1. Spirit Fanfics >
  2. The Art Of Writing >
  3. Halsey

História The Art Of Writing - Halsey


Escrita por: datingsheeran

Notas do Autor


OLÁ!
Muito obrigada pelos novos favoritos e comentários!
Eu fiz um twitter para divulgar essa fanfic e dar avisos, caso queiram me seguir: @datiingsheeran
Espero que gostem do segundo capítulo!

Capítulo 2 - Halsey


Fanfic / Fanfiction The Art Of Writing - Halsey

Eu encarei a porta marrom mogno diante de mim, tentando criar coragem para bater ou tocar a campainha. Eu sabia que era errado me aproximar da família de Ed daquela maneira, mas meu trabalho inteiro já era um erro, para início de conversa. Era um livro não autorizado. Então, sem muita opção, eu bati na porta e esperei por qualquer movimento do lado de dentro.

A porta abriu alguns segundos demorados depois, me dando a visão do ruivo de olhos azuis. É clichê eu falar que meu coração acelerou imediatamente? Mas, isso era uma reação normal, afinal acho que qualquer pessoa ficaria com o coração acelerado em encarar Ed Sheeran tão de perto. De repente, eu estava muda e ocupada demais pensando que os óculos quadrados e pretos que ele usava estavam tampando o quão azuis eram os olhos dele. Ele continuava com aquele cabelo meio espetado, meio de quem acabou de acordar, e usava uma camiseta branca, lisa, bem amassada e uma calça cinza de moletom, além de estar de pés descalços. Talvez fosse o pijama dele.

– Bom dia? – Ed falou primeiro, porque estava cansado de esperar que eu falasse alguma coisa.

– Bom dia! – Eu falei num tom muito agudo pelo nervosismo e Ed parecia desconfiado. No mínimo, ele achou que eu era uma fã perdida que foi tocar a campainha dele para conhecê-lo.

– Posso ajudar? – Ele tentou me encorajar, porque eu realmente estava travada com as palavras. O que era uma grande ironia, porque eu era uma escritora com bloqueio criativo e Ed deveria ser o motivo do desbloqueio e não o que me faria travar ainda mais até não formular mais frases com clareza.

– Ah... Eu sou nova na cidade. – Eu comecei a falar, nervosamente, tentando manter o foco, enquanto os olhos azuis mudaram de expressão imediatamente. Eu não era uma fã louca e ele parecia surpreso. – Eu soube que estão procurando uma babá.

– É verdade. – Ed falou mais tranquilo e até abriu um sorriso discreto para mim. Um sorriso que me fez começar a me preocupar que não iria conseguir me equilibrar nos saltos que eu usava. Aparentemente, eu tinha perdido a nota mental do dia anterior em que eu concluí que saltos não eram feitos para aquela cidade. – Meu primo trabalha durante o dia todo. – Ele continuou, dando espaço para eu entrar na casa. – E tem uma menina de quatro anos, então nós precisamos de ajuda.

Eu observei a casa cuidadosamente e com curiosidade. Essa casa tinha um saguão de verdade, não a imitação de saguão que tinha na minha. Os casacos ficavam presos na parede, mas não havia muitos já que era verão. Havia apenas chapéus no lugar e um ou outro moletom, incluindo um casaco infantil rosa.

Ele me guiou para dentro da casa confortável e aconchegante, com cara de inverno mesmo, e logo alcançamos a sala com dois sofás com mantas em cima. Mantas incrivelmente parecidas com as que eu tinha comprado no dia anterior para o meu sofá. Talvez, não houvesse muitos modelos naquela cidade. Uma poltrona perto da televisão e vários fios jogados pelo chão, indicando uns três tipos de vídeo game diferentes instalados na tv enorme.

– Bom dia. – Eu levei um susto e olhei para trás, percebendo que ali já ficava uma mesa redonda onde o primo de Ed estava sentado, tomando seu café ao lado da sua filha.

– Sente-se. – Ed falou, jogando no sofá alguns papeis que estavam numa cadeira e a desocupando para mim. – Ela veio, porque ficou sabendo que precisamos de uma babá.

– Ah, ótimo. – O primo de Ed falou. – Eu sou Emmet. – Ele se levantou para me cumprimentar antes que eu mesma sentasse na cadeira e eu acabei por cumprimentar Ed pela primeira vez num aperto de mão, porque não tinha me apresentado.

