“— Não deixe que a impecável e traiçoeira beleza torne-a deslumbrada, doce menina, porque as trevas por trás dos olhos gentis é a porta de entrada para o demônio, e nele está o amor. O amor é o verdadeiro inferno, bela menina.” — Allane.
Junho, 1504
Hyeon-Ju repousada no peito do cavaleiro sorria, acariciando-o o tronco despido com as pontas dos dedos, enquanto recebia leves afagadas em seu cabelo desgrenhado; ergueu minimamente o rosto e apoiou o queixo no peito alheio, admirando a face tranqüila do homem ao seu lado.
Outro largo sorriso.
— O que estás a pensar, senhor?
— Penso que tudo está andando em seu devido caminho. As minhas criações estão no poder, estou satisfeito.
— Sempre os chama de suas criações, mas não me contou como tornaram-se isso.
— E não contarei, não confio plenamente em ti.
— Juntei meu sangue ao seu, meu senhor, prometi que seria fiel e faria tudo o que desejasse, e mesmo com isso não consegue confiar seus segredos a mim?
— Isso não importa por hora, bela dama, nossos assuntos são outros.
— Mal vejo a hora de chegarmos ao poder, meu querido.
— NamJoon ainda adia a cerimônia?
— A cada dia que se passa uma desculpa nova surge daqueles lábios, estou ficando impaciente!
— Pois não fique, minha doce menina, porque as conquistas exigem paciência e dedicação!
— És tão sábio, Alcander.
Disse ela com sua voz aveludada, livrando-se do lençol que escorregara por seus seios quando ela sentou-se no colo alheio; as mãos permaneciam no peito de seu companheiro, enquanto ele sorria e segurava-a pela cintura. Os dedos grossos e longos do cavaleiro prenderam-se entre os fios negros do cabelo alheio, puxando-a para si em um beijo necessitado, que cessara quando o ar lhes faltou. Hyeon-Ju sorriu e mordiscou o lóbulo de Alcander, que após um leve suspirar, sussurrou:
— Sei que tens pressa em nosso casamento, mas acalma-te, minha amada, pois em breve estarás em seu tão merecido trono, com as jóias da coroa real enfeitando sua cabeça.
— Enquanto Damara viver, não poderei casar-me com você.
— Ela não viverá por muito tempo, farei questão de a matar no mesmo instante em que a última criação tomar seu devido lugar.
— E quem é ele, meu amado? Não quis dizer-me.
— Restam apenas dois, minha jovem dama. Porém, o último não lhe diz respeito.
— Gostaria de livrar-me de sua esposa com minhas próprias mãos.
— Ela é forte, sequer conseguiria chegar perto dela.
— Duvida de minha capacidade, meu amado? – Hyeon-Ju sorriu, erguendo uma de suas sobrancelhas. – Até mesmo os mais fortes têm pontos fracos.
— Damara não, senhorita Min.
O olhar do cavaleiro se distanciou quando ele mostrou um sutil sorriso no canto dos lábios, então prosseguiu:
— Aquela extraordinária mulher não tem sequer uma fraqueza. Dizem até mesmo que ela é o próprio diabo.
— E se eu descobrir uma forma de acabar com ela?
— Então conte-me esta forma, porque até hoje tento dominá-la.
O sorriso que não saía dos lábios de Alcander ao falar de sua esposa incomodaram Hyeon-Ju, que completamente enciumada levantou-se, recolheu o vestido e o espartilho, para que então pudesse se vestir novamente. Confuso diante tal atitude, Alcander sentou-se e apoiou as mãos no tapete onde antes estava deitado, e antes que Hyeon-Ju saísse, ela disse:
— Descobrirei a fraqueza dela, mesmo que isso custe a minha vida.
***
SeokJin apertava os pergaminhos com força, tomado pela irritação ao ver os nomes ali escritos, sequer conseguia raciocinar, ele jogou os pergaminhos em Taehyung e bateu na mesa.
— Não entendo sua irritação, meu primo. Os criminosos foram pegos!
— Pegos pelos guardas do Reino vizinho, não pelos nossos!
— Temos aliança com a família Jeon, deveríamos estar contentes por eles fazerem um bom trabalho.
— Contentes, Taehyung? Aquela família toma os nossos méritos há gerações! Como podem prender mais criminosos do que eu?
— Primo, nossa masmorra está cheia de bandidos e assassinos, o outro reino apenas prendeu um homem a mais do que nós!
