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História The King Who Cares - The King Who Cares


Escrita por: Hekhate

Notas do Autor


Bem-vindes ao meu coven!

✦ Disclaimer:

↬ Stannis Baratheon, Jon Snow e "As Crônicas de Gelo e Fogo", obviamente, não me pertencem. Todos os direitos reservados ao autor George R.R. Martin.

Boa leitura.

Capítulo 1 - The King Who Cares


Fanfic / Fanfiction The King Who Cares - The King Who Cares

“Inquieta é a cabeça que carrega uma coroa”.

— Henry IV, William Shakespeare

FORTALEZA VERMELHA, PORTO REAL

302 d.C.

✧✦✧

A batalha pela tomada de Porto Real das mãos dos lealistas que depuseram Cersei Lannister a favor da obtusa campanha do Jovem Griff – o rei pantomimeiro que usurpara a identidade de Aegon VI Targaryen – estava quase terminada. Despojada das forças defensivas, a Fortaleza Vermelha falhou em resistir ao cerco dos reclamantes, sendo novamente demarcada pelos estandartes do veado negro coroado em campo de ouro, sem o coração flamejante de R’hllor para invalidar sua legitimidade.

Stannis ainda envergava cota de malha sob couro fervido quando irrompeu na Sala do Trono. Desprovido de cerimoniais régios, havia no recinto apenas um silêncio sepulcral que evidenciava a presença animalesca do Trono de Ferro. Ele o tinha visto pela última vez a quase meia década atrás, quando seu real irmão, Robert, governava acima de qualquer contestação e com boa saúde, época aquela em que os Sete Reinos gozavam de uma soberania pacífica. Havia algo de mau presságio no salão vazio, desguarnecido da azáfama festiva da corte de Robert. Estava escuro e frio, quase como uma cripta; e para todos os efeitos, foi este mesmo trono que vitimou seus dois irmãos, à sua maneira.

Parecia quase irreal ter aquilo pelo qual havia lutado desde a queda de Robert, de repente, tão perto, somente alguns metros de distância. Verdadeiramente dele agora, ao seu alcance.

Stannis caminhou lentamente pela galeria como fizera inúmeras vezes na condição de Mestre de Navios e consulente dos peticionários do reino. Mas agora era diferente. Embora não fosse detentor de um temperamento melancólico, era impossível negar que seu coração batia mais rápido no peito à medida que se aproximava do trono. 

Havia passos suaves atrás dele, era Jon Snow, que se tornara sua sombra constante, um Guarda Real em tudo, menos no nome, sem nada de nobre, além da honradez que lhe fizera envergar o manto branco. O lobo gigante estava com ele, ambos mantendo uma distância reverente, como se soubessem que seu rei precisasse daquele momento para si mesmo.

Hesitou antes de subir os degraus daquela monstruosidade cinza-escura carbonizada. Na historiografia de Westeros, os arquimeistres tratavam de afirmar, exaustivamente, que por este trono o reino havia sido devastado, porém Stannis possuía uma perspectiva diferente. Ele não tinha ido à guerra por um trono. Ele tinha ido à guerra pela justiça, pela ordem, pela lei. O Trono de Ferro não era sua recompensa, mas um fardo; e Stannis Baratheon nunca fora homem que deixasse os próprios fardos para outrem.

O trono era tão escasso de beleza quanto ele se lembrava; afiado e pouco convidativo, de perto, parecia ainda mais desconfortável. Stannis estendeu a mão despida de luva, mas se deteve antes que pudesse tocar o metal. Se perguntou se correria o risco de cortar-se, logo repreendendo aquele pensamento. Era uma superstição tola – como se um trono pudesse realmente rejeitar seu rei verdadeiro. E, ainda assim, foi acometido por uma estranha sensação de alívio quando finalmente os dedos nus tocaram a massa metálica, sentindo apenas bordas opacas, sem sulcos afiados que pudessem lhe dilacerar a pele.

De repente, Stannis se sentiu ridículo ali, parado como um rapazote tímido em dia de núpcias, mal ousando resvalar na própria noiva. Sua carranca se aprofundou, os dentes rangeram de um lado para outro, e ele se sentou. O assento era rijo, gélido e, mesmo através da armadura, se mostrava tão incômodo quanto a pesada coroa que Stannis odiava usar. Aegon, o Conquistador, tinha sido um homem perspicaz, pensou ele; um homem que sabia que um rei nunca deveria se sentar à vontade, tampouco descansar a cabeça.

Olhando para baixo, viu Jon parado nos degraus, as íris invernais voltadas para ele. Havia um sorriso naquelas feições geralmente tão severas, o único calor presente em todo o salão.

— Se algum homem já mereceu este trono, é você, Sua Graça — proclamou Jon quando seus olhares se confrontaram. De qualquer outro súdito, exceto Sor Davos, Stannis teria descartado as palavras como bajulação, mas ele sabia que Jon Snow as queria dizer. O bastardo de Rhaegar Targaryen, sobrinho de Ned Stark, sempre se reportou ao rei com mais ousadia do que convinha sua posição. Era uma das coisas que Stannis mais gostava nele.

— Se eu mereço ou não, não importa, nunca importou — respondeu Stannis, suas mãos se acomodando entre as lâminas ressequidas e tortuosas do trono. Um assento vil e perigoso, somente um garoto tolo como Renly poderia pensar que governar era fácil. — Mas era meu desde o momento em que Robert morreu, meu com todas as suas arestas afiadas e traiçoeiras, e depois de mim, deverá ser assumido por minha única herdeira, Shireen. Ainda não sei por que alguém iria simplesmente querer isso.

Após anos de guerra e inverno, de traição e morte, Stannis Baratheon, Primeiro de Seu Nome, Rei dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, Senhor dos Sete Reinos e Protetor do Território reivindicou seu trono. E, muito embora, tivesse derrotado os Outros ao norte da Muralha, lado a lado com Daenerys Targaryen – cuja vida perdera tragicamente para se fazer cumprir a profecia do Príncipe Prometido – bem como havia subjugado os traidores do sul, ele sabia que seu verdadeiro trabalho estava apenas começando. Não existia nenhum sorriso de triunfo no rosto de Stannis quando ele se apropriou daquilo que o pertencia, apenas uma determinação sombria de cumprir seu dever.

Stannis desfrutou de um breve descanso, somente alguns segundos para processar que o ensejo com o qual sequer se permitira sonhar finalmente havia chegado. E, então, ele se obrigou a levantar-se novamente, ignorando o quebrantamento em seus ossos depois de tantas batalhas na neve.

— Venha, Sor Jon — ele interpelou enquanto descia os degraus. — Não há tempo para ociosidade. Temos um reino para reconstruir. Mande chamar a Mão do Rei, Lorde Davos.


Notas Finais


↬ Para mais contos meus do universo de ASoIaF:

✦ Fire and Blood: https://www.spiritfanfiction.com/historia/fire-and-blood-24355903/capitulo1
✦ Unbowed, Unbent, Unbroken: https://www.spiritfanfiction.com/historia/unbowed-unbent-unbroken-24384979/capitulo1

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