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História The Love We're Hoping For - Talvez é uma grande certeza


Escrita por: alexafolks

Notas do Autor


Mais um capítulo!
Ana está passando por uma fase difícil, entendam que ela ainda tem várias inseguranças. Talvez para uma outra personagem com outra personalidade nada disso teria sido um problema, mas para a Ana tudo isso está muito ligado com alguns aspectos da história dela que vocês irão descobrir no decorrer do capítulo.
Obrigada, de coração.

Capítulo 9 - Talvez é uma grande certeza


27/03/2017 - Segunda feira 

Eu sempre tive vergonha de falar inglês. Quando estava sozinha até conseguia estruturar bem as palavras e frases, mas, na maioria das vezes que eu precisava falar com alguém acabava gaguejando ou pronunciando alguns fonemas erroneamente. 

O diretor do RH da BBC londrina estava impecável no fundo da sala. Ele não sorriu quando eu entrei, apenas me cumprimentou com os olhos e um leve aceno com a cabeça. Eu, desajeitada e nervosa, me sentei e esperei ele começar com as perguntas. Bom, a pior parte de morar fora do país era a solidão, não tem ninguém para conversar podia ser bem doloroso às vezes. Nesse momento eu só queria que minha irmã estivesse comigo, já que seus conselhos sempre foram acolhedores o suficiente para me fazer sentir melhor instantaneamente. 

- Ana Yamazaki? Prazer, eu sou John.

- Sim. Muito prazer. - Eu disse quase me engasgando.  A timidez sempre fora um grande problema em algumas situações. Essa era uma delas.

- Você é da onde? Seu sobrenome é diferente. - Ele falou me olhando nos olhos pela primeira vez. Ele tinha belos olhos cor de mel e não parecia muito mais velho que eu. 

- Eu sou brasileira, mas tenho descendência japonesa. 

- Interessante. Estou vendo que você não tem muita experiência, na verdade não tem quase nada, embora tenha se formado em uma boa universidade. - Talvez ele estivesse lendo minha insegurança, porque era exatamente isso que eu temia que me perguntassem. 

- Bom, é que eu acabei de me formar. Eu vim trabalhar aqui na Inglaterra, era meu primeiro emprego, mas acabou não dando certo, e...

- Entendi. Olha, estamos mesmo procurando novos jornalistas para a nossa redação. Você é jovem e tem uma boa formação, mesmo sendo estrangeira, com certeza vai encontrar um emprego logo. Eu não posso fazer nada por você agora, eu sinto muito. 

E foi assim que eu deixei mais um sonho para trás, naquela sala decorada com discos e edições enquadradas de jornais antigos. Mais uma esperança direto para o ralo, mais uma lágrima tão solitária quanto eu insistindo em descer pelo meu rosto. 

(...)

Voltei para o café. Martha havia me perguntado sobre a entrevista, e creio que, pela minha expressão completamente sem esperança ela tenha percebido que não havia conseguido o tão sonhado emprego.

- Menina, não ligue pra isso. Você é mais inteligente que qualquer londrino que eu já conheci. Logo vai encontrar o seu lugar. 

- Obrigada Martha. Eu detesto autopiedade, mas eu não acho que é tão fácil assim. Eu sou uma estranha aqui, poucos me olham como você. 

- Estranhos são os que fazem isso com você, posso te garantir! Vamos que temos que dar um jeito nisso tudo. 

E assim foi mais uma tarde trabalhando no café. Embora eu fosse inteiramente grata à Martha pela oportunidade, afinal era esse emprego que estava me sustentando durante esses meses que pareciam intermináveis, com certeza não era o que eu havia planejado para mim.

Ao sair, depois de algumas horas agradáveis envolvida pelo  o aroma de café, senti o vento gelado no rosto e me arrependi por não ter trazido mais uma blusa. Eu definitivamente não estava acostumada com o clima inglês.

 A brisa suave e impiedosa me fez lembrar de Jake. Após o beijo de ontem nós seguimos nossos caminhos. Não tive coragem de dizer nada, e muito menos ele. Eu não queria atrapalhar a vida dele, e eu sentia que ainda haviam possibilidades de voltar com Roxy, devido à recente separação. Não queria ser como a "outra" de uma relação feliz. 

Cheguei no meu apartamento, não em casa. Aquele lugar não era minha casa, e cada dia mais eu sentia isso. Longe de minha família, meus amigos. Ao menos Vitor estava por perto. Pensei em ligar, e logo o fiz:

- Alô? 

- Ana. Tudo bem com você? 

- Mais ou menos, estou meio cansada. E você? 

- Se estar sozinho em Londres sem nada sólido para comer é estar bem, então eu estou ótimo! - Pude imaginar as leves covinhas do tímido sorriso de Vitor nesse momento. Sua risada era contagiante. 

- Quer vir em casa comer pizza? 

(...)

O rosto familiar de Vitor me fazia um bem incalculável. Ele era como um resquício de um tempo em que algumas coisas eram mais fáceis. Ele me abraçou, e eu retribui. O fato de ele ser mais alto que eu tornava a cena cômica para os que assistiam da portaria do prédio, eu tentava, desengonçada, alcançar seu rosto com o meu, e acabava falhando e encostando meu rosto sobre sue peito. 

Depois de jantarmos juntos, falando em português e relembrando de coisas engraçadas, acabei contando sobre toda minha história desde que cheguei na Inglaterra.

- Então quer dizer que você está desempregada? 

- Não exatamente. Estou trabalhando no café, mas você sabe que não é o que eu queria de verdade. Eu também não posso ser ingrata, Martha está salvando minha vida.

- Você podia ter me contado tudo isso antes Ana. 

- Não deu, sabe, eu nem contei para minha mãe. Ela ia querer que eu voltasse na hora. E eu realmente estou pensando em voltar. Sabe, acho que isso aqui não é pra mim. Estou pensando em voltar ao Brasil.

Deixar Londres era uma opção que pulsava constante na minha mente, desde que tudo acontecera. Eu sempre pensei que poderia conseguir o que eu quisesse, mas talvez estivesse cruelmente enganada.

- Caramba Ana. Isso aqui é teu sonho. Você sempre foi tão forte. Luta por ele, não desiste agora não. Você batalhou tanto pela vaga na faculdade, por notas boas, pelo seu antigo emprego, isso aqui não é nada perto da Ana que eu conheço. - Ele falou sério, mas logo soltou uma daquelas duas gargalhadas gostosas de escutar. 

Depois de, por alguns momentos, cogitar desistir de tudo e voltar para o Brasil, Vitor me fez lembrar de quanto tudo isso realmente significava, e de tudo que eu sacrifiquei por isso. Um sonho de uma vida. E eu respondi, com força e sorriso no rosto:

- Eu não vou embora. Eu vou ficar.

 

 

 



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