1. Spirit Fanfics >
  2. The Boss >
  3. Capítulo 49

História The Boss - Capítulo 49


Escrita por: Pisicopata

Notas do Autor


BOM DOMINGO PRA VCS, DOREI OS COMENTS.

Capítulo 49 - Capítulo 49


JOHN

Quando meus olhos avistaram os de Ryan eu vi a sua expressão mudar, eu não queria estar chorando mas eu estava, eu não conseguia fazer nada além disso. A ideia de que o meu pai não estava mais vivo me machucava de uma forma estranhamente horrível, eu sempre desejei isso, mas quando eu vivi esse desejo, simplesmente desabei.

Ryan correu até mim e então me abraçou fortemente, dei um suspiro e então agradeci em meus pensamentos por ele não ter me obedecido e voltado para casa, acho que não aguentaria se ele estivesse aqui. Quando os meus braços envolveram aquele corpo menor eu o apartei, respirando fundo.

_Calma amor, eu estou aqui -dizia ele com a voz mais compreendiva possível, demonstrando tristeza pelo fato.

_Ryan, foi minha culpa -falei enquanto segurava para que um soluço não escapasse da minha garganta- eu sei que foi.

Quando Ryan me ouviu ele me afastou um pouco, em uma distância que nos separava de modo que só conseguíssemos nos ver, então respirou fundo com os olhos fechados e então os abriu em questão de segundos, levando o polegar até o meu rosto, acariciando o mesmo enquanto enxugava uma lagrima.

_Escuta, pare de se culpar John, nada aqui foi sua culpa -ele estava tentando se manter forte, para me passar uma segurança que eu não tinha naquele momento, Ryan me conhecia, ele sabia que eu estava me matando por dentro, que minha mente só conseguia culpar uma pessoa nessa história: eu mesmo.

_Ryan... -tentei questionar mas ele não permitiu.

_Ryan nada -ele me soltou e então me encarou- nada do que aconteceu nesses dias foi sua culpa John, ninguém pediu para que isso estivesse acontecendo -ele engoliu um seco, fazendo com que o seu choro descesse pela sua garganta assim como sua saliva e continuou- você tem que assinar uns papeis se eu não me engano, sei que isso é difícil amor, mas tem que ser feito.

_Eu nem sei de que ele morreu -eu tentava me lembrar se o médico havia me explicado isso a alguns minutos mas não conseguia, era como se o meu cérebro tivesse apagado essa noticia da minha memoria- e na verdade Ryan, nem quero saber.

_John... -ele começou mas eu não deixei que ele terminasse.

_Me espera aqui, vou lá dentro ver o que eu tenho que fazer -respirei fundo juntando as minhas forças- mas grave minhas palavras, eu juro que vou vingar a morte do meu pai.

[...]

Terminei de resolver as coisas que deveriam ser resolvidas e foi inevitável saber que o meu pai morreu em uma complicação enquanto eles tiravam uma das balas que haviam atingindo o seu peito. Eu estava tentando me manter de pé, mas era tanta coisa para processar nesses últimos dias que eu simplesmente não conseguia.

Ryan estava lá o tempo todo, me dando o apoio que eu precisei, em uma das piores horas que tivemos juntos, e o pior de tudo, ele passou por coisas horríveis lá dentro e mesmo assim estava aqui, me ajudando a ficar bem. Ele agiu de uma forma atenciosa, a mais atenciosa de todas desde que olhei para ele no primeiro dia, o que me deixava com a certeza maior de que esse era o homem que eu amava, que eu não fiz errado em me casar com ele.

Depois de ligar para a funerária e avisar alguns parentes distantes -e os próximos também- sobre o acontecido, eu e Ryan fomos para casa, eu não vi o corpo do meu pai até então, eu quero me despedir amanha, antes dele ser sepultado, não quero vê-lo agora, todo costurado ou com alguns traços de machucados. Acho que nem aguentaria isso.

