é... - ela pausa a frase e fica alguns segundos pensando. - Gente me ajuda a pensar em uma qualidade da S/N, porque eu não consigo lembrar nenhuma. - todos começam a rir e eu dou um soquinho nela, também rindo.

– Idiota! Eu tenho muitas qualidades sabia. - digo chateada.

Ah: Sabemos disso. Apesar de ter nos esquecido, você continua sendo uma ótima amiga. Leal, confiável, protetora, prestativa, altruísta, compassiva, generosa e nobre. Você se importa e nos faz sentir especial. Isso não é algo que qualquer pessoa consiga fazer. Você não precisa se esforçar, é natural. É você.

Yuna: E isso é uma das muitas qualidades que faz de você uma das melhores pessoas que já conhecemos.

– Vocês sabem, né? - digo olhando pro chão.

Yuna: De que?

– Do que aconteceu hoje.

Ah: Eu descobri hoje que você e seu pai tinham se visto e conversado um pouco. Apenas uns minutos antes da Hae-soo me ligar. - ela diz apontando pra Soo e então retorna o olhar pra mim dando continuidade à frase. - Quando ela disse que você não estava muito bem, que estava triste, eu deduzi o que poderia ter acontecido. Conheço seu pai e também conheço você. - todos me olham com uma expressão de pena, e eu odeio isso.

– Então você sabia o que ele queria?

Ah: Não, mas depois eu soube. Sinto muito por isso.

– Não precisa, não é como se fosse sua culpa. Eu só... Preciso mudar de assunto. Não quero falar sobre isso. Pode ser?

Soo: Por que não falamos sobre caras. - diz fazendo exatamente o que eu pedi.

Oh/Do: Sério? - dizem com cara de tédio.

Mu: Nos desculpem, mas somos garotas e a maioria, então vencemos.

Chae: Não me diga que a S/N está namorando? Sabe como era difícil fazer ela ir a uma festa?

Ah: Nem me diga. Todos os caras do colégio a chamavam pra sair, mas ela recusava todos eles. Me diz quem é o sortudo!

Soo: Eu não diria que ele é tão sortudo assim.

Yuna: Ué, por que? - pergunta confusa. - Ela é linda, gostosa e inteligente. O que mais ele quer?

Soo: Esse não é o problema, a atitude dela que é.

Oh: O que ela fez? - todos o encaram surpreso pela sua curiosidade. - O que? Se eu quero investir, preciso saber com o que estou lidando. - encaro-o boquiaberta e todos riem.

– O que vocês pensam que eu sou? Um tipo de banco pra quererem investir?

Do: Seria mais fácil se fosse. - dessa vez o encaro com raiva e todos riem.

Ah: Ok. Agora você vai ter que dizer Hae-soo, conta tudo.

Chae: Desde o começo. O que ela fez?

Soo: Bom, começou quando fomos à inauguração de uma boate que tinha aberto em Gangnam. Resumindo, ela ficou chateada por todos os caras cantarem ela... - interrompo-a.

– Não é verdade! Eu fiquei chateada por eles ficarem me tratando como se eu fosse uma prostituta por sua causa.

Mu: Não entendi.

– Ela me forçou a ir com um vestido minúsculo, todo aberto, dourado brilhante. Eu estaria mais coberta usando um sutiã de coco e saia havaiana. - eu exagerei um pouco? Sim. Mas quem nunca?

Soo: Para de mentir! - ela diz olhando pra mim e então segue com o olhar para eles. - O vestido era lindo, o problema é que ela é uma puritana e queria ir de calça jeans. - ela diz e todos riem de novo.

Chae: Sei como é, mas, pelo menos, você conseguiu levar ela.

Soo: Conseguimos, duas vezes. Na primeira ela só jogou bebida nele...

– Por ele me faltou com respeito.

Soo: Para de me interromper! Continuando... No segundo dia, ela ficou bêbada e vomitou nele.

Ah: Não acredito!

