História The Bet - Epílogo

Se havia alguma coisa mais distrativa do que a boca de Sasuke, Sakura sinceramente ainda não havia descoberto.

Aqueles lábios que deixavam as borboletas no seu estômago enlouquecidas mesmo após tanto tempo; lábios que faziam seu coração bater mais rápido sempre que ele lhe dizia algo bonito; lábios que a faziam se perder sempre que se abriam em um sorriso, principalmente sabendo que os mais bonitos eram somente para ela.

Mas eram sempre aqueles lábios que a fazia contorcer os dedos dos pés quando encostavam nos dela; ou que arrepiavam cada centímetro da sua pele quando ele sugava aquele ponto específico no seu pescoço ou que a fazia quase gritar o nome dele quando entrava em contato com lugares mais sensíveis.

― Sasuke ― ela tentava chamar a atenção dele, empurrando-o delicadamente pelo peito e com isso afastar a boca faminta que sugava seu pescoço. Mas não com tanto esforço assim ― Ela vai chegar a qualquer momento…

Mas Sasuke não estava dando a mínima no momento e em vez de soltar Sakura a única coisa que ele fez foi virá-la de costas e colocar uma mão por dentro da sua calcinha, sem nenhum tipo de aviso, aproveitando que ela estava usando vestido. Ele conhecia os sinais do corpo dela, por menores que fossem às vezes. Sabia quando ele o estava chamando.

E o fato de estarem fazendo isso no meio da cozinha apenas triplicava a sua vontade.

― Uma semana, Sakura, você tem noção disso? ― ele perguntou, enquanto fazia pequenos círculos no clitóris dela, sentindo a umidade que já estava ali. No fim ela estava tão na vontade quanto ele e saber que ele era capaz de provocar essas reações em Sakura, sem mesmo tocá-la, apenas inflava o seu ego. ― Por mim a Yamanaka pode pegar um cadeira aqui e sentar para assistir.

― S-Sasuke! ― ela tentou brigar com ele, ainda que soubesse que ele não disse isso a sério ― ao menos esperava que não ― mas a sua voz já começava a falhar com o dedos dele esfregando o seu clitóris em um ritmo lento e torturante.

E sabendo que ela já havia desistido de protestar, Sasuke lentamente penetrou-a com um dos dedos enquanto Sakura mordia o braço estendido sobre a bancada a fim de abafar seus gemidos.

Sasuke aumentou o ritmo dos dedos, sentindo-a rebolar em sua mão e então começou a deixar pequenas mordidas em seu pescoço.

E se Sakura ainda tinha esperanças que ele parasse, ela percebeu que aquilo não estava nem perto de terminar quando sentiu os dedos longos saírem de dentro dela e logo em seguida a sua calcinha ser abaixada.

Ela apertou as mãos sobre a bancada na qual estava parcialmente caída, tentando se segurar de alguma forma para o que sabia que estava por vir, mas seus dedos apenas escorregaram sobre o mármore liso.

Sem perder tempo, Sasuke apenas abaixou a calça de moletom que usava e depois de Sakura obedecer o seu rouco “Empina” encaixou-se em sua entrada e a penetrou de uma vez, soltando automaticamente um gemido baixo quando ela contraiu em volta de seu membro.

Sakura mal teve tempo de tentar novamente conseguir algum apoio antes que Sasuke segurasse firme em sua cintura e começasse a estocá-la em um ritmo mais rápido. Ela apenas deitou a cabeça no mármore gelado e tapou a boca com uma das mãos.

― Nem pense nisso ― Sasuke disse roucamente, pegando as duas mãos dela e segurando-as juntas em suas costas ― Eu quero ouvir cada gemidinho manhoso seu e você não vai me negar isso.

E quando ele aumentou o ritmo e começou a penetrá-la com mais força, gemer foi realmente a única coisa que Sakura conseguiu fazer enquanto a sua cabeça ia para frente e para trás na bancada.

― Você não sabe há quanto tempo eu tenho vontade de foder você aqui na cozinha. ― Sasuke disse, diminuindo o ritmo apenas para provocá-la e sorrindo do resmungo de Sakura que parecia quase um miado.

