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História The Last Judgment - The Last Judgment of Michelangelo


Escrita por: Nerverland

Notas do Autor


(Segunda vez q tento postar este cap, tô levemente puta)
Obrigada a todos os favoritos e comentários, cada um deles foi muito importante para mim de um jeito muito especial.

Nos vemos nas notas finais

Bjs e uma boa leitura 💕🙆💕🙆

Capítulo 16 - The Last Judgment of Michelangelo


Fanfic / Fanfiction The Last Judgment - The Last Judgment of Michelangelo

Cap 16: The Last Judgment of Michelangelo 

As árvores formavam um teto de folhas verdes e encobriam parcialmente o sol que encontrava brechas entre o verde para passar seus raios de luz. Um desses raios atingia diretamente o olho esquerdo da garota loira, deixando seu olho verde ainda mais claro.

Ela só estava ali parada na entrada de Yale Arts. Estava apenas observando os alunos entrando com sorrisos nos rostos, outros com feições mais nervosas e ansiosas. Ouvia e via enquanto alguns se cumprimentavam, pois deveriam ser os veteranos (tinham cara de veteranos).

A garota seguiu o fluxo de pessoas e adentrou o prédio com o pé direito, não por superstição, era canhota e não acreditava que a esquerda dava azar, mas por uma coincidência. Ombros esbarravam no seus, alguns agiam como se não ouve-se ninguém e trombavam brevemente com ela. Mas não importava, estava feliz por estar ali. Era uma sensação boa.

O prédio era rústico e de uma arquitetura antiga, conservada. Já tinha ouvido histórias sobre as passagens subterrâneas e salas secretas de Yale, todas muito interessantes. 

Enquanto seguia pelo corredor, que aos poucos diminuía a intensidade de pessoas, reparou que alguns alunos estavam distribuindo o que eram panfletos verdes. A loira passou por um garoto alto, o dobro de seu tamanho, e moreno de olhos castanho claro.

- Te espero lá? – perguntou olhando a garota com um sorriso de flerte, após entregar o panfleto.

Festa de boas vindas, Yale”. Era o que estava escrito.

Clarice Gaine apenas limitou-se a sorrir e assentir com a cabeça, e continuou a andar.

Sala 101. Olhou para as placas metálicas em cima dos batentes das portas, e achou a que procurava.

Entrou na sala de aula e sentiu sua visão ficar turva e escura. O local parecia ter tremido, como um breve terremoto. Pensou que aquilo era estranho, já que nunca havia tido sintomas como aqueles antes. Devia ser o nervoso do primeiro dia de aula.

Clare subiu as escadas passando pelas bancadas, queria se sentar no fundo. Procurou um lugar vago, mas a maioria já estava ocupado. Era o primeiro dia de aula e os alunos queriam causar uma boa impressão.

- Senta aqui! – olhou para quem a chamava. Era o moreno que lhe dera o panfleto.

Como ele havia chegado ali antes dela? 

O garoto apontou a cadeira vaga ao seu lado. A menina sentou-se e se virou sorrindo em agradecimento.

Teve uma estranha sensação, primeiro ficou sem ar por um segundo, mas o suficiente para lhe causar um certo desespero. Depois ao levar a mão ao canto do lábio, pois parecia que algo estava escorrendo, viu que seu dedo indicador ficara sujo com um pouco de sangue. O que estava acontecendo com ela? Sua visão embaçou novamente, e ao abrir os olhos teve uma sensação de dejavú.

Sentiu que já conhecia aquele garoto de olhos castanhos, sabia que tinha alguma vez visto aqueles olhos castanhos e intensos. Devia ser coisa da sua cabeça.

- Certo, vamos começar a aula – anunciou a professora posicionada no palco olhando para a classe.

Quando aquela mulher tinha entrado na sala? Mas isso não foi o que mais a perturbou, e sim o tom de voz frívolo que parecia ter sugado toda a vida na sala de aula, e levado embora todo resquício de esperança.

- Hoje falaremos sobre Clarice Gaine – olhou nos olhos da loira como se pudesse sugar sua alma – Conte-nos, como foi morrer?

Que tipo de brincadeira era aquela, se perguntou. Provavelmente eram os veteranos fazendo o trote, e ela fora a escolhida, pensou.

- Nos diga, como é estar morta – pediu a mulher alta com um sorriso maníaco nos lábios.

Clarice sentiu o gosto ferroso em sua boca, passou a mão no canto do lábio novamente, e todos os seus dedos se mancharam em sangue. A substância vermelha escorria de sua boca, seu nariz. Olhou para o lado, e viu o garoto com sua camiseta branca também manchada de sangue.

Levou as mãos a boca para suprimir o grito. Voltou então seu olhar para o restante da sala, e gritou tanto que sua garganta começou a queimar. 

Todos os alunos da classe estavam estirados aos chão, com sangue marcando o local onde foram esfaqueados, e um pedaço de pele de cada corpo faltando.

A última coisa que visualizou foi a mulher sombria parada ainda no palco da sala. Ela sorria, e seus dentes eram caninos afiados.

Shawn. Sabia que o conhecia de algum lugar.


Shawn estacionou seu carro em frente ao prédio de Clare sem dar qualquer importância à baliza. Desceu saltando para fora do veículo e entrou correndo pelo hall.