Ryan foi quem dirigiu de volta para casa, quando chegamos já era tarde e até mesmo as empregadas haviam ido dormir, todas menos Bea. Ela estava com Melanie, em seu colo, ambas no sofá, mas Melanie deitada, dormindo feito um anjo. Quando eu olhei a minha filha eu senti o meu coração apertar novamente.

Eu não estou conseguindo processar direito o que está acontecendo, imagina ela. Por alguns segundos eu tentei não imaginar tudo que ela passou com a vadia de sua mãe naquele galpão, mas foi impossível, e o meu ódio por Rachel só aumentou. Tinha muita coisa que deveria ser entendida, que precisava de uma resposta.

_Ela acordou, pediu leite e eu fiz pra ela, depois ela pediu para ficar comigo durante um tempo e eu deixei, quando vi ela estava dormindo, preferi não acordá-la -disse Bea, respondendo a minha pergunta muda.

_Ela está bem? -perguntou Ryan.

_Olha, ela acordou gritando -Bea começou- ela tem sete anos gente, já é difícil para nós, que somos adultos, processar tudo isso, imagina para uma criança de sete anos, essa menina é muito inocente, ela pode até ser madura demais para a idade dela, mas isso é uma barra que ela não vai superar sozinha.

_Eu estou com ódio da vagabunda da mãe dela -disse- eu não sei o que fazer, eu estou quase indo naquela delegacia matar aquela vadia a base de tiros -Ryan me olhou de olhos arregalados e eu me mantive frio.

_Sabe o que aconteceu com Greg? -perguntou Bea.

_Nesse momento? Ele já deve estar fedendo -dei de ombros demonstrando o meu descaso- ele teve o que mereceu por se envolver com Rachel -Ryan pareceu desconfortável quando ouviu o nome dele e eu preferi não querer entender aquilo naquele momento.

_Ele morreu na hora? -perguntou ele.

_Sim, bom, ele levou um tiro na cabeça, não tem como não ter morrido, a não ser que ele tivesse muita sorte, o que graças a Deus ele não tem -Ryan se sentou no braço do sofá e então me olhou.

_Vai lá em cima, toma um banho, vou preparar alguma coisa para você comer, nós temos que conversar -disse ele. Meu coração parou por um segundo, minha garganta se fechou e eu senti um calor interior, uma sensação nada agradável, com nome de medo.

_Vamos conversar agora -falei dando um suspiro.

_John, faça o que eu estou pedindo -eu não iria contrariá-lo.

_Ok -olhei para a minha filha, dormindo de mal jeito no sofá- vou levar Melanie para cama, depois subo e tomo um banho -e foi isso que eu fiz.

Segurei minha filha em meus braços com todo o cuidado que eu poderia ter naquele momento e então levei ela até o seu quarto, onde a deitei na cama e a cobri novamente, me sentei ao seu lado e fiquei encarando ela, até que senti uma lagrima escorrer pelo meu rosto.

_Eu te amo filha, desculpa por não estar lá na hora que você precisava...

[...]

Desci as escadas com medo do que poderia ser essa tal conversa que eu estava prestes a ter com Ryan. Fiquei procurando ele com o olhar antes de entrar na cozinha e lá estava ele, sentado em uma das cadeiras do balcão com um sorriso triste no rosto enquanto encarava um bolo de chocolate, o bolo que era para ele e Melanie.

_Cheguei -falei parando na porta.

_Senta aqui -ele indicou o banco que estava ao seu lado- primeiro come um pouco, deve ter um bom tempo que você não se alimenta, se quiser eu posso fazer uma comida de verdade para você.

_Estou sem fome -ele me encarou com cara feia quando ouviu o que eu disse.

_Mas você não pode parar de comer John -ele parecia minha mãe falando comigo- coma, porque nós precisamos conversar.

_Ryan, fala logo o que você quer conversar comigo, por que eu não quero esperar, acho que nem quero comer por causa disso! -eu fui mais grosso do que eu tinha que ter sido naquele momento, se é que eu deveria ter sido. Mas a parte boa era que ele entendia porque eu estava agindo daquela forma.

