História The New Family Avenged Sevenfold - Cant help but wish that I was there.

Fiquei admirando a serenidade no seu rosto. Devia estar dormindo bem apesar do desconforto. Puxei a parte superior do seu tronco para cima, fazendo com que ele deitasse ao meu lado.

Fazia menção de levantar da cama para deixa-lo sozinho quando uma figura parada na porta me chamou a atenção.

– O que esta acontecendo aqui? –Jason olhava de mim para seu amigo deitado em minha cama com uma cara nada amistosa.

 

–Xiiii. –Coloquei o dedo na boca fazendo sinal para que fizesse silêncio.

–Você ainda não me respondeu.

 

Levantei devagar da cama para não acordar Brian e fui até ele.

–Fala baixou Jason.

 

Comecei a empurrá-lo para sairmos do quarto. Fechei a porta e cruzei os braços olhando feio para ele.

–O que o Brian está fazendo aqui Karen?

–Ele dormiu aqui.

–Na cama com você? –Ele elevou a voz outra vez.

–Já falei pra falar baixo. Está surdo?

–Então me explique isso. -Apontou para a porta do quarto.

–Ele veio fazer uma visita ontem à tarde. Ajudou-me com as malas e quando disse que você não ia voltar ontem, resolveu dormir aqui. E ele dormiu no pé da cama, tinha acabado de colocá-lo direito na cama quando você entrou. Apenas isso.

–Hum...Sei.

–Sei o que Jason? Você por algum acaso está insinuando alguma coisa? –Dessa vez quem elevou a voz fui eu.

–Não estou insinuando nada. Afinal, o que isso tem haver comigo né? –Seu tom era ríspido.

–Também não precisa ser grosseiro. –Respondi com a mesma irritação.

–Eu sei, me desculpe.

–Me desculpe também.

 

Ficamos nos encarando enquanto a expressão de irritação dos dois ia se desfazendo. Até que sorrimos ao mesmo tempo e nos abraçamos.

 

–Agora somos oficialmente amigos, já tivemos nossa primeira briga.

–Para mim você sempre foi minha amiga, antes mesmo dessa briguinha sem nexo. Ahh!Antes que eu esqueça, tem encomenda pra você lá em baixo.

–Encomenda?Em nome de quem está o remetente?

–Um tal de Lucas Robson.

 

Sai correndo pelas escadas e pude ouvir Jason perguntar o que estava acontecendo. Ao abrir o embrulho, fiz um escândalo.

 

–Oh!Meu Deus. Meu filhote chegou.

–O que foi?

–Você está bem?

 

Jason e Brian respectivamente gritaram enquanto desciam as escadas com a cara mais assustada do mundo.

 

–Meu violão! O Luke mandou meu violão!

–Ai! Que susto. –Syn colocou a mão no peito.

–O Brian levou um susto mesmo Karen, até caiu da cama.

 

Começamos a rir da lerdeza do Syn. Quando ia dar um exemplo de algo parecido que aconteceu uma vez comigo e o Gabriel, me fez lembrar de outra coisa.

 

–Ai que droga. –Esmurrei o sofá.

–O que foi dessa vez? –Perguntou Jason se sentando no sofá a minha frente e Brian sentava na poltrona.

–Esqueci de pedir para mandarem minha guitarra.

–Você compra outra ué!

Olhei para Jason e comecei a rir, o deixando confuso.

–O que foi?Qual é a graça?

–Você tem noção de quanto tempo eu economizei para comprar uma guitarra da "Schecter Guitars"?

–Não.

–Pois bem. Foram seis meses inteiros sem roupa nova, sem balada, sem nenhum luxo. Mas valeu a pena.

 

–Que guitarra é? –Perguntou Brian pegando o violão da minha mão.

–Não é uma “Zacky Vengeance 6661” ou uma “Synyster Gates Standard” ou “Synyster Gates Custom”. É uma C-1 Professional, vermelha.

–O modelo é muito bom. E bonito também.

–É, eu sei. Para comprar uma do modelo assinado por vocês eu teria que passar fome por mais seis meses.

 

Enquanto eu e Jason riamos da minha piada, Brian apenas sorria com a expressão pensativa.

 

–Bonito seu violão. –Brian olhava para os adesivos de banda colados na madeira preta.

–Meu pai me deu quando tinha 16 anos.

–Foi ele quem te ensinou a tocar? –Agora Jason quem segurava o violão, mas logo o devolveu para Brian.

–Não. Foi o Charlie.

–Quem é Charlie? -Perguntou Syn começando a dedilhar o instrumento.

–Meu namorado do colegial. Muito seu fã por sinal Gates.