Entrou no elevador e apertou com tamanha força o botão do andar da loira, que foi surpreendente não tê-lo afundado. A caixa metálica parou no andar desejado e abriu suas portas, o moreno correu até o apartamento da garota.

Não sabia porque estava tão desesperado, mas seu instinto lhe dizia que algo estava mais do que errado. E estava certo.

Sequer parou para analizar a porta de Clarice  arrombada, ou sofá atrás desta para fazer uma barreira que fora ultrapassada. Ele simplesmente adentrou o local e correu para o quarto da garota.

Ela não estava lá, mas as marcas de sangue no chão fizeram com que seu rosto já naturalmente branco em excesso, ficasse ainda mais pálido. Levou as mãos a cabeça flexionado os braços para cima, e não soube o que fazer. Adrenalina corria por suas veias junto ao medo, que parecia mais uma cobra traiçoeira lhe envolvendo até sufocar.

Adentrou o cômodo olhando para as marcas de sangue no piso. Mais adiante observou um envelope vermelho pairando cuidadosamente colocado. Shawn caiu de joelhos, um baque soou, e ele não sentiu dor ou reparou que as marcas rochas ficariam na região. Esticou o braço direito e pegou o envelope, abriu com uma falsa calma e leu seu conteúdo.

 “Ao mísero, que roga ao teu desvelo 
           Acode, e, às mais das vezes, por vontade 
           Livre te praz sem sílica valê-lo 

Esse mortal que da ínfima lacuna 
           Do mundo até o empíreo, passo a passo
          Viu quanto a vida esp’ritual reuna”.

Jogou o papel no chão enquanto se levantava às pressas. Sabia para onde tinha que ir, e sabia que precisava chegar o mais rápido possível.

Desceu correndo e passou pelo hall, para então entrar no carro e fazer os pneus cantarem no asfalto.

Precisa chegar a cassa de Ellen Lefray.


As pálpebras de Clarice estavam pesadas, tentou abrir os olhos e várias vezes seguidas os fechou novamente devido a claridade. Por fim, os abriu e suas órbitas verdes observaram o lugar em que estava. Não era seu apartamento.

Tentou se mexer mas não conseguiu, não só pela dor horrível no corpo, mas porque estava amarrada. Estava amarrada a uma cadeira, sentada à mesa de uma cozinha, notou. Movimento os dedos para de alguma forma poder soltar a grossa corda, mas estava muito bem amarrada. Tão bem amarrada, presa era o mais correto, que seus braços doíam mais ainda.

-  O lá é aqui, o longe é perto.
              A sombra e a luz, uma só flama
             Deuses me falam no deserto 
             Iguais em mim a fama e a lama

Ninguém escapa a minha vida
           Eu sou a asa que voa,
          Sou a dúvida, e o que duvida 
          E a canção que o brâmane entoa

Deuses anseiam por meu teto
            E os sete sóis rondam-me em vão 
            Mas o que ama o bem secreto, 
           Tem o meu céu em suas mãos”.

Os passos iam se aproximando lentos e cada vez mais perto. 

A voz era calma e melodiosa, de um modo a preencher cada canto da casa.

Havia resquícios de diversão na voz do matador. Mas não era um homem

Clarice conhecia aquela voz. Mas não podia ser. Queria se virar para ter certeza, porém não podia se mexer.

Então viu quando o corpo assassino passou ao seu lado para se posicionar de frente para sua vítima. 

- Gostou do poema, Clare? Pertence a Ralph Waldo, e fala sobre um deus hindu chamado Brahma. Criador do universo.

Se pudesse mover seus braços a loira já os teria levado a boca para conter o susto. Não, não era apenas um susto. Era muito mais que apenas um sentimento, eram um misto deles.

- Florence! – sua voz saiu entrecortada, um sussurro.

A ruiva apenas sorriu diabolicamente, um sorriso tão macabro e doentio que fez Clarice se arrepiar. A assassina puxou a cadeira da ponta contrária de sua presa à mesa, e se sentou. Levou as palmas das mãos para equilibrar as bochechas com os cotovelos sobre a mesa de madeira envernizada.

- Surpresa! – disse a psicopata como se estivesse em uma festa de aniversário.

Clare com certeza era uma aniversariante surpresa. Não poderia ter imaginado que sua amiga Florence era a assassina, a pessoa encoberta nas sombras, a própria sombra. Alguma vez aquela garota fora de fato sua amiga? Já não acreditava mais.

Todo aquele tempo havia uma pessoa, a única, de quem ela jamais esperaria algo como aquilo. E essa pessoa era Florence. A loira vira quando aquela garota fora encontrada machucada na sala de aula, vira quando ela fora esfaqueada nos corredores, não fazia sentindo nenhum! 

- Diz alguma coisa – exigiu a ruiva em um tom imperativo e impaciente.

- Por que está fazendo isso? – questionou Clare em uma voz cansada e sem vida.

Os olhos de Florence escureceram e deles sumiu o divertimento infantil. Seu semblante tornou-se sério e bravo.

- Não, não – balançou o indicador em negativa como que para ensinar uma criança – O que você realmente quis dizer foi, “Como você é inteligente Flo, e como eu sou tão burra!” – disse fazendo um breve teatro consigo mesma.

- Por que? – repetiu a pergunta entrecortada e em súplica.

A assassina tirou as mãos que apoiavam a bochecha e encostou as costas no encosto da cadeira cruzando os braços em seguida. Respirou fundo e olhou nos fundos dos olhos de sua vítima, então o canto de seu lábio subiu minimamente.

