História The Birth of an Angel - Awekened, o Despertar do Último Mensageiro

Uma brisa gélida começa a bater em meu corpo, no mesmo instante em que estava retirando a camisa que recobria a parte superior de meu corpo. Olho para os lados e vejo que as unidades de Produção em Massa estavam se movendo lentamente, como se fossem um bando de mortos vivos.

Ouço um barulho atrás de mim, e ao voltar meu olhar percebo que era apenas a unidade 02 parando de correr ao lado de onde eu e Ayanami estamos. O EVA move uma das mãos até conseguir alcançar a primeira, que não demorou muito para tentar começar a escalar a palma do gigante, o que era difícil conseiderando que ainda estava com a perna quebrada.

-Soryu, se afaste dessa região. Aguarde próximo do ponto de encontro 19 se for possível. – digo enquanto vejo o EVA 02 erguer sua mão próximo de onde ficava a entrada do plug-in.

-.....não acha que é meio longe demais para eu poder tomar alguma atitude em caso de emergência? – ela pergunta meio desconfiada.

-Não. Preciso que se mantenha distante. A situação além de crítica, só tende a piorar de agora em diante, e preciso ter certeza de que Ayanami estará segura. – a alerto ao mesmo tempo em que observo a primeira entrando no plug-in da unidade 02. – Caso precise, irei pedir que ataque de longe. Evite ao máximo combate direto, com o Evangelion sem um dos braços, sua condição de batalha cai drasticamente.

-Tsc. Entendido. Irei ter certeza de que aqueles esquisitões ali não.......MERDA!!! – ela grita desesperada e na hora eu volto meu olhar para onde eu me lembrava que os inimigos estavam.

Um EVA completamente destroçado estava voando na nossa direção. Sua boca distorcida estava completamente aberta e com a língua bifurcada para fora, fazendo baba escorrer para todos os lados. As enormes garras estavam prontas para retalhar o que se pudesse em seu caminho.

Mas hoje não é o dia que essa coisa vai conseguir fazer isso.

Um passo.

Dois passos.

Quando vejo já estava correndo pelos poucos metros que restavam do plug-in, e então quando cheguei a sua ponta, pulei com todas as minhas forças. Uma nova brisa gélida recobriu meu corpo, desta vez ainda mais intensa do que a anterior. Podia sentir como se estivesse realmente voando por conta da sensação que o vento provocava.

Mas não quero apenas sentir como se estivesse, eu irei voar.

A unidade inimiga se aproximou de mim, com suas garras estando a apenas alguns centímetros de meu rosto. E então decidi por fazer meu movimento, criando um minúsculo campo A.T. sobre meus pés e com isso impulsionei meu corpo na direção do EVA.

Pousei exatamente sobre sua barriga, e no instante seguinte eu já erguia meu braço direito. Movi minha palma em direção ao corpo do Evangelion, enfincando as minhas garras sobre sua armadura, a atravessando como se fosse feita de papel. Agarrei a primeira coisa que conseguir tocar em seu interior e puxei sem nem pensar muito.

Um enorme trecho de seus intestinos começou a sair de seu corpo, e pude ouvir um coro de gritos sendo transmitido pelo sistema de comunicação nesse momento. Sangue voou por todo o meu ser, parando até mesmo em minha boca, deixando seu característico gosto de ferro.

Mais.

Ainda segurando seu órgão, eu começo a escalar seu corpo como se fosse uma besta, evitando todas as tentativas de ataques vindo do EVA. Parei com isso apenas quando cheguei em sua nuca, e então usei seu intestino para enforca-lo, jogando a tripa no ar e então a puxando com toda minha força duas vezes.

O órgão se entrelaçou perfeitamente por seu pescoço, e pude ouvir um rugido de dor vindo da criatura assim que comecei a esgana-lo. Vendo que isso ainda não estava funcionando como previ, eu pulei de seu corpo ainda segurando o intestino, o puxando com ainda mais força.