Ele simplesmente encarou o bolo e empurrou o prato que tinha um pedaço para o lado, como se tivesse desistido de me fazer comer, se mantendo calado.

_Desculpa -comecei a falar enquanto caminhava até ele- eu não queria ter falado isso.

_Eu sei que não -respondeu apenas- não vou te obrigar a comer o que você não quer -eu havia acabado de sentar ao seu lado quando ele terminou de falar. Encarei o prato com um olhar baixo e o puxei para mim, começando a comer o bolo aos poucos.

_O que quer me falar -ele estava desconfortável com a pergunta, com medo de me falar alguma coisa- escuta, eu estou aqui para o que precisar amor -apertei a sua coxa- é o minimo que eu posso fazer por você depois de tudo que já fez por mim.

_John, não é tão simples quanto pensa -ele respirou fundo e eu apertei o garfo que estava em minha mão, implorando para que o que estava passando em minha cabeça naquele momento não estivesse acontecendo.

_Você quer desistir? -perguntei- porque se for isso, não tenho como te obrigar...

_John, não! -me interrompeu ele- o que eu sinto por você é bem mais forte do que aconteceu comigo -ele sorriu de canto- eu nunca vou te deixar, entenda isso.

Por um momento, durante horas, eu fiquei feliz por escutar alguma coisa.

_O que é então?

_Eu estava conversando com Bea antes de ir para o hospital e eu acho melhor te uma coisa -ele estava com os olhos marejados.

_Que coisa Ryan? -eu já havia largado o bolo de lado, meu coração parou em por alguns segundos e eu precisei respirar fundo para não desabar na frente dele, pelo menos agora, bem na hora em que eu tenho que ajudá-lo.

_Tenho que te contar o que aconteceu comigo naquele lugar...

[...]

Ryan havia acabado de me contar tudo, ambos estávamos chorando, Bea entendia o que estava acontecendo então nem deu as caras na cozinha. Mas eu e ele, bom, enquanto ele me contava as coisas sujas que Greg havia feito com ele, cada palavra que ele ouviu daquela boca, eu simplesmente fiquei escutando e chorando cada vez mais, com nojo, mas não dele, e sim de mim por não estar lá para impedir isso.

Eu poderia ter rastreado a ligação e ido atrás dele, mas eu estava com medo que fizessem algo ainda pior com as duas coisas que eu mais amo nesse mundo e por causa disso ele foi abusado, está com nojo de se olhar no espelho, com nojo de me deixar tocar nele, ele não quer que eu o beije, eu tentei, mais de uma vez, só que ele sente como se tivesse me traído.

Eu tentei fazer de tudo para conseguir deixá-lo bem, mas quando eu tentei pela ultima vez ele se levantou, me deu um beijo na bochecha, disse que estava com sono e foi dormir, me deixando na cozinha, com mais uma coisa para processar.

Esperei que ele subisse para o nosso quarto e depois de alguns minutos eu fui atrás dele, subi as escadas correndo e abri a porta aos poucos, ele estava dormindo, seus olhos estavam inchados o que indicava que ele estava chorando quando dormiu e a unica coisa que eu pensei em fazer, e fiz, foi ir até ele e me deixar ao seu lado, o abraçando com força, deixando ele confortável em meus braços, e só depois que ele parou de soluçar eu consegui dormir.

[...]

Acordei com o sol batendo na parede branca do meu quarto e quando me virei para abraçar Ryan bati a mão no colchão e abri os olhos, ele já havia se levantado, me virei novamente para checar as horas no relógio em cima do criado mudo e vi que era muito cedo, mas meu garoto já estava acordado.

Nem pensei em ficar na cama por mais tempo, me levantei, fui até o banheiro fazer a minha higiene e quando sai de lá desci as escadas com a mesma roupa que eu estava ontem antes de subir. Quando meus pés encostaram no ultimo degrau da escada eu vi ele e Melanie de relance, eles brincavam na sala como se nada tivesse acontecido.