- Por que o que? 

- Por que está matando pessoas? Tem algum propósito maior ou é apenas psicopatia? 

A ruiva jogou a cabeça para trás e gargalhou por um instante. 

- Nunca tinha pensado na segunda opção – observou pensativa – Quanto a resposta – fez uma pausa – Acredito que já saiba qual é. 

Clarice continuou a sustentar o olhar. Observou aquela pessoa a sua frente, alguém que pensou ter conhecido e que agora era apenas uma qualquer. Pior, era uma desconhecida que a mataria.

- Não é possível que sua ingenuidade afetem tanto sua inteligência, Clare! – disse a ruiva zangada enquanto descruzava os braços e batia os punhos na mesa.

Clarice sabia a resposta, mas queria ouvir da boca de sua predadora. Após tanto tempo envolta por uma um manto de mentiras e cegada pela escuridão do medo, ela merecia ouvir a verdade. Pelo menos antes de morrer.


Rick entrou no prédio de Clare e seguiu para o elevador. Esperou pacientemente até que as portas se abrissem no andar desejado.

Saiu do elevador e seguiu andando pelo corredor, pensando nas palavras que usariam com sua amiga. Como seria a melhor maneira de começar a conversa, talvez pedir para que a loira se sentasse, isso se ela fosse querer recebê-lo... Mas seus pensamentos pararam de correr quando Rick se deparou com a porta da casa de Clarice escancarada, arrombada, aberta a força.

Ele hesitou por uma fração de segundos antes de entrar no apartamento às pressas e gritar o nome da moradora por todos os cômodos. Ela não estava lá. 

Rick entrou na quarto que estava todo revirado e com marcas de sangue no piso. Seu coração começou a bater mais rápido e a cor sumiu de seu rosto.

Seu olhar foi direcionado para o papel deixado no chão e para um envelope vermelho mais adiante. O garoto andou até onde estava o envelope, tomando cuidado para não pisar no sangue já seco, e se inclinou pegando entre os dedos.

Leu o que estava escrito, e pensador que tipo de brincadeira era aquilo. Não entendia o que estava naquela folha, só conseguia pensar que aquilo era algum tipo de brincadeira estranha e de mal gosto. Onde estava Clarice? Se perguntou em desespero.

Rick sacou o celular do bolso tremendo e discou o número da polícia. Quando foi atendido explicou a situação em que se encontrava e o cenário assustador em que estava. O policial informou que chegariam em no máximo quinze minutos.


Shawn estacionou o carro freando bruscamente. Saiu do veículo e correu até a casa adiante, bateu freneticamente na porta. 

O jardim bem cuidado e a faxada sutil da casa sugeriam um local tranquilo e no qual jamais alguém iria imaginar que algo ruim pudesse acontecer. O que uma arquitetura bem planejada poderia esconder? Shawn sabia que muito.

Ouviu a trava da porta sendo destrancada e cessou as batidas. Levou as mãos a cintura enquanto sentia sua respiração descompassada, seu rosto estava vermelho e podia sentir sua camisa preta grudando devido ao suor.

- Shawn, veio me ver? – a mulher revelada atrás da porta era uma Lefray calma e contida, como sempre, porém sua voz estava forçosamente mais amena e não frívola como o usual.

O que se passou na mente do moreno não podia ser explicado, ele queria apenas entrar naquela casa e torcer para que Clare não estivesse ali, mas sim bem e a salvo; queria também poder dizer tudo o que pensava a Ellen Lefray, usar todas as palavras inesgotáveis sobre o quanto ela lhe causava repulsa.

- Onde ela está? – questionou dando um passo decidido a frente para ficar bem próximo da mulher a sua frente.

O lábio da mulher repuxou levemente para cima. Ela estava adorando vê-lo daquela forma, tão desesperado e desolado.

- Entre e vamos conversar – falou dando passagem.

O moreno adentrou a casa sem pensar duas vezes. Estava prestes a refazer a pergunta de segundos atrás, porém não foi necessário. Clarice estava mais adiante, amarrada a uma cadeira de uma mesa de jantar. Shawn sentiu seu como se seu coração antes frenético tivesse agora parado de bater. A loira estava com o rosto coberto por hematomas que começavam a ficar roxos e tinha sangue saindo de seus lábios.

Shawn despertou quando ouviu o som da porta sendo fechada e uma risada ecoando atrás de si, a risada de Lefray.

- Pronto, já achou sua querida – a mulher alta disse dando ênfase na última palavra carregada por escárnio – Agora vamos esquecer isso...

O moreno virou-se bruscamente para encarar Ellen Lefray sentada no sofá, com as pernas cruzadas e um sorriso maldoso nos lábios.

- Esquecer! – gritou – Ficou maluca de vez – ele fez uma pausa para recuperar a sanidade e abaixou um pouco o tom de voz – Solta ela Ellen, e aí sim podemos esquecer isso. Só deixa ela em paz.

A mulher levou a mão ao queixo, em um gesto pensativo, depois voltou-se novamente para o garoto a sua frente e balançou a cabeça negativamente.

Uma gargalhada ecoou da direção da mesa de jantar e Shawn virou-se para olhar quem mais estava naquela casa.

- Florence? – chamou sem entender. Por que aquela menina estava ali também, se perguntou unindo as sobrancelhas.