— Temos que ser melhores, Taehyung! Se a minha cavalaria não está fazendo um bom trabalho, deveriam eles estar na masmorra!
— Kim SeokJin, eu não o reconheço mais! Desde quando a segurança de nosso país se tornou uma competição?
— Agora vejo o porquê de sua mãe ter desistido da posição de rainha para tornar-se uma simples Condessa! Ela já previa o quão ingênuo e pouco ambicioso o filho seria.
— Enlouqueceste, primo. Prefiro me retirar, pois não responderei por mim.
Taehyung levantou-se e caminhou em direção à porta, porém, seu corpo paralisou diante ela, e foi obrigado a virar-se de frente ao primo, que já controlava cada movimento do corpo alheio.
— Percebe minha força, Taehyung?
— Pare com isso, Damara nos ensinou que não devemos manipular nossos poderes desta forma!
— E o que você é? Um cãozinho da bruxa? – SeokJin gargalhou, arremessando o corpo do primo contra a estante de livros, que logo caiu acima dele. – Achas que és mais que eu por ser o amante da bruxa?
— Não sei do que está falando.
— Está nítida a relação de vocês, verme imundo!
— Por que sente tanto ódio da felicidade alheia, querido primo? Como pode ser tão invejoso quando tens riqueza, poder, amor e o nível mais alto em nossa hierarquia?
— Então reconhece meu poder?
— Envergonha-me com suas atitudes, meu caro.
Taehyung levantou-se quando seu corpo livrou-se da manipulação alheia, e o ferimento que a estante lhe causou logo desapareceu, o que fez SeokJin ranger os dentes em demonstração de raiva, arrancando um alto riso do primo.
— É disto que sente inveja, então? Já não basta sermos aberrações, mas sente inveja do poder de seus “irmãos”? És patético, meu primo.
Taehyung cuspiu as palavras com desdém, tornando a caminhar em direção à porta, mas quando a ela chegou, Kyung entrou bruscamente na sala, segurando o Rei pelos ombros.
— Senhor, senhor! – Disse ofegante. – A Rainha está adoecida, parece muito debilitada, senhor!
— Minha esposa?! Pois mova-se e chame o médico do Palácio!
— Sua Majestade já está sob os cuidados da senhora Damara, mas ela continua chamando pelo senhor, apresse-se, Majestade!
SeokJin apenas concordou e correu entre os dois homens, seguindo ao quarto principal, deparando-se com o corpo pálido e suado de Pandora, a qual esticou dificilmente o braço para o marido, que imediatamente sentou-se ao lado dela e segurou-a pela mão.
— Damara, o que minha esposa tem? Ela está bem, não está?
Os olhos marejados do Rei imploraram por ajuda, mas Damara continuava a sorrir, e indignado pelo sorriso fora de hora da bruxa, SeokJin gritou:
— Sua irmã está morrendo, como pode sorrir?
— Ela não está morrendo, senhor! – Disse ela, enxugando as mãos no pano branco ao lado de Pandora. – Isso sequer é uma doença, é apenas um sintoma comum quando as mulheres estão grávidas e não se cuidam devidamente. Ela está passando por stress e fazendo muito esforço, então teve fraqueza, mas já está se recuperando.
SeokJin imediatamente calou-se, apagando de sua face qualquer expressão anterior, apenas ficou ali, imóvel, enquanto digeria aquela informação. Damara ousou rir de como o homem estava, então maneou a cabeça em direção à saída e retirou-se do cômodo junto aos dois homens que ali também estavam. Kyung curvou-se em agradecimento e se retirou, então Taehyung abriu um grande sorriso e olhou para a bruxa, erguendo as sobrancelhas em um gesto sugestivo a ela, que exclamou uma negação de imediato, e ao vê-lo cerrar os olhos e ameaçar a agarrar, Damara correu aos risos para o mais longe que pôde, logo percebendo que já estava fora do palácio.
Damara olhou para trás e acelerou os passos, porém, as raízes das árvores a atrapalharam, fazendo-a tropeçar e cair entre as folhas secas; o rapaz pulou em cima dela, segurando seus braços acima da cabeça alheia.
— Peguei-te, bruxinha!
— Solte-me, senhor! – Disse ela entre risos, arrancando uma expressão séria do rapaz.
— Pare de chamar-me assim, bruxinha! Eu já lhe pedi para chamar-me pelo nome, não sou superior a você.
— Se alguém ouvir-me o chamar pelo nome, serei punida. É desrespeitoso.
