Sougo não tem certeza se está no caminho certo. Com a visão turva e a dor pelo corpo, teme não conseguir chegar ao shinsengume.
Aquele maldito ruivo! Pode estar na merda, mas aquele desgraçado também deve estar na mesma. Apesar de tudo o inveja. Como invejava! Por mais que o Yato esteja na pior também, ele estava com sua menina! Ah, sim, Kagura... Ela nem ao menos se deu o trabalho de preocupar-se com ele, sequer olhou pra trás.
Algo em Okita está doendo por saber que está sendo egoísta pois, querendo ou não, era irmão dela. Claro que ela escolheria o irmão. Claro que ela não sairia de perto dele quando o encontrasse, havia ouvido que ficaram quatro anos procurando um ao outro... Ela passou esse tempo todo procurando o tão odioso kamui.
O moreno percebeu ter a necessidade de ser o único para Kagura. O único em tudo!
— Kondo-san, aquele desgraçado chegou! - O olhos castanhos avermelhados fitam o policial castanho e continua seguindo feliz por ter acertado o caminho - AGORA EU TE MATO SEU FILHO DE UMA PUTA BASTAR... Sougo?
Touchirou vê Okita cambaleando com algumas feridas bem visíveis. O sadista está perdendo os sentido, Hijikata estava gritando? Provavelmente, mas já não consegue ouvir mais nada.
— Hey, Sougo! - O vice comandante vê alguns pingos de sangue cair no chão, o que o faz arregalar os olhos o fazendo ir em direção a figura tão machucada de Sougo.
Algo se aproxima, deve ser o Konoyaro, já nem consegue mais focar suas vistas.
— SOUGOOOOO!
Hã? Eu não...
*****
Era 2:15 da tarde. Kamui está na ponte onde havia marcado com sua irmã, porém a pequena não chegou ainda. O ruivo presta muita atenção em tudo ao redor desde que chegara no planeta terra e pouco agradou-se dessa cidade pelo motivo mais importante para Yatos: O clima.
Fizera algumas pesquisas sobre este planeta e descobriu a existência de quatro estações onde só uma é apropriada para o estilo de vida dos Yatos: o inverno. Agora está na primavera e o ruivo considera esse clima insuportável então podia imaginar como seria o verão desse lugar. Um verdadeiro inferno.
Examinara também acerca da segurança mais propriamente de Edo e, mais uma vez, nada agradou-se sobre o auto índice de violência entre amantos e seres humanos o que o preocupa ainda mais por sua irmã ser uma amanto e viver em um lugar como este.
Kamui não entende como Kagura suporta esse planeta pois nada que vê é benéfico.
- "Hey, aniki, quando essa chuva vai passar?" - lembra de Kagura com 5 anos ainda pequena perguntando o sentados na escada embaixo de um céu continuamente chuvoso e frio.
- "Houve algum tempo em que ela cessou?" - ele era incapaz de responder a ela pois não queria dizer a sua himouto que aquele inverno nunca, nunca passaria.
- "Mamãe disse que existe algo que fica escondido atrás das nuvens e é quente" - ela falava do sol, nem ele mesmo havia vista.
- "Aniki, eu quero ver o que há além das nuvens!" - O que ele mais ama nessas lembranças eram os olhos grandes cheio de brilho de sua irmãzinha.
Ela cresceu, e ele foi se distanciando e arrepende-se por isso. Arrepende-se amargamente.
- "Kamui, mamãe tá chorando. Ela não quer que você vá!" - Como todo Yato em sua idade ele começou a trabalhar caçando monstros.
- "Eu vou voltar antes que vocês sintam minha falta" - bagunça o cabelo dela enquanto a mesma permanece de cabeça baixa segurando as lágrimas.
- "Para de ser chorona! Eu trarei o sol que você tanto quer ver" - ela fica emburrada fazendo biquinho que ele julga ser fofinho.
- "Esquece isso! Você ainda dá importância ao que eu falava quando era criancinha?" - como se ela tivesse crescido muito em dois anos.
- "Já sei que é impossível essa chuva cessar, então... Volta pra casa" - recolhe seus ombros lutando pra não chorar e isso partia o coração dele. Mas ele tinha que ir.