Uma enorme quantidade de sangue começou a voar para todos os lados assim que a cabeça da criatura se separou de seu corpo. Voltei meu olhar para ela e pude ver o plug-in vermelho partido ao meio, e junto disso o clone que estava em seu interior.

Então comecei a sentir aquela brisa estranha novamente e percebi que estava caindo ainda. Olho para todas as telas do sistema de comunicação, vendo rostos familiares tomando expressões de medo, e de nojo. Um aperto toma conta de meu núcleo, mas se suaviza ao ver a pessoa que amo.

Shinji parece mais calmo, embora isso seja meio estranho. Ele não sorri, mas também não parece assustado. Parece mais, curioso. Era como se eu pudesse perceber que ele estava querendo ver como eu sou de verdade.

Não importa.

Nada mais importa.

Ele está do meu lado.

Eu paro de me esconder.

Usando toda a energia que eu vinha guardando até hoje, eu ativo meu campo A.T. com força total, e começo a flutuar logo acima do corpo do EVA que acabei de matar, ainda segurando seu intestino.

Um novo coro de gritos começa a se formar no sistema de comunicação, eu sabia que isto aconteceria. Afinal, o que de diferente poderia acontecer, quando um anjo aparece neste lugar?

Nada a não ser medo.

-PADRÃO AZUL DETECTADO!!!!

-O QUE?!!!!!

-QUANDO FOI QUE?!!!

Podia ver a expressão de pavor se formando no rosto da major Katsuragi, junto do que parecia ser raiva e indignação. Levando em conta seu passado não é surpresa, afinal a minha alma já causou diversos estragos aos lilins antes, criando o segundo impacto. E por conta disso, de todos os lilins que conheci até hoje quem mais odeias os anjos na Nerv, é a major.

Desativo o áudio do Magi outra vez, agora desativando as imagens junto, não preciso ser lembrado de que a minha identidade agora era revelada para todos. Embora eu não possa cortar a minha voz do sistema de comunicação por muito tempo, ao menos não precisar ouvir todos aqueles gritos ou ver seus rostos vai ser um alívio para mim.

-Soryu saia daqui agora. – digo sério antes de apenas voltar meu olhar para a unidade vermelha. Não houve nenhuma resposta dela e pude ver através do sistema de comunicação que ela estava completamente em choque. – Soryu...SAIA!

Ela finalmente reagiu a minha fala, quase pulando de susto dentro de sua cabine, com uma expressão de pavor se formando em sua face. Ayanami já estava ao seu lado, e parecia preocupada, não sei se comigo ou com a situação num todo.

-Soryu melhor ouvir ele. – consigo ouvir a voz da primeira, que estava num tom bem compreensível e consideravelmente calmo.

O comando finalmente foi correspondido, embora que pelo visto tenha sido a contragosto. A unidade vermelha começa a correr para longe de onde estou, indo diretamente para o ponto de encontro que eu havia indicado anteriormente. Ao menos ela confia em mim o suficiente para ainda ir até onde eu havia pedido.

Desativo todos os meus sistemas de comunicação logo depois disso, ficando sem imagens ou sons que pudessem me desconcentrar. Cortei até mesmo minha comunicação com Shinji, afinal sei muito bem que posso acabar me preocupando mais com ele do que com a luta caso fique prestando atenção demais nele. Embora sua existência me traga confiança, neste momento eu preciso batalhar sozinho.

Afinal sou um anjo.

Um que precisará lutar contra o mundo.

Ergo minhas mãos até ficarem na altura de meus olhos, as encarando de forma séria. Ainda pareciam as mãos de um lilim comum, sem nenhum traço do que eu realmente sou. Mas eu sabia que uma vez que aceitasse meu próprio poder, elas provavelmente vão mudar.

Inspiro por alguns segundos antes de soltar todo o ar de forma lenta. Fecho meus olhos e tento me concentrar no meu campo A.T., conseguindo com isso sentir um enorme instinto destrutivo tentando me dominar a mente outra vez.

Abro meus olhos e me vejo em meio aquele mar de LCL, o mesmo do sonho que tive não muito tempo atrás.

De dentro da água, uma enorme besta começava a emergir.