― Sasuke…

― O que amor? ― ele perguntou, parando totalmente com os movimentos.

Ah como ele amava provocá-la, ela ficava igual uma gatinha manhosa pedindo por atenção. Mas é claro que ele não era nem louco de dizer isso em voz alta.

― Me faz gozar logo… ― Sakura disse e Sasuke apenas sorriu antes de entrar no mesmo ritmo rápido de antes.

E quando a mão dele desceu novamente para o seu clitóris não precisou de muito tempo para ela aperta-lo ao alcançar o seu ápice, com isso desencadeando também o de Sasuke não muito tempo depois.

E por alguns segundos a única coisa que se ouvia ali era o som pesado da respiração dos dois e do microondas anunciando que a lasanha estava pronta.

Sasuke afastou-se de Sakura e rapidamente foi até o banheiro que havia ali, limpando-se rapidamente e então levando papel para limpá-la enquanto Sakura ainda continuava do mesmo jeito com a cabeça deitada sobre a bancada.

― Quando eu disse que ia te quebrar não era no sentido literal amor ― ele disse, voltando do banheiro e parando ao lado dela.

Sakura nem sequer abriu os olhos e então Sasuke aproveitou para abaixar  uma das alças do vestido dela e dar uma mordida na pele branquinha do seu ombro, o que fez a garota levantar na hora.

― Seu idiota ― ela resmungou, tentando acerta-lo com uma das mãos, mas Sasuke apenas segurou as duas, usando-as para puxar Sakura para ele.

E logo ela parou de se debater quando Sasuke colocou seus lábios aos dela.

Sakura rodeou o pescoço dele e Sasuke tentou colocá-la novamente contra a bancada quando foram interrompidos pelo som da porta abrindo.

― Família, cheguei ― Ino anunciou, jogando a chave sobre o aparador ao lado da porta e jogando meia dúzia de sacolas sobre um dos sofás. ― Espero que não estejam transando na cozinha.

Sasuke afastou-se de Sakura com um grunhido de frustração e Sakura soltou o cabelo do elástico para disfarçar os pontos vermelhos que ela tinha certeza que devia ter no pescoço. Sasuke às vezes parecia um vampiro.

E a Yamanaka não precisava saber que eles estavam realmente transando.

Já havia sido o suficiente quando ela quase os havia pegado no sofá há dois meses atrás.

― Se eu fosse você ficaria de olho naquela sua coleção de Anabelles. ― Sasuke ameaçou, tirando a lasanha do microondas e quase queimando os dedos no processo.

Ino tinha uma coleção de bonecas de porcelanas que ficavam em uma estante no quarto dela e Sasuke tinha arrepios toda vez que passava ali e a porta estava aberta.

― Você fique longe das minhas bonecas, Uchiha! ― Ino ameaçou de volta, com as mãos na cintura ― Ou eu faço um álbum de recortes com aquelas suas cartas.

― Chega crianças ― Sakura intrometeu-se, rolando os olhos para a infantilidade dos dois, ainda que no fundo soubesse que em poucos minutos eles estariam fazendo aquilo de novo.

Ino apenas bufou enquanto Sasuke colocava um pedaço da lasanha em um um prato e começava a comer.

― Do que é? ― a loira perguntou, de repente interessada.

― Do sabor que te enche de celulite. ― ele respondeu fazendo questão de levar um pedaço enorme à boca, sabendo que a garota estaria olhando.

Sakura apenas suspirou, balançando a cabeça.

E já era assim há um ano, desde quando os três foram morar juntos.

Quando Sasuke passou para o curso de Artes Visuais e Sakura para Literatura, ambos para a Universidade de Suna, não foi um surpresa que eles tenham decidido alugar um apartamento próximo à universidade e ido morar juntos. A surpresa foi a terceira ocupante.

Quando Ino passou em Medicina na mesma universidade ― Medicina e não Moda como muitos apostavam ― ela ficou triste de separar-se de Gaara que ficaria em Konoha para cursar Engenharia Civil na faculdade de lá, mas eles resolveram escolher as universidades que tinham as melhores notas para seus cursos.

