Os dois ruivos estão sentados na grande cama do pequeno quarto da pousada onde Kamui está hospedado. Kagura fez o maior tirar a blusa e correr até a farmácia no outro lado da rua para comprar pomada e esparadrapo para por nas feridas do mais velho e depois voltou correndo vendo o mesmo enrolando faixas pelos braços.
— Para com isso! - Ela puxa as faixas - senta aqui que eu vou cuidar de você-aru!
O maior decide não contrariar. Kagura começa pelas costas jogando a trança de Kamui para frente observando os estragos que o moreno fez e algumas feridas mais antigas ainda não cicatrizadas.
— Você nunca parou de se meter em confusão, né - pega um rolo de algodão no vidrinho da cômoda ao lado dela - essas feridas já devem ter bem mais de um mês-aru!
— A culpa não é minha se arrumam problema comigo - a pequena ruiva passa pomada em um algodão para por nas feridas dele - eu apenas entro na... AI!
— Vai arder mesmo e nem adianta reclamar-aru - ela passa nas feridas mais embaixo rindo com os gemidinhos de dor de Kamui - hihi..
— Tá rindo de que sua pirralha? - Ela aperta o algodão fazendo kamui cerrar seus punhos - Tá fazendo de propósito, né?
— Claro! - ela gargalha fazendo ele virar e puxa um dos enfeites de cabelo dela - AIAIAI!
— Olha aqui sua peste - ele puxa o outro fazendo ela gritar ainda mais.
— Quem você tá chamando de peste seu merda? - Ela começa a puxar a trança dele.
Os ruivos juntam as testas e ficaram se encarando enquanto puxam o cabelo um do outro. Depois de alguns segundos eles começaram a rir lembrando que sempre faziam isso quando brigavam e só a mãe deles fazia aqueles dois pararem de brigar com um cascudo, quando o pai tentava para-los acabava entrando no meio dos puxões no final ganhando um cascudo também.
— Idiota! - Kagura solta a trança de Kamui e o mesmo solta os enfeites de cabelo da pequena.
— Caramba, com que você prende esses trecos no seu cabelo? Por mais que eu puxe ele não sai! - Kagura ri do comentário do irmão.
— Segredo - ela descola as testas - anda, vira pra frente pra eu poder continuar-aru.
O ruivo virou resmungando esperando o toque gelado do algodão com pomada em suas costas fazendo arder suas feridas. Kagura é cuidadosa e não deixa ferida alguma, por mais pequena que seja, passar. No final ela pega montinhos de algodão, pôe em cima das feridas e prende com esparadrapo.
— Suas costas estão prontas-aru.
— Finalmente! - o maior suspira sentindo sua irmã lhe cutucar - que foi?
— Falta seus braços - a pequena esperava ele se virar.
— Não precisa! Eu enrolo na faixa e...
— Vira! - O ruivo não teve alternativa se não seguir a ordem de sua irmã.
As mãos de Kamui são a parte mais machucada de seu corpo. O jovem vê Kagura observar suas mãos com tristeza e não tem o que dizer. A menor pega algodão e pomada para passar pelos braços do irmão como fez com as costas. O ruivo faz caretas a cada vez que a irmã encosta o algodão em sua pele levando em conta que era onde mais estava maculado.
— Aquele garoto, qual era o nome dele mesmo? - Kamui se indaga tentando lembrar.
— Sougo - a pequena responde soltando um sorrisinho.
— Esse mesmo - ele faz uma careta por causa da ardência - de onde você o conhece?
— Ele é um dos policiais imprestáveis de Edo-aru - ao lembrar de Sougo ela pensa em vê-lo amanhã para dar uma surra nele por ter batido no seu irmão.
— Me surpreendo de alguém como ele ser policial - Kamui se refere ao estilo de luta sadista de Okita - os que eu conheço como ele são foragidos, mercenários muito conhecidos.
— Nem todo sadista é encrenqueiro como você-aru - ela começa a passar pomada no outro braço.
— Tô sendo comparado com ele? - a ruiva cora ao sentir o olhar do irmão sobre si - tem como dois sadistas darem certo?
— Hã?
— Não se faça de sonsa - Kamui abre os olhos e a fita suave - você é uma sadista de carteirinha e o meu novo brinquedo também, pensei que você iria preferir um masoquista.
— Hã? - Agora ela se finge de desentendida engolindo o seco - eu e aquele sadista só caímos na porrada constantemente - ela cora ainda mais apertando o algodão em Kamui para faze-lo esquecer o assunto.
— Hehehe, pode apertar a vontade, já me acostumei com essa merda - ela finge não estar incomodada com o rumo da conversa - não acho que ele diria que você é dele se vocês só caíssem na porrada.
