História The Guerrillas - Hongjoong

— Você é o rebelde que causou esse caos todo, não é? 

— Talvez, por que? — ele parece cauteloso quando me olha nos olhos, uma postura intimidadora.

— Você foi muito corajoso, faz parte de algum grupo? — levanto uma sobrancelha.

— Sou um lobo solitário. 

— Quero me aliar a você. 

Ele entra no armazém por uma porta de saída de incêndio, e eu vou para minha casa me arrumar para o trabalho. 

Quando chego, abro a porta com a minha senha e vou ao meu quarto, troco de roupas, colocando um terno cinza e uma gravata vermelha. O uniforme padrão de todos os lugares. Pego uma garrafa d'água e vou correndo para minha empresa, não posso arriscar perder meu emprego ou ser preso por causa de um atraso. 

No momento em que piso lá, espero encontrar Yunho, mas não o vejo, me preocupo. Yunho não tem uma falta registrada no sistema, assim como eu. Guardas entram no escritório, indo a procura de nosso chefe. Finjo que nunca vi essa cena como assim como sempre faço.

Quase como um instinto, meus pensamentos voam para Yoona. Penso em a encontrar mais tarde, mas onde eu poderia a achar? Não combinamos nada, e talvez seja provável de nunca mais nos vermos, questiono se deveria deixar isso para trás, como uma memória de infância, mas não consigo esquecer seus olhos me encarando e nem o som melodioso de seu violino. 

O toque de recolher já estava prestes a tocar quando coloquei um boné preto e sai de casa sem fazer muito barulho. Desci as escadas rápido. Estava ansioso para saber se, assim como eu, Yoona estava indo para o prédio em que nos conhecemos. 

Ando pelas sombras numa cidade sem luz, pisando leve no chão gasto da capital. Encontro o prédio cinza e circular, sigo caminho pelos corredores mofados, e quando escuto uma música suave tocando, sigo a melodia, e logo me deparo com cabelos vermelhos e olhos cor de mel, deixo um sorriso escapar.

— Não esperava te ver aqui. — Ela para de tocar do violino antigo, me olhando com um ar de curiosidade.

— E eu desejava te ver aqui. — Vou mais perto dela, me sentando no chão, apoiando minhas costas num canto aparentemente sem mofo da parede, e ela copia meus gestos, deixando o violino ao seu lado.

— Como vai? — Yoona apoia o queixo nos joelhos, mas vira o rosto para mim, me olhando.

— Bem, e você? Aconteceu algo no seu trabalho? — cruzo as pernas e coloco as mãos no chão.

— Bem também, e nada muito incomun aconteceu hoje lá na empresa, os guardas também foram no seu trabalho? 

— Foram sim! Sabe o que eu acho? — vou um pouco mais perto dela, sussurrando a última parte.

— O que? 

— Acho que meu chefe faz parte de algum grupo rebelde. — sussuro no ouvido de Yoona, e ela me olha surpresa, tampando a boca com a mão.

— Sério? Caralho! Por que você acha isso? 

— Porque vira e meche e guardas vão lá falar com ele, todo mundo lá do escritório acha que é isso, mas ninguém tem certeza de nada, o que eu acho muito estranho. — volto um pouco para trás, a vendo chocada.

— Nossa, agora que eu percebi o quão pacata a minha vida tá. — Ela olha a parede cinza a nossa frente.

— Acho que a de todo mundo tá meio pacata mesmo, ainda mais com tudo o que tem acontecido.

— Com o que você trabalha Hongjoong? — Yoona volta a me olhar com aqueles olhos curiosos.

— Trabalho em uma daquelas empresas do governo junto com um amigo meu, é um trabalho chato pra caramba! — rio um pouco, tentando aliviar minha tensão nos ombros.

— Eu trabalho como secretária numa empresa de crônicas junto com um amigo meu também. — Ela da de ombros.

— Você tem irmãos, Yoona? — aparentemente eu falei sobre algo meio sensível para a garota, já que a curiosidade em seus olhos some e da lugar a melancolia.

— Tinha uma irmã, e você? 

— Um irmão, ele morreu a alguns anos.

— Mas e aí? Como você perdeu seu irmão? — Yoona chega mais perto, endireitando a postura. 

— Perdi meu irmão num tiroteio, ele trabalhava numa banca e foi atingido por um tiro errado, — passo uma das minhas mãos na minha nuca, abaixando a cabeça — e você? Como perdeu sua irmã Yoona? 

— Não gosto muito de falar sobre isso, sabe? Foi muito doloroso e sinto um buraco no peito... — Yoona olha para cima, apoiando a cabeça na parede atrás de nós.

Olho para os lados, e vejo cabelos loiros nos olhando. Era o rebelde de mais cedo, por que ele estava aqui? Ele havia seguido um de nós? Será que Yoona o conhecia? Perguntas invadem minha mente, até que a garota cutuca meu braço, cortando cada pensamento de maneira instantânea quando a observo.

Ela mexe o queixo, e eu olho para onde ela apontou e vejo Wooyoung nos olhando de forma discreta, ele provavelmente me seguiu e acabou escutando nossa conversa, assim como o rebelde loiro. Me levanto e ofereço minha mão para Yoona, ela aceita e se levanta, pego seu violino e o arco, e a entrego. 

— Aí! San! Você é o que? Um idiota? Esqueceu o seu boné! — escutamos alguém gritando.

— Shhh! — o rebelde que deveria ser o tal do San aparece de corpo inteiro e faz um gesto para a garota baixa de cabelos pretos se calar. 

— Eu ainda não acredito que o besta do Yeosang me obrigou a vir atrás do dono sonso pra entregar uma merda de boné! — ela aperta o dorso do nariz, parecia bem irritada. 

— Eunchae! Você poderia pelo amor que você tem de fazer drama fazer um pouco de silêncio! Você não vê que eu tô escutando a conversa dos outros em segredo!? — San fala baixo para a Eunchae. 

— Então eu acho que já te descobriram, porque tem três pessoas nos olhando como se fossemos dois doidos — ela aponta em nossa direção e San olha, dando um sorriso amarelo. 

— Oi... — ele abaixa a mão de Eunchae, que o estende um boné preto surrado.

— Oi — Yoona responde, sua voz sai suave por entre seus lábios, me deixando um pouco zonzo, porra Hongjoong! Você mal conhece ela!