História The Lie, The Fall, The Love - My Ruin

Allison Argent

Arquibancada do campo de lacrosse

 Lydia chega e senta ao meu lado, estou tentando falar com Maddie há alguns minutos, mas ela não atende o telefone, o jogo começaria em poucos minutos e eu quero saber se ela vai para a festinha pós-jogo. Desisto de fazer contato com ela quando o time entra no campo, seguido do time adversário. Olho Scott e sorriu, eles sentam nos bancos e aguardam os comunicados de sempre do diretor. Meus pais e minha tia acabam de chegar aceno para ele os chamo para ficar ao meu lado.

 O jogo começa, meu coração parece não bater nos momentos em que Scott está com a bola. Lydia não desgruda os olhos de Jackson, cada ponto que ele marca ela comemora fielmente com muita alegria.

— Quando aquele seu amigo, o filho do Xerife vai jogar? — minha mãe questiona.

— Ah, não sei... parece que ele está doente. — minto. — Ele é ótimo nos treinos.

— É uma pena que não vá jogar hoje, não é? — Kate comenta e eu concordo com a cabeça.

 Depois do outro time marcar um ponto o primeiro intervalo é anunciado, temos poucos minutos, os meninos sentam no banco e bebem água, Lydia desce até o banco e vai falar com Jackson. Stiles sobe na arquibancada alguns degraus abaixo de onde estou e me chama, eu desço com cuidado e vou falar com ele.

— Você viu a Maddie? — Stiles pergunta. — Ela prometeu que viria, eu vou entrar no quarto tempo.

— Estava tentando falar com ela, mas ela não respondeu... — respondo.

— Ela deve estar triste pelo Derek, ele ainda não apareceu. — Stiles sugere.

— Ah... pode ser.

— Não viu ele por aí, viu?

— Não. — olho para meus pais. — Tenho que ir, o jogo vai recomeçar.

 Subo os degraus e sento na arquibancada apoiando os cotovelos nas pernas.

— Aconteceu alguma coisa, querida? — meu pai pergunta.

 Eu balanço a cabeça, fecho os olhos por um segundo e depois encaro os times voltando para o campo. As luzes se intensificam e eu coloco as mãos acima dos olhos. Olho para o lado e vejo Maddie chegando, aceno para ela que sobe na arquibancada, ela sorri de leve, seu rosto parece triste e desanimado, mas logo muda quando o jogo começa. Ela estava vestindo uma blusa do time de Lacrosse de Beacon Hills.

 Dez minutos depois de começar o segundo tempo o time adversário estava marcando um ponto atrás do outro, não importa quantas vezes o nosso time fizesse a rede balança eles estavam sempre um ponto à frente. Estava muito apreensiva e isso se arrastou pelos outros dois tempos.

 Depois deste intervalo seria o tempo decisivo, a torcida já estava eufórica com todo o clima de tensão do jogo. Vou enfim falar com Maddie.

— Achei que não viria. — digo sorrindo.

— Estava ocupada, eu esqueci meu celular na casa da noiva do meu pai. — ela responde.

 Olho acima de seus ombros, alguém andando ao lado da arquibancada, indo aparentemente para a escola. Aperto os olhos tentando enxergar, ele vira o rosto e eu posso ver claramente a face de Derek Hale. Despeço-me de Maddie rapidamente e desço os degraus correndo, meu pé quase prende em um espaço entre eles, estou no chão, continuo correndo atrás dele. Parece que ele some e aparece de repente. Meu fôlego vai falhando, entro na escola e vejo sua sombra virando no corredor mais à frente.

 Meus pés insistem em não correr rápido o suficiente, viro rapidamente no corredor e ouço uma porta batendo com força. Corro na direção da batida e entro na sala, reviro as cadeiras e as mesas, olho para os cantos e nada. Bato o punho fechado forte na mesa fazendo alguns papéis caírem no chão. Abaixo e cato os papéis, olho eles, parecem ser iguais, leio eles.

 “ Quase uma semana foi o tempo em que mantiveram Derek Hale trancado em sua própria casa, no porão, amarrado em um tipo muito medieval de amarras. Sendo acusado como principal suspeito do incêndio que aconteceu na sua casa, parece que ele não é o único.

Alguns meses antes do incêndio Derek se encontrava numa situação de paixão profunda por uma garota mais velha, Katherine Argent. A dúvida que fica: ela fez ele colocar fogo na casa do seus pais e irmãos, ele quis que os dois fizessem isso, ou ela o seduziu e logo depois incendiou sua casa matando seus familiares?

 Seu desaparecimento trouxe à polícia da nossa querida cidade um questionamento, estaria o verdadeiro culpado querendo se livrar de Derek Hale, que teria descoberto o incendiário?

 Não temos um depoimento oficial do garoto, mas sabemos que a família Argent, ou pelo menos duas pessoas da família sabiam onde ele estava e inclusive o torturaram mantendo-o em condições deploráveis.

Lembrem-se que: não podem esconder nada, estamos sempre vendo, ouvindo e falando. Não pode manter segredos a não ser que conte ele para alguém que já está morto”.

 Saio correndo da sala segurando os papéis comigo, aperto eles junto ao meu corpo, ouço um barulho enorme lá fora, — o jogo tinha acabado. Scott anda pelo corredor me procurando junto de Stiles.

— Onde estava? — Scott pergunta. — Você não vai acreditar, marcamos os últimos pontos! Ganhamos!