Seu corpo lembrava o de um gato, com a pelagem sendo totalmente escura, sendo que apenas algumas partes possuíam uma cor avermelhada. Garras enormes saiam de suas patas, e pelos que lembravam espinhos saiam de suas costas e calda. De sua boca sobressaiam enormes caninos negros, e seus olhos arregalados eram vermelhos com uma esclera negra.

A besta rosnava para mim, enquanto se movia de forma sorrateira na minha direção.

Tentei me mover para escapar, mas novamente um conjunto de correntes que saiam do mar estava impedindo meus movimentos.  

Sinto algo pulando dentro de meu peito, como se estivesse batendo contra o meu externo, o que me causava uma sensação de dor agoniante.

Fecho meus olhos outra vez ao perceber que a criatura estava vindo me atacar.

Porém depois de um tempo noto que nada havia acontecido comigo, eu acabo os abrindo novamente.

Me deparo com a mesma figura roxa de antes flutuando na minha frente, sorrindo para mim de uma forma doce. Ela ri enquanto aponta para a criatura atrás dela, e percebo que a besta havia parado de se mover.

Olho para minhas mãos e corpo, percebendo que todas as correntes de antes haviam desaparecido.

A pequena figura ri de novo e assim que a observo noto que me estendia a mão, ao mesmo tempo em que fazia o mesmo com a besta com sua outra mão. A criatura agarrou a pequena palma de uma forma graciosa, e logo eu decidi por fazer o mesmo.

-Não tenha medo. – a pequenina me dizia enquanto puxava minha mão e a pata da besta uma próxima da outra.

Assim que entrelacei minha mão sobre as enormes garras pude sentir que não era tão aterrorizador como eu imaginei, era até mesmo delicada e macia. A besta agora ronronava igual a um gato e me olhava um tanto insegura.

-Ele não machuca. – a pequena me diz antes de nos soltar e usar ambas as mãos para segurar minha mão livre. – Me protege de quem realmente machuca?

Olho para a pequena e percebo os olhos cor lilás brilharem enquanto me viam. Um sorriso infantil ainda tomava seus lábios enquanto dançava no ar.

Ela me disse mais algo depois disso, e pude sentir meu peito se aquecer ao finalmente entender o que era tudo aquilo. Abracei a pequena antes de sentir a besta fazer o mesmo comigo.

E então fechei os olhos mais uma vez.

-Eu irei te proteger.

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Tudo o que consigo sentir é medo ao ver aquela cena.

O pavor é tanto que nem mais consigo me incomodar com os EVAs me imobilizando com as falsas Longinus.

Nagisa estava flutuando no ar, algo que eu já considerava normal por conta de eu ter visto isso antes, mesmo que apenas uma vez. Porém de repente uma película negra começou a se formar em volta de seu corpo, e quando percebi estava apoiado nas paredes do plug-in gritando por ele, enquanto uma enorme esfera escura se formava no local onde Nagisa estava.

Tentei gritar seu nome outra vez, porém percebi que ele havia cortado toda a comunicação comigo.

-Por quê? – não consigo entender porque ele faria isso. Não entendo o que está acontecendo.

Por favor, que nada de ruim esteja acontecendo.

-SHINJI!!! – ouço Misato-san gritar, e logo volto meu olhar para a tela de transmissão do Magi. – Não fique ai parado!!! Tente escapar enquanto ainda tem tempo!!

-Hã? – não entendo mais nada. Não faz sentido ela me pedir isso.

-Não ouviu?!! Além dos EVAs ainda temos um anjo no meio do campo de batalha!!! SAIA DAI!!! – ela grita parecendo furiosa. – Iremos recolher todos vocês e pensar num plano para eliminar ambos!!!

Sinto como se meu coração tivesse pulado uma batida assim que entendi o que ela queria fazer. Um imenso pavor começa a tomar conta de cada fio e cada nervo que meu corpo possui, não consigo nem mesmo deixar de chorar descontroladamente.

Não!

Por favor, não façam isso!

-SHINJI SAI DAI!! É UMA ORDEM!!! ESQUEÇA O NAGISA!!