– Eu sou Georgia.

– E você já trabalhou como babá antes? – Emmet perguntou. Ele já estava arrumado numa camisa bem alinhada e fechada, além de vestir um jeans azul. Totalmente o oposto do primo.

– Só quando era mais nova. – Mentira. No Brasil, era bem difícil contratarem babás adolescentes como acontecia em outros países. – A verdade é que sou escritora.

– Oh! – Emmet pareceu surpreso, mas de uma maneira boa, então prossegui.

– Estou tentando escrever meu segundo livro, mas... Estou enfrentando um bloqueio criativo e preciso sustentar a mim e minha família. – Eu tentei fazer um drama, porque ia fazer a minha imagem melhorar. Emmet mudou a postura na hora, curioso, mas Ed parecia mais interessado no seu chá com leite. Eu observei a criança ruiva que me analisava com os olhos igualmente azuis de Ed, enquanto Emmet tinha olhos castanhos. No entanto, a criança tinha o mesmo cabelo de fogo da família.

– Família, então você é casada? – Emmet perguntou, de repente, me despertando de analisar a criança.

– Não! – Eu falei alto demais, surpreendendo até Ed que parou de tomar o chá para me encarar. – Não. – Eu repeti mais baixo, sem jeito, enquanto Emmet abriu um sorriso novamente. – Eu tenho dois irmãos, um mais velho de vinte e sete anos, mas tenho um mais novo de quinze que ainda precisamos cuidar.

– E vocês são da onde? – Emmet continuou a entrevista, começando a me deixar mais tensa.

– Somos do Brasil, mas nos mudamos para Los Angeles há uns quatro anos.

– E vieram parar aqui? – Ed falou pela primeira vez, me dando um susto. Ele parecia desconfiado.

– É muita bagunça. – Eu tentei justificar com algo que sabia que Ed se identificaria. – E os americanos não são muito receptivos, então Bernardo, meu irmão, não estava se dando muito bem no colégio. Como eu preciso de inspiração, procuramos uma cidade menor para começar.

– Vocês pretendem ficar morando aqui ou é passageiro? – Ed perguntou, interessado. – Los Angeles é um estilo de vida bem diferente daqui.

– Nós pretendemos nos estabelecer por um ano, pelo menos. – Eu fui sincera. Não havia possibilidades de eu me manter ali por mais tempo. Depois que terminasse o livro, eu partiria para outro lugar.

– Bom, eu saio daqui quinze minutos. – Emmet falou, encarando o relógio de pulso. – Halsey fica a manhã em casa, mas a tarde ela tem escola. Então, seu trabalho seria ficar com ela nesse meio tempo e prepara-la para a escola no horário correto e depois ir busca-la, jantar, dar banho e coloca-la na cama, porque eu volto só depois das dez da noite.

– Eu posso fazer isso. – Eu falei com firmeza para passar confiança.

– Nós temos uma cozinheira. – Ed me informou, terminando seu chá. – Então, você não teria que preparar as refeições dela e pode comer aqui também. Nós também temos uma diarista que vem em dias alternados, então sua única função é cuidar dos horários da Halsey.

– Ed fica em casa. – Emmet continuou. – Mas, às vezes, ele tem compromissos e bom, ele não é muito confiável para cuidar de crianças. – Ele fez piada, fazendo o primo rir. – Eu não quero que Halsey comece a comer muita pizza ou jogue muito vídeo game.

– Bom, na maior parte do tempo você nem vai me ver. – Ed me garantiu, dando de ombros. – Eu fico muito tempo no meu estúdio ou no quarto.

– Eu preciso ir. – Emmet falou, se levantando. – Georgia, vamos fazer um teste hoje, está bem? Halsey, se comporte. – Ele começou a tagarelar e parou ao meu lado na mesa. – Ela não pode mexer no vídeo game pela manhã se não tiver terminado a lição de casa na noite anterior. Essa é a regra principal. Se ela terminar, ela pode ficar livre pela casa. Durante a noite, os horários são restritos. Ela chega, janta, faz a lição de casa, toma banho às 20h e tem que estar na cama às 21h depois de você ler uma história para ela.

– Certo. – Eu assenti, tentando anotar mentalmente todas as informações.