–Ah tá!

–Vamos nos arrumar?Já esta quase na hora.

–Hora de quê Jason? -Brian tocava algumas acordes de Seize The Day.

 

–Nós fomos convidados para um churrasco na casa dos vizinhos da casa ao lado.

 

Peguei o violão da mão do Gates para guardar na caixa.

 

–Os brasileiros?

–Sim, eles mesmos. Como sabe que são brasileiros Brian?

–Os conheci em um churrasco que Jay deu assim que se mudou para cá. Sou bastante popular por essa área Karen. –Fez pose de convencido.

–Ótimo. Se já os conhece, então você vai com a gente. Não é Berry?

 

Jason apenas acenou com a cabeça, dando um sorriso sem graça.

 

JASON POV’S

Karen subiu para tomar banho deixando nós dois na sala.

–Gostou de dormir aqui Haner?

–Sim. A companhia foi ótima Berry.

Éramos amigos desde a adolescência, sabíamos exatamente reconhecer quando ambos estavam sendo irônicos.

–Olha cara. Eu só fiquei para não deixá-la aqui sozinha. Desculpe-me por não ter te perguntado antes se você se importava com isso.

–Tudo bem cara. Eu que estou fazendo tempestade em copo de água. Só fiquei preocupada com a Karen. Não esqueça que apesar de tudo ela é sua fã.

 

–O que você achou que eu ia fazer cara? –Brian realmente ficou irritado com minhas suposições. Levantou do sofá, ficando de pé a minha frente.

 

–Calma cara. Eu não estou te acusando de nada. É só que para Karen pode ser confuso essa intimidade toda, sendo que há meses atrás você era alguém inalcançável para ela.

 

Repeti as exatas palavras que Luna disse ontem enquanto estávamos no HBHS. Não era mentira, fiquei preocupado com isso, mas não foi só esse o motivo.

 

–JASOOOOON!

Assim que ouvi Karen gritar subir as escadas correndo, sendo seguido pelo Gates.

 

–O que? -Entramos no quarto ofegantes.

–Não sei o que vestir.

 

–Ah!Não acredito nisso. Você me assustou de novo por nada Karen? -Brian começou a rir.

–Cala a boca Gates. Não é sem motivo, não sei que roupa usar para esse tipo de evento.

–Onde esta sua mala média, onde colocamos as saias, camisetas e vestidos leves?

 

Ela apontou na direção da porta e Brian tirou a mala de trás dela. Colocou em cima da cama, abriu e começou a tirar as peças de roupa.

Karen aproximou-se dele olhando cada peça que era retirada da mala. Fiquei observando os dois conversando sobre supostas combinações de roupa, quando finalmente reparei como ele estava vestido.

 

–Brian, minhas camisas não deram em você?Por que esta assim? - Apontei para ele, deixando claro que falava do fato de ele estar sem camisa. - Estamos em pleno inverno.

–Essa é uma vantagem de morar na Califórnia. O inverno não é nem um pouco rigoroso, parece uma primavera. –Sorriu para mim voltando à atenção para a mala da Karen.

–Usa esse Karen.

–Vestido Syn?Acho melhor uma saia e essa blusa. –Mostrou para ele uma camiseta azul, que pelo tamanho do decote, eu aprovaria se ela usasse.

–Karen Luna Lopez, você quer estrear sua presença em churrascos nos Estados Unidos causando problemas?

 

–O que?Não entende Brian.

 

Eu já tinha entendido o que ele queria dizer. Comecei a rir, deixando-a ainda mais confusa.

 

–Olha o tamanho do decote dessa blusa. Não, não. Você vai de vestido. Pelo bem geral dos casados naquela festa.

–Essa foi boa Brian. Toca aqui. –Batemos as mãos.

–Ótimo, estou cercada por dois idiotas. Haha.

 

Karen começou a tirar o roupão como se não tivesse mais ninguém além dela no quarto,ficando apenas de calcinha e sutiã.

 

–Epa, espera a gente sair.

–Por que Jason?Você já me viu de biquíni e o Brian já me viu desse jeito. Não tem nenhum segredo aqui.

 

Olhei para Brian que apenas deus de ombro.

–Que tal?Ficou bom?

Karen usava um vestido verde e amarelo, cores da bandeira do Brasil.

–Esta ótima. Agora, vamos Gates, vou arrumar algo para você vestir.

–Espero vocês lá em baixo.

 

Ela desceu para sala e nós seguimos para meu quarto.

Como já é tradição nesse tipo de festa, cada convidado leva uma bebida ou comida para socializar. Nós levamos bebidas. Karen me fez limpar todo meu “bar” só por que esqueci de comprar as que ela havia me pedido.