— Puni-la irei eu se não parar com tais formalidades, minha dama.
Damara revirou os olhos e novamente riu, mordendo o lábio em seguida.
— Puna-me, Taehyung.
Um breve silêncio se instalou entre eles enquanto o rapaz aproximava o rosto do dela, deixando-o próximo o suficiente para que as respirações encontrarem-se e os corações acelerarem, mas Taehyung riu, levantando-se.
— Após o banquete, encontre-me nos estábulos!
Taehyung imediatamente correu novamente para dentro, deixando Damara ali, deitada na mesma posição anterior enquanto sentia o corpo inteiro ferver e o coração apertar. A visão de anos atrás se realizou, porém, não mais a assustava, porque àquela altura Damara já aceitara seu destino.
Após um longo bufar, Damara levantou-se e voltou ao Palácio, sequer olhou para trás, o que facilitou para que Hyeon-Ju saísse detrás da árvore em que estava escondida, sorrindo vitoriosa por descobrir, finalmente, a possível fraqueza de Damara.
— Senhorita, senhorita!
A voz ofegante de Myung-Hee fez Hyeon-Ju olhar para trás entre largos sorrisos, e quando a dama de companhia percebeu a felicidade estampada no rosto alheio, cruzou os braços e encarou-a duvidosa.
— Senhorita, o que aprontaste?
— Ora, sabes sequer o começo!
— Dormiste outra vez com o tal cavaleiro?
— Não apenas isto! Esta noite fui tocada tão majestosamente que pouco pude raciocinar!
— Tome cuidado, senhorita! Se ganhares um filho do adultério, acabarás com sua reputação e serás expulsa!
— Achas que me importo? Alcander e eu chegaremos ao topo em breve!
— Cuida-te, senhorita Min. Cuida-te.
— Bobagem! – Hyeon-Ju sorriu, suspirando o mais alto que conseguiu. – E acabo de descobrir uma forma de acabar com Damara.
— E que forma seria esta?
— A mulher misteriosa que Taehyung ama é ela! Acabo de ver os dois juntos e marcaram um encontro esta noite. Seguirei os dois!
— Inacreditável! E o que pretende fazer?
— Observarei o relacionamento deles, e ameaçarei ambos. Será interessante tê-la em minhas mãos.
— Senhorita, tens noção do perigo que estará correndo se quiser entrar em uma briga deste tipo?
— És tão inútil e medrosa, Myung-Hee! Deveria retirar esta mentalidade de anciã e viver melhor sua vida! Aliás, já encontrou um pretendente? Passa da hora de casar-se.
Myung-Hee fechou os olhos e respirou fundo, pois a cada dia Hyeon-Ju insistia em ofende-la de alguma forma, e cansada de ouvi-la, a dama de companhia retirou-se sem olhar para trás, voltando ao encontro de sua irmã, Park Jimin e Hoseok, que discretamente se aproximou dela com uma taça de vinho.
— A viagem foi exaustiva e longa, creio que está com sede.
— Sua gentileza me amedronta, escudeiro Jung.
— É a parte mais interessante de ser gentil com a senhorita.
Myung-Hee abaixou a cabeça ao perceber o estúpido sorriso surgir em seus lábios, e quando aceitou a taça de vinho, perguntou-se o porquê de chegar àquela situação embaraçosa com o homem que odiou logo de imediato, então, quando ela voltou a erguer a cabeça, Hoseok olhou-a nos olhos e abriu um gentil e doce sorriso.
— Se continuar pensando desta forma em mim, ficarei envergonhado.
Hoseok levou a mão ao peito, como se pudesse demonstrar seu falso nervosismo, arrancando outro riso de Myung-Hee, que ao balançar a cabeça negativamente se retirou do ambiente, acenando discretamente para o lado que iria, para assim seguir sem pressa ao lago do palácio, sentando-se no banco de madeira que em frente a ele ficava.
Myung-Hee suspirou e tomou outro gole do vinho, observando a beleza dos pequenos peixes que nadavam dentro do lago. Ela suspirou e forçou um sorriso.
— Como podem vocês serem tão mais felizes que eu, quando estão presos neste pequeno lago? Tão patéticos.
— Você é como eles. Está presa em um pequeno lago, nadando em círculos, vivendo apenas para tornar a vida de uma mulher mesquinha interessante.
— Hoseok, já está aqui!
Myung-Hee abriu espaço para o rapaz sentar, e assim que ele o fez, também passou a admirar o lago.
— Até quando vai permitir que ela te trate desta forma?