-CALA A BOCA!!!! – grito desesperado antes de cortar toda a minha comunicação com a Nerv.

Me encolho sobre o chão do plug, deixando todo meu medo transparecer pelos meus gritos e lágrimas. Sinto todo meu ser tremer sem parar, enquanto que minhas mãos se agarram firmemente aos meus braços.

-Isso não é justo.....

Só porque ele decidiu que não havia mais nenhuma escolha a não ser se revelar, isso está acontecendo. Eu sabia que era uma ideia terrível, não devia ter deixado ele decidir por fazer isso. Devia ter sido mais forte e resistido mais aos ataques dos EVAs. Eu devia ter tentado proteger ele mais.

Eu continuo fraco.

Novamente eu vou falhar.

Não eu já falhei.

Então consigo ouvir os sons de alguma coisa se quebrando e uma pequena sensação de esperança me toma a mente. Me movo até conseguir me apoiar sobre as paredes do plug de novo e vejo a enorme esfera negra rachar. LCL escorria pelas pequenas aberturas que haviam surgido, mas podia notar alguns rastros de sangue junto.

O som se torna cada vez mais intenso, e junto disso as rachaduras aumentam ainda mais. Então vejo algo que fez meu coração quase travar de novo, duas mãos começam a sair de uma das aberturas, ambas negras e com enormes garras que pareciam ter o dobro do tamanho da palma.

As palmas se agarram sobre a estrutura da esfera e começa a separa-las a força, o que deixou os sons de algo se quebrando ainda mais fortes. Isso continuou pelo que pareciam ter sido horas, porém sinto que de alguma forma foram apenas alguns poucos segundos.

A esfera finalmente se partiu no meio, derramando LCL para todos os lados, junto de fios de sangue que caíram sobre algumas árvores. Senti uma sensação de pavor e admiração, ao ver a figura que emergiu de dentro dela.

Nagisa estava lá, intacto e flutuando como antes. Porém seu corpo estava diferente, os braços agora eram negros e seus ombros lembravam os da minha unidade Evangelion, com enormes estruturas ósseas saindo do topo. Dois pares de asas do tamanho de um prédio pequeno saiam de suas costas, junto com mais algumas estruturas estranhas na sua nuca, que pareciam ser algum tipo de músculo alongado e fino. Haviam também algumas estruturas semelhantes a espinhos que saiam por toda a extensão da coluna, apenas parando numa calda que surgiu na região do cóccix.

A sua calda era longa e fina com a de um gato, e na ponta possuia um amontoado de pelos negros. Os pés agora tinham uma aparência similar a de suas mãos, com a diferença que as garras eram do tamanho de dedos humanos. De sua cabeça saia uma bela auréola alaranjada ornamentada, e em seu peito o núcleo S2 pulsava vívido.

E seus olhos, estes agora eram de um vermelho sangue, com a pupila estando completamente alongada.

Mais do que eu poderia imaginar, ele é extremamente, bonito.

Mesmo sendo uma forma bisonha e estranha, ele como anjo é admirável. Parece mais forte que antes, e de alguma forma sinto como se Nagisa pudesse derrotar qualquer coisa estando assim. E por isso o considero belo mesmo sabendo que também se tornou estranho para os parâmetros humanos.

-Nagisa.....

Vejo-o começando a se mover na direção de um grupo de EVAs que estava começando a se erguer do chão outra vez. Um deles pula e voa na direção de Nagisa, já carregando sua lança em sua mão direita.

Não durou nem um segundo, Nagisa apenas moveu sua mão esquerda como se estivesse segurando uma espada, e sangue começou a jorrar da unidade inimiga, como se ela tivesse levado um corte no peito. Senti meu coração acelerar apenas de ver essa cena.

Ele moveu sua mão de novo, agora deixando ela esticada e com a palma apontada para o EVA que estava caindo no chão. Um enorme feixe de luz alaranjado saiu de sua mão, e logo atingiu o Evangelion inimigo, evaporando com metade de seu corpo.

-Tão forte.....

