História The List. - Chapter One - Adams

Ainda eram por volta de oito horas da manhã quando Nico escutou batidas na porta de seu apartamento. Ele sabia que ninguém seria tão inconveniente de acordar alguém às dez da manhã de uma segunda feira, com exceção de uma única pessoa.

Levantou-se com rapidez, e passou rapidamente pelo banheiro para conferir no espelho se sua cara não estava “amassada” em excesso.

Destrancou a porta e deu de cara com quem já esperava que fosse.

– Bom dia. – falou Percy.

– Bom dia para quem?

Percy revirou o olhar.

– Definitivamente você não tem capacidade de acordar cedo.

– Ah, você acha mesmo? – respondeu ele se jogando de cara no sofá. – O que você quer comigo a essa hora Percy?

– Eu tenho novidades e estou muito animado.

– Percebi, nem parece que ontem estava a cara da desgraça. – murmurou Nico.

– Primeiramente, vá se foder. Enfim, eu pensei muito sobre aquilo que você me disse ontem e...

– O que foi que eu te disse ontem? Meu cérebro não funciona nesse horário.

Percy riu.

– Você me disse que provavelmente o amor da minha vida já passou por mim e eu não percebi.

Nico arregalou o olho. O assunto havia lhe interessado.

– E? – perguntou ele.

– Acho que vou atrás de todos os meus ex.

Nico não disse nada. Mais uma vez a esperança que brotou nele fora facilmente destruída.

Ele levantou-se do sofá e foi em direção à cozinha.

Percy estranhando, o seguiu. Deparou-se com Nico segurando um copo de vidro guiando água até os lábios, as mãos estavam tremulas e seu alegre apartamento de repente era escuro.

– O que você me diz? – perguntou Percy.

Nico engoliu a água lentamente e disse:

– Faz o que você achar melhor. – respondeu Nico seco, sem olhar para o amigo.

Percy simplesmente não conseguia perceber o quanto aquela frase havia mexido com Nico. Não enxergava que aquilo na verdade era um misto de ciúmes, receio, ódio e amor não correspondido.

– Qual é Nico? Eu vim aqui te dizer isso porque quero sua ajuda. Você sabe mais de mim do que eu mesmo.

Nico preferia não acreditar que Percy havia dito aquilo. Esconder uma paixão ainda podia ser algo suportável, mas contar com sua ajuda para botar em pratica aquele plano ridículo era algo além do que ele podia suportar.

– Nico, por favor. Você sabe que eu não sei fazer nada direito sem você.

Nico prendeu as lágrimas nos olhos as impedindo de sair, respirou profundamente, mostrou um sorriso falso para o amigo e disse:

– Tudo bem, eu te ajudo.

Quando na verdade queria dizer: “Não, não vou te ajudar”.

__________

Mais tarde naquele dia, Nico e Percy se encontraram como de costume em um Starbucks próximo aos prédios da Universidade de Nova York.

Nico contava de todos os preparativos para a feira anual da Tisch, seriam apresentadas peças de teatro e números de dança, e ele era responsável por dirigir um dos espetáculos.

Percy pensou por um minuto que mesmo indo a tantas festas com Nico, nunca o havia visto dançar. Certamente as apresentações seriam uma oportunidade única.

Toda a alegria vista no rosto de Nico di Angelo se desfez quando Percy voltou a certo assunto.

– Eu vou me encontrar com o Craig hoje. – disse Percy.

Nico sentiu algo congelando dentro de si.

– Quando?

– Depois da faculdade. Você bem que podia ir comigo.

– Mas é obvio que eu não vou! – disse Nico com o tom de voz mais alto.

– Calma Nico, não precisa gritar.

– Desculpe. – Nico ruborizou. – É que depois da faculdade nós vamos ficar e ensaiar. – mentiu.

– Ah, tudo bem então. Só me deseje sorte.

– Tomara que tudo dê errado.

Percy franziu o cenho.

– Só estou brincando. – Nico explicou.

Ele não estava brincando.

__________

Eram por volta de oito da noite quando Percy saiu da universidade e pegou um táxi para o Joanne Trattoria.

Não seria a primeira vez que ele encontraria Craig novamente, mas isso não o impedia de sentir certo nervosismo.

Ao pisar no restaurante, de imediato sentiu o delicioso cheiro de comida italiana, juntamente com o suave perfume amadeirado de alguém em uma mesa do canto que lhe sorriu.

Percy aproximou-se, Craig se levantou. Se cumprimentaram com um abraço e Percy depositou em sua bochecha um beijo, o que fez Craig envergonhar-se.

– Como você tem passado? – perguntou Percy.

– Muito bem, obrigado. E você?

– Ah, estou bem dentro do possível. – respondeu.

– Isso não parece muito positivo.

– Realmente, poderia ser melhor.

– Algum problema? – Craig questionou.

– Nada importante, já passou afinal. Melhor seguir em frente.

– Pensando bem, você e eu em um restaurante italiano... Parece mais visão do passado do que do futuro.

Percy sorriu e disse:

– Isso é verdade. Viemos aqui muitas vezes.

– Não se faça de sonso Jackson, você sempre soube que eu amo comida italiana.