— Ela não era assim até retornar, acredite.
— Ela está dormindo com um homem que sequer a ama. Ela está tornando a vida de todos um inferno.
— Este lugar já é o inferno. – Ela sorriu.
— Até quando a defenderá?
— Eu sou a única pessoa que ela pode confiar, Hoseok.
— E em quem você pode confiar?
Hoseok pendeu sua cabeça para o lado ao encarar a mulher ao seu lado, que também passou a encarar o rosto tranquilo dele, perdendo-se na imensidão vermelha dos olhos alheios.
— Em você.
— Como pode ter tanta certeza?
— Porque eu sei o que senti naquele dia, na primeira vez que nos olhamos sem ódio.
Myung-Hee tocou o rosto alheio com ambas as mãos e deixou que Hoseok vagasse por suas memórias, enquanto focava-se no dia em que pela primeira vez o deixou mostrar o lado doce de sua alma.
“Myung-Hee tentava escapar dos homens que a encurralavam, cada um com um objeto cortante, desde espadas até estacas de madeira, e a cada vez que ela tentava correr, faziam pequenos cortes em seus braços. Ela ajoelhou-se e juntou as mãos em frente ao rosto, implorando para que a deixassem ir, mas os homens apenas riam de seu desespero, até que um deles gritou:
— Leve-nos até a família real, ou morrerá agora mesmo!
— Por favor, deixem-me ir! Eu sequer tenho a liberdade de ir e vir entre os reinos sem companhia!
— Não ouse mentir, meretriz! Leve-nos ou morrerás agora mesmo!
Myung-Hee, em desesperado choro, negou insistentemente, e um dos homens a chutou, fazendo-a deitar no chão e contorcer-se de dor; o mesmo homem a prendeu entre as pernas e rasgou o vestido de tecido fino, revelando os seios medianos dela, enquanto ela se debatia em desespero. Outro homem a segurou pelos braços, enquanto um terceiro segurava-a pelas pernas. O homem que ainda estava em cima dela terminou de despi-la, e quando começou a abaixar suas vestes, uma voz amedrontadora surgiu atrás deles, fazendo-os levantarem imediatamente.
— Deixem-na em paz, ou morrerão.
Os olhos vermelhos intimidaram cada um dos homens, mas apenas riram para esconder o medo e permaneceram parados, apontando suas armas para Hoseok, o qual avançou em cima de cada um deles, levando apenas alguns segundos para os matar diante aos olhos de Myung-Hee.
Hoseok sentia fome, sentia sede! E por isso não se conteve em deliciar-se com a carne macia de cada um daqueles homens, e embebedar-se com o sangue que jorravam contra o rosto dele. Myung-Hee chorava conforme tentava cobrir seu corpo, e quando Hoseok lembrou-se da presença dela, esfregou as costas das mãos na boca, na falha tentativa de limpar-se, então aproximou-se da mulher, retirando a parte de cima das próprias vestes para cobrir o corpo enfraquecido dela.
— Por que não está fugindo?
Perguntou ele, acariciando-a o rosto.
— Por que eu fugiria do homem que me salvou?
— Eu sou uma aberração, não tens medo?
— Eu conheço aberrações, e você jamais seria uma.
Aos poucos Hoseok voltou a si, e quando Myung-Hee sorriu para ele, seu corpo encheu-se de alegria, tanta que tornou-se impossível conter, fazendo-o a abraçar com toda sua força.
Ela foi a única pessoa que não sentiu medo de sua verdadeira face, a única que o fez sentir-se completo.”
Quando as lembranças se esvaíram, Myung-Hee sorriu, admirando cada pequeno detalhe da belíssima face de Hoseok, que segurava-a pelas mãos, fechando os olhos quando virou minimamente a cabeça para o lado, beijando-a as mãos.
— Hoseok, lembre-se: os olhos nunca mentem, e as mentes nunca armazenam falsas memórias. O meu coração é sincero, e em meus olhos você é o único que está.
— Lembrarei disto mesmo que eu renasça, mesmo que eu me esqueça de quem sou agora. Lembrarei, minha querida.
***
Damara esperava ansiosamente por Taehyung, olhando para todos os lados enquanto o procurava, porém, mesmo com toda sua atenção, assustou-se quando ele a abraçou por trás, beijando-a o pescoço. Ela sorriu, virando-se de frente ao rapaz.
— O banquete em homenagem ao Jimin e à Cho-Hee foi ótimo!