Suas asas se estendem sem seu comprimento máximo, e no instante seguinte ele as bate com uma força descomunal, criando uma ventania tão forte que até mesmo algumas árvores começaram a voar. Seu corpo fora empurrado em direção a um outro EVA que estava indo ataca-lo, e logo ele o atingiu com um soco que arrancou um braço fora.

Não conseguia mais desprender meu olhar da batalha, olhava admirado, todo o estrago que ele conseguia fazer àquelas unidades que nós humanos tanto estávamos sofrendo para ao menos conseguir imobilizar. E ele em poucos minutos já tinha conseguido matar uma, e incapacitar três delas.

Com poucos chutes e socos, as unidades inimigas já caiam no chão ou voavam para bem longe. Com seus golpes criados com o campo A.T. elas jorravam tanto sangue que pareciam se transformar em um chafariz. Os ataques contra ele eram inúteis, seu campo é tão forte que chega a ter o tamanho de uma montanha, e de alguma forma sei que ele ainda está se controlando para não utiliza-lo com força total.

Depois de vários minutos, todas as sete unidades estavam imobilizadas. Não estavam mortas, mas não parecia que iriam conseguir se mover tão cedo. Ele volta seu corpo na direção de onde estou.

Um arrepio esquisito toma conta de minha coluna ao ver uma expressão sanguinária que tomou sua face. Sua boca estava travada numa linha reta, mas seus olhos pareciam os de uma besta raivosa.

Suas asas se moveram para cima, e então desceram rapidamente, impulsionando seu corpo na minha direção. Suas garras estavam posicionadas para poder atacar, enquanto que seu núcleo brilhava de forma intensa.

Sangue jorrou por toda a parte quando as três unidades que me imobilizavam foram atingidas todas de uma vez. Elas se contorciam e urravam, enquanto que o líquido escarlate caia sobre a minha unidade. Recuei um pouco quando uma quantidade grande caiu bem na parede onde eu estava me apoiando, mas no instante seguinte eu já me movia para tentar procurar onde Nagisa estava.

Foi então quer percebi um movimento rápido acontecendo na parte esquerda e corri nessa direção, me apoiando sobre a parede novamente. Conseguia ver ele batalhar contra todos aqueles Evangelions de uma única vez, atingindo sem piedade suas gargantas e órgãos internos, até mesmo fazendo algumas tripas caírem no chão e na minha unidade. Um olho voou e caiu bem ao lado de onde eu estava apoiado.

Porém eu não consegui sentir nada. Eu apenas conseguia esboçar um pequeno sorriso enquanto via o ser que eu mais amava batalhar com tanto afinco e determinação.

Foi então que um pavor gigantesco tomou conta da minha mente quando vi uma das unidades indo o atacar pelas costas.

Não.

Não houve nem chance para eu pensar duas vezes. Me movi até o assento do EVA e me posicionei para poder pilota-lo. Em apenas alguns segundos eu já removia as lanças de meu corpo, e fazia o robô pular tão alto como eu nunca havia feito antes. Pousei bem na cabeça da unidade que estava tentando ataca-lo, conseguindo ouvir o som de ossos quebrando no processo.

Ninguém vai machuca-lo de novo.

Ninguém.

Agarrei seu pescoço e comecei a torcê-lo com força, podendo ouvir urros de dor vindos da criatura. Apliquei ainda mais pressão, até que finalmente o som de um osso se quebrando se tornou audível. A criatura parou de se mover, e antes que pudesse se recuperar, eu soquei o seu núcleo.

Uma, duas, três vezes, continuei atacando a enorme esfera vermelha por um longo período, até finalmente conseguir ouvir o som de rachaduras sendo abertas, o que só me instigou a continuar atacando.

Depois de muito tentar, o núcleo finalmente se desfez em poeira, mas não sem antes eu começar a sentir os ossos de minha mão doerem como se estivessem fraturados.

Olhei para a nuca da criatura agora morta em minhas mãos, e procurei pela entrada do plug, arrancando pedaços da armadura para poder fazê-lo. Depois de deixar quase todo o pescoço exposto eu finalmente encontro o pequeno plug vermelho e o pego.

