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História The Necropsist - As provas apenas apontam suspeitos.


Escrita por: Thatavisk

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 15 - As provas apenas apontam suspeitos.


Jimin não havia me pedido para mentir, disse que não se importava se eu queria contar tudo ou não, mas me alertou que devia ficar quieta por enquanto ou acabaria morta. Confiar em Jimin era tanta loucura quanto seria estupidez não ouvir um aviso sério vindo de si.

Não era algo fácil de se perceber, a diferença entre a sinceridade e a manipulação de Jimin, não era notável em seu tom, nem em suas expressões. Mas a situação me fazia ter mais medo de não ser um blefe do que de acabar de volta a casa de Jimin.

 

Yoongi não fez muitas perguntas por não possuir tanto tempo, ele precisaria estar em outro lugar e Seokjin também não continuou o interrogatório sem o Min. Eu estava um pouco cansada e senti o alívio imediato ao sair da sala e encontrar Hoseok aparentemente cochilando sentado no banco do corredor.

Peguei a mão do Jung, balançando-a levemente e fazendo-o acordar confuso, mas ele logo abriu um sorriso ao me notar ao seu lado. Seokjin o cumprimentou e nos desejou uma boa noite antes de se retirar, desejando-me um bom descanso, apesar de já estar próximo de começar a amanhecer ao lado de fora.

— Achei que tivesse ido embora — comentei sentando-me ao lado de Hoseok.

— Tive que sair um pouco para resolver algumas coisas. Como foi lá dentro? — perguntou olhando-me tapar a boca ao bocejar, estava cansada.

— Eu fiquei com medo de contar — admiti apoiando a cabeça no braço do mais velho.

— Entendo... — Suspirou fundo. — Está com sono? — Afagou de leve meus cabelos, que já estavam bem bagunçados. Assenti olhando a divisão amarela entre as cores cinza e branco das paredes do corredor. Eu estava exausta.

Namjoon pediu que me dessem um tempo de descanso antes de outro interrogatório, já que eu havia passado a madrugada na delegacia, mas torceu um pouco o nariz ao ouvir Jimin negar, sem rodeio algum, que eu fosse para sua casa ver seus filhos, levantando após, em um comentário sutil, não achar apropriado que eu fosse para a casa de um oficial no momento em que a investigação estivesse ainda em andamento. Ou seja, dizendo que não me deixaria ir para casa de Namjoon por não confiar nele.

Namjoon obviamente ficou indignado e ergueu a postura assim que Jimin terminou a frase, então Hoseok interveio no que seria o começo de uma discussão ao Namjoon, irritado com a insinuação de que ele estava propenso à lista de suspeitos, retrucar Jimin enquanto se aproximava até demais, perguntando se eu estava mais segura com alguém com um assassinato confirmado e uma série de acusações no histórico criminal do que consigo.

E Jimin não pareceu surpreso ao Namjoon tocar no assunto.

— Também checou meu histórico psiquiátrico? — perguntou mantendo um sorriso mínimo no rosto, como se não houvesse acabado de incluir Namjoon numa lista de possíveis criminosos. Hoseok conseguiu os acalmar e fazer se sentarem para conversar decentemente, mas Namjoon ainda parecia inquieto.

— Não tive tempo ainda, o que tem de interessante lá? — questionou suspirando fundo.

— Apenas alguns relatórios escritos e relatórios médicos, a maioria das gravações ficam guardadas com acesso restrito. Nem meu pai tinha acesso — disse dando de ombros. — A última vez que eu precisei estar num manicômio, Namjoon, foi nove anos atrás. — Recostou-se na cadeira, olhando-me deitada sobre duas cadeiras juntas, usando o casaco que vestia antes como travesseiro e seu sobretudo como cobertor.

— E por que Hoseok estava em sua casa? Ele tem ido lá com bastante frequência — diz voltando a atenção de Jimin para si. Ele precisaria ter interrogado os locais para saber disso, então Namjoon investigou sobre si, mesmo que de maneira rasa.

— Não era por mim, era por Heloise. — Gesticulou levemente em minha direção. — Era impossível falar com ela... — diz fazendo Hoseok passar a língua pelo interior da bochecha e respirar arrastado após, disfarçando com um bocejar ao Namjoon fitá-lo.

— Hoseok não é psiquiatra infantil — murmurou fitando o ruivo, aguardando uma explicação.