– Ei! Eu também gosto de comida italiana.

– Sei... Na verdade você gostava mais da sobremesa que eu te dava depois.

Foi a vez de Percy sentir vergonha.

Conversaram por longos minutos ali, como acontecia no passado. O garçom que os atendeu levou o pedido de duas massas ao creme de queijo.

– E a Chloe? – perguntou Percy.

Craig sorriu ao ouvir Percy falando da irmã. Chloe era louca por ele, principalmente porque Perseu sempre dava um jeito de mima-la.

– Está muito bem, morre de saudades de você.

– Eu também estou morto de saudades. Craig, você devia leva-la pra ficar um dia comigo.

– Nem pensar. – Craig respondeu. – Ela vai voltar mais insuportável do que já é.

– Insuportável? – falou Percy com a voz mais alta. – Cuidado em como você fala com a minha Chloe.

Craig fez cara de tédio para a atuação de bom pai feita por Percy.

– Ah Craig, você é um chato, por isso que eu preferia ficar com a Chloe que ficar com você. – falou Percy rindo.

– Haha, engraçado você, mas um dia eu levo ela sim.

– Me avisa antes, porque eu vou ter tempo de comprar muito doce.

Craig sorriu.

– Sabe Percy, eu acho que você seria um ótimo pai.

Ser pai era uma vontade das mais antigas de Percy, no começo a ideia de ter um filho com uma mulher parecia um pouco distorcida, enquanto a de adotar uma criança sempre pareceu melhor. Percy descobriu no futuro o que isso significaria.

– Mas eu imagino que tenha algum outro motivo para você ter me convidado para vir aqui além da Chloe – continuou Craig.

– Bom, tem sim, mas eu não sei como explicar. – ele bebeu um pouco da água que estava nas taças sobre a mesa.

– Relaxa Percy, pode dizer da forma que achar melhor.

– Certo. – Percy respirou fundo. – Um amigo uma vez me disse que talvez a pessoa certa para mim já passou pela minha vida, e eu obviamente não percebi, então...

– Então você veio atrás de mim que curiosamente sou seu ex.

– É. Exatamente.

– Percy, você sabe que isso é loucura não sabe?

– Eu sei disso, mas é uma possibilidade.

Craig coçou o canto do olho enquanto disse:

– E por acaso você pensa em procurar mais algum dos seus ex?

– Na verdade, sim.

Foi Craig que respirou fundo dessa vez.

– Olha Percy, tudo que nós vivemos foi muito importante para mim, e é claro que você sabe que eu estaria disposto a tentar outra vez, mas eu não posso me deixar envolver com você outra vez e... de repente você acordar e decidir que não foi a escolha correta...

Percy dedilhava o forro branco da mesa enquanto Craig falava.

– Então, se você acha que ainda pode existir algo entre nós, primeiro tenha certeza de que é isso que você quer. Eu não vou aceitar que você entre na minha vida de novo e depois vá embora sem maiores explicações.

__________

Nico deixou a faculdade acompanhado de alguns colegas. Ele, Kristen Carter e Josh Deloch conversavam sobre as apresentações e marcavam os ensaios.

– Eu acho que a melhor opção de música até agora foi Freedom da Nicki. – dizia Kristen.

– Eu não sei, vai ser difícil criar uma coreografia para Freedom. – disse Nico.

– Gente, que tal aquela música da Sia. Ah eu esqueci o nome... Chandelier? – Josh sugeriu.

– Eu gostei da ideia. – Nico concordou.

– Se todos estão de acordo. Amanhã podemos começar os ensaios então? – perguntou Kristen.

– Com certeza.

– Então tudo certo. Eu vejo vocês amanhã.

– Kristen, não vai ir com a gente não?

– Ah, o meu namorado disse que vai me buscar, então eu vou esperar ele por aqui mesmo.

– Sendo assim, até amanhã. – Nico despediu-se.

– Até, e juízo vocês dois. – disse ela.

Nico revirou o olhar.

Não era novidade que todos da turma tentavam empurrar Josh para ele. Nico na verdade sabia que o colega tinha uma queda por ele, mas nunca pensou em retribuir tal atenção anteriormente.

– Até quando todo mundo vai tentar juntar nós dois? – perguntou.

Josh encolheu os ombros.

– Não sei. Até eu mesmo já perdi todas as minhas esperanças. – Josh falou.

– Como assim?

– Qual é Nico? Você sabe que eu gostava, ou ainda gosto de você, mas você nunca me deu atenção. Aprendi a aceitar que você não gosta de mim.

– Josh, não é que eu não goste de você, mas sim porque eu nunca olhei pra você de outra forma além de amigo e...

Nico pensou por um momento que aquilo que ele dizia agora podia em algum momento da vida ter sido o mesmo que Percy diria a ele.

Percy. Que a aquela altura estaria com certeza transando com Craig.

A raiva e o ódio subiram juntamente com o sangue por suas veias. Seu interior estava em fúria.

Nem se deu conta de quando segurou o ombro de Josh, o pressionou contra uma parede, e sem pensar sequer uma vez o agarrou...

E o beijou...

Por puro rancor.