 

–Olha se não é o casal mais lindo. –Ana abraçou a mim e a Karen.

–Casal? –Sussurrou Brian atrás de nós assim que a mulher nos largou e abriu espaço para entramos.

–Já tentamos explicar que somos só amigos, mas ela nunca acredita. – Tentei justificar.

 

Fomos para os fundos e depois de entregarmos as bebidas para serem guardadas, fomos apresentados a todos no almoço. Eu e Karen como namorados e Brian como amigo do “casal”. Como se alguém não soubesse que ele era Synyster Gates.

 

–Só estranhei uma festa no meio da semana.

–Hoje é aniversário de casamento da Ana e do Julio, Brian. Comemoram 15 anos juntos. Jason contou para eles que me mudo para Long Beach amanhã, daí eles decidiram adiantar a festa que seria no domingo só para eu participar.

 

–Ah!Entende. –Ele e Karen sentaram-se em uma das mesas.

–Vou ajudar o Julio com a churrasqueira. Ele já confessou que não sabe mexer muito bem. Já volto.

 

–Ok Jay. –Karen apertou minha mão antes deu me afastar.

 

Vi de longe umas três garotas se aproximarem da mesa deles. Deviam ser fãs do A7x ou pelo menos sabem quem é Synyster Gates. Depois de um tempo de conversa, Karen bateu uma foto delas com ele. E uma das garotas tiriou uma foto deles dois abraçados.

Assim que elas saíram, voltei para mesa levando os pratos que a Ana tinha preparado para a gente.

–Confesso que é estranho ver um churrasco com tanta coisa além da carne, mas estou gostando disso.

O prato que Syn atacava tinha salada de maionese, feijão e arroz. Coisas que não se ver no típico churrasco estadunidense.

 

–Estou vendo que esta gostando Brian, olha o tamanho desse prato. Nem Jason que come muito está com o prato tão cheio assim.

–E você, não vai comer Karen?

–Não Jay, estou sem fome.

 

A tarde foi agradável, apesar do grude dos meus dois acompanhantes. Um dos sobrinhos da Ana é músico e passou à tarde com a Karen tocando violão e cantando Musica Popular Brasileira. Brian como é super curioso, pegou meu violão emprestado quando a Luna foi buscar o dela e ficou tentando acompanha-los nas músicas.

 

–Papa Gates tem um cd de um cantor brasileiro.

–Sério Syn?De quem? –Karen se empolgou com a novidade.

–Não lembro o nome, mas sei tocar uma música dele.

–Toca ai, quem sabe a gente não reconhece. –Sugeriu João, sobrinho do casal aniversariante.

OUVIR: Você é Linda-Caetano Veloso.

 

 

Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Vocé é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim

 

Karen e João começaram a tocar e cantar acompanhando o Brian. Algumas pessoas que estavam na sala e que conheciam a música, também entraram no sarau.

Brian e Karen estavam sentados lado a lado no sofá e me peguei admirando o belo casal que eles formariam.Só de imaginar isso senti um nó se formando no peito.O que está acontecendo comigo?

Para surpresa geral, tinha uma parte que o Syn sabia cantar. E ele fez questão de cantar olhando diretamente para Karen,que o acompanhava.

 

Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios
Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir
No Abaeté
Areias e estrelas
Não são mais belas
Do que você
Mulher das estrelas
Mina de estrelas
Diga o que você quer

 

–Que linda a voz da Karen. Além de ser linda e uma querida. Você tem sorte de tê-la como namorada Jason.

–Na verdade Ana, eu teria.

–Como assim?Vocês terminaram?

–Nós nunca namoramos. A Karen é uma amiga, muito querida, mas só uma amiga.

–Então por que você a olha com essa doçura toda?

–Por que eu queria ser um sortudo, como você falou? –Minha pergunta saiu em tom de afirmação.

Ana sorriu me abraçando e sussurrou no meu ouvido.

–Dê tempo ao tempo meu querido.

Todos na sala começaram a aplaudir o trio e Ana foi abraçar Karen, dando parabéns pela linda voz.

 

Ela finalmente sentiu fome, acho que cantar abriu seu apetite. Comeu um prato igual ou maior que o do Brian.

Despedimos-nos de todos e fomos acompanhados pelos anfitriões até a porta da casa.

 

–Desejo a vocês toda amor e felicidade pelos próximos anos que viram. Muito obrigada pela consideração de terem adiantado a festa para que eu pudesse estar presente.

Karen abraçou e beijos o casal com muito carinho. O mesmo que sei que Ana e Julio têm por ela.