— Já tratei de crianças antes e Heloise era um caso emergencial, não tinha como eu deixar de ajudar — disse encostado na bancada.

Apesar de cansada, eu não estava conseguindo dormir. Não pelas cadeiras duras de madeira e também não estava com frio, eles estarem conversando não me incomodava, mas perdi o sono ao pensar que se eu voltasse para casa de Jimin, logo descobriria se o que dizia sobre abrir a boca era um blefe ou não.

Namjoon respirou fundo, se desculpando por sua postura agressiva, dizendo que estava cansado e Jimin apenas apaziguou, dizendo que não tinha problema e não era a primeira vez que alguém tinha um pé atrás consigo por conta de seu passado, que ele entendia perfeitamente a gravidade do que havia feito e o peso disso. O que eu sabia bem ser uma mentira descarada.

O local ficou num silêncio um pouco incômodo até um policial vir pegar uma caneca de café e ficar confuso ao me ver deitada no canto da sala, sobre duas cadeiras, assentindo em silêncio quando Namjoon o pediu que ficasse quieto. Cobri o rosto, me voltando para a parede, tentando descansar mesmo que pouco.

 

Não sabia exatamente quanto tempo havia se passado quando acordei no cômodo escuro e vazio, levantando um pouco sonolenta para acender a luz. Jimin e Namjoon já não estavam mais nas cadeiras, nem Hoseok próximo da bancada e me sentir sozinha foi uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo leve.

Peguei o casaco e o sobretudo de Jimin, vestindo o casaco por permanecer bastante frio e carregando o sobretudo comigo para devolvê-lo, sabia que encontrar com Jimin seria inevitável apesar de ele não estar ali agora.


Um guarda me disse que Namjoon havia voltado para casa, mas que retornaria logo para a delegacia e não soube me dizer onde Hoseok estava, mas contou que Jimin havia ido embora e o pediu para me dizer para permanecer na delegacia até ele voltar.

E, segundo ele, Jimin queria apenas que eu ficasse segura e por isso pediu que cuidassem de mim enquanto eu estava lá. O que implicava em nenhum dos policiais me deixar sair sequer para a varanda da entrada da delegacia pois Jimin pediu que me vigiassem e todos estavam paranóicos com a hipótese de eu sumir novamente.

 

Namjoon me deu um sorriso ao entrar e me ver sentada na ala de entrada da delegacia com cara de quem não havia encontrado muito o que fazer. Ele entregou o homem algemado, que parecia be. alcoolizado, que trazia consigo para os oficiais o levarem antes de vir até mim.

— Nicole fez isso 'pra você — disse estendendo um pequeno pote de tampa verde trevo. — Não pude trazer os meninos, acabei vindo com um comunicado de serviço 'pro caminho. — Sentou-se ao meu lado. Eram pães de cenoura com recheio de queijo, a receita da mamãe, tinha inclusive o cheiro da noz moscada que ela usava em excesso pois gostava e papai reclamava sempre que encontrava um pedaço da especiaria enquanto comia.

— Hoseok vai voltar? — perguntei partindo um dos pães que estavam ainda um pouco quentes, estendendo um pedaço para Namjoon, que negou torcendo um nariz. Ele detestava cenoura.

— Creio que sim. Ele ficou muito preocupado quando precisou sair e Jimin disse que te deixaria aqui por segurança — comentou suspirando ao endireitar sua postura, parecia cansado. — Heloise, você tem estado tão quieta, você era uma garota bem comunicativa — diz olhando-me fitá-lo de bochechas cheias.

— 'Tô cansada... — sussurro tapando a boca para falar, por costume de ouvir Jimin reclamar sobre quando eu falava de boca cheia.

— Entendo... Você e Hoseok são amigos? — perguntou vendo-me assentir. — Assim como você e Jimin? — indagou fazendo-me pensar um pouco. Eu não era amiga de Jimin.

— Não, Jimin é meu irmão — respondi sem saber o que dizer quanto aquilo.

— Mas ele não é seu amigo? — insistiu fazendo-me voltar o olhar para o chão. — Heloise, se estiver algo de errado acontecendo, preciso que me diga — disse calmamente, mas eu permaneci olhando as frestas escurecidas entre os pisos largos do chão.