Eu estava feliz por ter os dois comigo novamente, ainda mais quando os dois estão teoricamente bem. Caminhei até a sala em passos silenciosos e então parei na porta, não queria atrapalhar aquele momento de tranquilidade deles, então fiquei parado ali, apenas observando, mas Melanie me viu.

_Papai! -ela deu um sorriso e então correu até mim, me abraçando com bastante força, segurei ela em meus braços e então a ergui, pegando-a no colo. Ryan se levantou e caminhou até mim, me dando um selinho com outro sorriso.

Eles estavam realmente felizes.

_Eu não acredito que não está pronto, amor, temos compromisso -disse Ryan.

_Eu sei -só não entendo porque ele está tão animado para uma coisa tão triste.

_Então corra, seu pai está quase chegando! -ele pegou Melanie do meu colo dando uma risada- ele não vai gostar de saber que ainda está de pijama.

_Como assim meu pai está chegando?

_Ele vai almoçar aqui hoje, na verdade, passar o dia conosco, não acredito que você se esqueceu disso John!

Abri os olhos e então avistei Ryan, ele dormia do meu lado e o dia estava quase amanhecendo, de repente eu voltei para a realidade, para tudo o que estava realmente acontecendo naquele momento. Respirei fundo passando a mão no rosto e me levantei, desejando que o meu sonho fosse real.

[...]

Todos tomávamos o nosso café da manhã calados, apenas trocávamos olhares e alguns sorriso tristes, Melanie entendia parte do que estava acontecendo e qualquer pessoa que tocasse a campainha da minha casa assustava ela. Ryan está sentado do meu lado, ele está melhor e pelo o que me disse, o nojo de si mesmo está passando, mas sei que ele está mentindo porque toda vez que o beijo ele se esforça para manter um sorriso falso no rosto.

_Papai, nós vamos no funeral do vovô? -perguntou Melanie.

_Como assim minha filha? -como ela já sabia disso! Quem foi que contou isso para ela?

_Papai, eu sei que o vovô foi morar com o papai do céu -ela revirou os olhos do jeito que só ela sabe fazer- eu queria me despedir dele, eu nunca o vi, a não ser quando estava saindo de dentro daquele lugar escuro e sujo, e ele estava entrando.

Não Melanie, não me lembre que você passou por tudo isso, eu estou sofrendo, todos nós estamos nesse momento, mas mesmo assim, não consigo aceitar que você foi submetida a passar por tudo isso tão jovem. 

Fiquei tentando deixar que minha mente pensasse que isso era o grande problema, mas o que mais me doeu, é que minha filha poderia ter visto o meu pai bem antes, se eu não tivesse impedido ele de vê-la.

_Queria, eu acho que não vai ser muito bom para você ir ver o seu avô hoje -respondeu Ryan, quando notou que eu não iria saber o que falar.

_É linda, você pode se despedir do seu avô com uma oração, conversando com papai do céu sobre ele -continuou Bea- mas ir ver ele agora, não é uma coisa muito boa, essas coisas é para gente grande.

_Sim, eu sei -disse ela desaminada, enquanto terminava de comer o seu cereal- mas por favor, eu juro que se eu ficar com medo mais tarde eu vou para o quarto dos meus pais e durmo com eles, mas agora, eu acho que eu mereço ver meu vô -o jeito que ela falava essas coisas cortava o meu coração.

_Ok -comecei- eu te levo comigo filha -ela deu um sorriso, se levantou com calma, caminhou até mim e depositou um beijo em minha bochecha- mas com uma condição -ela me olhou e assentiu com a cabeça para que eu dissesse qual era- se sentir qualquer coisa, medo, trsiteza, ou quiser ir embora, você vai me falar, que o papai vai te levar embora na hora.

_Ok papai -disse ela, animada por ter conseguido conquistar a nossa permissão. Encarei Ryan e ele me deu um sorriso de canto de volta, acabando de comer as torradas que ele havia preparado á alguns minutos.

