História The Life And Death Go Together - So Long And Goodnight...

Olhei para a porta de madeira ainda um pouco relutante em abrir, então do nada ele parou de falar e eu pensei que ele tinha ido embora.

— Você ainda esta ai? — Perguntei para confirmar minha suspeita e dei mais um trago no meu cigarro.

— Sim — Ele me respondeu, mas a voz saiu abafada, porque ele estava do outro lado da porta.

Caminhei ate a porta e abri um pouco, assim a pequena abertura o impedia de entrar. Fiquei entre o vão e a porta, esperaria ele tomar a primeira atitude.

— Eu queria conversar com você, posso entrar?

— Não sei se deve — Disse ainda desconfiado de sua presença.

— Não vou arrancar pedaço, eu prometo — Ele tentou corta o clima, tentando fazer uma brincadeira.

Abri mais a porta o deixando entrar e em seguida a fechei, assim teríamos mais privacidade. Ele sentou na minha cama e eu voltei para janela, continuei meu cigarro que logo acabaria.

— Eu não sei exatamente o que dizer para você...

— Então fez eu perder o meu tempo?! — Disse com um pouco de raiva.

— Não e exatamente isso e uma situação complicada, nenhuma coisa que eu te disser, vai te confortar, mas pode melhorar um pouco, saiba que não esta sozinho nessa.

— Então por que esta aqui? — Exaltei-me um pouco e joguei o resto do meu cigarro pela janela — Eu sempre estive sozinho e você nunca se importou — O olhei de forma seria.

— Não vim discuti isso — Ele se levantou e se aproximou de mim com os braços abertos, e em seguida me abraçou.

 Eu não sabia o que fazer, fiquei estático, nossa relação não era boa e não esperava isso dele, então eu não sabia se deveria retribuir.

— Sinto muito, serio — Ele me disse e eu o abracei, sabia que também não estava sendo fácil para ele, deixaria as brigas para depois.

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Já estava de noite e eu estava agoniado pelo dia de amanhã — eu sentia que eu deveria fazer algo, era como se eu estivesse devendo uma despedida, mesmo sendo eu que a vi por ultimo.

Levante-me da cama e peguei um dos meus cadernos em minha mochila, peguei uma caneta no criado mudo e escreveria algo para aquele dia, mas eu não era tão bom com as palavras.

Ouvi batidas na porta e isso tirou minha concentração. Mikey entrou e sentou nos pés da minha cama, já que a maior parte dela era eu que ocupava.

— Esta fazendo o que?

— Achei que deveria dizer algo, estou escrevendo para não esquecer.

— O que já escreveu?

— Ainda nada, não sou muito bom com as palavras — Joguei o caderno aberto de lado.

— Mas e bom com musica.

— Do que você esta falando? Eu sou péssimo em musica — Ele estava tentando acha um caminho para me dizer algo — Para de enrolar.

— Não é, lembro que você tocava quando a nossa vó tinha um piano na antiga casa?! Além de você cantar no banheiro. Acho que ela gostaria de ouvi algum tipo de musica sua, acho que se expressaria melhor do que palavras.

— Acho que esta certo.

— Vou te deixa sozinho — Ele levantou e se foi.

Esses dias estão sendo estranhos, não apenas por causa do clima pesado de casa, mas porque meu irmão esta sendo tão legal comigo, esta sendo tolerante e por algum motivo eu não queria que isso acabasse.

Peguei o caderno novamente é tentei pensar em algo — era complicado, nunca tinha feito uma musica antes e nem sabia como fazer uma. Fechei meus olhos por um instante tentando me concentra um pouco, tentando acha algo dentro de mim, tentando colocar aquilo para fora, então comecei a passar a ponta da caneta no papel branco.

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Cheguei ao cemitério mais tarde do que os outros, não queria acompanhar tudo aquilo, queria um momento sozinho aqui como despedida e acho que consegui, não havia mais ninguém aqui.

Novamente estava vestindo o meu terno preto (como no enterro do meu pai), junto com uma blusa social preta, a gravata vermelha se destacava no centro daquelas cores escuras.

Olhei para o céu nublado e pareceria que daqui a pouco iria chover, mas era algo que eu não me importava. Caminhei naquele lugar a procura do tumulo, estava perdido, nunca tinha vindo aqui antes.

Cheguei no lugar especifico. A terra ainda estava fofa e marrom (diferente da terra preta ao redor), isso me fazia ter certeza de que era aqui, que essa cova tinha sido fechada recentemente. Sentei-me no chão sem me importa em sujar as minhas vestes.

— Achei que deveria ter vindo depois, assim me sinto mais a vontade — Abri o pedaço de papel e não sabia se deveria cantar — Eu fiz isso, mas não sei se ficou tão bom, eu nunca fui muito bom para musica, você sabe... Nunca fui muito bom em nada — Disse essa ultima parte em tom mais baixo, como se não quisesse que ela escutasse.

Long ago

Just like the hearse

You die to get in again

We are so far from you

Era o que eu sentia, era como se fosse tanto tempo, parecia que essa cena se repetia varias e varias vezes, como se ela estivesse tão longe e eu só podia ficar olhando aquilo se repetir, sem poder fazer nada, sem ninguém poder fazer nada, ela estava longe de nós.

Burning on, just like the match

You strike to incinerate

The lives of everyone you know

Uma caixa de fosforo, algo tão pequeno, mas se você riscasse um e o jogasse em algum lugar, não sabia o estrago que faria, poderia acabar com a vida de todos e a morte era como um palito de fosforo, algo sem muita importância, coisa do cotidiano, mas se caísse em algum lugar, poderia mudar a vida das pessoas.

Eu dei um suspiro, minha voz estava começando a não querer sair, eu já estava querendo chorar, mas eu estava segurando para não fazer isso. Olhei mais uma vez para o céu e tentei me acalmar, então continuei.

And what's the worst you take

From every heart you break?

And like the blade you stain

Well, I've been holding on tonight

Essa dor que eu sentia, era como se ela tivesse levado uma parte do meu coração. Ela era como uma lamina para alguém que precisava. Fazia-me bem quando ficava ao seu lado, mas agora só eu sentia a dor, desde a minha perda eu estava aguentando firme para não desabar.

What's the worst thing I can say?

Things are better if I stay

So long and goodnight

So long not goodnight

Nada que eu falasse seria tão ruim como as atitudes inconsequentes que eu fazia, eu sabia o quanto já a tinha magoa com as coisas que eu fazia, mas nesse momento, eu juro que viveria a minha vida. Agora seria meu ultimo “boa noite” de quando dormia em sua casa, não teria mais ele.

Continua...