 

–Foi um prazer te ter aqui minha querida.

 

–O prazer foi meu Julio. Não só pela festa, mas por cada dia que passei com vocês. Obrigada pela ajuda, pelo carinho, por tornarem minha adaptação a Los Angeles mais fácil, melhor.

–Não precisa chorar –Ana a abraçou- Você vem nos visitar não é?Long beach é tão pertinho. –Tentava consolar Luna, mas ela também já estava chorando.

 

Além de tudo que fiz para que se sentisse em casa, o fato de ter pessoas do mesmo país que ela por perto ajudou muito. Fora que quando eu não podia estar aqui, eles faziam companhia para ela.

 

Voltamos para minha casa e Karen convidou Brian para ficar e jantar com a gente.

 

–Vou tomar banho e já volto para fazer o jantar, está bem?

 

–Karen! –Ela parou de subir as escadas, voltando sua atenção para mim. - Você não vai se mudar para o fim do mundo, Long Beach é logo ali, eu vou te buscar quando você quiser.

Ela deu um sorriso sem graça, com os olhos inchados pelo choro e continuou subindo.

 

Enquanto Karen tomava banho, eu e Syn fomos para cozinha tentar preparar alguma coisa. Sem sucesso, batemos par ou ímpar e ele ganhou. Pela derrota, tive que ligar para pedir alguma coisa e ainda pagar por isso.

 

KAREN POV’S

Decidi tomar banho frio para ver se aliviava a tensão dos meus músculos.Mas que droga,por que eu tinha que começar a chorar?Se estava nessa tristeza toda em me despedir dos vizinhos, imagina quando fosse o Jason?Ou qualquer um dos rapazes?Do Brian?

 

–Brian, Brian. Você ainda vai me deixar doida. –Debochei de mim mesma.

Ficamos a tarde inteira grudados tocando, cantando e rindo das piadas idiotas que ele fazia. Ele como sempre muito simpática, posou alegremente para todas as fotos que foram solicitas durante o almoço, fora as que tiraram da gente tocando. Sorri ao lembrar quando umas meninas se aproximaram de nós na mesa.

 

FLASH-BACK ON

 

–Com licença. É...Synyster,você se importar em tirar uma foto com a gente?

Três meninas aproximaram-se da nossa mesa. A que falou parecia mais velha que as outras, devia ter uns 18 anos.

 

–Claro que não me importo. –Deu seu melhor sorriso e prontamente levantou da mesa colocando seu braço em volta do ombro da garota mais próxima dele.

 

–Você pode tirar? –A mesma garota que fez o pedido a Brian esticou a câmera na minha direção.

 

–Claro que sim. Agora cheguem um pouco mais para o lado esquerdo, a luz daí não esta muito boa.

 

–Você a ouviram, vamos chegando mais para lá. Afinal ela é profissional nisso. –Ele começou a andar de lado incentivando que elas fizessem o mesmo.

 

–É verdade?Você é fotografa profissional? –Um das maiores perguntou.

 

–Fotografa sim, profissional depende. Eu faço alguns eventos, mas nada mui...

 

–Ela fotografou os shows que fizemos na Argentina mês passado.

 

–Então você é a brasileira que o Zacky postou uma foto no twitter?

 

–Sim, sou eu.

–Que foto é essa?

–Foi uma que tiramos no espelho do saguão do hotel em Buenos Aires. Na noite que ficamos acordados esperando o horário para irmos a Córdoba, não lembra Brian?

–Da noite, sim. Mas acho que não vi vocês tirando a foto.

 

Só depois de três dias que estava em casa vi esse poste do Zacky no twitter e pelo horário que ele fez, estávamos dentro do avião indo para Córdoba. A mensagem foi fofa demais.

 

“E do Brasil ganhamos esse presente: Karen Lopez, a multi-talentosa. Seja para cantar, tocar ou fotografar, podemos contar com ela.Welcome To The Family Sweet."

“Em breve vocês poderão conferir o trabalho da Karen em nosso site.”

 

Tirei a foto de Brian com as meninas que agradeceram imensamente.

 

–Vocês são namorados?

–Mary!O que é isso? Desculpe, minha prima é pequena só no tamanho, por que na língua... –A mais velha olhava para menina como se fosse matá-la.

 

–Por quê?Parece? –Syn saiu de perto das meninas vindo me abraçar, dando aquele sorriso safado que só ele tem.

–Formam um belo casal. –Sugeriu a tal Mary.

–Concordo.

–Brian. -Dei uma cotovelada nele. –Mas não somos, ele tem namorada.

–Você tinha que estragar a brincadeira. –Falou baixinho, rindo.