Não demorou muito para que eu já estivesse arrependido por deixar uma menina de sete anos ir ao cemitério ver o seu avô ser sepultado. Meu coração apertou dentro do peito, uma coisa que estava acontecendo com uma certa frequência nesses últimos dias, e eu acabei perdendo o apetite.

[...]

Quando eu parei o carro na porta da igreja eu avistei um monte de pessoas de preto, algumas eram verdadeiras e preferiram não chorar nesse momento, mas outras derramavam lágrimas falsas sobre o caixão do meu pai. Esperei que todos descessem do carro e então estendi a mão para Melanie, ela a pegou e sorriu.

_Tem certeza disso querida? -perguntei.

_Sim, eu tenho -ela deu um sorriso de canto me olhando. Também vestia um vestidinho preto rodado, confesso que ela estava linda, mas hoje, isso não era relevante.

_Então ta bom, qualquer coisa já sabe -apertei sua mão e comecei a subir os degraus da escada da igreja, muitas pessoas iam e vinham dali, haviam até alguns repórteres que estavam tirando foto do lado de fora da igreja para fazer alguma matéria desnecessária no jornal.

Entrei na igreja e respirei fundo, meus tios estavam em volta do caixão do meu pai enquanto minhas tias choravam, até parece que todos aqui estavam chorando de verdade, aposto que a unica coisa que deve estar martelando a cabeça deles agora era sobre o dinheiro do meu pai, já que Joseph me deserdou, esse dinheiro tem que ir para alguém da família.

_Amor, tem certeza que foi uma boa ideia você ter me pedido pra vim? -disse Ryan.

_Sim, ele era meu pai, ele pode não ter nos aceitado no inicio mas pelo o que você me disse, no fim ele estava de acordo com a nossa junção, não tem porque não te chamar, acho que ele ficaria feliz de saber que você está aqui hoje -ele deu um sorriso de canto e então começamos a caminhar, passo por passo, até que paramos na frente do caixão.

Encarei ele e Melanie teve que subir no meu colo para enxergá-lo, ele estava branco, até demais, seus olhos estavam com uma tonalidade um pouco mais escura em volta destes e a sua boca estava pálida, ele estava descansando, era o que todos ali estavam falando.

Melanie encarava ele como se precisasse ver aquilo antes de sair daquele lugar, eu segurava ela e tentava fazer com que ela não chorasse, mas naquele momento eu estava chorando, eu queria que ele estivesse vivo, queria que ele pudesse ver a minha filha crecser, se dar bem com Ryan, queria que meu sonho realmente fosse real.

_Bom, eu não sei o que fazer -falei olhando para Joseph- a ultima vez que lidei com uma morte foi quando a minha mãe morreu, e nem no velório dela eu pude vim -respirei fundo, Ryan pegou a minha mão e apertou a mesma entre os seus dedos.

_Vamos rezar para a alma dele ok? -fiz que sim com a cabeça e parei por um momento. Eu não era muito religioso mas fiz o máximo que pude para pedir paz para Joseph, também pedi perdão por não ter deixado ele se aproximar da minha família quando ele tentou, eu meio que me desabafei com ele, como se ele realmente estivesse me escutando.

Eu não queria que isso durasse muito então depois que fiquei ali alguns minutos eu pedi que os homens da funerária fecharem o caixão e o levassem logo para o cemitério, eu não podia me derramar em lágrimas naquele momento, eu tinha que me manter forte para ajudar a minha filha, que para falar a verdade, nem sei como ela está lidando com tudo isso.

Aos poucos as pessoas foram saindo da igreja e entrando em seus carros, nós tínhamos que ir ao cemitério para o sepultamento, eu nunca mais iria ver o meu pai, eu simplesmente desperdicei os últimos momentos que eu tinha com ele sendo egoísta.

Durante todo o caminho até o cemitério todos no carro permaneceram em silêncio e eu não pude quebrá-lo, eu não sabia como agir naquele momento então também fiquei calado, até que chegamos em um dos lugares mais tristes de Nova York.