O esmago com as minhas próprias mãos sem pensar.

Não há porque ter piedade com quem tentar mata-lo.

Quem se atreve a fazer isso não merece minha piedade.

Me assusto ao ver que uma das unidades havia voado bem ao meu lado, para logo depois colidir com uma montanha. Volto meu olhar para trás de mim, e vejo que Nagisa estava flutuando sozinho. Seu olhar havia se apaziguado, enquanto se seu corpo estava relaxado no ar. Sangue escorria de suas garras, e também estava espalhado por todo seu corpo.

Foi então que percebi a forma como seus lábios estavam se contorcendo, com ele mordendo a parte de baixo deles com um pouco de força, a ponto de um pouco de sangue começar a escorrer.

Ele estava com medo.

E eu consegui entender o porquê, afinal ele estava desviando seu olhar de mim.

Estendi as mãos do EVA de uma forma que pudesse demonstrar que eu iria o acolher, deixando as palmas para cima, e os dedos levemente dobrados.

Lágrimas começaram a escorrer de seus olhos como se fosse uma cascata, e logo depois ele já voava na minha direção. Ele pousou diretamente no núcleo do EVA, o que me causou uma sensação de aconchego muito boa. Pude sentir ele o abraçar, o que para mim era o mesmo que ter algo acolhendo meu coração.

Podia sentir o seu corpo tremer sem parar, enquanto suas lágrimas caiam no núcleo como se estivesse sendo no meu próprio coração. Mas não chega a ser uma coisa desagradável. De alguma forma eu consigo ignorar isso e apenas me concentrar na sensação dele abraçando esse órgão. Não que ele realmente esteja, mas sinto como se estivesse.

Decido erguer uma das mãos do EVA, utilizando-a para apoiar sobre o corpo dele com cuidado. Consegui sentir ele sobre a minha própria mão, e um calor bom me percorreu o corpo por conta disso. Foi então que me dei conta de que agora eu poderia pedir para ele fazer algo.

Com a outra mão livre do EVA eu dei um pequeno toque na sua asa, e pude ver que ele voltou sua atenção para mim na hora. Ergui a mesma mão e a apontei para a lateral da cabeça do Evangelion, fazendo movimentos com o dedo indicador para tentar dizer a ele o que eu queria.

Depois de vários segundos ele parece ter finalmente captado a mensagem e lentamente moveu uma das mãos até o comunicador. Um pequeno bipe pode ser ouvido, e logo eu podia finalmente ver seu rosto na tela outra vez.

Ele me olha com medo, mas logo se acalma quando eu começo a sorrir.

-Finalmente ativou essa coisa de novo. – digo meio irônico enquanto fico o admirando. – Mais um pouco e te socava os dentes da frente por ter me ignorado.

-*Riso* desculpa a demora. – sua voz saiu meio tremida, e podia notar que estava muito nervoso. Ele ficou em silêncio por um tempo depois disso, mas logo voltou a falar. – Nee Shinji-kun.

-Hm? O que foi? – pergunto um pouco curioso.

-Não....tem medo de mim? – ele pergunta ainda mais nervoso. – Não tem medo.....do que sou realmente?

-Não. – respondo na hora, afinal essa era a verdade. – Não tenho medo, porque sei que não preciso ter.

-Shinji? – ele me olha parecendo incrédulo, enquanto mais lágrimas começam a cair de seus olhos. – Como pode ter tanta certeza assim? Tão facilmente....

-Te conheço mais do que qualquer outra pessoa nesse mundo. Por isso sei que não preciso. Tenho mais medo de você acabar morrendo do que de sua forma verdadeira Nagisa. – digo meio descontraído enquanto apoio a mão livre do EVA sobre a outra.

-Você realmente é um lilim esquisito. – ele diz com um sorriso no rosto.

-Um lilim que você decidiu amar. Quem é mais esquisito?

-*Riso* é somos dois estranhos....dois estranhos nesse mundo bizarro.