–E você é um palhaço. – Responde no mesmo tom, também rindo.

–Posso tirar uma foto de vocês? –A mais velha já estava com a câmera posicionada para bater a foto.

–Claro que sim. –Brian nem me deu opção de escolha, me abraçou e fizemos pose para a tal foto.

 

FLASH-BACK OFF

 

–Você quase não tocou na comida Luna Linda.

–Estou sem fome Jay.

Levantei da mesa, indo colocar meu prato na pia.

–Vai para onde? -Indagou Brian assim que me aproximei da porta da cozinha.

–Buscar meu violão. Vamos ficar na varanda tocando?

–Por mim tudo bem. Jason?

–Por mim também Linda.

 

Quando desce do quarto, eles já estavam sentados na varanda dos fundos. Syn dedilhava no violão de Jason.

 

OUVIR: Dear God- Avenged Sevenfold 

Dear God? –Sentei ao lado de Jay no banco de madeira encostado a parede. -Acertou na mosca. –Syn sorriu e continuou tocando a música.

 

Encostei minha cabeça no ombro do Jason, fechei os olhos e deixei algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto enquanto era invadida pela melodia dessa música que me dizia muitas coisas nesse momento. Ainda com os olhos fechados, comecei a cantar.

 

Querido Deus, a única coisa que peço a você é

Pra cuidar dela enquanto eu não estiver por perto,

Quando eu estiver muito distante.

Todos nós precisamos dessa pessoa que pode ser verdadeira com você

Mas eu a deixei quando eu a encontrei

E agora eu desejo ter ficado

Pois eu estou solitário e estou cansado

Estou sentido sua falta de novo, oh não

Mais uma vez...

 

Syn me acompanhou na letra e Jason envolveu seus braços sobre meu corpo me fazendo chorar mais um pouco.

 

Alguns procuram, nunca encontrando o caminho

Brevemente, eles desperdiçaram tudo

Eu encontrei você, algo me disse para ficar ,

Eu cedi aos caminhos egoístas

E como eu sinto a falta de abraçar alguém

Quando a esperança começa a desaparecer....

 

As lágrimas ganharam a companhia de soluços e eu não conseguia mais cantar, apenas apertava os braços do Jason para que envolvessem meu corpo, me passando segurança. Abri os olhos, virando em direção a Brian que terminava de cantar a musica por mim, para mim.

 

Querido Deus, a única coisa que peço a você é

Que a abrace enquanto eu não estiver por perto

Quando eu estiver muito distante

Todos nós precisamos dessa pessoa que pode ser verdadeira com você

Mas eu a deixei quando eu a encontrei

E agora eu desejo ter ficado

Pois eu estou solitário e estou cansado

Estou sentido sua falta de novo oh não

Mais uma vez

 

Ele continuou a tocar os acordes até que meus soluços não fossem mais ouvidos. Aos poucos fui recuperando meu fôlego e parei de chorar. Brian deixou o violão na cadeira que estava sentado vindo limpar as lágrimas que ainda manchavam meu rosto.

Levantei abruptamente do banco, saindo dos braços de Jason e jogando-me nos dele.

 

–Hey. Hey,chega de chorar por hoje né moça? –Ele esfregava suas mãos nas minhas costas tentando me acalentar.

–Eu vou sentir muito sua falta. Eu juro. –Declarava em meio aos soluços.

–Eu sei, eu também vou senti, todos os dias, o tempo todo. Mas estamos perto, irei te visitar de vez em quando.

 

–Como? –Dei uma risada pelo nariz - Só se for para causar tumulto no campus né?Imagina alguém andando em paz para ir à aula e dar de cara com Synyster Gates dando sopa?

Até Jason que não tinha esboçado nenhuma reação com meu afastamento repentino riu do meu comentário.

Fiquei mais alguns minutos abraçada a ele, sem chorar, apenas aproveitando a ilusão de segurança que seu aperto carinhoso me proporcionava.

 

–E você hein?O que vai ser de mim nesse país sem você Jay?

Ouvindo isso, Syn tirou seus braços da minha cintura dando passagem para que eu me jogasse no colo de Jason sem nenhuma cerimônia.

–Deixe disso Luna Linda. Você vai conhecer um monte de gente da sua idade lá e nem vai sentir minha falta. –Percebe que sua risada era sem graça.

–Idiota. –Sussurrei com o rosto enterrado na curva do seu pescoço.

 

Depois de me acalmar, parando a sessão chororó, subir para tentar dormir um pouco. Os rapazes ficaram lá fora bebendo vinho.