Passei a mão da minha filha para Ryan, ele segurou a mesma e eu peguei uma das alças do caixão juntamente com os meus outros tios, algumas pessoas ali choravam de verdade, eu sabia disso pelo desespero delas enquanto caminhávamos para o local onde ele seria enterrado, uma cova somente para a minha família.

Quando encaixamos o caixão nas correntes e os homens as prenderam em madeiras que ficavam fincadas no chão eu respirei fundo, estava próximo de tudo isso acabar, era como se eu tivesse chegado no fim de um  batalha que eu não participei. O padre começou a falar algumas coisas sobre o meu pai, e pediu que a alma desse fosse abençoada de uma forma bem melhor que eu havia feito e quando ele acabou de falar, fez sinal com a cabeça e os homens abaixaram o caixão aos poucos.

Eu tinha parado para comprar algumas flores no caminho, elas estavam com Ryan, fui até ele e peguei as mesmas, parei de frente para a cova do meu pai, olhei para baixo, fazendo o nome do Pai e então joguei as flores lá, me abaixei um pouco e chamei Melanie, ela correu até mim e então pegou um pouco de terra no chão, jogando no buraco a sua frente.

_Tchau vovô, eu adorei o dia em que você foi na minha escola me visitar -ela disse isso como se estivesse me confessando uma coisa- eu sei que o papai não podia saber disso, mas ele não vai mais brigar com a gente, fica bem com o papai do céu, vou sentir saudades -a voz dela estava começando a tremer e então eu a abracei novamente.

Não tinha como eu pedir explicação, eu não precisava dela, eu só precisava tirar a minha filha daqui e segurar para não chorar na frente dela.

Todos ali começaram a ir embora novamente, a maioria das pessoas que estavam aqui vieram até mim quando saímos do cemitério e começaram a falar coisas sobre meu pai, contar historias resumidas ou coisas do tipo, e a outra parte eu sabia que só veria quando mais alguém partisse, o que é bem triste.

_Você é John Taylor Lockwood? -perguntou um homem de preto que caminhou até mim, ele estava do outro lado da rua o tempo todo, mas só se aproximou quando estava somente eu, Ryan e Melanie.

_Sim, sou eu -falei, empurrando Ryan e Melanie um pouco para trás e entrando na frente dos dois- o que deseja?

_Calma, eu sei o que aconteceu com sua familia e estou aqui porque seu pai me enviou, não pretendo fazer mal algum a nenhum de vocês.

_Como assim meu pai te enviou? -o homem se abaixou e então abriu sua maleta, tirando de lá um envelope, com meu nome escrito atrás do mesmo.

_Bom, seu pai pediu que eu lhe entregasse isso, o que eu tinha que fazer aqui já está feito, tenha um bom dia e eu sinto muito pelo a morte de Joseph -ele saiu de lá sem deixar nenhuma explicação a mais, encarei Ryan e então abri o envelope.

Dentro dele havia dois papeis dobrados, peguei o primeiro e então o desdobrei, era a letra do meu pai, ele havia escrito uma carta para mim:

''Filho...

Sei que é estranho me ver te chamando assim, mas acho que é um pouco tarde demais para você ler, ou ouvir isso. Eu sei que nesse momento eu não devo mais estar vivo, porque estou sentado em minha cama escrevendo essa carta antes de ir pegar o amor de sua vida de volta, desculpe se achar algumas marcas de gotas, talvez sejam lágrimas, pois eu realmente não quero que esteja lendo isso.

Primeiramente eu queria me desculpar por tudo o que eu te fiz, eu sei que fui uma pessoa dura todo esse tempo, e só percebi isso quando vi que te perdi. Eu queria ter entendido a sua sexualidade como a sua mãe entendeu, mas no inicio tudo era difícil para mim, espero que você entenda, que por mais que não pareça, eu sempre quis o seu bem.

As vezes eu me pego recordando algumas coisas que aconteceram no passado, alguns dos poucos momentos que tivemos juntos e felizes, como o piquenique que eu, você e sua mãe fizemos nas suas ferias para comemorar que você havia passado de ano, lembro que nesse dia eu te ensinei a pescar e você acabou ficando melhor que eu nisso.