Ele fecha os olhos por um tempo, ao mesmo tempo em que apoiava a cabeça sobre o núcleo do Evangelion. Conseguia sentir a sua respiração lenta e calma, enquanto seu corpo antes meio trêmulo agora repousava tranquilamente. Suas mãos acariciavam o núcleo de uma forma bem leve, era quase como se uma pequena pétala estivesse dançando sobre ele.

Tive minha atenção tirada disto apenas quando ouvi o som de alguma coisa se movendo, e voltei meu olhar para a direção do barulho. Me apavorei ao notar que um dos EVAs estava começando a se mover uma vez mais, de uma forma meio travada e bizarra. Seu corpo estava quase todo destruído e mesmo assim ainda conseguia se mexer.

-De novo não. – só consegui dizer isso incrédulo. – Eles não morrem nunca?

-Não tão facilmente. – consigo ouvir Nagisa dizer, e logo percebi que ele estava encarando os EVAs de uma forma meio assassina. – Pelo visto vou precisar agir de novo.

-Você quis dizer nós. – digo meio sério.

-Não. Melhor vo....?!!

Não deixei ele terminar a frase, apenas afastei ambas as mãos do EVA, e utilizei uma delas para pegar ele pelas suas asas o erguendo no ar sem nenhuma resistência. Ele me olha completamente confuso enquanto o movo até conseguir pousa-lo sobre o ombro direito do Evangelion.

-De jeito nenhum irei permitir que batalhe sozinho. Acha que não notei que está exausto? – digo bastante sério enquanto noto o quanto as pernas dele mal mantinham seu corpo de pé.

-Ah........realmente mais nada sobre mim escapa de seu olhar....para notar até isso. – ele diz meio sem jeito.

-Acho que seria mais que minha obrigação. Sou seu namorado não sou?

Ele me olha incrédulo novamente, mas logo depois começa a sorrir de uma forma doce e gentil, enquanto que mais algumas poucas lágrimas começam a escorrer por sua face. Ele se senta sobre o EVA, parecendo desistir de contrariar meu desejo.

-Tudo bem, irei te ouvir. Mas espero que tenha um plano....Ikari Shinji-kun. – ele me diz antes de voltar o olhar para os EVAs.

-O plano é bem simples. – digo antes de retirar a faca progressiva de dentro do ombro do EVA. – Eu seria a “lança” que irá combater, e você o “escudo” que nos protegerá. O que me diz?

-Interessante.....vai se aproveitar que meu campo é o mais forte existente, e das capacidades de movimentação e combate do Evangelion para poderem se auxiliar. – ele começa a dizer enquanto me encara com um sorriso confiante. – Gostei disso.

-Que bom, porque não vou aceitar reclamações. – respondo com um sorriso irônico.

-Tudo bem não irei reclamar. – ele diz enquanto ergue as mãos indicando que não iria resistir. – Mas posso pedir um favor?

-Sim. O que é? – pergunto curioso, afinal ele estava sorrindo de uma forma estranha.

-Se um deles estiver no meu caminho e eu tiver chance....posso esmigalha-lo? – ele pergunta com um sorriso inocente, mas dava para perceber de longe a malícia que estava implícita nessas poucas palavras.

-Bom se diz não serei contra. Afinal como negar um pedido desses do meu anjo? – pergunto retoricamente, enquanto deixo meu olho esquerdo fechado, e começo a sorrir. –Mas se for o fazer, trate de não deixar nada sobrando.

-*Riso* será um prazer. – ele diz antes de voltar o olhar para os EVAs inimigos. – Afinal, nenhuma criatura que te machuca merece meu perdão.

-O mesmo vale para mim.

-Parecemos dois loucos assassinos não acha?

-Com aquelas coisas tentando te matar, eu não ligo de ser. O mais importante é você sair vivo dessa situação.

-Nós dois Shinji-kun. Nós dois.

-Sim.......nós sobreviveremos a essa batalha custe o que custar. – digo antes de me posicionar para poder atacar. – Mesmo que eu perca um pouco da minha sanidade, não irei permitir que ninguém te machuque.