 

Para completar minha “sofrência da noite”, vi que tinha uma mensagem de Lucas no celular.

 

De: Luke Love:

“E ai My Love? O violão chegou? Tomei o maior cuidado com ele, juro. Estamos morrendo de saudades de você. Aline vai te mandar o roteiro do casamento por e-mail em alguns dias. Queria que você estivesse aqui para escolher meu traje de casamento, eu e Gabriel vamos fazer isso amanhã. Ligue-me quando puder. TE AMO. I'm missing you again Once again “

 

Eu li a mensagem inteira controlando o choro, mas quando vi que ele a finalizou com um trecho de “Dear God”, não tive como conter mais. Já estava enrolada e quase pegando no sono quando meu celular tocou. Dessa vez, era mensagem de Gabriel.

 

De Gaby brother:

Que sinto sua falta a cada minuto do dia, você já sabe. (risos) Falamos de você hoje o dia inteiro, fomos visitar sua mãe, ela fez feijoada para mim. (risos de novo). Tudo na casa me lembrava você.VOLTE LOGO POR FAVOR.E me ligue sua bitch.Mentira,amigo(risos).

Comentário infeliz da msg: Ricardo já sabe que você está na Califórnia, não sei como, mas ele ainda não sabe onde. Qualquer coisa te aviso. I gave my heart for you...Saudades, LOVE YOU!”

 

– Cause nothing can compare in this world to you. - Completei em voz alta o trecho de “Warmness On The Soul” que sempre dedicávamos um ao outro quando estávamos distantes ou quando achávamos necessário, quase sempre.

 

Nem lembro de que horas peguei no sono. Acordei toda dolorida, não sei por que. O relógio marcava 08h00min, estava na hora de me arrumar para minha nova vida: LONG BEACH, ai vou eu.

 

Estava prestes a entrar no banheiro do quarto quando ouvi alguns gritos vindos do andar de baixo. Uma das vozes era feminina e pelo teor da conversa, já sabia quem era.

 

–Ai meu pai. Hoje não. –Resmunguei decidindo descer.

 

–Olha se não é a destruidora de lares. –O primeiro insulto veio assim que coloquei o pé no último degrau da escada.

 

–Andy você pode parar com isso, por favor. –Brian puxava a namorada para que ficasse perto dele, ela está vindo na minha direção.

 

– O que está acontecendo aqui? –Perguntei olhando do casal para Jason que estava de braços cruzados e sentando na sua poltrona. Parecia assistir a tudo de camarote.

 

–O QUE ESTÁ ACONTECENDO É QUE MEU NAMORADO PASSA DOIS DIAS ENFIADOS NESSA CASA COM VOCÊ E ACHA ISSO NORMAL.

 

Não sei como, mas Andy conseguiu se desvencilhar dos braços de Brian e gritava apontando o dedo bem perto do meu rosto. Comecei a me afastar, mas minha vontade era de entortar aquele dedo e socar a cara dela.“Se controle Karen.” Pensei.

 

–Ele não estava aqui “enfiado” comigo, ele estava na casa do amigo e por sinal, onde eu estou hospedada. Você é louca garota?

 

–Ok. Já chega Andy. –Jason finalmente se meteu na história. -A Karen além de ser minha hospede é minha amiga, assim como o Brian. Ambos podem ficar aqui o tempo que quiserem. Agora, por favor, você e o Brian podem ir resolver isso em casa?

 

Jason que estava parado entre nós duas virado de frente para a Andy, recebeu um olhar de fúria tão forte que achei que ela fosse avançar nele. Brian silenciosamente começou a puxá-la pela cintura em direção à porta.

 

–Estou de olho em você Karen Luna. Não pense que me engana, sei bem que tipo de mulher você é.

Ouvi cada palavra que a loira maldita dizia sem demonstrar nada no rosto, apenas a olhando felinamente como ela fazia comigo. Ela se despediu de Jason e saiu porta a fora.

–Sinto muito por isso.

Syn falava muito mais para mim do que para seu amigo. Tinha certeza disso pelo jeito que me olhou antes de sair da casa atrás da namorada louca.

 

–Uau. Isso foi mais emocionante do que luta de “UFC”. –Jason se jogava no sofá rindo da situação.

 

–Não teve graça Berry. Essa garota é louca assim sempre?Imagina o que ela não faz com as fãs dele.

 

–Com as fãs ela não é doida de mexer. Primeiro por que o Gates a mata se por algum motivo ela tratar as “kids” dele mal. E segundo por que sabe que nem todas são uma ameaça, apenas as groupeis, ou as como você.

 

–Como eu? –Sentei ao lado dele no sofá.