— De fato! Fico contente em saber que Jimin conquistou o coração de uma boa mulher.
— Park Jimin pode conquistar o coração de qualquer mulher, bruxinha. – Taehyung riu, então sentou-se junto a ela na grama. – Pedi para vir aqui por um motivo especial.
— Diga-me, então!
— Eu conheço um padre, e digamos que ele não segue devidamente as leis de Deus. Ofereci ouro a ele para realizar a cerimônia em segredo.
— Ora, pensei que quisesse seguir os mandamentos de Deus, Taehyung.
— Estaremos casando de acordo com o que Ele deseja, já é o bastante!
Damara revirou os olhos e acabou sorrindo, cruzando os braços ao encostar-se na árvore atrás de si, ainda sentada.
— Casaremos amanhã durante a madrugada, após a pregação do padre. Vista-se bem, bruxinha.
Ainda sem o responder, Damara aproximou-se, envolvendo seus braços ao redor do pescoço alheio, e quando os lábios tocaram-se, a voz irritada de Yoongi os fez afastarem-se.
— Min Hyeon-Ju!
Damara e Taehyung levantaram-se e perceberam que Hyeon-Ju os observava não tão distante, e quando Yoongi se aproximou, puxou-a pelo cabelo e a obrigou a ajoelhar-se.
— Peça perdão a eles, não ensinamos você a bisbilhotar!
— Pedir perdão? – Ela riu. – Eles que cometem o pecado e eu preciso me redimir?
— Se cometem pecados ou não, quem deve se preocupar com isso são eles. Peça perdão, Hyeon-Ju!
Yoongi soltou-a e deu um passo para trás quando a irmã o olhou diretamente nos olhos, fazendo o coração dele acelerar e a vergonha pairar acima dele. Quando Hyeon-Ju levantou-se, apontou o dedo indicador em direção à Damara.
— Desde que chegou às nossas vidas, tens atrapalhado! A senhora e sua família somente me atrapalhou. Primeiro roubaram o amor do Duque de mim, depois Pandora tornou-se Rainha! Então descubro que você e o futuro Conde mantém um relacionamento escondido, e agora meu irmão está contra mim! Eu pouparia sua vida, Damara, mas as circunstâncias me obrigam a fazer isso.
Hyeon-Ju aproveitou o momento em que Taehyung se preocupava em manter Damara distante e puxou a espada dele para si, rapidamente golpeando a bruxa, que por não desviar a tempo, teve um dos braços perfurados; não satisfeita, Hyeon-Ju preparou-se para o último golpe, porém, faltando poucos centímetros para a espada acertar Damara, Taehyung segurou a lâmina com ambas as mãos, e quando o sangue escorreu entre os dedos, Yoongi sacou a própria espada, apontando-a para a irmã.
— Como pôde tornar-se a vergonha para a família Min? – Perguntou ele, tentando conter suas lágrimas. – Vendeu sua alma ao demônio por pouco, tentou acabar com ambas as famílias Reais, enganou o Duque com seu falso amor, maltratou sua dama de companhia que tanto a amou, e como se não bastasse, perdeu sua honra com um homem casado.
— Yoon...
— És patética, irmãzinha.
Após um largo e frio sorriso, Yoongi ergueu a espada e chocou-a contra o pescoço da irmã, com força o suficiente para que o sangue jorrasse de seu pescoço, enquanto o corpo dela evidenciava espasmos mesmo quando a cabeça já não lhe pertencia; quando o corpo finalmente parou de reagir, caiu aos pés de Taehyung, o qual logo soltou a espada e abraçou Damara, e Yoongi, com suas emoções obsoletas, permanecia sorridente fitando o corpo sem vida de sua irmã banhado no mar do próprio sangue.
“— Quando saberemos que finalmente começou, meu amado?
— Será perceptível, bela dama. – Alcander sorriu. – Tão perceptível quanto o sorriso de um homem insano.”
Taehyung ainda abraçava Damara, tentando poupá-la de tal cena, porém, o rosto escondido no aconchegante abraço desenhava um belíssimo e radiante sorriso, e mesmo com o quase inexistente resquício de arrependimento, Damara comemorava em silêncio o início de sua vitória, e o demônio que carregava a alma daquela menina parabenizava Damara.
Afinal, a morte é a parte mais bela da vida, porque ela nos livra da dor e nos dá o descanso eterno. Então, não há o porquê de lamentar a morte, pois ela é o recomeço para os mortos e, às vezes, o triunfo para os vivos.
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