A ruiva parou de gargalhar e levantou-se da cadeira em que se encontrava. Deu alguns passos lentos e provocativos até parar próxima de Clare.

Clare. Ela era a única ali que ainda não havia dito nada. A loira estava calada, seus olhos antes esmeraldas brilhantes agora eram pedras opacas. Não tinha força para falar, não queria falar. Percebeu que Shawn a encarava firmemente, ele estava com medo era perceptível em seu olhar.

- Chegou bem na hora, professor Mendes – falou a assassina sorrindo de forma meiga – Estava prestes a explicar para Clarice o motivo de eu ter matado todas aquelas meninas.

O moreno levou alguns segundos para compreender o que havia acabado de ouvir. Como assim Florence, sua aluna, havia matado aquelas meninas da faculdade? Dessa vez Lefray estava indo longe demais com suas brincadeiras.

- Parece meio atordoado, professor. Sente-se um pouco – falou a ruiva com uma preocupação forjada.

- Não – foi tudo o que ele respondeu – Não pode ter sido você quem fez aquilo com as garotas.

- Por que não? Porque sou uma garota, porque sou muito bonitinha, porque pareço muito fraca, porque não pareço tão inteligente? Todas essas opções são erradas – falou andando mais um pouco e posicionado-se atrás da cadeira de sua vítima. 

- Porque não faz o menor sentido – retrucou com um fio de voz.

Notou quando Ellen Lefray passou por ele e foi até a cozinha. A mulher ligou a cafeteira e depositou o refil de café no lugar devido. 

- Conte a eles Florence – ordenou enquanto pegava uma xícara vermelha do armário preto.

A psicopata apoiou as mãos nos ombros de Clare que segurou um gemido de dor ao morder o lábio inferior com força.

- Sabem, o planeta em que vivemos está doente – começou a explicação -  Pessoas ignorantes por toda parte, a cada dia que passa a Terra adoece mais e mais. É nosso dever salvá-la, e para isso sacrifícios devem ser feitos – ela apertou os ombros da presa com as palmas das mãos.

Lágrimas de dor escorreram pelos olhos de Clare, ela continuava modernos o lábio inferior e ouvindo Shawn dizer que Florence a estava machucando. 

- Matamos o planeta, em troca alguém deve morrer. Só assim poderemos livrar o lugar em que vivemos de sua doença. As pessoas são como um câncer, entendem? Se a própria Terra não tem forças para expurgar sua doença, nós ajudamos.

- Sacrificam pessoas para “limparem a Terra” – afirmou Clare, fazendo sua voz ser ouvida pela primeira vez desde a chegada de Shawn.

Florence bateu palmas.

- Quem ordena tudo isso? Não podem ser só você e a Lefray – observou o moreno olhando diretamente para a loira enquanto falava.

- Assim você me subestima, Shawn – falou Ellen fingindo-se de ofendida.

A mulher pegou o café da cafeteira e o despejou em sua xícara. O aroma da bebida se espalhou pela casa, e ela bebeu de seu café.

- Mas está certo – confessou após beber da xícara – O que prova que não é apenas um rostinho bonito. A Ordem, é quem controla tudo. Em todo lugar, a todo tempo.

A ruiva apertou com mais força os ombros da garota sentada. Percebia o quanto doía, sabia que ela estava se controlando para não gritar de dor, e a sensação de a estar machucando fazia a assassina sentir-se ótima. Gostava daquela sensação.

- Chega! – falou Shawn indo até as duas.

Ele tirou afastou as mãos de Florence a força e começou a desamarrar a corda que prendia Clare, mas foi interrompido. Levou um soco na nuca, e aquilo ardeu e doeu mais do que qualquer coisa que já tivesse sentido durante toda sua vida. Escutou quando a loira emitiu um grito pedindo para parar com os socos.

Os socos cessaram mas a dor prevaleceu. 

- Por que Florence, por que está fazendo isso comigo? – questionou Clarice gritando enquanto sentiu que estava chorando – Por que eu? 

Shawn estava ajoelhado no chão tentando se recuperar dos socos na nuca.

- Deve se achar muito importante mesmo, não é? – a ruiva pegou o rosto da menina com o polegar e o indicador em cada bochecha – Não era para ter sido você. Mas naquele dia você pegou o bilhete que eu deixei com a frase, próximo ao local do crime, e começou a querer bancar a detetive para descobrir o que era que estava acontecendo... Não tive escolha a não ser atraí-la até esse momento. A culpa foi sua, Clare.

- Minha culpa! – berrou ficando vermelha de tanto ódio que possuía dentro si – Você mata pessoas e eu sou a culpada? 

- Clarice, você é culpada por ser intrometida – explicou como se fosse óbvio – Se não tivesse bancado o Sherlock Holmes, não estaria nesta situação agora – deu de ombros.

- Se sabia que eu tentaria desvendar isso tudo, por que não parou com os bilhete? 

Florence suspirou.

- Assim como um artista necessita assinar sua obra de arte, eu também preciso. Deixar aqueles bilhetes era uma forma de fazer as pessoas notarem a genialidade por trás do crime, de perceberem a obra prima diante de seus olhos – explicou com um tom maníaco e doentio.

- Todo esse tempo pensei que fosse Rick, desconfiei dele... Você me fez desconfiar dele – concluiu sentindo-se uma completa idiota por só agora perceber aquilo.

Lefray estava sentada a bancada da cozinha apenas assistindo a tudo com a xícara de café nas mãos.