Namjoon continuaria até ouvir uma resposta concreta, mas ele precisou deixar a delegacia novamente ao receber um chamado, afagando meus cabelos e rindo quando resmunguei que queria tomar banho, dizendo que Jimin havia o avisado que me levaria de voltar quando terminasse de trabalhar, pois não queria que eu estivesse lá quando ela chegasse.

O que significava que o corpo da garota já havia sido enviado para o necrotério e ele deveria estar realizando a autópsia no momento e que, também, eu não poderia ir para casa de Namjoon.

Minha guarda era legalmente de Jimin, por ser meu único parente agora com vida. Eu poderia viver com Namjoon caso deixasse clara essa preferência, mas tinha medo de como Jimin reagiria.


Uma das oficiais me achou sentada na cozinha novamente enquanto girava um palito de dente para me distrair. Ela me emprestou um livro que estava lendo durante os intervalos de patrulha para que eu não ficasse tão entediada.

Sentei-me no chão de um dos corredores após sair da cozinha pois estava barulhento por ser mais usada durante a manhã. Estava ainda no segundo capítulo do drama romântico entre um casal que, após um divórcio não muito bem aceito por uma das partes, brigava pela guarda do filho de três anos, quando senti alguém encostar o sapato em minha sapatilha, me levantando animada ao ver Hoseok.

— Ainda não acredito que Jimin te deixou mesmo sozinha aqui — disse soando levemente estressado, tirando o paletó e o ajeitando nas costas de uma das cadeiras. Devia ter vindo direto de uma consulta para a delegacia.

— Hoseok — chamei receosa, tendo sua atenção para mim de imediato. — Acha que eu posso morar com Namjoon? — perguntei enquanto o homem colocava na mesa a sacola que havia trazido.

— Namjoon te convidou? — perguntou soando surpreso. — Ele é realmente alguém em que você confia muito, não é? — indagou vendo-me assentir, abrindo a embalagem da fatia de torta que retirou da sacola antes de me entregá-la.

— Uhum. Os filhos dele são meus amigos — afirmo pegando a pequena colher descartável que me estendeu. Ainda estava cheia dos pães que Nicole havia feito, mas o doce parecia tão bom.

— Você seria feliz lá? — perguntou apoiando-se levemente na mesa, ouvindo-me assentir novamente num murmúrio. — Então eu darei um jeito nisso assim que o caso terminar — assegurou dando-me um sorriso meigo antes de ir preparar um café para si.

— Olha só quem finalmente acordou. — Jimin disse entrando no cômodo, fazendo-me engolir em seco o mirtilo caramelizado que tirei do creme branco. — Como você está, Lis? — perguntou passando a mão por meus cabelos algumas vezes, a fim de baixá-los um pouco.

— Bem... — sussurrei mantendo o olhar na mancha arroxeada de caramelo funda no creme, onde peguei o mirtilo.

— Bom dia, Hoseok — disse sem fitar o ruivo, ainda me observando com um sorriso gentil no rosto.

— Bom dia, aceita café? — ofereceu se voltando para Jimin, vendo-o negar devagar.

— Disseram que o resultado pode sair ainda hoje. — A voz grave do rapaz fez a atenção de todos se voltarem para si.

— Okay, Taehyung. Obrigado. —Jimin agradeceu em automático ao moreno. — Viemos trazer as amostrar encontradas no corpo para analise apenas — disse fitando Hoseok. — Você vem conosco? — perguntou a Hoseok, deixando Taehyung meio confuso se deveria ou não se retirar.

— Sim, apenas um minuto — pediu pegando o celular no bolso do jaleco enquanto deixava sua caneca de café sobre a mesa antes de deixar o cômodo para fazer uma ligação.

— Então... Até hoje à noite? — Taehyung perguntou um pouco constrangido por ter tido sua presença esquecida.

— Ah, claro, até mais tarde. — Jimin diz notando que o rapaz ainda não havia saído. — Hoseok vive te dando porcarias... — resmungou após Taehyung seguir seu rumo, olhando a torta que eu comia e a sacola com outras guloseimas embaladas dentro. — Já é horário de almoço e você 'tá comendo doces, por isso está sempre doente! — reclamou suspirando fundo, fechando a embalagem da torta e me apressando para que levantasse para irmos para o carro, dizendo que eu podia comer durante o caminho. Jimin permanecia o mesmo apesar de todo o teatro de bom moço.

— 'Pra onde vamos? — perguntei segurando a mão de Jimin, por ele não ter me dado outra opção, enquanto esperávamos Hoseok acabar de falar ao celular, ao fim do corredor.