Kagura gela e arregala os olhos - "maldito sadista!" - agora a ruiva queria mata-lo por ter dito algo assim pra seu irmão!- "Espera, ele estava com ciúmes? Por isso brigou com Kamui? AQUELE SADISTA É RETARDADO? PUTA MERDA!" - A ruiva está puta da vida com seu moreno agora.
— Que tão contar pro seu irmão sua relação com o novo brinquedo dele? - ela termina com os curativos pondo as coisas em uma caixinha em cima da cômoda.
— Olha a hora! Gin-chan vai surtar se eu chegar muito tarde - lembra que ainda tá puta com ele - que se foda o Gin-chan-aru!
— Gin-chan? - Apequena pula da cama e pega seu guarda-chuva.
— Digamos que ele é tipo um padrasto: não é o papa, mas serve como um bem mais eficiente-aru - ela olha pela janela e vê Sadaharu deitado na porta da pousada - Amanhã 2h na ponte - ela abre a porta e acena para o ruivo que põe uma blusa - até amanhã, baka aniki.
Kamui a observa ir. Assim que ela vira o corredor ele fecha a porta e senta na cama se sentindo cansado. Ele sente as costas arderem pelos ferimentos tratados pela irmã, olha para as mãos e sorri vendo os curativos exagerados de Kagura. Então quer dizer que sua irmãzinha tinha um namorado? Isso era nada bom para seus planos...
~Yorozuya
— Ah, ainda tá aqui, megame-aru - Kagura abre a porta e se depara com Shinpachi lendo uma revista de música adolescente.
— Até que chegou cedo, Kagura-chan - ele tira um dos fones - Gin-san foi comprar salsicha pra fazer em forma de polvo como você gosta.
— Então aquele idiota tá mesmo arrependido - a ruiva se joga no sofá - pra ele fazer comida pra mim é porque o nível de culpa tá ao extremo-aru.
Ela conhece bem Gintoki, sabe como é protetor quando quer e sabe também que a vê como uma espécie de irmã mais novo ou algo do tipo. Talvez devesse perdoar aquele idiota... Talvez nem tenha o que perdoar.
— Conhece aquele irresponsável, por mais que finja não ligar ele tá sempre nos protegendo - Patsan sobe os óculos - e você sabe que ele tem amor a vida e se alguma coisa acontecer com você seu careca acaba com a raça dele.
— Idiota! - ela se espreguiça.
— Cheguei, patsan - entra segurando umas três bolsas de mercado - Kagura, chegou cedo - ele abre um pequeno sorriso e ela o ignora - vou terminar o jantar, está com fome? - sem resposta - okay.
Gintoki entra na cozinha e começa e cortar as salsichas do jeita que a pequena gosta ainda triste pelo olhar que ela a lançou mais sedo. Em passos curtos a pequena ruiva vai para a cozinha e observa o mais velho cozinhando e se aproxima sem deixa-lo perceber.
— Eh.. - Gin olha pra ela tomando um susto por não ter percebido ela chegando - acaba logo que eu tô com fome-aru - ela cruza os braços e se encosta na parede.
— Já tô acabando - ela fica um pouco mais animado.
Kagura se senta na mesa atrás dele e ele fica inquieto com esse silêncio. Minutos depois Gin não aquenta mais essa distância toda mesmo eles estando tão perto e se senta na cadeira a frente de Kagura exitante.
— Sei que já pedi desculpas e não quero ser repetitivo - Gintoki suspira - mas me desculpe.
— A velha tinha me dado comida pra trazer pra você - ela faz muxoxo - só que eu comi tudo sozinha então estamos quites-aru.
— Você o que? - Gin finge estar bravo e depois começa a rir a fazendo rir também - estamos quites então.
Shinpachi entra na cozinha depois de terem feito as pazes perguntando sobre o jantar e Gin diz estar pronto. Os três Yorozuya jantan enquanto brigam pelo maior pedaço de carne que, como sempre, fica pra ruiva que come tudo feliz.
— Gin-chan, acho que o meu irmão idiota vai querer conhecer você - ela profere ganhando a atenção dos dois a mesa.
— Hã? - depois de alguns segundos Gintoki processa o que ela disse - pera, seu irmão que você não vê há um bom tempo? Falando nisso acho que tem uma carta dele pra você.
— Eh, eu sei - quele idiota só lembra da carta depois de séculos - Sadaharu achou e me entregou - ela arrota - de qualquer forma, ele tá em Edo.
— O QUE? - o pai dela já havia falado um pouco sobre o irmão mais velho dela e não era nada bom.
— Kamui veio me ver-aru - ela sorri e os dois olham um pro outro apavorados.
Se o irmão dela for exatamente como o pai descreveu... Fodeu.
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