Soo: E depois deu um tapa na cara dele.

Yuna: S/N!

– O que? Ele mereceu.

Oh: Tenho certeza disso. - concorda comigo.

Chae: Ela não vai dormir com você, vê se entende isso de uma vez. - diz virada para o Tae-oh.

Oh: Você não sabe disso!

Mu: Todo mundo sabe disso!

– Gente, eu estou aqui.

Mu: A gente está conversando aqui, S/N. - diz e eu fico boquiaberta.

– Vocês estão de brincadeira. Pensei que tivéssemos vindo pra me animar e não pra me fazerem passar vergonha.

Ah: Sabemos disso, mas a história está muito boa.

Chae: E te fazer passar vergonha é um bônus. - diz e eu fico emburrada. - Continua.

Soo: Onde eu parei?

Do: No vômito e no tapa.

– Ah Meu Deus! - digo com a mão na cabeça.

Soo: Ah é! Depois eles se encontraram novamente em um a festa onde ela estava trabalhando, ele era convidado e a seguiu até a cozinha para pedir para ela esperar ele depois que a festa terminasse para conversarem. E assim que a festa terminou, ela veio embora e o deixou plantado lá. E ela ainda mentiu o nome dela, disse que era... Qual foi mesmo o nome que você disse pra ele?

– Acha que eu vou dizer?

Soo: Nossa! Qual foi mesmo? Está na ponta da língua, era... - ela passa alguns minutos pensativa e então grita. - HONEY! - todos que estão próximos param para olhar pra ela e eu abaixo a cabeça com vergonha.

– Pode, por favor, não gritar?

Soo: Foi sem querer. - diz rindo e eu aceno em negativo.

Ah: Honey? Sério?

Chae: Por que?

– Tinha um tubinho de mel na bancada, então foi a primeira coisa que saiu.

Mu: Ele acreditou? - eu assinto.

Yuna: Mas por que deu um nome falso?

– Ah, eu sei lá. - dou de ombros. - Vai que ele fosse um psicopata ou pior.

Mu: O que seria pior que um psicopata?

Yuna: Sério que você vai perguntar isso?

– Um psicopata assassino?

Mu: Ou um palhaço! - todos a encaram e confusão.

– Um palhaço?

Chae: Por que? - ela pergunta bem próxima ao rosto da Mu-rya.

Mu: Eu odeio palhaços.

Soo: Posso continuar a história?

Ah: Pode. Desculpa!

Soo: Tudo bem. Um mês depois de ela ter mentido o nome, foi chamada até a empresa para a qual ela estava trabalhando e adivinhem só quem também trabalha lá.

Ah/Chae/Yuna: Ele!

Soo: Exato. Além dele ter descoberto seu nome verdadeiro, descobriu que ela quase quebrou a empresa para qual ele trabalha. Então ele a demitiu. - termina e todos começam a rir.

– Não estou achando graça.

Ah: É porque é com você, mas se fosse com qualquer outra pessoa, você também riria.

Soo: Ela chegou em casa puta, xingando ele de todos os nomes possíveis. Nunca a vi com tanto ódio de uma pessoa.

– Ele me chamou incompetente, queria que eu ficasse feliz? Ainda me humilhou na frente de várias pessoas. Ele é um babaca egocêntrico. Um cretino.

Soo: Viram o que eu disse? - diz e rir junto com os outros. - Mas eu ainda tenho pra mim que rolou algo entre vocês. No dia que ela vomitou nele, quando fomos procura-la, a encontramos bêbada e falando um monte de besteira. Ela ficava falando sobre um pano, que ele era bonito, cheiroso e grande como um poste. E então quando estávamos do lado de fora, ela simplesmente saiu correndo e beijou o poste. Eu tenho quase certeza que ela confundiu...

Ah: O poste com o cara. - diz e ri. - Também acho.

– Como vocês sabem? Não fiquem especulando as coisas. Não foi nada disso.