Você é um homem agora, que me provou da pior forma que eu sou um tolo por não saber valorizar isso, por achar que só porque você ama outra homem, você é inferior a mim, por achar que você não merecia ser feliz. 

Não sei se Ryan comentou alguma coisa com você, mas eu já tive uma conversa com ele, e graças a esse garoto eu sou quem  sou hoje, ele me mostrou que eu não preciso te odiar, muito menos odiar ele, eu sei que ele te faz feliz, e você o faz feliz também, esse garoto é uma das melhores pessoas que você já conheceu meu filho, não deixe ele passar, não deixe que ele se vá, você cresceu ainda mais como pessoa quando o conheceu, e eu sou grato a ele por ter te ajudado a ser quem é hoje.

Saindo um pouco do assunto, eu queria deixar bem claro que eu senti um orgulho imenso de você quando descobri que você tinha uma filha, eu tive que investigar algumas coisas para saber disso, mas quando eu descobri que havia uma princesinha que era a minha neta, ah filho, eu não me segurei, fui direto para a sua casa conhecê-la.

Não se culpe por não ter deixado que eu a visse naquele dia, acho que era muito cedo para que isso acontecesse, mas queria te falar que teve uma vez que eu fui na escola dela, na verdade, mais de uma, eu ia no horário do intervalo e ficava conversando com ela, e ela me contava varias histórias sobre a ''nova família que ela tinha''. Espero que ela cresça e se torne alguém como o pai dela, porque potencial ela tem.

Bom, eu não vou ficar aqui escrevendo muita coisa porque tenho pressa para te ajudar nesse momento, sei que está passando por momentos ruins, mas queria te dizer que tudo na vida passa, até mesmo o ódio John. No outro papel que está dentro do envelope tem tudo o que eu conquistei até hoje, é um documento que alega que você é o único herdeiro de tudo o que eu tenho, inclusive a empresa, que deixei de vender para te dá-la. 

Espero do mundo do meu coração que você não a venda, e sim que faça ela crescer ainda mais. Lembre-se todos os dias de dizer um ''eu te amo'' para as pessoas que estão ao seu redor, isso faz falta, descobri isso esses dias, quando me peguei sozinho chorando na sala. Não quero falar de nada que lhe deixe ainda mais triste, eu só queria mesmo pedir o seu perdão meu filho, queria que você tentasse esquecer todas as coisas que lhe fiz e focasse apenas nos momentos felizes que passamos juntos, quero partir, mas partir sendo perdoado, sabendo que você não me odeia.

Eu sei que não é acostumado a ouvir isso, não de mim, mas John, saiba que se tem uma coisa que eu sempre senti por você, filho, foi amor. Eu só não soube demonstrar isso para você, e pela milésima vez nessa carta, te peço perdão por isso.

Ps:. Joseph T. Lockwood. ''

Quando eu acabei de ler percebi que estava com Melanie e Ryan do meu lado, por alguns estantes eu havia me desligado de tudo o que estava acontecendo ao meu redor. Enxuguei uma lágrima e então sorri de canto.

_Está tudo bem papai? -perguntou Melanie.

_Claro filha! -dei um sorriso- quer ir tomar um sorvete? 

_Sim! -disse ela animada batendo algumas palminhas. Olhei para Ryan que estava contente por vê-la assim e notei que meu pai tinha razão, ele não foi uma das melhores pessoas que eu conheci, ele foi a melhor!

Melanie subiu em suas costas assim que ele se abaixou para que ela pegasse carona de cavalinho nas mesmas pelo menos até o carro, quando ele se ergueu nós começamos a caminhar bem devagar, deixei que os dois passassem na frente por alguns segundos e olhei para trás, encarando o cemitério como se o meu pai estivesse parado ali me vendo, sorri e disse:

_Eu te perdoo, Pai.


Notas Finais


COMENTEM O QUE ACHARAM AI EM BAIXO EM </3
AMO VCS ATÉ SEMANA QUE VEM.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...