E no fim eles ainda podiam se ver todos os finais de semana já que as duas cidades ficavam apenas a pouco mais de uma hora de distância uma da outra. Então não era tão ruim assim.

A única pessoa que realmente não gostou nada disso foi Sasuke quando Sakura veio com aqueles olhos enormes dizendo que a amiga iria morar com os dois.

E não foram as justificativas de “Ela vai ficar sozinha”, “Ela não conhece mais ninguém aqui, só a gente” ou mesmo a mais absurda de todas “Você nem vai notar ela aqui”. O que realmente ganhou a discussão foram aqueles olhos de cachorro sem dono, porque como ele poderia dizer não quando ela o olhava daquela forma?

E então em vez de um apartamento de um quarto, eles alugaram um de dois, que depois virou um três porque “E se nossos amigos vierem nos visitar?”. E em vez de ter a namorada toda para si ele tinha que dividi-la noite ou outra com a amiga escandalosa que queria viver fazendo “festa do pijama”.

Seria demais pedir um pouco de atenção?

E Sakura apenas revirou os olhos novamente quando o viu olhá-la daquela forma, sabendo muito bem qual era o seu monólogo interno.

― Idiota ― Ino disse, arrebitando o nariz.

Vendo que ao menos por hora a discussão havia parado, Sakura se virou com toda a intenção de ir até Sasuke roubar um pedaço de lasanha apenas para estancar no lugar quando olhou para baixo.

Porque ao lado do pé dele estava a calcinha que ela nem havia notado que estava sem.

E quando viu Ino começar a aproximar-se quase entrou em pânico.

― Ino! ― ela gritou de repente, assustando os outros dois. ― Por que não me mostra o que comprou? ― ela disse para a expressão confusa da loira que logo iluminou-se quando ouviu a palavra “compras”.

― Claro! Eu comprei uma saia linda, você tem que ver…

E quando a amiga virou de costas atacando as sacolas no sofá, Sakura fez um sinal para Sasuke, indicando o tecido ao seu pé enquanto ela ia até Ino.

Sasuke sorriu para a careta de Sakura quando viu o que ela apontava e rapidamente pescou o tecido do chão, colocando-o no bolso. Mas claro que não sem antes balançá-lo para Sakura que na hora quis virar o prato na cara dele.

― E comprei também esse biquíni para você! ― a Yamanaka disse animada, mostrando um biquíni vermelho sem detalhes ― Vai ficar lindo!

― Sem chances ― as duas ouviram a voz de Sasuke resmungar enquanto ele já lavava o prato na pia ― Olha o tamanho dessa coisa.

― Deixa de ser chato, Uchiha! ― a loira disse, sem dar bola para a cara feia dele ― Nós vamos aproveitar muito a minha piscina. Ou podemos até voltar até aquele acampamento lá e dessa vez achar a cachoeira…

Sasuke bufou, ignorado, mas quando Ino falou de Konoha ele lembrou de consultar as horas e viu que precisavam sair de lá logo logo.

Com o fim das aulas eles finalmente poderiam descansar um pouco e isso incluía visitar os pais por um mês, além de ver os amigos.

― Melhor andarem logo, quero chegar lá antes de anoitecer ― ele disse, tomando a atenção delas.

― Certo, vou apenas tomar um banho ― Sakura disse, pegando a sacola com o biquíni.

― Mas você não tomou banho hoje cedo? ― a Yamanaka perguntou, arqueando uma sobrancelha ― Não é nem meio dia.

― Eu preciso… lavar o meu cabelo! ― Sakura disse nervosa, saindo rapidamente dali e olhando feio para Sasuke que ria baixo.

Ino franziu o cenho para Sasuke.

― Mas ela lavou o cabelo ontem. ― comentou em tom de acusação

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― Ai que saudades de vocês! Senti falta até dessa sua cara feia, Sasuke. ― Naruto comentou animado, enquanto ignorava a expressão irritada de Sasuke e apertava Sakura num abraço caloroso ― Parece que não nos vemos há um século.