Soo: Você também não pode. Estava mais bêbada que um gambá.

– Aish! то глупо!

Soo: Em coreano, S/N! Sei que você está me xingando, eu só não sei do que. Estamos na Coréia, então fale em coreano!

Ah: Ela ainda não perdeu essa mania? - pergunta rindo.

Soo: Ela sempre fez isso?

Ah: Não sei, mas na época que estudávamos juntas sim. Sempre que ficava com raiva ou chateada, ela começava a falar em vários idiomas e todo mundo ficava sem entender nada. Até que era engraçado, mas só quando não era com a gente.

Yuna: Agora eu quero saber de uma coisa. Ele é bonito?

Soo: Eu não sei. Nunca o conheci. Mas a S/N o descreveu como fodível. Uma mistura de Superman, Homem de Ferro e o Thor.

– Que mentira! Eu nunca disse isso. Eu disse que ele era bonito e atraente.

Soo: Mentira! Ela o descreveu como sexy, gostoso, forte, alto e sedutor.

Ah: Resumindo, um homem fodível.

– Disso você lembra, né Hae-soo? Mas quando te pedi para me ajudar a consertar painel elétrico, você disse que tinha esquecido, que sua memória era muito ruim.

Soo: Eu ajudei da primeira vez e você me eletrocutou.

– Foi apenas um acidente e você não morreu.

Soo: Fiquei sem sentir meu pé por duas horas. Tem noção do que é não conseguir se mover? Fiquei totalmente paralisada por quase meia hora.

– Mas você se cura rápido, então está tudo bem.

Soo: S/N! - ela diz intercalando o olhar entre mim e meus amigos.

– Eles sabem. - digo rindo. - Como acha que o pai da Yuna sobreviveu?

Soo: O que? - pergunta confusa.

– O Do-kyeong, a Yuna e a Chae-hyeo são betas. O Tae-oh e a Jin-ah são alfas. Já a Mu-rya é bruxa.

Soo: Sério? Eu nunca tinha conhecido uma bruxa. - diz Soo fascinada.

Mu: Não existem muitas mais no mundo. O massacre quase nos dizimou.

Soo: Que massacre?

– “O” massacre! - digo tentando fazê-la se lembrar.

Soo: Aquele massacre? - assentimos com a cabeça. - Mas isso faz...

Mu: É! - ela diz com pesar.

Soo: Nunca soube como ele começou.

– Ninguém sabe. Nunca disseram.

Mu: Acho melhor mudarmos de assunto. É pra ser uma noite divertida e não pra reviver momentos ruins.

Do: Isso aí! Então vamos pra pergunta mais importante da noite.

Ah: Que seria?

Do: A Hae-soo contou toda aquela história, mas em momento algum disse que você e aquele cara estavam namorando. Então... Isso significa que você ainda está disponível? - pergunta e todos começam a rir.

Chae: Você pergunta como se tivesse alguma chance com ela. Não ouviu nada do que falamos?

Do: Não custa tentar. - ele diz piscando pra mim e eu rio.

Yuna: Já está na hora de partir pra outra, Do-kyeong.

Do: Eu quero ouvir a resposta dela. E então S/N... Ainda está disponível? - sorrio para sua pergunta tentando reprimir uma risada.

Não que ele não seja bonito, pelo contrário, continua tão bonito quanto antes, apesar de ter mudado um pouco. Bom, ele mudou bastante, está mais forte, mais alto e com um ar mais confiante, mas continua o mesmo galinha de sempre e isso não faz meu tipo. Desvio meu olhar do mesmo para o primeiro piso. E antes que eu possa respondê-lo, algo me chama atenção. E esse algo estava abaixo de mim, mais precisamente no bar, bebendo com uma loira falsa com cara de metida. Não sei o motivo, mas aquilo me irritou, meu coração acelerou e meu sangue queimava em minhas veias. Por que ele está aqui? Não sei por quanto tempo fico o olhando, mas quando volto a mim, a loira me observa e fala algo em seu ouvido fazendo com que o mesmo levante o olhar em minha direção. Ele me dá um sorrisinho de lado, aquele sorriso perfeito e ridículo dele, e então eu desvio o olhar para minha mesa e respondo.