–As que o interessam além do carinho de fã, as que se tornam amigas, próximas. São raras, mas existem. A banda tem alguns fãs antigos e fieis até hoje, aqui na Califórnia principalmente. Para te dar um exemplo, existe uma fã chamada Lizzy, ela é de Nova York. Ela tem câncer, os médicos deram poucos meses de vida.

–Nossa!

–Pois é. A banda ainda não a conhece pessoalmente, mas eles tem se falado muito ultimamente por e-mail e telefone. Em breve iremos para lá e esperamos que dê tempo de conhecê-la.

–E ela é uma ameaça?Como assim?

–Não ela Luna e sim a sua melhor amiga, Julia. Ela sempre aparece de surpresa em alguma cidade pela região Nordeste do país. Uma vez a encontramos em Nova Jersey, foi quando ela conseguiu entrar no camarim e se apresentar como a amiga que tinha mandado um e-mail contando a historia da Lizzy.Claro que todos ficaram imensamente felizes em conhecê-la e queriam saber sobre o estado da Lizzy e etc.

–E ai?

–E ai que a Julia é completamente apaixonada pelo Syn e percebendo isso, ele foi muito carinhoso e atencioso com ela, mas do que todos os outros. Andy não viu isso desse jeito, apenas via uma garota bonita e que morria de amores pelo namorado dela. Resultado?Ela fez um escândalo na frente de todos.

–Ai que vergonha para ele isso.

–Foi bem embaraçoso. Pedimos mil desculpas para a Julia e Syn quase mata a Andy depois. Deixou claro que os/as fãs são as pessoas responsáveis por tudo que ele tem e a quem ele deve todo carinho e agradecimento.

 

Ao ouvir Jason contar toda a história, meu orgulho dos “meninos” só aumentava. Saber que todo amor e dedicação dos fãs eram reconhecidos e retribuídos me deixava imensamente feliz.

 

–Jay estou amando a história, mas preciso ir para Long Beach.

–Onde estão suas malas?

–Atrás da porta do quarto.

Fui me arrumar enquanto Jason descia com a bagagem para colocar no carro.

Fomos o caminho inteiro em silêncio. Eu com o rosto virado para o vidro, fingindo admirar a paisagem e Jason virando para me olhar de tempos em tempos.

Chegamos ao campus e foi um pouco complicado encontrar o prédio da minha republica. Quando finalmente achamos, Jay me ajudou a descarregar as malas e leva-las ao meu quarto, que ficava no 1º andar do prédio.

 

–Você vai ficar em silêncio o tempo todo? –Colocava a última mala dentro do quarto e Jason me puxou pelo braço, virando-me de frente para ele.

–Só estou me controlando para não pagar o mico de chorar que nem ontem.

–Não foi mico nenhum. –Me puxou para um abraço. –Fico feliz que mesmo tendo sido apenas 10 dias, nós conseguimos criar um laço verdadeiro de amizade. Vou senti muito a sua falta.

 

A tentativa de não chorar foi para os ares depois dessa.

–Olá. Bom dia.

Uma garota quase não vestida entrou no quarto sorrindo ironicamente e olhando de cima a baixo para mim e Jason, abraçados no meio do quarto.

 

–Oi, eu sou Karen, esse é Jason.

–Berry. Eu sei quem ele é. Eu sou Elena.

Olhei para Jason e da forma como ele encarava a garota, parecia tentar lembrar-se de onde a conhecia.

 

–Você a conhece? –Perguntei quando já estávamos na frente do prédio, perto do carro dele.

–Não me lembrei. Acho que sim, mas não sei de onde. Já vim em algumas festas aqui na CSU com o Dan, deve ter sido em uma delas que nos conhecemos.

–Bem, preciso voltar para arrumar minhas coisas antes de me apresentar na coordenação da faculdade.

 

OUVIR: I Remember You - Skid Row 

 

–Então, até logo Luna Linda.

–Até Jay. –Nos abraçamos outra vez.

Pude sentir os batimentos do coração de Jason acelerar e jurava que suas mãos sobre as minhas costas tinham ficado frias. Ele nos afastou colocou suas mãos uma em cada bochecha minha e aproximou nossos rostos.

 

–Espero que você não se assuste nem entenda errado o que vou fazer.

Antes que pudesse entender o que ele queria dizer com isso, os lábios dele já estavam sobre os meus. SIM, Jason Berry estava me beijando. Meu cérebro não processou o ato automaticamente, foi preciso um pouco mais de investida dele para eu decidir se iria correspondê-lo ou não.

 

 

Eu desenho um quadro dos dias passados,

Quando o amor ficou cego e você me fazia ver.