E claro não era bem assim. Eles se viam todo final de semana.

Enquanto Sasuke, Sakura e Ino foram para Suna, Naruto e Hinata assim como Gaara haviam optado por permanecer em Konoha.

Naruto optou pela faculdade de administração e Hinata pela de direito. Como haviam ficado por ali mesmo eles ainda estavam ambos na casa dos pais, mas já tinham planos de se mudar juntos para um apartamento mais próximo da Universidade, para grande dor de cabeça do pai de Hinata.

― Nos vimos há uma semana, Naruto ― Sasuke resmungou, tentando se desvencilhar de Naruto que insistia em tentar abraçá-lo ― Sai daqui, idiota!

Gaara e Ino estavam mais afastados se agarrando como se também não se vissem há um século e Hinata e Sakura apenas riram uma para outra observando Naruto correr atrás de Sasuke que ameaçava jogar um dos tênis na cabeça do loiro.

Elas ficaram observando os garotos lutarem com as barracas até que o som de outro carro se aproximando as distraiu.

O jeep prateado parou quase ao lado delas e a primeira coisa que eles viram foi uma cabeleira vermelha correndo na sua direção.

― Suas vagabundas! ― Karin quase gritou, jogando-se sobre Sakura e Hinata ― Que saudade eu estava de vocês!

― Karin, sua vaca! ― Ino veio correndo também, deixando Gaara com cara de tacho e jogou-se sobre as três.

E apesar dos apelidos “carinhosos” as três realmente sentiam saudades da ruiva.

Enquanto Sakura, Hinata e Ino podiam se ver todos os finais de semana, com Karin já não era a mesma coisa. Ela e Suigetsu haviam optado por ir para a Universidade de Oto que ficava há quase seis horas dali. Ela para cursar Bioquímica e ele Biologia. Então por ser uma viagem cansativa eles não iam para Konoha com tanta frequência, somente nos feriados e férias da faculdade, como era o caso agora.

― E como estão as coisas lá? — Sakura perguntou, soltando-se do abraço grupal ― Está pegando mais leve com o Sui?

― E quando essa garota pega leve comigo? ― Suigetsu perguntou, chegando perto delas e dando um beijo no rosto de cada uma ― Eu devo ser um maldito masoquista porque mesmo assim não vivo sem ela ― completou, fazendo as três rirem e Karin fazer cara feia.

Eles eram os únicos que não moravam juntos ou mesmo ao menos queriam. Quer dizer, Karin não queria.

Quando o namorado levantou a hipótese ela rapidamente negou dizendo que não ia virar a empregada dele ― ela conhecia muito bem a bagunça que ele fazia ― e que ela precisava do próprio canto.

E assim eles foram morar nos alojamentos da própria faculdade.

O que no fim das contas não mudou muito já que ela vivia expulsando o colega de quarto dele para dormir ali. Isso sem contar que no armário dele haviam bem mais roupas dela.

Mas eram só detalhes, como ela mesma dizia. Apenas detalhes.

― Cheguei, crianças! ― uma nova voz anunciou, saindo do Mustang preto pela porta do passageiro.

Da do motorista saiu uma bela morena de olhos também escuros.

Sakura balançou a cabeça, rindo enquanto ia até os dois cumprimentá-los. Somente Izumi mesmo para conseguir colocar as mãos no volante daquele carro, coisa que Sasuke tentava há uns três anos, desde que tirara a carta.

Pouco tempo depois de Sasuke e ela voltarem, Itachi e Izumi também oficializaram a sua volta.

E seis meses depois os dois apareceram em casa com um anel enorme na mão de Izumi, o que deixou Mikoto tão feliz que quase a fez parar no hospital quando a sua pressão despencou.

O casamento seria na primavera do próximo ano e a preparação estava a todo vapor.

― Achei que não viessem mais ― Sakura disse, depois de dar um abraço forte em Itachi e depois outro em Izumi.

― Se dependesse dele chegaríamos apenas amanhã ― Izumi respondeu, olhando de lado para Itachi. E depois nem tão baixo completou, revirando os olhos ― Inventou de hidratar o cabelo.