— Para casa, 'pra onde achou que fosse? Você precisa descansar decentemente e eu preciso trabalhar — disse monótono, observando ávido o ruivo puxar levemente o lóbulo e passar o dedo suavemente atrás da orelha enquanto falava. 

Nem Hoseok era livre de manias, todos temos comportamentos repetitivos para determinadas situações, todos temos um padrão de movimentos que seguimos sem notar e há como outros notarem isso, inclusive, é parte do trabalho de Hoseok e do passa tempo de Jimin, observar as pessoas.

Taehyung passou em passos largos por nós após alguns minutos, estava usando seu uniforme forense e acenou enquanto seguia para o elevador, mostrando seu crachá para a mulher que guardava a entrada antes de descer para o laboratório.

Hoseok precisaria desmarcar todas as consultas do dia, inclusive as particulares, e isso tomaria mais algum tempo e mesmo Jimin não querendo parecer esperar, sentou-se no banco do corredor e pendeu para trás a cabeça, encostando-a na parede.

— 'Tá tudo bem? — indaguei sentando-me ao seu lado, um pouco afastada.

— Sim, Lis. — Forçou um sorriso, fitando o teto branco da instalação. — Apenas estou um pouco cansado — diz respirando devagar.

— Nicole fez pães 'pra mim hoje — comento arrastando levemente a unha do indicador na madeira envernizada do banco.

— Nicole? — perguntou sem tirar os olhos do branco levemente acinzentado do teto.

— A esposa do Namjoon... — digo ouvindo-o assentir com um murmurar baixo. — Eu queria ver Seungwoo e Kyle, são os filhos dele... — Observei-o bater levemente as pontas dos dedos na perna.

— Você pode fazer isso quando não correr o risco de ser morta no caminho — disse fechando os olhos. — Eu sei que não quer voltar para minha casa, mas é o que vamos fazer, Heloise — concluiu em tom calmo, fazendo-me voltar o olhar para meus pés novamente.


Hoseok veio até nós quando terminou de conversar com a mãe do último paciente que veria do dia, fazendo Jimin abrir os olhos um pouco chateado por estar já quase cochilando. Era já a quinta noite seguida mal dormida ou em que sequer dormiu.

Estávamos passando pelo hall quando um rapaz segurou o ombro de Jimin, pedindo que ele aguardasse um minuto. Jimin ficou um pouco confuso e reclamou que estava cansado, que viria mais tarde ver o que quer que fosse e eu fui para próximo de Hoseok, que estava alguns passos à frente ao ele finalmente soltar minha mão.

— É um assunto importante, senhor — insistiu começando a irritar Jimin, que apenas queria retornar logo para casa.

— Eu não posso resolver isso mais tarde? Estou entre minha casa e a delegacia desde ontem à tarde, minha irmã sequer teve uma refeição decente desde ontem — disse em tom sério.

— Creio que terá de ficar na delegacia por hoje também, Park. — Um oficial que veio acompanhado de uma mulher até nós disse entregando uma folha a Jimin, fazendo o loiro franzir levemente o cenho e respirar alto. — Taehyung refez o teste duas vezes, com pedaços diferentes da amostra e está tentando novamente para ter certeza — disse olhando Jimin parecer um pouco pensativo. — Sob suspeita do assassinato de Amanda Kaifass, você está sendo intimado e mantido sob custódia da polícia federal de Bellomont — anunciou observando Jimin erguer o rosto.

— Heloi-

— Não se aproxime da garota, senhor. — O homem avisou puxando o ombro do mesmo ao ver que Jimin se aproximaria de mim, fazendo-o suspirar fundo.

— Por favor, me acompanhe. — Um segurança pediu olhando Jimin me observar um pouco preocupado antes de se virar para seguir consigo para onde ele aguardaria ser interrogado.

— Hwang Ayla. — A mulher com os fios lisos de um castanho escuro presos no rabo de cavalo se apresentou, estendendo a mão para Hoseok. — O senhor é o acompanhante psiquiátrico de Jimin, certo? — perguntou com o sorriso gentil estampado no rosto.

— Já fui, alguns anos atrás. Estou aqui por Heloise hoje — disse cumprimentando a mulher, vendo-a assentir em compreensão.

— Olá, Heloise. Podemos conversar um pouco? — perguntou em tom sutil, abaixando-se em minha altura.


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui.


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