- Rick – disse a psicopata com ironia – Ele é apenas um idiota, jamais seria capaz de matar alguém. Mas eu precisava desviar sua atenção, e te fazer brigar com Rick para depois desconfiar dele. Foi uma excelente ideia.

- Você o induziu a ir até a diretoria, não foi? Pediu para que ele me seguisse até o apartamento do Shawn!

- Sim – admitiu sem rodeios.

- Mas não foi só do Rick que você me fez desconfiar – uma pausa para recuperar o fôlego – Do Shawn também.

A ruiva andou até o outro lado da mesa arrastando o indicador sobre o tampo. 

- Precisava desviar sua atenção, e era divertido te ver completamente paranóica – falou rindo – Foi por isso que ajudei a aproximar vocês e Shawn, você tinha que manter a atenção em outra coisa.

Shawn levantou-se do chão e se apoiou na mesa. Seu semblante era sério e continha uma raiva não velada. 


Rick estava falando com os policiais e explicando tudo o que sabia sobre a situação. Falou sobre o motivo de ter ido ao apartamento, e sobre como havia encontrado as coisas reviradas e as portas forçadas.

Disseram a ele que não havia muito a ser feito, já que a única pista que tinham eram alguns versos deixados e um papel. Rick não conseguia acreditar que deixariam por aquilo mesmo, afinal sua amiga estava correndo algum tipo de perigo.


- Mas no fim das contas Shawn não é assim tão livre de suspeitas – a voz de Lefray soou pela casa – Contou para ela sobre o que você faz? – questionou ao moreno.

Clarice desviou o olhar para encontrar os olhos castanhos já conhecidos. 

Carregavam culpa.

- Não contou! – Ellen disse fingindo ultraje – Você conta ou eu? 

Shawn passou a mãos pelos cabelos e fechou os olhos por breves segundos.

- Ajudo Lefray a lavar dinheiro da faculdade. Estou envolvido em um caso de corrupção junto com ela – proferiu as palavras de uma vez e sem levantar o olhar uma vez sequer.

- Shawn! – a voz da loira saiu um sussurro alarmado – Por que? 

- Chantagens, Clare. Já te expliquei que dormi com ela para conseguir o emprego de professor em Yale, e a partir dai minha vida virou um inferno nas mãos dessa mulher.

- Pobrezinho! Na hora você não parecia nem um pouco arrependido. Não coloque toda a culpa em mim – falou. 

Lefray e Florence estavam em pé e lado a lado. Ambas mantinham uma postura calma e de quem sabia muito bem o que estava fazendo. 

Shawn estava machucado e cansado, mas também em pé. Tudo o que ele queria era se aproximar da cadeira em que Clarice estava amarrada e a tirar dali. Mas não podia fazer isso sem colocar os dois em risco, precisava agir e pensar com calma, pois não sabia em que momento as duas psicopatas mais adiante iriam mudar de calmas e controladas, para violentas e ameaçadoras.

Mesmo naquela situação Clare sentia um alívio, num canto ínfimo do peito, por saber que Shawn não era quem estava cometendo os assassinatos. Por outro lado o fato de ele estar envolvido em um escama de corrupção na faculdade de Yale Arts era igualmente preocupante, mesmo que ele estivesse sendo forçado a fazer aquilo. Se a polícia descobrisse sem duvidas Ellen Lefray colocaria toda a culpa no moreno.

Clarice sabia que precisava livrar-se das amarras o mais rápido possível, tinha que sair dali e viva. O mais discretamente que podia levou suas mãos até onde estavam os nós das cordas, eram grossos e firmes. Olhou para a direção onde Shawn estava e ele devolveu o olhar, sabia que a loira estava tentando se soltar e que teria de distrair as duas mulheres.

- E quanto a professora Margaret, mataram ela também? – a voz do moreno tentava manter um nível que não demonstrasse sua apreensão.

Ellen andou com seus saltos fazendo barulho de um martelo contra o chão de madeira. Sentou-se em uma poltrona preta que fica no cômodo da sala que era ao lado. Virou a poltrona até ficar de frente para o que poderia muito bem ser uma cena de uma pintura: uma garota amarrada a uma cadeira, um garoto em pé e com o medo estampado no rosto, uma assassina de cabelos vermelhos e feição angelical. Quantas metáforas caberiam em uma cena como aquela, refletiu Lefray.

- Depois de tudo o que eu disse você ainda tem dúvidas? – questionou com a sobrancelha esquerda arqueada – Sim, a matei – olhou paras as unhas pintadas de preto.

- Algum motivo especial? – retrucou Shawn erguendo os ombros e depois tornando a abaixá-los.

Clarice ouvia toda a conversa, tinha que aproveitar o tempo que Shawn conseguia distrair Ellen e Florence. Seus dedos estavam ficando marcados e vermelhos por tentar desfazer os nós. 

Florence estava em pé e próxima a loira, mas naquele momento ela estava prestando atenção a conversa. Se a ruiva girasse seus olhos iria notar imediatamente que Clare estava tentando se soltar.

- Aquela vaca tinha descoberto tudo. Sabia sobre a lavagem de dinheiro, e estava me ameaçando, como se ela fosse alguém para fazer isso – contou com a voz amarga ao relembrar – Sem contar que a idiota começou a juntar as peças sobre os assassinatos. Precisei matá-la – disse dando de ombros e sem nenhum remorço.