– Sim. Ainda estou disponível.

Chae: Está de brincadeira, né?

Mu: Vai trocar o homem de ferro pelo homem de lata? - ela pergunta e eu dou de ombros.

– Devo ter uma queda por metais. - digo rindo, mas todos permanecem sérios. - O que foi?

Soo: O que aconteceu?

– Nada. Só disse a verdade.

Soo: Vai fingir que não está apaixonada por esse cara? Ele é o primeiro em que você demonstra interesse, e só pela forma como você o descreveu...

– Cala a boca, Hae-soo. Vamos apenas mudar de assunto.

Soo: Por que? Não quer que eu fale que você sonhou com ele.

– Hae-soo. - digo e olho pro Jeon e o vejo abaixar a cabeça, só um pouco. A mulher olha em sua direção e pergunta algo, eu leio seus lábios e gostaria de não ter feito isso. Ele está rindo, provavelmente ouviu o que a Hae-soo acabou de dizer. Que vergonha! Se vergonha matasse, eu teria morrido há muito tempo. - Isso não é verdade! - acabo dizendo mais pra ele do que para os meus amigos.

Soo: Claro que é. Você anda falando muito de madrugada ultimamente, e não só falando. Estão saindo alguns sons também.

– Ah Meu Deus! Hae-soo, Cala a boca! - digo e me aproximo de seu ouvido. - Ele está aqui e pode te ouvir.

Soo: O que? Mentira! Onde? Me mostra. - diz eufórica.

– Não!

Soo: Já passou da hora de me apresentar, preciso saber se está aprovado.

Ah: Ele está aqui. - ela também diz animada.

Yuna: Quem?

Chae: O Homem de Ferro?

Mu: Eu quero ver!

– Não! Ele não está aqui. - digo me levantando.

Oh: Aonde você vai?

– Ao banheiro.

Soo: Claro. Vai lá e diga como você o acha sexy, bonito, sedutor, atraente e forte. - ela diz e eu sigo o mais rápido para longe delas. Antes de chegar à escada ouço mais um grito. - E GOSTOSO! - Deus! O que eu fiz para merecer isso?

Atravesso pela multidão até chegar ao banheiro, entro e decido ficar por ali um tempinho.

 

JUNGKOOK ON

Essa noite estava uma merda. Estava impaciente e frustrado com tudo que aconteceu de manhã, então precisava foder. Mas fiquei sentado nessa merda de boate por duas horas e nenhuma me chamou atenção. Em todas faltava algo e eu só percebi o que era quando ouvi sua voz. Era ela, eu conseguia reconhece-la, sua voz, seu cheiro, meu corpo ansiava por isso. Mas eu não poderia, eu não posso. Era o que eu pensava, pelo menos até ouvir sobre o que estavam conversando.

Acho que não conseguiria medir o sorriso que se formou no meu rosto ao ouvir o que ela disse de mim. Então ela me acha fodível? É muito bom saber disso. Porra! Tantas coisas estão passando pela minha cabeça agora! Tantas formas de tê-la pra mim. Consegui ver o rubor em suas bochechas como se ela estivesse na minha frente, ouvia seu coração acelerar e também conseguia ouvir sua risada. Que porra essa garota está fazendo comigo? Não consigo entender.

Apesar de já observá-la há um tempo, ela ainda não tinha percebido minha presença aqui. A Leah falava, mas eu não ouvia nada. Fiquei puto quando aqueles caras ficavam perguntando se tinham chance. - rio mentalmente - “Como se eles pudessem competir contra mim”.

