História The Mysterious Killer - Tudo o que Nunca Teremos

Ariana P.O.V

Observei as feições de Justin. Eu nunca tinha o visto assim, tão sincero. Sorri.

Levantei-me da cadeira, pegando minhas coisas, decidida a propor para que ele fique comigo lá em casa. Nós precisávamos ficar a sós urgentemente e o meu escritório não é o local mais apropriado.

Eu já não entendo mais a nossa situação. Não é como se fôssemos namorados, até porque não somos... Mas eu o amo e isso já é um bom caminho. Até porque o meu sentimento é recíproco. Bom, ele disse que me ama e isso é muito bom. Faz-me sentir bem, mas uma parte de mim ainda está receosa. Ele pode querer voltar atrás e inventar alguma coisa para não querer me ver. Já passamos por tanta coisa e Justin pode estar cansado disso.

Esse pensamento me fez engolir em seco, enquanto fechava o fecho de minha bolsa, só percebendo agora que eu estava parada no mesmo lugar há um tempo. Suspirei. Odeio minha insegurança.

- Ariana? - fui desperta de meus devaneios por aquela voz rouca do loiro parado atrás de mim.

Pigarreei virando-me sobre o próprio eixo e sorri.

 - Desculpa, eu estou muito cansada. Trabalhei demais hoje e preciso urgentemente ir para casa... Você quer vir junto comigo? - acabei tendo coragem o suficiente para perguntar.

Justin me olhou, talvez me analisando para ver o que tinha de errado. Mas então de repente suspirou aproximando-se e beijando minha testa, o que era muito fácil para ele, pois eu tecnicamente batia em seu queixo, o salto me ajudava, mas mesmo assim ele continua sendo muito mais alto e eu gosto disso.

Nós ficamos assim, por um momento, até que nos separamos e encaramo-nos nos olhos um do outro.

Eu sei que já nos aconteceu muita coisa e depois de tudo, Justin ainda continua do meu lado, dando-me carinho, quando não estamos brigando, mas eu mesmo assim queria muito perguntar o que ele pensa quando olha para mim. É algo inevitável. Eu não consigo controlar.

Senti algo tocando minha mão direita e quando olhei, era ele entrelaçando minha mão à sua.

- Vamos para sua casa.

Segurei firme minha bolsa com a outra mão, quando percebi o que ele pretendia. Corei na mesma hora, só de pensar que as pessoas nos olhariam.

Atravessamos a porta do meu consultório e o loiro fez questão de fazer barulho para chamar a atenção das pessoas à nossa frente.

- Justin... Todos estão nos encarando - sussurrei encolhida de vergonha ao lado dele.

Aqui em Fresh Start, assim como em todos os locais de trabalho, há regras que devemos seguir, não que estar de mãos dadas com alguém seja errado, mas as pessoas comentam e acabam dizendo que restringimos uma das regras. Mas o ponto é que eu não estou incomodada. Eu estou somente com envergonhada por toda aquela atenção.

- Deixe-os pensarem o que quiser - olhou-me por fração de segundos antes de voltar seu olhar para frente - não me importo com a opinião deles - concordei e continuei a andar, dessa vez mais confortável, mas só porque ele está comigo. Sinto-me protegida com Justin por perto.

Ao chegarmos em frente ao meu carro, perguntei-me como ele tinha vindo até aqui, porque a casa dele é muito longe daqui e seria um absurdo vir a pé.

- Justin você veio de carro?

- Não - disse, simplesmente, fazendo-me arregalar os olhos.

- Você veio até aqui a pé? - exclamei, vendo que ele riu de minha expressão.

- Eu precisava falar com você. Já que não atendia minhas ligações, decidi vir - disse com um sorrisinho no rosto eu revirei os olhos.

- Não vou nem discutir - sussurrei olhando para o lado oposto ao dele.

Senti minha bolsa ser puxada de meu ombro e antes que eu falasse alguma coisa, Justin devolveu na mesma hora, mostrando a chave de meu carro em sua mão.

- Eu dirijo - entrou no banco do motorista sem olhar para mim, fazendo-me rir diante daquela atitude.

                                            (...)

- Então vocês estão de volta, hum? - Clarice perguntou enchendo a mão de pipoca, me encarando.

- Sim - ri da cara que ela fez de alívio.

- Deus, muito obrigada. Eu já não aguentava mais essa situação deles.

- Nossa muito obrigada por me apoiar viu? - comentei olhando para o filme.