Shawn balançou a cabeça de forma negativa, não conseguia acreditar na maneira como a mulher contava sobre ter matado pessoas. Falava como se as vítimas fossem as culpadas, como se não tivessem dado outra escolha se não a vingança pela morte. 

O moreno percebeu que Clare estava tendo dificuldades para desfazer os nós na corda, tinha que ganhar mais tempo. Florence estava prestes a voltar seu olhar para a loira, e se ela o fizesse estaria tudo acabado.

- Florence! – chamou e ela o olhou friamente – Na noite do baile, você foi ferida... como pode ser uma assassina?

A ruiva sorriu sem mostrar os dentes.

- Eu fingi que fui ferida. Bem óbvio na verdade – respondeu enrugando a testa.

- Certo, mas e quanto a você e aquelas garotas terem sido esfaqueadas no corredor? 

- Aquilo sim foi genial – a ruiva o encarou no fundo dos olhos – Cada corredor possuía uma passagem secreta, uma abertura escondia. Tudo o que tive que fazer foi atrair aquelas garotas para lá, colocar uma máscara no rosto para não saberem quem era, e as esfaquear. Depois de feito, fui para o corredor central e me esfaqueei, tinha que parecer verossímil, então escondi a máscara e a faca.

Era um plano, Shawn e Clarice sabiam que a execução havia sido boa o suficiente para enganá-los. Por outro parecia algo completamente surreal, tão frio e calculista que chegava a dar arrepios.

Clarice conseguiu soltar os nós, quando o fez não pensou duas vezes ao saltar da cadeira e pular em cima de Florence. As duas foram para o chão.

A loira estava por cima e dava tapas estalados no rosto da ruiva. Cada tapa era como dissipar todo seu ódio, todo a raiva por ter sido enganada, por ter sua vida feita refém de uma louca, por ter sido induzida a desconfiar de todos os que amava.

Lefray partiu para ajudar Florence, mas o moreno foi mais rápido ao segurá-la com força. Ele a segurava por trás, prendendo seus braços, e tinha de admitir que aquela mulher era muito forte. Ellen inclinou-se para frente e depois voltou com tudo para trás, acertando a cabeça no nariz de Shawn, aquilo doeu e índex acabar soltando a mulher. 

Florence conseguiu segurar as mãos da loira que a batia. Torceu as mãos dela até a fazer cair para o lado, então se levantou e chutou a costela de Clare, esta gritou com o impacto da dor.


Rick estava do lado de fora do prédio. A polícia já havia ido embora, e não tinha dado nenhum indício de solução para o caso, pelo contrário tinha dito que precisavam esperar por mais provas.

O garoto levou a mão a testa sentindo uma enxaqueca chegando. Estava tentando pensar onde sua amiga estaria naquele momento, tinha tentado ligar para Florence que não atendera a nenhuma das chamadas.

- Clarice anda envolvida com o professor Mendes, que está envolvido em algo com Ellen Lefray 
  
- Sei onde Lefray mora, tenho ido até lá para fazer alguns trabalhos extra para conseguir estágios.

Sua mente o fez relembrar essas duas falas ditas em uma conversa casual que tivera com Flo, sobre o motivo de ele a ter visto saindo uma vez da casa que todos os alunos sabiam pertencer a diretora.

 A diretora era de fato uma mulher estranha e de causar arrepios até mesmo nos humanos mais calmos. Mas não via ligação entre ela e o sumiço de Clarice, não via o motivo de sua memória ter lhe lembrado daquela conversa. Por outro lado, Flo havia contado que Shawn estava envolvido com a diretora, e se fosse verdade ele podia ter feito algo para Clare. Nunca gostara do professor Mendes.

Passaria em frente à casa de Lefray, se notasse algo suspeito chamaria a polícia novamente.


A ruiva se abaixou para segurar nos fios loiros da vítima e levantá-la pelos cabelos. Estava com ódio pelos tapas que havia recebido, como se Clare fosse algo para fazer aquilo com ela. Ouvia os gritos da garota enquanto a puxava para ficar em pé, esticou o braço e pegou uma faca de corte que estava no balcão da cozinha, posicionou-a no pescoço de Clarice.

Shawn ao ver a cena tentou correr até a loira, mas foi barrado pela coisa pontiaguda que cutucava sua barriga. Era uma faca, também, segurada pelas mãos de Ellen. Os olhos castanhos se arregalaram, não sabia o que fazer ou como tirar Clarice das mãos daquela louca armada.

- Que romântico, o casalzinho vai morrer junto – disse Florence sorrindo de maneira doentia e assustadora, enquanto encaixava a faca para mais perto do pescoço da garota – Quem vai ver o outro morrer primeiro? 

- Florence, por favor, eu sei que você não é assim – a voz da loira estava trêmula e chorosa – Posso te ajudar, só larga a faca.

- Cala a boca! – gritou a assassina.


Rick estava dirigindo um tanto quanto rápido. Ao passar pelos sinais, e ter de esperar impacientemente enquanto os vermelhos eram abertos, ele chegou a casa da diretora.

A primeira coisa que viu foi o carro de seu professor mal estacionado, como se estivesse com muita pressa. Sabia que era o carro de Medes por tê-lo seguido aquele dia até o apartamento dele com Clare.