– Obrigado e boa sorte. – Emmet se despediu rapidamente, batendo a porta do saguão antes de sair. Ed já estava de pé quando me avisou:

– A cozinha é por ali. – Ele indicou atrás da sala de jantar. – E o quarto da Halsey é o primeiro à direita no corredor de cima. Vou estar no estúdio, qualquer coisa, me chame. – Ele me informou, sem muito interesse e sumiu no final do corredor deste andar de baixo onde estávamos. Ok, eu achava que iria ter mais contato com ele, mas era só o primeiro dia. Eu virei para Halsey na mesa, mas ela não estava mais ali. Eu virei rapidamente para a sala enquanto a música do vídeo game começava a tocar e me espantei com a agilidade da garotinha que já estava com o controle na mão, pronta para jogar.

– Halsey? – Eu a chamei, mas ela nem me olhou, completamente vidrada no vídeo game. – Você fez toda a lição de casa ontem?

– Fiz. – Ela respondeu com a voz monótona e eu assenti, ainda parada. O que eu devia fazer então? Decidi levar os pratos e xícaras da mesa para a cozinha, mas quase me arrependi disso, porque levei um susto e quase matei a cozinheira do coração também. Ela deu um pulo, segurando um pacote de arroz na mão e eu dei um passo para trás, tentando me equilibrar com as louças na mão.

– Desculpe! – Eu pedi, sem jeito, andando mais rápido para colocar as louças na pia. – Eu não queria te assustar.

– Você deve ser a nova babá. – A cozinheira falou, sorrindo amigavelmente. Ela era gordinha e tinha um rosto tranquilo com um sorriso nos lábios. Os cabelos pretos estavam amarrados num coque e ela usava um avental branco.

– Eu sou. Georgia, muito prazer. – Eu estendi a mão para ela que a apertou, sorrindo ainda.

– Sou Noeli. – Ela se apresentou. – A cozinheira. Como estão as coisas com Halsey?

– Ela... Ela está jogando. – Eu disse, meio envergonhada, porque não havia trabalho para eu fazer.

– Você verificou se ela fez a lição? – Noeli perguntou, enquanto começava a lavar a louça.

– Ela disse que fez. – Eu falei rapidamente, mas Noeli virou para mim, achando graça.

– Você deveria verificar os cadernos dela. A menina é mestre na arte de nos pregar peças.

– Oh, é mesmo? – Eu perguntei, começando a me preocupar. Seria um trabalho muito difícil então? Isso não estava nos meus planos.

– Só verifique. Ela não tem maldade no coração. – Noeli tentou me acalmar, mas eu decidi subir para encontrar o quarto de Halsey e sua mochila.  

O quarto de Halsey era simples, justamente porque eles não ficariam morando ali. Mas, eu pude perceber uma cama de solteiro no canto e uma janela bem grande com uma vista bonita do jardim que tinha uma piscina média, nada muito extravagante. Era tudo rosa demais e havia um unicórnio de pelúcia enorme em cima da cama. Os brinquedos estavam jogados pelo chão sem nenhuma organização e eu logo encontrei o que procurava, a mochila de Halsey que era branca com estampa de unicórnios também.

Eu abri a mochila e procurei pela agenda, conferindo rapidamente os cadernos e as lições. Português estava incompleto e eu respirei fundo, porque sabia que teria trabalho com ela. Quer dizer, Halsey tinha só quatro anos, quase cinco, ela ainda estava na fase de repetir as letras que já estavam escritas no caderno. Depois ela iria tentar juntá-las, provavelmente, e deveria ser bem difícil fazer isso sozinha, então desci as escadas para ajuda-la.

– Halsey? – Eu a chamei, enquanto ela continuava jogando algum jogo extremamente violento de luta. – Você não fez o seu dever de casa.

– Eu fiz, sim.

– Não fez. – Eu repeti, porque estava espantada que a criança mentisse com facilidade. Em vez de pausar o jogo, Halsey me ignorou completamente. Eu pensei rapidamente e decidi que era a hora de intervir, então parei na frente da televisão. – Halsey, sem ter feito a lição, não há vídeo game.

Mas, ela continuava a me ignorar e se inclinava para enxergar a tela, ainda jogando. Eu respirei fundo e fui até ela, sentando ao seu lado.

– Querida, está muito difícil? Eu posso te ajudar. – Eu tentei outra abordagem. – Juro que terminamos em quinze minutos. Eu adoro letras e vai ser super divertido.