Sakura riu alto, sendo acompanhada por Izumi e Itachi olhou feio para as duas, mas apenas isso, já que ele não podia dizer que era mentira.

― Itachi, anda logo ajudar aqui! ― Sasuke gritou de perto das barracas, parado ao lado dos outros garotos.

― Já estou indo! ― ele gritou de volta, indo até o porta-malas do carro e tirando de lá uma embalagem grande ― Comprei outra barraca, só espero que essa não “queime misteriosamente”.

Sakura apenas rolou os olhos para a indireta mais do que direta e ficou observando enquanto os cinco se amontoavam em torno daquilo para tentar montar.

No fim das contas eles haviam resolvido tentar novamente acampar, já que da última vez não deu muito certo. Conseguiram o mesmo lugar e dessa vez tinham toda a intenção de realmente dormir ali e talvez no próximo dia ir atrás da dita cachoeira que havia na região, o que seria bem mais fácil com Itachi ali. Pois se fossem confiar nas habilidades de direção de Sasuke e Gaara acabariam chegando ao outro lado da floresta sem se dar conta.

― Quanto tempo até pedirem a nossa ajuda? ― Karin perguntou, parando entre Sakura e Izumi.

― Quinze minutos ― a Haruno respondeu.

― Você é muito boazinha, Sakura. ― Ino disse, olhando Gaara esfregando o cabelo frustrado enquanto olhava as instruções de montagem ― Eu dou dez.

― Estou com a Ino ― Izumi disse e Hinata balançou a cabeça em concordância.

E no fim não foi mais do que cinco minutos quando os cinco emburrados pediram socorro e as garotas os jogaram para fazer a fogueira enquanto elas davam um jeito nas barracas.

Porque é como dizem, se quer bem feito faça você mesmo.

― E agora, o que fazemos? ― Ino perguntou, depois que todos terem sentado em círculo ao redor da fogueira depois que anoiteceu. Para ser mais clichê só faltava o marshmallow para assar.

― Que tal contarmos histórias de terror? ― Suigetsu sugeriu, tentando sorrir de forma macabra ― Vocês sabem, coisas de acampamento.

― Não! ― Naruto negou, balançando a cabeça rapidamente ― Eu não acho essa uma boa ideia, eu vou ficar sem dormir…

― Deixa de ser fresco, Uzumaki ― Gaara disse, revirando os olhos de onde estava sentado com a namorada entre as pernas.

Naruto olhou feio para o ruivo mas nada disse. E não era como se ele fosse o único, tinha certeza. Eles estavam no meio da floresta, no escuro. Podia haver animais e sabe-se lá mais o que no meio de todo aquele mato. Ele que não iria arriscar.

― Eu tenho uma ideia legal ― Itachi disse, sorrindo para eles o que deixou Sasuke, Sakura e Izumi inquietos. Quando ele sorria daquele jeito nunca era coisa boa.

Ele levantou do seu lugar ao lado de Izumi e foi até o carro, voltando então com quatro garrafas de bebida e alguns copos descartáveis.

― As crianças já são todas maiores, certo? Não tô a fim de ser preso ― ele perguntou e todos balançaram a cabeça, ainda sem entender ― Ótimo, nós vamos brincar de “Eu nunca”.

Sakura olhou para as garrafas de bebida e depois para o sorriso grande de Itachi.

Qual a possibilidade de sair alguma merda daquilo?

Total, ela sabia.

― Itachi, eu não se é uma boa ideia. ― tentou argumentar, ainda que tivesse poucas esperanças de que desse certo.

Itachi sorriu ainda mais para ela.

― O que foi, a gatinha está com medo? ― ele provocou e em resposta Sakura levantou a mão pedindo uma das garrafas ― Me enche de orgulho, essa garota!

Ele sentou no mesmo lugar que estava antes e então passou os copos para todos pegarem um. As garrafas eram de tequila e ele não havia levado elas para lá com isso em mente, mas por que não aproveitar? O máximo que podia acontecer eram todos ficarem tão chapados a ponto de esquecer tudo.