Desceu de seu carro e aproximou-se da porta de entrada. Foi quando sacou seu celular quase o derrubando por tanta pressa. Tinha ouvido gritos vindos de dentro da casa. Não os teria escutado se não estivesse tão próximo da porta, a casa parecia feira para conter o som especialmente dentro dela.

Ligou para polícia e se explicou outra vez. Estariam lá em dez minutos.


- Se tivesse ficado comigo, Shawn, mas não você que se envolver com essa idiota! – a mulher empurrou a faca mais para frente.

- Lefray, chega – ele estava tentando se manter calmo, mas sabia o quão imprevisível e inconsequente aquela mulher podia ser, ainda mais sob a emoção do ciúme – Acabou, já faz tempo. Você sabe disso, só precisa admitir para si mesma.

- Mata ela! – foi tudo o que Ellen respondeu, com todo o sangue nos olhos e a raiva nas veias.

Tudo se passou em câmera lenta. Shawn gritando com toda sua força na voz para que o ato não fosse feito, e sentindo enquanto a picada da ponta da faca era sentida ao mesmo tempo em que tentava arrancar o objeto das mãos de Lefray. Clarice tentando soltar-se das garras de sua predadora, e a faca passando rente ao seu pescoço, uma gota de sangue pingou no chão. A loira cravou as unhas no braço que a envolvia, fazendo-o a soltar. E então, a porta da caça sendo aberta a força.

Homens de quepe e insígnias da polícia local entraram apontando as armas. Três policiais estavam ali gritavam para que as facas fossem largadas, e todos colocassem as mãos na cabeça.


Após os policiais chegarem ao chamado de Rick, o garoto explicou ter ouvido gritos vindos de dentro da casa. A polícia explicou que não podiam invadir propriedade sem um mandato, ou provas suficientes, mas então berros e gritos agudos se fizeram do outro lado sendo a prova necessária para que os homens agissem arrombando a porta.

Após todos os presentes serem rendidos uma ambulância foi chamada. Havia pessoas feridas.

Rick viu quando Clarice e o professor Mendes saíram da casa, e correu até sua amiga que era ajudada por um policial a andar até a ambulância. Shawn estava do outro lado também a amparando.

Em seguida observou Florence e Lefray sendo retiradas da casa e algemadas. As duas sorriam de maneira esquisita, e em momento algum tentaram esconder os rostos ou se soltarem das algemas e dos polícias que as levavam para a viatura.

Rick ficou parado por um momento no meio daquela bagunça toda, e notou que aos poucos os curiosos e moradores da vizinhança vinham ver o que estava acontecendo.

O garoto então continuou seu caminho até Clare, já sentada na ambulância e com uma paramédica cuidando de seus ferimentos.

- Clare – chamou ao se aproximar.

A garota olhou para ele, primeiro sem expressar emoção alguma, mas depois de um minuto ela esticou os braços – mesmo que fazer aquilo doesse demais – e abraçou Rick.

- Desculpa, desculpa ter suspeitado de você – pedia com a voz baixa e embargada.

Rick não entendia o que motivo pelo qual ela estava dizendo aquilo, apenas retribuiu o abraço e beijou seus cabelos.

Olhou para o lado e viu Shawn com parte da camisa erguida, enquanto passavam água oxigenada em seu ferimento. Nada que parecesse muito grave, mas o suficiente para arder quando a substância entrava em contato com o machucado.


1 semana depois 

Após todos os acontecimentos, os polícias pediram para que todos os que estavam dentro da casa prestassem depoimento. 

Perguntas sobre os motivos de aquilo ter acontecido, e como Clarice e o professor Mendes foram parar ali foram questionados.

Eles explicaram tudo. Desde os assassinatos das garotas, até os bilhetes e frases sendo deixadas como migalhas de pão. 

Ellen Lefray foi mantida presa, e seu julgamento foi marcado, por estar envolvida com as mortes e ainda fazer parte de uma Ordem secreta. Os noticiários de todo o país comentavam o que havia acontecido em New Haven, e pediam para que qualquer indício de que alguém estava participando da Ordem deveria ser denunciado.

Florence foi diagnosticada como psicopata pelos médicos os quais passou. A ruiva foi levada para tratamento clínico com psiquiatras, e seus pais foram postos a par de todos os fatos.

Clarice estava finalmente livre de todo o medo e perseguição. Mas não estava livre da preocupação de seus pais, os quais durante toda a uma semana ficaram com ela no apartamento para se certificarem de que estava tudo realmente bem.

Shawn foi questionado no interrogatório sobre seu envolvimento com Ellen Lefray, e teve de explicar sobre todas as chantagens. Por fim foi questionado sobre a lavagem de dinheiro, e falou a verdade sobre estar ajudando Lefray, porém sobre ameaças.

Os policiais perguntaram a Clarice Gaine se ela sabia da participação do professor Mendes na corrupção da universidade, e ela disse que o envolvimento de fato ocorria e era baseado em total chantagem e ameaças por parte da diretora. Com esse depoimento ela conseguiu, por hora, livrar Shawn de ser preso.

Agora, ela estava sentada no bistrô que ficava próximo da faculdade. Um xícara cheia de cappuccino estava a sua frente, junto de um prato contendo croissant de chocolate e um Rick prestes a falar.

O amigo a havia chamado para uma conversa, a qual ele pretendia ter tido uma semana atrás, quando estava indo para o apartamento da loira.