Ontem à noite, assim que eu e Justin chegamos em minha casa decidimos assistir filmes e quando achávamos que estávamos cansados, fomos para meu quarto, porém ele surpreendeu-me pegando-me no colo e logo me beijando com intensidade, deixando-me de pernas bambas e pulsando de ansiedade. Acabamos fazendo amor cinco vezes e quando eu jurava que já estava desperta o suficiente, o sono me pegou deixando-me adormecida nos braços dele. Quando acordei, tive a surpresa de presenciá-lo dormir e desejando que eu pudesse ter aquela visão todo dia. Ao passar dez minutos os nossos dois celulares começaram a tocar, despertando-nos de uma vez. Assim que atendi, a animação de minha melhor amiga preencheu meus ouvidos lembrando-me que ela estava em Nova York. Enquanto conversava com ela, fui ao banheiro lavar meu rosto e as mãos para fazer o café da manhã. Quando desliguei o celular dirigi-me à cozinha, mas no meio do caminho escutei a voz irritada de Justin. Ele parecia se controlar. Fiquei curiosa, porém não me intrometi e continuei meu caminho.

Acabei comendo sozinha e quando achei que ele não iria aparecer, Justin entrou na cozinha como um furacão. Tentei perguntar o que tinha acontecido e com quem ele conversou, mas a única coisa que ele disse era para que eu não me preocupasse, mas que iria viajar para algum lugar e não voltaria por algum tempo. Fiquei chateada com que ele disse e contra argumentei, mas o mesmo não me deu chances de entender nada.

Depois de tomarmos café da manhã, ele arrumou suas coisas e eu tentava controlar a dor em meu peito. Se tinha alguma coisa o incomodando, eu queria ajudar, mas Justin não conversava comigo. Quando ele finalmente percebeu o que estava fazendo, largou suas coisas e me beijou. O beijo durou um tempo considerável, tanto que eu fiquei melhor. Assim que nos separamos, ele me pediu desculpas.

Acabou que foi embora, dizendo que realmente precisava ir para resolver muitas coisas e eu deixei para lá não querendo brigar. Mas mesmo assim eu fiquei preocupada, afinal de contas, para onde ele iria? E quando voltaria?

- Sempre à disposição - ri, despertando-me de meus devaneios - mas eu estou feliz por vocês. Afinal de contas os dois passaram por muita coisa e precisam mesmo de um descanso da realidade - disse olhando para o filme - e aí, vocês vão se ver de novo quando? Não vai ser hoje não é? É óbvio, porque hoje é o dia das meninas. Nicolas já está sabendo que eu vim para cá e que nós só vamos nos ver daqui a uma semana - parou de falar por um momento para pegar mais pipoca - nossa Ariana. Você tem que conhecê-lo. Ele é o amor da minha vida - sorri, feliz. Nicolas é o namorado dela há exatos dois meses desde que ela se mudou para Ontário para estudar medicina. Como a própria diz, ele é três anos mais velho que ela e foi muito legal ao mostrá-la a faculdade. Eles se conheceram de um jeito muito engraçado e fofo de saber. O ponto é, que eles não aguentaram guardar o sentimento dentro de si e hoje em dia estão namorando - Ariana? Você me escutou? - despertou-me de meus pensamentos, novamente, e a olhei - então quando vocês vão se ver?

- Eu... não sei. Talvez em torno de alguns dias, não tenho certeza - disse chamando totalmente a atenção de Clarisse.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou erguendo uma sobrancelha.

- Não - neguei imediatamente não querendo tocar no assunto.

Enchi a mão de pipoca e sorri voltando a olhar para o filme.

                                             (...)

Depois de terminarmos de assistir o filme, decidimos ir ao shopping extravasar um pouco e acabamos comprando algumas roupas e sapatos. Quando percebi, já eram 17h:00 min. Ficamos mais um pouco na rua e como o dia ficou frio de uma hora para outra, acabamos por comprar dois copos chocolate quente e fomos tomando enquanto eu levava minha melhor amiga para o hotel onde ela estava hospedada.

Despedimo-nos com um abraço apertado, prometendo que nos veríamos amanhã de novo e esperei até vê-la entrar no portão principal para entrar em meu carro. Respirei fundo, pensando o que faria agora. Até que decidi ir a um lugar onde poderia encontrar respostas para o que me incomoda tanto.

Parei em frente à casa dos Bieber’s e sem esperar muito, saí do carro, o trancando e dirigindo-me a porta principal. Antes que eu pudesse bater ou simplesmente tocar a campainha, a porta foi aperta brutalmente fazendo com que eu desse um passo para trás. Quando o susto passou, eu olhei quem tinha feito tal ato e deparei-me com um Justin sem paciência e sua mãe que arregalou os olhos quando me viu.

Eu simplesmente não estava entendendo o que acabou de acontecer.

- Olá Ariana - Pattie finalmente se pronunciou.

- Oi... O que aconteceu? - perguntei intercalando meu olhar entre os dois até que parou em Justin

 - Eu estou indo viajar agora, mas assim como você, ela quer explicações e não me deixa ir - Bieber argumentou me olhando sério e braços cruzados.

- E porque você não se explica?

- Porque eu simplesmente não quero porra - exclamou me assustando - eu não entendo porque esta necessidade de me perturbar.