Oito meses depois ele voltou trazendo consigo um pequeno espelho com bordas ornamentadas amarelas como se fosse raios solares e entregou a sua pequena irmã.
- "Por que um espelho? - Perguntava a pequena já com 8 anos.
- "Os planetas que visitei eram quentes e isso é irritante!" - O olhar curioso da ruivinha era engraçado para o maior.
- "O sol não nos faz bem! Mas admito que vê-lo brilhando é bonito" - ele ergue o espelho fazendo a encarar.
- "Porém toda vez que presenciava ele brilhar vinha em minha mente uma pirralha chorona dizendo que queria vê-lo" - Ela fica emburrada e ele continua sorrindo suavemente.
- "Aí eu lembrava dessa pirralha sorrindo e esse sorriso é mais bonito do que qualquer coisa que eu já tenha visto" - ela ficava corada. Pela primeira vez, Kamui vê sua irmãzinha ficar corada e achou muito fofo.
- "E, diferente do sol, esse sorrisão faz bem" - Ela olha para o espelho e então abre um largo sorriso olhando para o maior o abraçando e agradecendo.
Ele começou a ir em missões mais demoradas e se distanciar mais e mais de sua família. Sua mãe havia ficado muito doente e nenhum curandeiro que ele ou seu pai levara conseguiu ajudar. Apenas uma pessoa que seu pai levou havia dito que talvez um certo mineral poderia cura-la ou, no mínimo, amenizar as dores que ela sentia, mas esse mineral fica em um planeta distante e era extremamente difícil de conseguir, mas ele tentaria. Tinha que tentar.
- "Kamui, mamãe não quer que você vá" - Kagura, com 11 anos, chorava tentando impedir seu irmão de ir.
- "Por favor" - ela chorava vendo seu irmão dar passos e mais passos a ignorando. Ele não queria virar-se pois sentiria doer mais ainda seu peito.
- "Não faça por mim, faça por ela!" - A ruiva segura a manga da blusa de seu irmão que é obrigado a virar-se para ela.
- "Tenho que ir, por ela!" - A pequena Yato então percebeu que nada o pararia e ajoelhou-se já soluçando de tanto chorar.
- "Quando voltar, terei a cura da mamãe e então levarei vocês para um planeta onde vocês consigam ver a lua" - ele seguia sem olhar pra trás para não mostrar para Kagura seus olhos marejando.
- "O brilho da lua não faz mal a nossa pele e é linda, quero mostra-la para vocês duas! Então, himouto, ela tem que ficar bem para vocês duas poderem ver!" - Então ele tomou coragem e virou-se para Kagura ainda ajoelhada que surpreendeu-se ao ver lágrimas brilhantes nos olhos do irmão.
Dois meses depois ele recebe a notícia de que sua mãe faleceu. O ruivo voltou pra casa rezando para que aquilo não fosse verdade, mas a primeira coisa que achou foram duas cartas: uma de sua mãe o agradecendo por tentar fazer de tudo por ela e que ela o amava e outra de sua pequena irmã dizendo que não suportava viver aquele eterno inverno sozinha.
Ao sair correu para onde sua irmã havia escrito que sua mãe foi enterrada e então encontrou a lápide dela. Kamui perdeu a noção de tudo enquanto chorava e pedia perdão que, agora, não adiantava de nada e foi então que ele prometeu a ela procurar e cuidar de sua irmanzinha a qualquer custo.
Kamui estava distraído relembrando essas coisas e sem perceber deixou uma pequena lágrima escapar que foi secada por dedinhos quentes que logo reconhece.
— Nunca imaginei que você ficaria depressivo a ponto de chorar por aí-aru! - ela ri com a expressão emburrada do irmão.
— Você demorou! - ele dá um tapinha nas mãos dela desviando o assunto - vamos?
— Vamos-aru! - ele sorri e começam a andar lado a lado implicando um com o outro como não faziam a tempos.
— A propósito, quando foi que você pegou a mania de falar esses "arus"? - ela sorri começando a falar sobre os planetas em que esteve.
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