Clare havia explicado toda a história dos ocorridos para Rick, e pediu perdão por ter achado ele um possível suspeito. Ele dissera, tentando ser descontraído, que achava uma ofensa ser considerado um provável assassino, mas que no fim entendia, afinal Florence tinha feito o favor de elaborar um plano bem feito para parecer que Rick era um dos suspeitos.

- Queria conversar comigo? – perguntou a menina bebericando seu cappuccino.

- Tenho que contar algo, que já devia ter dito faz tempo – ele tomou fôlego e ficou ligeiramente corado – Sou gay.

Clarice sorriu amavelmente e segurou a mão do amigo em cima da mesa.

- Tá, e dai – falou dando de ombros. Não era algo sobre o qual ele deveria se preocupar ou fazer uma tempestade em copo d’agua.

Rick parecia ter se libertado de um peso em suas costas. Soltou o ar e devolveu o sorriso apertando a mão da amiga também.

- Espera. Por isso você ficava mandando mensagens sem parar durante a aula, e sumia pelos corredores! – ela deu um sorriso brincalhão e malicioso – Está saindo com alguém – cantarolou.

O garoto riu enquanto brincava com os dedos da loira.

- Só estou conhecendo um cara, o Paul. Começamos a sair faz pouco tempo.

- Fico feliz por você.

O garoto levou a mão dela aos lábios e a beijou em gratidão.

- ... mas e você e o Shawn? Tem se falado? 

Clare soltou as mãos para comer um pedaço de seu croissant.

- Nós falamos pelo telefone, mas não nos encontramos – deu ombros com um semblante chateado.

A campainha da porta do estabelecimento soou, e os dois amigos direcionaram seu olhar para o novo cliente que entrava.

- Parece que isso não vai mais ser um problema – comentou Rick rindo e se levantando.

O garoto deu um beijo na bochecha da loira e rumou para a saída, passando por Shawn e dando um aceno com a cabeça.

O moreno caminhou até a mesa em que Clare estava sentada.

- Posso sentar aqui? – perguntou com um brilho no olhar.

Clare assentiu. Aquilo a lembrava da segunda vez em que se encontraram ao acaso, ele havia lhe feito a mesma pergunta.

Eles não disseram nada por um tempo, apenas trocaram olhares. Não era preciso dizer nada, após o que passaram uma espécie de ligação tinha se estabelecido entre os dois.

- Senti sua falta mas minhas aulas – comentou com um leve sorriso nos lábios.

Durante aquela semana toda a garota não havia comparecido na faculdade. Precisava de um tempo para esperar a poeira abaixar, agora que toda a cidade sabia o que tinha acontecido.

- Senti sua falta – ela disse encarando e reparado as feições delicadas do moreno a sua frente.

Shawn esticou a mão e acariciou a bochecha de Clarice. Ela sorriu fechando os olhos por um segundo.

- Namora comigo? – pediu com um enorme sorriso no rosto.

A loira riu achando que era uma brincadeira, mas percebeu que não.

- Shawn eu... 

Estava cansada de pensar o tempo todo mas consequências e no que aconteceria em seguida as suas decisões. Precisava fazer o que realmente queria, ao menos dessa vez, e ela queria estar com Shawn.

- Sim – respondeu com um sorriso aberto.

O moreno se inclinou sobre a mesa e a beijou de forma calma e apaixonada nos lábios.

- Como você gosta de Dante – falou após partirem o beijo – Eu procurei uma frase para isso.

- E qual é? 

- “Se clareado a mente não me houvesse/ Fulgor, que a posse da verdade aplana/ A fantasia aqui valor fenece;/ Mas a vontade minha as ideias belas,/ Qual roda, que ao motor pronta obedece/ Volvia o amor que move ao sol e as estrelas.”

Enquanto ele citava os versos Clare ia se lembrando da primeira vez que o vida. Tinha pedido ajuda para encontrar sua sala achando que ele era apenas mais um estudante bonitinho, mas depois descobrira que era seu professor. Lembrou também da primeira vez que se beijaram, em um ato impensado da parte da garota que tivera astúcia suficiente para beijar seu professor. Sua memória evocou a primeira vez que fizeram amor. Cada uma das lembranças se juntavam para compor a cena atual, que se formava para tornar-se uma recordação também.

E ela sabia. Clarice Gaine sabia que o amava.

 

 


Notas Finais


Cara, como descrever a sensação de alegria e tristeza que tive ao clicar na opção de história finalizada ao postar? Fico feliz pq consegui concluir a fanfic, e por tido uma boa aceitação por parte de vcs com essa q foi q primeira história q postei após tantos anos longe do spirit 🙇‍♀️🙆 triste, pq acabou e citando uma frase que convém, "nenhum final é feliz, todos os finais são tristes. Então, me dê um meio feliz e um começo mais feliz ainda"; vcs fizeram isso ao acompanhar minha história e sou muito grata 💕🖤

Cada comentário e cada favorito me incentivavam mais e mais q escrever. Quem acompanha minhas outras fic's já deve ter percebido que gosto do original, e não costumo fazer histórias convencionais hauahaua e isso me dá trabalho, mas vale a pena.

Obrigada de verdade. Espero os comentário de vcs, me digam o que acharam do último cap, da fic, da escrita, da vida, dos astros kkkk 😘

Vcs podem continuar lendo minhas fic's (links no meu perfil):
- Runway Bride
-Omissis
-Dépayser
(Outras em breve)

🙆💕


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