Eu ficaria uma vida inteira em seus olhos,

De forma que eu sabia que você estava lá para mim,

Dia após dia, você estava lá para mim.

 

 

Coloquei meus braços em volta do pescoço dele o fazendo tirar suas mãos da minha bochecha, me puxando pela cintura para ficar mais próxima do seu corpo. Não estava pensando muito no que estava acontecendo, só sentido a sensação maravilhosa de beijar alguém que eu gosto muito. Mas ele não é a única pessoa que o ocupa meus pensamentos, nem meu coração.

Finalizamos o beijo e Jay encostou sua testa a minha.

 

–Uau.Foi melhor do que imaginei.

–Como assim? –Me afastei para olhar melhor seu rosto.

Ele sorria como um menino apaixonado. Isso me deixou assustada, por que eu também sorria assim.

 

–Na minha cabeça, você me emburraria e me daria um belo soco na cara.

Acompanhei Jason que ria da sua teoria.

–Agora eu preciso ir. A banda está reunida no estúdio na casa do Sanders, reunião sobre a nova mini-turnê que dura até o meio do mês que vem.

–Ok. Mande beijo a todos por mim. Principalmente para Arin e Johnny que não vejo desde a festa no johnny's bar.

–Mando sim. Ah! -Virou para mim antes de entrar no carro. - Quando eu voltar de Nova York, nós conversaremos sobre esse beijo.

– Quando você voltar de NY nós conversaremos sobre esse beijo.

–Quando eu voltar de NY, nós teremos um encontro.

Hesitei um pouco antes de responder.

–Quando você voltar de NY, nós teremos um encontro Jason Berry.

Ele sorriu, saltou um beijo no ar e deu partida no carro. Observei até que ele sumisse em meios aos prédios em volta.

Voltei para o quarto e minha colega estava lá, com aquele vestido que mais parecia uma camiseta. Me olhando assim que abri a porta.

–De onde você conhece o Jason? –

Pela cara que fez, puder ver a surpresa que minha pergunta causou. Não sabendo ela que não seria a única.

 

BRIAN POV’S

Depois de ter “quebrado o maior pau” com Andy em casa e de ela ter me acusado de estar interessado na Karen, o que não é mentira, me arrumei e fui para a reunião marcada na casa do Matt.

...

–Onde está Jason?

Arin perguntou diretamente para mim. Tinha contado para eles do papelão que Andy me fez passar na casa dele.

–Foi levar a Karen em Long Beach. Deve estar voltando de lá.

–Fala bando de bichas. –Jason entrou no estúdio um segundo depois da minha resposta, dando o maior sorriso que já vi em todos esses anos de amizade.

 

–Hey cara! Que felicidade toda é essa irmão? –Ele se jogava em cima do Matt sentado em um dos sofás.

 

–Irmão, pela primeira vez, entende o que essas músicas de romance dizem sobre a magia de um beijo.

 

Automaticamente entende o que Jason queria dizer com aquilo. Não queria ouvi-lo descrever, mas também não podia impedi-lo, ele tinha mais direito do que eu nessa história toda. Acima de tudo, ele não tem um compromisso com ninguém.

 

–Como assim cara?Já está bêbado? –Zacky Zuava da cara dele fazendo todos os presentes rirem, até eu.

 

–Eu beijei a Karen.

 

–COMO? -O quê? –Você é doido cara?

Foram às perguntas que ouvi ecoar ao mesmo tempo pela sala, só não sei quem as fez.

–E o melhor de tudo: ela não me rejeitou.

 

Pronto, estava feito. Jason estava interessado na Karen, e pela reação dela, ela também estava nele. Todos os sinais que jurava ter visto, a ideia de que ela está interessada em mim desmoronou naquele momento. ”Eu tinha que sair do jogo”.

 

Jason contava para os rapazes como foi à situação e o quanto estava interessado na Luna. Fingi prestar a atenção na conversa imparcialmente, mas minha verdadeira vontade era sair daquela sala e esmurrar alguma coisa. Antes que eu pudesse me mover para sair, o celular em meu bolso vibrou.

De Karen Luna:

“Esta tudo bem com você Syn? Desculpa se acabei complicando sua vida de alguma forma.Sentirei sua falta.Fique bem! Bjos I'd wanna hear you say - I remember you.”

 

Sorri ao ler a mensagem. Se ela realmente queria me ouvir dizer que eu me lembro dela, talvez não estivesse tudo perdido. Respondi a msg.

“Não sabia que você gostava de Skid Row. Provavelmente é só pelo Sebastian não é? (risos). E sim, I remember you. Beijos, Brian.”