Não consegui evitar o sorriso quando a vi olhando pra cá, mais especificamente pra mim e Leah. E posso jurar que senti seu sangue ferver e o ciúme tomar conta, nesse momento acho que ela também percebeu, pois desviou o olhar. Já o que fez o meu ferver foi ele ter dito pra aquele bosta que estava disponível. Só se for pra mim!

Descobrir que ela também sonha comigo foi o ponto alto da minha noite e impedir a risada de sair foi impossível. Que bom que não sou o único a sofrer com isso.

Agora acho que eu devo ter enlouquecido, pois virei um maldito perseguidor. Quando a ouvi dizer que iria ao banheiro, pensei no que o Tae me disse: “Eu sugiro que você seja honesto com você mesmo sobre o que você quer. Ceder não é um sinal de fraqueza, às vezes é nossa única opção”. E então disse pra mim mesmo, Foda-se! Eu cederia e a faria ceder também.

É... Eu a segui.

Nesse momento estou parado na porta do banheiro feminino, esse é o auge da loucura e perseguição. Qual é o problema comigo? Eu nunca tinha feito esse tipo de coisa, por ninguém e gostaria que tivesse continuado assim. Eu só ia para o banheiro das boates quando iria transar e sempre estava acompanhado. Mas aqui estou eu, sozinho esperando ela sair desse maldito banheiro. Não sei quanto tempo se passou, mas assim que porta se abre e tenho a visão dela na minha frente, sinto como se tudo tivesse valido a pena. E só fico imaginando o quanto eu queria fodê-la nesse banheiro, mas, por mais filho da puta que eu seja, nunca faria isso sem o consentimento dela. E pelo pouco que a conheço, sei que ela não permitiria, pelo menos não hoje... E não assim. Mas sei que ela não vai resistir pra sempre, em algum momento ela vai ceder. Porque eu sempre consigo o que eu quero, e, nesse momento, o que eu quero é ela. Distraída, ela só percebe minha presença quando bate no meu peito.

Xxx: Jeon? - diz após levantar a cabeça direcionando seu olhar pra mim. - O que você faz aqui? - ela pergunta olhando para os lados, nervosa.

– Essa é uma boa pergunta, S/N. - digo encarando-a, então ela para e me encara também.

S/N: Não estou com humor para brincadeiras hoje, Jeon. Não estou em um bom dia, na verdade meu dia foi péssimo.

– Que coincidência, o meu também. Devo tentar melhorá-lo?- digo e solto um sorriso ladino, mas ela continua a me encarar com raiva. - Calma, eu só estou aqui.

S/N: E por que você está aqui? Está me seguindo?

– Nossa, S/N! Quanta presunção da sua parte. Eu nem sabia que você estava aqui.

S/N: Então foi apenas uma coincidência? - dou de ombros. - De novo?

– Por que? Não pode ser? Coincidências acontecem.

S/N: Uma vez é acaso, duas é coincidência, três é um padrão.

– Onde aprendeu isso Sherlock Holmes? - digo sarcástico e ela suspira. - Parece que alguém está impaciente.

S/N: Você é um idiota.

– E o que isso tem a ver? - pergunto confuso.

S/N: Você ser um idiota? Explicaria muitas coisas. - ela está tentando me irritar, né? Só pode.

– Eu estava falando sobre a coincidência. - digo explicando ao que me referia.

S/N: Bom, essa é a quinta.  Não pode ser acaso, nem coincidência. Agora se caracteriza como perseguição. - ela diz cruzando os braços abaixo dos seios, e eu estaria mentindo se dissesse que isso não me distraiu um pouco. Nem queiram saber os pensamentos que eu tive agora. Levei mais alguns segundos para poder formular uma resposta coerente, porque tudo que me vinha à cabeça seria classificado como inapropriado. - Para de olhar para os meus peitos! - ela diz me fazendo quebrar o contato visual com aqueles dois pedaços de carne  redondos, saltados para fora do decote de sua blusa.

– O que? Não estou.

S/N: Está sim, mentiroso! Nem consegue disfarçar.

