História The Lie, The Fall, The Love - Just run and don't look back

   Stiles

No carro em frente à casa da Maddie

 Espero por Maddie há muito tempo enquanto ela conversa com o pai e a quase madrasta. Finalmente ela sai e acena para mim vindo até o carro e entrando. Scott estava no banco ao meu lado, ele estava conversando por mensagem de texto com Allison. Exatamente hoje completam dez dias que o Derek não aparece na escola, além de ser dia de lua cheia.

 Desde que ele sumiu Maddie tem se empenhado na tarefa de acha-lo, com a desculpa de que se ninguém se importasse com o sumiço dela ela ficaria muito triste. Bobagem, na minha opinião, ela com certeza está interessada nele. Estou rezando para o Scott não pirar aqui dentro do carro, não precisamos de mais gente sabendo o que ele é.

 — Pessoal, eu estava há alguns dias tentando ligar o sumiço do Derek com os ataques do tal “animal”. Hoje é lua cheia e se vocês repararem ele só ataca em semana de lua cheia. — Maddie diz.

— Não tinha notado. — comento fingido.

— Desde que os ataques começaram ficou tudo muito estranho, os animais da floresta, houveram muitas mortes de aves e mamíferos, eles parecem estar ficando loucos um atacando o outro. Estão com medo da criatura, ele age como um Alfa pairando sobre nossas cabeças.

 Tusso forte e ligo o carro, olho Scott me encarando. Trememos ao ouvir ela dizer a palavra “Alfa”, como se soubesse de algo, mas era pura inocência. Dirijo rápido pela estrada principal, estamos indo para a reserva de Beacon Hills, observo a mochila que Madison carrega embaixo dos braços, parecendo apreensiva.

— O que está carregando aí? — Scott pergunta antes que eu pudesse fazer.

— Eu não vou me meter no mato com vocês dois e um bicho sem espécie identificada que mata tudo que há pela frente sem proteção... — ela abre a bolsa. — bombas de nitrogênio, não vai matar ninguém, nem devastar a floresta, mas é suficiente.

— Onde arrumou isso? — pergunto, mas logo me calo lembrando que o pai dela é cientista.

— Se eu não soubesse como fazer, não teria passado no teste para ser “filha do meu pai”. — Maddie sorri e eu rio junto, acho que Scott não entendeu, ele não está rindo.

 Paramos o jipe em frente à entrada da reserva, eles dois descem e eu procuro um lugar para estacionar o carro, onde ele fique um pouco mais escondido. Scott pula a cerca seguido por Maddie que passa as pernas por cima da cerca com destreza. Eu só abro as correntes e entro. Na orla da floresta ainda posso ver um metro à frente, mas ao adentrar mais fundo fica mais e mais escuro, ligo a lanterna do celular e começamos a nos distanciar para procurar por mais lugares.

— Vocês têm certeza que foram na casa dele, certo? — ela pergunta.

 Scott assente com a cabeça e nós continuamos andando. Passamos perto de um lago e eu percebi que estávamos perto da casa de Derek, pensei que não teria problema se fossemos lá mais uma vez, porém desisti da ideia, Scott e eu fomos até lá muitas vezes e ninguém atendeu. Falando no Scott, volta e meia eu o olhava e perguntava como ele estava, Maddie até perguntou se ele estava passando mal, porque eu não parava de perguntar. Ela se preocuparia assim como eu se soubesse que está numa floresta ao lado de um lobisomem que está começando a saber como se controlar.

 — Ouviram isso? — Maddie pergunta e em seguida caí com os joelhos pesados no chão.

— Maddie! — corro até ela e a seguro, olho suas mãos, seu punho fechado e tenso parece estar sendo muito apertado.

 Ela cobre o rosto ainda com o punho fechado, algumas gotas de sangue escorrem para seu rosto, ela machucou a mão com as unhas.

— Minha cabeça! — ela grita. — Está doendo, não consigo ouvir...

 Meu coração está tão acelerado que eu mal posso respirar, o que estaria acontecendo com ela? Estou pronto para vê-la se tornar um lobisomem, é a única explicação..., mas, o Scott teria percebido.

 As mãos dela tremem e ela levanta com as pernas balançando, os joelhos se chocam um contra o outro, ela coloca as mãos que sangram a frente e pede que fiquemos longe. Ela caiu de novo, no entanto, ela parece estar se recuperando, está tentando falar alguma coisa, sua garganta parece estar seca, ela aponta a mochila que está alguns metros ao seu lado.

— Aqui está. — Scott pega uma garrafinha de água e aperta na boca dela que se engasga um pouco.

— Precisamos correr daqui, ou vamos todos morrer. — finalmente Madison diz ofegante, levantando do chão e limpando as folhas secas da calça. Ela coloca a mochila nos ombros e nos encara a olhando perplexos. — O que estão esperando?!

 Scott olha para mim assentindo, como se dissesse que precisamos acreditar no que ela diz e eu balanço a cabeça desistindo da ideia de começar a rebater. Tornamos a correr e segundos depois ouvimos algo correndo muito mais veloz que nós, em poucos segundos a coisa estaria do nosso lado. Era o Alfa, ele estava rosnando atrás da gente, suas garras alisavam o chão úmido da floresta.

 Olho a nossa frente à casa do Derek, íamos mesmo entrar lá. Era a única opção. Corro na direção da casa e abro a porta com um pedaço de arame que estava jogado ao lado da janela.