 Meu corpo parece estar desorientado, aperto tão forte os papeis contra mim que os nós dos meus dedos ficam esbranquiçados. No final do corredor alguém parece colar avisos nos armários.

— É a escritora! — grito e os meninos viram imediatamente.

 Corremos na direção da pessoa, ela corre na direção do ginásio de basquete. Entramos ofegantes no ginásio, várias bolas de basquete pulavam fazendo um barulho enorme, meu rosto poderia se tornar uma enorme interrogação, no chão colado um enorme banner cheio de marcas das bolas de basquete feitas pelo que parece ser terra molhada.

“Sei o que você fez? Consegue adivinha quem sou eu? ”

— Mas, que droga é essa?! — Scott grita.

 Do outro lado da quadra uma luz acende e Derek aparece, meu coração pula na garganta, mas tento parecer calma.

— Interessante... — ele fala misterioso andando até nós, seus passos ecoam por todo o ambiente. — sei o que estão pensando, não foi ideia minha isso, tudo. Sou só um personagem na peça do autor, ou autora. Agora mesmo, as pessoas vão ler o que o jornal tem a dizer sobre meu sumiço.

 Stiles se põe ao lado de Derek, como se alertasse o lado que defende.

— Já sabemos Allison... — Stiles diz.

— EU NÃO FIZ NADA! — começo a gritar assustando Scott.

— Allison? — Scott se afasta de mim. — Eu juro que vou acreditar se me disser que ela a obrigou a não contar sobre onde Derek estava. — seu rosto refletia pena e piedade. — Diz para mim.

— É a minha família Scott! — minha garganta queimava.

 Saio correndo dali e os deixo falando sozinhos, no campo de Lacrosse todos foram embora, meu celular tem milhares de chamadas perdidas que eu retorno rapidamente, meu pai pergunta furioso onde eu estou e eu invento que tive um mal-estar, ele aparece e me leva para casa. Permaneço em silêncio o caminho inteiro pensando em tudo que aconteceu.

Dias atrás.

“— Algumas pessoas devem prestar serviços à sociedade, os médicos salvam vidas, os policiais salvam vidas, nós os salvamos da realidade, mantendo os monstros longe deles. — tia Kate dizia enquanto caminhávamos em um porão sujo e empoeirado. — Salvamos eles de coisas assim! — ela liga uma luz forte, não consigo acreditar no que vejo”.

Ouço um barulho na janela do meu quarto, abro ela e dou de cara com Scott, seu rosto está suado e ele está com o uniforme do time ainda. Deixo que ele entre e tranco a porta do quarto e sento na cama. Ele fica em frente a mim, espero que ele comece a falar, respiro fundo e vejo ele repetir o gesto, Scott se ajoelha a minha frente e segura minhas mãos.

— Por que fez isso?

— Você fala como se fosse com você, Scott, o Derek é um idiota, ele acha que manda na vida de todos, ele não me suporta e desde que cheguei aqui ele faz questão de te dizer que vou acabar colocando uma faca no seu peito. — digo baixo para que ninguém lá embaixo escute.

— Sim, eu digo como se fosse comigo, porque se fosse eu não gostaria nunca de ver você tão desesperada quanto vi Madison encontrando Derek todo machucado e acabado. — ele responde no mesmo tom. — Ele nunca feriu ninguém, você sabe, sua tia tem problemas pessoais com ele e quer te meter no meio disso.

— Não sabia que ela gostava dele. — respondo.

— Até a Lydia que não percebe que o Stiles é caidinho por ela percebeu...

— Acho que perdi uma amiga, ela não vai me perdoar nunca. — Scott concorda, levanto-o pelas mãos. — Dorme aqui hoje, por favor? — peço.

(...)

 Na escola, durante o intervalo das aulas. Todo mundo parece querer interrogar Derek, que agora volta a estudar. Todos leram o jornal que acusa minha tia, eles não param de olhar feio para mim, a única que não pareceu se abalar com isso foi Lydia, porque ela é a única que não acredita em nenhuma vírgula desse jornal. Maddie estava sentada do outro lado do refeitório, tenho tentado recolher os cacos de coragem para falar com ela. Mas, sempre desisto. Até que ela veio até mim.

— Podemos conversar? — ela pergunta e eu assinto levantando da cadeira e a puxando para um lugar afastado.

— Eu nem sei o que te dizer.

— Allison me perdoa, por favor! — Maddie diz contraindo as sobrancelhas.

— Eu acho que eu tenho que pedir... — ela me interrompe abruptamente.

— Escrevi aquele jornal, acusei você nas entrelinhas, acusei sua família, eu estava com raiva, mas agora sinto vergonha de mim mesma.

— É você a escritora?! — exclamo.

— Não, eu recebi um e-mail de um endereço privado, ele pedia para eu escrever o próximo artigo do jornal da escola. — ela tira o celular do bolso e mostra uma imagem do e-mail. — ele sumiu cinco minutos depois que eu li.

 Leio os cumprimentos e a mensagem, é basicamente um convite a contar o segredo mais secreto que tenha. Ele promete manter a fonte em sigilo, pede que deixe uma cópia do seu texto na agência de correspondência. Tento não pensar na minha condição com a Maddie e penso em como achar o escritor, agora que sabemos como ele age. Desisto de pedir desculpas a Maddie quando me dou conta de que isso não é possível, ela nunca vai poder me perdoar por manter em segredo o paradeiro do Derek.