– Bom, então é você que está me perseguindo. - digo mudando de assunto, tentando tirar o foco da discussão sobre eu ter olhados para os seus seios.

S/N: Como? - ela pergunta confusa, levantando uma das sobrancelhas. Missão cumprida.

– Quer dizer, foi você que foi a boate, você que foi a festa e você que foi a minha empresa.

S/N: Você também foi. O que me qualifica e te descarta como o perseguidor?

– Fui convidado a ir aquela boate, sou cliente VIP. E você?

S/N: Bom, eu também fui convidada pra boate. E a festa? - ela pergunta em um tom desafiador.

– Também fui convidado, você deve ter percebido isso. Além do que, eu sou dono do lugar. - digo e ela arregala os olhos surpresa. Isso é bom, significa que ela ainda não sabe quem eu sou.

S/N: Como? Você é o...

– É uma das propriedades da minha família.

S/N: E aqui? Por que está aqui?

– Reunião de trabalho.

S/N: Em uma boate? - pergunta desconfiada e eu não reprimo uma risada.

– Como já tinha terminado, pensei em me divertir um pouco. Não posso?

S/N: Não aqui.

– O que?

 S/N: Eu quis dizer aqui, comigo, na porta do banheiro. - ela explica - Se queria se divertir, por que está comigo aqui?

– Por que VOCÊ acha que eu estou aqui? - pergunto curioso com sua reposta.

S/N: Honestamente? - aceno em afirmativo. - Pra ser um cretino. É sempre assim, ou você é um cretino antes ou você é gentil e um cretino no final.

– É isso que você acha? - pergunto surpreso com sua resposta.

S/N: É isso que você mostra. Pelo menos comigo.

– Obrigada por esclarecer a opinião que você tem sobre mim. Vou me empenhar mais agora para mudá-la.

S/N: Por que está fazendo isso, Jeon?

– Isso o que?

S/N: Isso! Por que não desiste de uma vez?

– Eu não desisto de nada. Essa palavra não existe no meu dicionário.

S/N: Deveria comprar um novo então! - ela diz e ficamos alguns segundos nos encarando. - Saiba que eu sei o que você está fazendo.

– Você sabe? - ela assente com a cabeça. - Quer dizer pra mim então?

S/N: Vai embora, Jeon. Não estou a fim de jogar hoje!

– Não estou jogando.

S/N: Está sim. Eu sei como isso funciona, mas, que fique claro, não vai funcionar comigo.

– Tem certeza?

S/N: Pode apostar. Acho que seria melhor mudar de tática, essa já está velha. - diz e eu sorrio.

– Não sei do que você está falando.

S/N: E eu não acredito nisso também!

– Bom, não posso fazer nada a respeito. - digo dando de ombros.

S/N: Na verdade, você pode!

– O que? - questiono-a.

S/N: Vai embora. Agora. - ela diz. Encaro-a por alguns segundos e solto um suspiro nasalado. Balançando a cabeça em negativo, respondo:

– Não. Que eu saiba esse lugar é público, então eu posso vir aqui sempre que eu quiser.

S/N: Ok. Então fique aqui sozinho. - ela diz e tenta ir embora, mas a prendo no mesmo lugar. Ela suspira e olha pra mim. - Eu não entendo você.

– Qual parte?

S/N: Todas.

– Não fique chateada, você não é a única. - ela desvia o olhar para minhas mãos a prendendo.

S/N: Eu preciso ir.

– Eu ouvi o que a sua amiga falou. - nesse momento ela parece paralisar, mas ainda sim levanta o olhar em minha direção.

S/N: Então agora você também é fofoqueiro?

– Não foi de propósito.

S/N: Então você ouviu a nossa conversa sem querer? - ela retruca. Ela realmente não sabe manter a boca fechada.

– Gostei de saber.

S/N: Saber o quê?

– Que você também sente atração por mim.

S/N: Também? - Se é o que ela quer, então que se foda.