— Não! Aí não! — Maddie grita, mas Scott puxa seu casaco e a joga para dentro da casa.

 Trancamos a porta e viramos para trás. Fecho o olho forte e respiro fundo ofegando. Meu peito dói por conta da corrida. Um barulho de assoalho sendo quebrado nos faz assustar, Scott vai na frente, dou um passo à frente e Maddie coloca a mão na minha frente, para que eu não avance mais. Scott volta da cozinha e quando ele iria começar a falar o enorme Alfa de olhos vermelhos pareceu pousar na escada.

 Voltamos então a correr, passando pela cozinha e depois pela sala de jantar, abrimos uma porta de correr e entramos desesperados. Ficamos em silêncio, quase que sem respirar. Scott anda com cuidado até a lateral da sala vazia e empoeirada, ele abaixa e bate com força em uma parte do assoalho, fazendo uma portinha saltar do chão.

 Pulamos rapidamente e caímos num cômodo empoeirado e coberto de teias de aranhas.

“Atchim! ”. Madison não parava de espirrar, nós dávamos um passo e subiam quilos de poeira.

— Descul... Atchim! — ela coloca as mãos na frente do nariz. — Desculpa, eu sou alérgi... ATCHIM!

 Dou tapinhas nas costas dela e olho Scott cobrindo o nariz.

— Estamos no porão... — Scott comenta. — Será que o Alfa já foi?

— Eu tenho que voltar para casa antes do meu pai sair do trabalho... — eu respondo e Maddie concorda, porque também tem hora para voltar.

— Procurem uma saída. — Scott diz.

 Vou para a direita e caminho procurando a saída do porão da casa dos Hale. Olho as paredes mofadas e observo partes escuras no teto, resquícios do incêndio, alguns móveis velhos se amontoam aos lados, bati minha coxa duas vezes na mesma mesinha, daí percebi que estava fazendo o mesmo caminho. Qual é o tamanho deste porão? Ele parecia não ter fim, quanto mais eu andava mais caminhos eu descobria.

 Um corredor se afundava na escuridão, ergui a lanterna do celular, porém apenas alguns passos à frente se iluminavam. Chamo Scott e Maddie e eles ficam ao meu lado. Scott toma a frente novamente.

 Quase cinco minutos andando naquele corredor chegamos há um o que parecia uma ramificação do porão.

— Oh não! — Maddie exclama. — Meus deuses.

— Derek?! — Scott fala assustado.

 Eu caço um interruptor por muito tempo até achar. Ele acende duas luzes bem fortes que estão apontadas para o Derek, amarrado com algemas, seu corpo parece estar apoiado pesadamente nos pulsos amarrados, seu rosto e seus braços sangravam, sua blusa verde se tornou vermelha por conta do sangue. Madison olhava a cena horrorizada, ela se pôs de joelhos aos pés dele, também amarrados. Ela tentava desamarrá-lo e parecia ser a única que pensava nisso, porque Scott e eu estávamos mais preocupados ficando chocados.

 Até que Scott resolve ajuda-la, ele aproxima sua mão das amarras, no entanto, ao tocar as algemas ele geme de dor e afasta rapidamente.

— Tramazeira... — digo baixo e ajudo Madison a soltar Derek, ela parece não notar o acidente com Scott.

 Ao desprendermos Derek ele quase despenca, Scott o segura e o apoia no chão. Ele aparenta estar recobrando os sentidos, sem notar estávamos muito próximos a ele aguardando até que dissesse algo.

— Será que vocês podiam sair da minha frente. — ele diz rabugento com a voz rouca.

— Graças! Meu Deus, eu achei que tinha morrido! — Maddie fala e o abraça sem se importar em sujar sua roupa, ela sorri sem parar e ele retribui num sorriso torto e tímido.

— O que aconteceu Derek? — Scott faz a pergunta que todos queríamos fazer.

— Devia perguntar a sua namorada, afinal ela sabia onde eu estava esse tempo todo, ela veio aqui. — ele cospe as palavras em cima de Scott que parece pronto para começar uma briga.

— Devíamos ir embora... — digo. — Vamos Maddie, seu pai deve estar preocupado. Deixe eles brigando sozinhos.

 Ela concorda com a cabeça em um movimento rápido e levanta do chão, Scott olha raivoso para Derek que compartilha do mesmo semblante. Eu levanto também e limpo os joelhos da calça. Os dois parecem entender que não devem falar tudo na frente de Maddie.

— Desculpa não poder te contar tudo... — Derek diz para Maddie segurando seu braço a puxando para perto dele.

— Não preciso saber de muita coisa agora, você pode falar quando confiar em mim. — ela responde.

 Saímos pela porta da frente, nenhum indício ou sinal do Alfa. Scott ficou o caminho todo até o carro calado com uma expressão séria no rosto, ele estava com raiva, era nítido, porque sempre que Derek podia estava acusando Allison de ser traidora. Eu prefiro não opinar quanto a isso, tento me manter neutro durante todo o caminho, se por acaso Allison destruir o coração do Scott eu vou estar do lado dele como seu amigo. Mas, eu iria gostar bem mais se ela não desapontasse ele.

 Deixo Maddie em casa e ela entra correndo acenando para nós.

— Quer dormir lá em casa? — pergunto a Scott. — A gente podia ver um filme, ou jogar videogame, sei lá... o que você quiser.

— Tenho que dormir, amanhã tem o jogo de lacrosse.