― Imagino que todos já saibam como funciona, mas vou dar uma pequena explicação por via das dúvidas. A brincadeira consiste basicamente em dizer uma frase que começa com “eu nunca” e a pessoa que já tenha feito o que você disse tem que tomar uma dose de bebida. Mas vamos lá, crianças, digam algo interessante e sejam sinceros. E já que a ideia foi minha, eu começo.

Itachi olhou para todos enquanto tentava pensar no que dizer. Tinha que ser algo legal e de preferência vergonhoso. E ele tinha tantas coisas engraçadas sobre Sasuke… mas provavelmente estaria morto ao final do jogo se dissesse alguma delas.  

Mas que graça teria então, não é?

― Eu nunca fui pego por transar na escola. ― ele disse sorrindo para Sakura e Sasuke que ficaram boquiabertos mas mesmo assim tomaram a bebida. E por mais incrível que pareça foram os únicos, todos esperavam que Karin e Suigetsu também tomassem.

Mas é aquela coisa, eles podem ter feito e apenas não terem sido pegos.

― Mas isso todo mundo já sabe, não tem graça ― resmungou Ino ― Vamos lá, eu nunca nadei pelada na praia.

E quando Hinata e Naruto levaram os copos até a boca todos ficaram em choque por um momento até começarem a gritar.

― Hinata sua safada, eu não acredito nisso! ― Karin gritou, dando um cotovelada na morena que estava ao lado dela ― Eu sempre soube que essa cara aí era fachada.

A Hyuuga por sua vez ficou totalmente vermelha e nem mesmo podia jogar a culpa no álcool pois havia tomado apenas um gole.

Mas o que tinha de mal naquilo? Todo mundo comete uma loucura ou outra de vez em quando. E havia sido um ótimo banho de mar.

Já Naruto apenas coçou a cabeça, naquele seu conhecido trejeito de nervosismo. Ele sabia que a história vazaria uma hora ou outra, mas torcia para que não.

― Naruto meu garoto! Eu nunca duvidei de você ― Itachi disse indo até o loiro e dando um tapa nas costas dele antes de se virar para Sasuke ― Vamos lá, Sasu-chan, manda a sua.

― Eu nunca brochei. ― Sasuke disse uma vez, olhando diretamente para Itachi e arqueando uma sobrancelha em desafio.

Itachi encarou o irmão boquiaberto, nunca imaginou que ele traria logo aquilo à tona. Há certas coisas compartilhadas entre irmãos ― em momentos de bebedeiras, ele acrescentou mentalmente ― que não devem ser espalhadas. E muito menos algo assim.

Olhando mortalmente para Sasuke, ele levou o copo de bebida à boca, virando-o de uma vez enquanto ouvia Izumi rir baixinho ao seu lado.

Traidora.

E quando Suigetsu também entornou o copo à contragosto a gritaria foi geral.

― Puta que pariu, Hozuki! ― Naruto riu igual à uma gralha ― Coitada da minha prima.

Suigetsu jogou uma garrafa na direção de Naruto mas o loiro conseguiu desviar no último segundo e continuou rindo da cara dele.

― Vamos lá, minha vez ― Naruto disse, depois de ter certeza que Suigetsu não estava mais tentando matar ele ― Eu nunca transei na cama do meu irmão.

Itachi automaticamente olhou para Sasuke. Ele não seria capaz, certo? Claro que não. Ele sabia que o irmão não tinha muito limite quanto a isso, mas daí já seria ultrapassar todas as merdas de limites.

Então ele olhou ao redor, tentando lembrar quem mais ali tinha irmãos, mas só lembrou de Gaara que tinha dois irmãos mais velhos que já estavam até na faculdade. E foi na hora exata que o ruivo virou a bebida.

― Sabaku seu cachorro! ― Suigetsu gritou, dando um forte tapa nas costas do outro que o olhou feio ― Mas vamos lá, me diga, foi na da Temari ou do Kankuro?

— Vai se foder, Hozuki ― ele resmungou, ignorando os risos de todos e olhando para Ino vermelha ao seu lado.