– Gostei de saber que você está atraída por mim tanto quanto eu estou por você. - ela fica boquiaberta com minha confissão. A leve coloração em suas bochechas me confirma que ela também ficou envergonhada.

S/N: Você é sempre tão descarado?

– Qual é o problema?

 S/N: Bom, isso não é o tipo de coisa que se diz de cara.

– Já estamos conversando há alguns minutos, então não foi realmente de cara. E também não é como se fossemos desconhecidos.

S/N: Ao contrário, somos completamente desconhecidos.

– Nossa! Falando assim você me magoa.

S/N: Duvido muito disso. Seu ego é muito grande pra se magoar tão fácil.

– Tudo bem, somos desconhecidos então. Mas não é necessário nos conhecermos para sentirmos atração um pelo outro.

S/N: Você não pode estar falando sério. - diz e solta uma risada soprada.

– Mas eu estou. Você sente atração por mim, então por que negar o óbvio?

S/N: Ah, então é óbvio?

– Claro. O que foi mesmo que a sua amiga disse que você se referiu a mim? “Um pano bonito e cheiroso”? “Um cara sexy, forte, gostoso”. Acho que poderia ter adicionado mais alguns adjetivos.

S/N: Posso adicionar mais alguns agora, quer saber quais? - diz entredentes e eu rio.

– Prefiro que você me conte em outro momento, preferencialmente quando estivermos em algum lugar privado. Por que ao invés disso não me conta o que disse para sua amiga?

S/N: As palavras de uma bêbada não contam.

– Achei que os bêbados falassem a verdade.

S/N: No meu caso, parece que eu apenas falo e faço um monte de besteiras.

– Como beijar aquele “grande” poste? - digo rindo e ela bufa.

S/N: Você é um babaca. Como consegue pegar algo tão inocente e transformar em algo tão sujo?

– É um dom. Mas só pra saber, isso não tem nada de inocente. Então admita! - digo me aproximando dela. - Admita que está atraída por mim. Não adianta negar mais, é algo bem clichê.

S/N: Clichê?

– Sim. Você é o tipo de garota certinha, com boa educação, que sempre se apaixona por caras mulherengos, extremamente sexys, bonitos e fortes. E eu sou aquele que te corrompe e te mostrar todos os prazeres da vida.

S/N: A minha educação de alto nível me ensinou a passar bem longe de caras do seu tipo.

– É?

S/N: É. E não se preocupe, estou imune a qualquer corrupção e não preciso que você me mostre nada. Pode ter certeza de que eu não serei apenas outro nome na sua lista. - ela diz, se solta dos meus braços e segui para a saída.

– Por que não vemos se eu sou melhor que o poste? - digo e ela para retornando seu olhar pra mim.

S/N: Como assim?

– Por que não tiramos a prova? Eu sei que EU estou louco pra saber.

 

S/N ON

– Está me zoando, né? -ela diz incrédula.

Jeon: Gostaria muito de dizer que sim, mas não.

– Você tem razão.

Jeon: Sobre? Eu costumo estar certo sobre muitas coisas, você terá que ser mais especifica.

– Você realmente enlouqueceu. Está completamente maluco. - assim que eu digo isso, algo parece mudar nele. Um brilho surge em seus olhos e eles parecem estar mais escuros que antes.

Jeon: Você está certa eu estou louco. Estou completamente maluco, por que não consigo te tirar da minha cabeça desde que te conheci. - diz se aproximando novamente de mim.

– Jeon... - digo com a voz baixa.

Jeon: Ainda estou falando, então só escute! Você me enlouquece. Tentei realmente resistir, tentei de todas as formas te tirar da cabeça, mas isso é mais forte do que eu. Nada funcionou, ao contrário, só piorou tudo. Então eu pensei: “por que não ceder?”.

– Eu tenho que ir embora. - assim que me viro, ele agarra meu braço fazendo-me retornar pra ele.