- Se perturbar, significa nos preocuparmos com você, então sim, nós estamos te perturbando e vamos continuar - exclamei de volta - às vezes você é tão egoísta que não percebe o quanto nos preocupamos. Hoje de manhã estava tudo bem até você receber aquela maldita ligação - olhei para o lado direito para tentar me controlar e não acabar chorando de nervosismo - você mudou de humor de repente, e não faz questão de entender o quão idiota está sendo com nós duas? - apontei para mim e para Pattie - literalmente quer ir embora sem falar com ninguém para cuidar dos seus caprichos - respirei fundo para tomar um pouco de fôlego - É muito bom ver que você se importa com a gente - eu estava realmente sendo sarcástica nesse momento - eu sabia que você não havia falado a verdade - sussurrei para mim mesma, mas quando voltei meu olhar, que eu tinha desviado por alguns segundos, para ele, um Justin com mandíbula travada e olhos com a cor mais escura que já vi, me olhava com puro ódio.

Parecia que ele iria revidar, mas ao invés disso ele olhou para a mãe e depois voltou o olhar para mim. O clima estava muito tenso.

Começou a andar desviando de meu corpo e dirigindo-se ao mesmo carro preto, sem olhar para trás.

- Eu não acredito que ele vai realmente fazer isso - estava completamente irada.

Fui atrás dele, mas não consegui ser rápida o suficiente. Justin deu partida no carro e foi embora, me deixando para trás.

E eu fiquei parada, no meio da rua, desacreditada no que tinha acabado de acontecer. Ele realmente me deixou sozinha.

Uma lágrima desceu de minha bochecha, um soluço escapo de minha boca.

Justin disse que me amava, mas acho que ele mais uma vez, mentiu para mim.

Quando me dei conta, meu rosto estava todo manchado e minhas mãos estavam fechadas em punho. Eu não acredito que mais uma vez ele foi embora sem me dar explicações. Acho que vai sempre ser assim.

Achava que tudo estava dando certo finalmente, mas mais uma vez criei expectativas de mais.

O pior foi o silêncio dele. Nem revidar Bieber fez.

Agora eu não sei para onde ele foi, o que foi fazer e quando volta.

Voltei meu olhar para a casa e dessa vez, Jeremy também estava lá, me olhando com pena, mas ele não parecia tão abatido. Suspirei. Tudo bem, eu já não sei o que fazer ou o que pensar. Está tudo tão embaralhado na minha cabeça que ela está começando a doer. Porque Justin me enganou? Porque ele decidiu viajar? Quem o ligou? São tantas perguntas e eu não sei por onde começar.

Eu vi o quanto ele estava incomodado hoje de manhã e mesmo que Bieber não tivesse percebido, eu o analisei por completo. Não posso deixar de usar meu lado psiquiatra numa situação dessas. Tenho quase certeza que tem algo relacionado ou tio dele, mas o que pode ser tão grave ao ponto dele sair furioso para algum lugar? Pensando bem, eu não sei como tive coragem de enfrentá-lo daquele jeito. Ele parecia sair de si e não explodiu comigo por pouco. Tudo nele me fez lembrar quando eu o encontrei na Casa Westreet. Parecia que não tínhamos dado nenhum progresso. Parece que os sete meses que enfrentamos esse ano, não existiram para Justin.

Eu não entendo. Uma hora, ele fala que me ama e que não vai me perder nunca mais, e na outra, ele me ignora e vai embora sem olhar para trás.

Eu estou muito magoada.

Voltei para a casa deles e parei em frente ao casal.

- Jeremy você sabe de alguma coisa? Porque está muito mais calmo do que eu gostaria de vê-lo - disse desesperada.

Ambos me encararam e, então Jeremy deu um passo em minha direção e me abraçou forte.

Foi neste momento que eu desabei. Desabei por saber que algo tinha acontecido e, como nas outras vezes, eu não sei de nada. Algo pode ter acontecido com ele e eu serei a última a saber. Chorei por saber que Justin estava lutando contra algo sozinho e chorei de raiva por essa situação. Não era para ser assim.

Nós devíamos contar um com o outro, deveríamos cuidar um do outro para que nada de ruim aconteça. Deveríamos resolver os problemas do passado juntos e deveríamos parar de brigar por coisas desse tipo. Deveríamos ser felizes juntos. Mas isso é tudo o que nunca teremos: Felicidade.

Parece que fomos feitos para ficar separados, porque nunca conseguimos nos entender. Justin realmente não me ama o suficiente e eu posso não vê-lo mais. O jeito que ele estava deixou tudo isso muito explícito. Não sei se ele vai voltar para mim ou por mim. Acho que isso é um pouco impossível.

Continuei a chorar porque me decepcionei mais uma vez, mas o problema não é esse. O problema é que está doendo muito.