Ele tinha certeza que não havia sido o primeiro e não seria o último a fazer algo assim e foi aí que ele notou os olhos arregalados de Itachi quando viu Sasuke tomando outra dose.

― Eu não acredito nisso! ― o mais velho reclamou, levando uma mão à boca, escandalizado ― Puta que Pariu, Sasuke… eu não posso nem te xingar porque a mãe é a mesma… mas caralho! Eu vou tacar fogo naquela cama assim que chegar em casa. E Sakura, eu sei que o Sasuke é um depravado, mas eu esperava mais de você.

Sakura apenas riu, dando de ombros. Não era como se eles tivessem feito de propósito. Apenas estavam afoitos demais e quando se deram conta que estavam no quarto de Itachi e não de Sasuke… bem, já era tarde demais para parar.

E ela sabia que essa história viria à tona uma hora ou outra, mas esperava que Sasuke tivesse sido mais esperto e não ter ido contar isso logo para Naruto.

― Mas tudo bem. Você vai me dar uma cama nova, uma enorme e com todas as molas possíveis. Eu vou receber pelas suas tatuagens até conseguir o valor.

― Você não pode fazer isso! ― Sasuke tentou argumentar.

― Você sabe que eu posso, irmãozinho, releia o contrato. ― Itachi disse, sorrindo ainda mais ao ver a expressão perplexa de Sasuke ― Ainda sou sócio majoritário até você terminar a faculdade, foi o nosso acordo. E eu sei que mesmo que esteja tatuando somente nos finais de semanas, que você está tirando um dinheiro legal. Então não se preocupe, será rápido. ― e completou ― Agradeça ao Naruto.

E quando Sasuke virou a cabeça lentamente em sua direção, o loiro soube que estava em maus lençóis. E quando Sasuke tirou um dos tênis do pé, ele soube que era melhor correr.

― Sasuke… calma lá irmão… amigo, amigo ― o loiro ergueu as mãos em rendição, mas apenas recebeu um dos tênis voando muito próximo a sua cabeça ― Sasuke!

― Acho que o jogo acabou ― Sakura comentou, virando o segundo copo de bebida apenas para não desperdiçar e ouvindo um muxoxo geral na roda, mas logo todos acharam outra coisa para fazer.

Ela colocou um dos cotovelos sobre o joelho e apoiou a cabeça sobre a mão enquanto observava todos os amigos ao redor. Itachi e Izumi conversando enquanto ele brincava com o anel no dedo dela; Gaara com a cabeça deitada no colo de Ino enquanto ela lhe fazia cafuné; Karin dando um tapa na nuca de Suigetsu mas logo deixando um beijo sobre o bico infantil que ele fez e por fim Hinata sentada ao seu lado rindo de Sasuke que ainda corria atrás de Naruto com o último tênis na mão.

E vendo todos ali, felizes, tranquilos, loucos e até tentando se matar, mas principalmente juntos, como ela sempre sabia que estariam… isso acalmava o seu coração. Porque não importava o que acontecesse, eles sempre voltariam a ficar juntos.

Naruto voltou e deitou a cabeça no colo de Hinata resmungando com um galo na cabeça e pouco tempo depois Sakura sentiu Sasuke sentar atrás de si e puxá-la para encostar-se no peito dele.

Ela virou-se, dando um beijo no canto da boca dele antes de se virar novamente para a frente e pegar o caderno que estava no chão ao seu lado. E logo começou a escrever:

Minha mãe uma vez me disse

Que toda princesa sonha com um príncipe

Que a salve de sua torre

E a leve para seu reino encantado

Mas e se eu quiser o vilão?

E se eu quiser aquele me roube a lucidez em vez do que o que acalma o meu coração?

Nem toda garota sonha com um “E foram felizes para sempre”

E eu nunca fui fã de contos de fadas

Sempre acreditei que houvesse uma interrogação depois do “fim”

Grandes histórias podem sim ter uma vírgula

Em vez de um ponto final.

Mas para a nossa haverá apenas reticências

Porque que graça teria saber tudo o que ainda vem por aí?

Fim?