– Não. – Ela falou, sem parar de jogar e eu bufei, tentando manter a paciência.

– Halsey, largue esse jogo. – Eu pedi. – Eu estou falando com você. – Novamente, ela me ignorou e eu tentei apertar a tecla “start” para pausar o jogo, mas Halsey tirou o controle do meu alcance. Eu tentei novamente e ela continuava a afastar o controle sem parar de jogar. – Halsey, chega! – Eu ralhei, irritada, e tentei tirar o controle dela. No entanto, a garota se assustou e puxou o controle de volta. – Largue isso! Regras do seu pai, você tem que fazer a lição de casa!

– Largue isso você, sua bruxa! – Ela falou, irritada, e eu a encarei, surpresa.

– Eu não sou uma bruxa! Estou tentando fazer meu trabalho! – Como se ela fosse capaz de entender isso, mas Halsey apenas voltou a me ignorar. Dessa vez, eu estava irritada e puxei o controle com mais força, mas ela voltou a lutar contra mim, puxando o controle de volta. – HALSEY, LARGUE. – Eu pedi, firme, mas ela não largava e eu não queria aplicar muita força com medo de machuca-la.

– Halsey, largue o controle, por favor! – Noeli, a cozinheira, estava nos assistindo, mas a criança a ignorou, continuando a puxar e me olhando com puro ódio.

– A lição primeiro. – Eu insisti.

– Solte, sua bruxa! – Ela repetiu, de cara feia para mim, puxando o controle. Tinha ultrapassado os limites. Eu levantei e me posicionei na sua frente, puxando o controle com mais força, decidida a pegá-lo dela, mas bem na hora Halsey soltou um sorriso maldoso e largou o controle. Meus saltos falharam e em segundos, eu caí no chão, batendo as costas e a cabeça na estante onde a televisão ficava. O pior é que havia um vaso de vidro em cima da estante que caiu em cima da minha cabeça na mesma hora, espalhando cacos de vidro por todos os lados.

Halsey ficou pálida de repente, porque a brincadeira dela tinha ido longe demais. Eu fiquei zonza por alguns segundos e coloquei a mão na cabeça, sentindo-a latejar até a nuca.

– O que está acontecendo? – Ed rompeu a sala de repente, sobressaltado com o barulho. Eu retirei a mão da cabeça para encontrar um pouco de sangue nela, talvez o vidro tivesse me cortado.  – Você está bem? – O ruivo se abaixou para mim, enquanto a cozinheira também se aproximou, preocupada e me puxou para analisar minha cabeça.

– Ela se cortou. – Noeli concluiu.

– Como você foi parar aí? – Ed insistiu, me encarando de perto, mas eu estava zonza demais para prestar atenção nos olhos azuis.

– Ah... – Eu tentei pensar, encarando Halsey, amedrontada, no sofá e respirei fundo. – Eu virei o pé e caí. – Eu dei um desculpa e podia sentir que a criança se aliviou na hora de não levar a culpa. Noeli me olhou com censura por acobertá-la, mas eu não queria começar o novo emprego com problemas.

– Eu vou levar você para o hospital. – Ed decidiu, enquanto Noeli se levantou para pegar um pano que eu pudesse colocar na cabeça.

– Não precisa, é só um pequeno corte. – Eu tentei fazer pouco caso, mas ele insistiu.

– Eu vou levar, porque você está sangrando demais. – Ed falou, firme, e pegou o pano de Noeli, o pressionando contra a minha cabeça, fazendo com que ela latejasse novamente. Eu encarei o ruivo bem de perto e ele segurou o pano por alguns segundos, imóvel. Mesmo com toda a dor, foi ali que achei ele realmente muito bonito pela primeira vez. – Noeli pode dar o almoço e levar a Halsey para a escola hoje. Vem comigo. – Ele pediu, enquanto eu tentei segurar o pano na cabeça e ele me deu o braço para que eu me apoiasse para me levantar, ainda tonta.

– Não é necessário. – Eu tentei falar, mas Ed estava irredutível.

– Georgia, eu não vou deixar você sair com um corte desses daqui de casa sem assistência. Eu te levo. A emergência daqui é tranquila, em pouco tempo estaremos de volta. – Ed me tranquilizou, me levando para o carro dele. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...