Jeon: NÃO! - ele diz em um grito e meu coração dispara. Não sei se foi o grito ou só sua presença, mas um dos dois me fez literalmente perder o ar. - Ainda não. Nós precisamos conversar. - ainda com a respiração desregular, eu o respondo.

– Não temos mais nada pra falar, agora me deixa ir. - digo me debatendo um pouco, tentando me livrar do seu aperto.

Jeon: Eu ainda não terminei. - ele diz autoritário e eu me irrito. Sei que me arrependerei disso amanhã, mas hoje eu preciso desabafar.

– Mas eu sim. Não estou interessada no que você quer, nem no que você está sentindo. Não sou desse tipo. Eu não sou o seu tipo, como você já tinha deixado claro. As mulheres são apenas um jogo pra você. E eu não vou deixar você me usar e depois jogar fora como faz com elas. Então me deixa ir. - digo em uma explosão momentânea.

Jeon: Não posso. Não sei porquê é você, mas eu não posso te deixar ir. Eu não consigo.

– Que bom que essa escolha não é sua. Me solta ao eu vou gritar.

Jeon: Sério, S/N? Vai usar isso? Você é mais inteligente que isso, amor! - a forma como ele fala me afeta, mas eu só entendo o porquê depois da resposta que sai da minha boca.

– Não me chama assim.

Jeon: Eu... Não foi o que eu...

– Você não é nada meu, então não tem o direito de me chamar assim. Agora me solta! - digo o empurrando e me soltando de seus braços.

Jeon: Espera, S/N. Eu...

– Qual é o seu problema?

Jeon: Podemos...

– Não! Não podemos. Quero você longe de mim. Não se aproxime mais! Você é um mulherengo, sem caráter, egoísta, narcisista...

Jeon: JÁ CHEGA, PORRA! CALA A MERDA DA BOCA! Foda-se o que você quer, agora você vai me ouvir. - ele grita me assustando.

– Jeon... - sussurro em um fio de voz.

Jeon: Fica quieta que eu estou falando! Não escolhi isso. Acha que eu queria ficar te encontrando sempre, pensando em você, imaginando e sonhando com você. Porra! - diz andando de um lado para o outro passando as mãos no cabelo. - Sabe como isso é frustrante?

– Você sabe?

Jeon: Como luta contra?

– Por que você não me diz? - digo o desafiando.

Jeon: Como eu odeio quando você faz isso. Sempre responde minhas perguntas com outra pergunta. Por que não consegue ser sincera? Por que você sempre foge?

– Por que você não me deixa em paz, Jeon? - digo, mas ele se aproxima me pressionando contra a parede e abaixa o rosto enterrando-o em meus fios.

Jeon: Por que eu não consigo. - ele diz passando o nariz pelo lado esquerdo da minha bochecha e cheira o meu cabelo. - Não posso... - ele cola a testa na minha com a respiração pesada. - E não quero.

– E o que você quer? - pergunto me dando por vencida.

Jeon: O que eu quero?- assinto. - Você! - diz e me beija.

 

Resistência é o ato, efeito ou capacidade de resistir a algo, seja ele qual for. Nossa capacidade de resistência é limitada, mas não é impossível mudá-la. Podemos adaptá-la a nossa necessidade, o que a torna algo de poder imensurável. Essa força de resistência nos faz suportar frio, fome, sede, cansaço, dor e até desejos. Esse último, apesar de não ser uma necessidade, é provavelmente o mais difícil de resistir. Ele é natural. E a natureza sempre vai superar a capacidade humana. Ela separa os fortes dos fracos. E algumas vezes ela nos diz que se render é a atitude mais forte de todas. Se render a algo, a alguém, a você mesmo. Suas vontades e desejos podem ser reprimidos, mas a questão é: Por quanto tempo?


Notas Finais


то глупо! (russo) - significa "Que bobeira!
Espero que tenham gostado do capítulo.
Nos vemos no próximo! ♥


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